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Charge do dia

Fica!
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O Brasil da direita é um Brazil pequeno

Beto Barata
Colunista Marcelo Zero diz que, "embora um tanto chocante, era previsível" que Michel Temer não fosse recebido nem pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, nem pelo chinês Xi Jinping durante a cúpula do BRICS em Goa, na Índia; "O governo golpista escolheu um lugar para o Brasil no mundo. Um lugar pequeno, de quem pensa pequeno. O de aliado menor dos EUA", afirma; para ele, "voltamos aos tempos neoliberais de FHC, nos quais a nossa inserção no mundo e na 'globalização' passava pela órbita estratégica dos EUA", estratégia que "foi um desastre"; "Quem pratica política externa de país pequeno, periférico, acaba virando isso mesmo: país pequeno e periférico. Em Goa, antiga colônia portuguesa, o governo golpista viu confirmada a nova posição do Brasil como país colônia"...Leia mais>>>

Na reunião do BRICS, em Goa, Temer não foi recebido nem por Putin, nem por Xi Jinping

Beto Barata
Embora um tanto chocante, era previsível.
O governo golpista escolheu um lugar para o Brasil no mundo. Um lugar pequeno, de quem pensa pequeno. O de aliado menor dos EUA.
Voltamos aos tempos neoliberais de FHC, nos quais a nossa inserção no mundo e na "globalização" passava pela órbita estratégica dos EUA. Na época, deu-se prioridade ao eixo Norte-Sul e buscou-se o que se chamou de "autonomia pela integração", isto é, pela inserção na globalização conduzida pelos EUA e numa ordem mundial unipolar e profundamente assimétrica.
Foi um desastre. A autonomia pela integração não produziu nem maior autonomia, nem maior integração. Apesar do "bom comportamento" e do desarmamento, o protagonismo internacional do Brasil não aumentou, a economia encolheu, em termos relativos, e nossa participação no comércio mundial se reduziu de 1% para 0,88%.
O governo Lula reverteu essa tendência de fragilização do Brasil. Sem rupturas com o Norte geopolítico, a nossa política externa "ativa e altiva" passou a priorizar o eixo Sul-Sul, a integração regional, a aproximação à África e ao Oriente Médio e a busca de parcerias estratégicas com a China, a Rússia, a Índia, a África do Sul e muitos outros. O país passou a investir muito no multilateralismo e na construção de uma ordem mundial multipolar, mais equilibrada e justa. O Brasil tornou-se respeitado. Sentou-se à mesa com os grandes do mundo.
Nesse contexto, o BRICS teve grande prioridade. Antes apenas um acrônimo sem significado real, o BRICS, com o tempo, se constituiu no mais importante bloco geoestratégico do mundo, o principal contraponto político à hegemonia que os EUA e aliados exercem na ordem mundial.
Na realidade, o BRICS nasceu da necessidade de criar um espaço de articulação desses grandes países emergentes para a defesa dos seus interesses próprios, conflitantes com a ordem mundial unipolar dominada pelos EUA.
O que está por trás da criação do BRICS é a disputa pela Eurásia e a construção de uma ordem mundial multipolar.
A Eurásia é o eixo geoestratégico do mundo, como bem definiu Zbigniew Brzezinski. Trata-se de um supercontinente, que concentra boa parte do território e dos recursos naturais do planeta e conecta os dois grandes polos econômicos do mundo além dos EUA, a União Europeia e o Leste da Ásia.
Para Brzezinski, que definiu a estratégia norte-americana para a região, é vital que os EUA tenham o controle desse supercontinente, caso queiram permanecer como a única e inconteste superpotência. Essa geoestratégia previa, entre outras coisas, o enfraquecimento da Rússia e o enquadramento de sua política externa nos imperativos geopolíticos dos EUA e seus aliados.
Porém, tal geoestratégia colidiu, obviamente, com o fortalecimento da Rússia sob Putin e a formação do BRICS. Para enfrentar a estratégia norte-americana de enfraquecimento da Rússia, Putin lançou projeto da União Euroasiática, que pretende unir a Europa e o Leste da Ásia, tendo a Rússia como elemento de conexão.A crise da Ucrânia nada mais é que a expressão visível e aguda desse choque geoestratégico.
A geoestratégia dos EUA também previa que a China permanecesse como economia complementar à norte-americana. Mas a China, como a Rússia, tem outras ideias. Com a criação do Banco do BRICS, a expansão do Banco da China e a troca de suas reservas em dólar por investimentos no mundo, a China se prepara para tornar o renminbi uma moeda mundial, que competirá com o dólar e o decadente euro. A China se prepara, na verdade, para ser a primeira economia do mundo, com interesses próprios. Nesse sentido, lhe interessa muito a articulação geoestratégica do BRICS. Quando eclodiu a crise da Ucrânia, China e Rússia rapidamente se reuniram e fizeram um pacto de defesa mútua.
Mas está por trás do BRICS também a criação de um mundo multipolar, uma nova ordem mundial que desconstrua a unipolaridade norte-americana e beneficie todos os países emergentes e em desenvolvimento. Daí o interesse do Brasil, da Índia e da África do Sul em sua formação.
Ante essa articulação dos grandes países emergentes e a ascensão do BRICS, os EUA lançaram sua nova geoestratégia, explicitada, em 2012, com o documento "Sustentando a liderança global dos EUA: Prioridades para a Defesa do Século 21", a qual pretende se contrapor à crescente erosão de poder econômico e geopolítico dos EUA e realizar movimentos de contenção da ascensão de países emergentes independentes.
Fazem parte dessa contraofensiva a TPP, a TrasnPacific Partnership, que inclui países asiáticos próximos à China, mas que exclui Beijing, e a Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP), que pretende reforçar os laços econômicos entre os EUA e a União Europeia. Na América Latina, a contraofensiva norte-americana se expressa, entre outros projetos, na Aliança Para o Pacífico, que almeja se contrapor ao Mercosul, projeto que tentava articular a América do Sul como região de interesses próprios, independente dos EUA.
Os governos da política externa altiva e ativa somavam à geoestratégia do BRICS, com sua aposta na integração regional autônoma, no eixo Sul-Sul e num mundo multipolar.
O governo golpista, não. O governo ilegítimo vê o BRICS como mero balcão de negócios, de olho nos mercados da China e da Índia. Serra, inimigo histórico do Mercosul e da política externa independente, tomou a decisão de implodir nosso bloco regional e recolocar o Brasil na órbita estratégica dos EUA. Assim, o governo golpista soma-se claramente à contraofensiva estratégica norte-americana contra o BRICS e a construção de ordem mundial multipolar.
Os governos de Moscou e Beijing desconfiam, com razão, de que o governo golpista do Brasil é, em grande parte, uma criação de Washington. Mesmo que não o seja, o governo golpista fez uma escolha estratégica que não agrada os demais países do BRICS.
Quem pratica política externa de país pequeno, periférico, acaba virando isso mesmo: país pequeno e periférico. País que não senta à mesa com os grandes, em condição de igualdade.
Em Goa, antiga colônia portuguesa, o governo golpista viu confirmada a nova posição do Brasil como país colônia.

Brics: um novo fundo monetário e um novo banco de desenvolvimento

 - Cabe aos Brics mostrar, em especial aos países em desenvolvimento, por que e para que queremos mais influência e poder decisório.

A escassez de recursos para financiar o desenvolvimento e os surtos recorrentes de instabilidade nos mercados internacionais, com efeitos mais intensos nas economias emergentes, conferem importância crucial à criação de mecanismos de autodefesa e financiamento. As instituições multilaterais sediadas em Washington – o FMI e o Banco Mundial – mostram grande dificuldade de evoluir e se adaptar à nova realidade internacional, marcada pelo peso crescente das economias emergentes. O G20 está semiparalisado desde 2011. Diante...Leia mais »

Dilma: Transformação urbana de porte é possível com parceria entre governos e iniciativa privada

*Blog do Planalto * "A presidenta Dilma Rousseff, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o governador do estado, Luiz Fernando Pezão, inauguraram, neste domingo (1º), o Túnel Rio 450, obra que marca o aniversário da Cidade Maravilhosa. Em seu discurso, Dilma reafirmou a parceria do governo federal com governos locais em continuar transformando as condições urbanas em todo o Brasil. “Nós estamos provando aqui que uma transformação de porte é possível, combinamos a parceria público privada, nós aqui combinamos recursos do governo federal, do governo do estado, da prefeitura e... Leia mais »

"O sistema financeiro trava a economia do país"

A conta é simples. O crédito no país representa cerca de 60% do PIB. Sobre este estoque incidem juros, apropriados por intermediários financeiros. Analisar esta massa de recursos, na sua origem e destino, é portanto fundamental. É bom lembrar que o banco é uma atividade “meio”, a sua produtividade depende de quanto repassa para o ciclo econômico real, não de quanto dele retira sob forma de lucro e aplicações financeiras. Aqui simplesmente foram juntadas as peças, conhecidas, para evidenciar a engrenagem, pois em geral não se cruza o crediário comercial com as...Leia mais »

Emir Sader - de uma Guerra Fria a Outra?

Os acordos dos BRICS, o estreitamento estratégico entre a China e a Rússia desenha um novo mapa geopolítico.

Um belo e bom Novo Mundo ou o início da Idade Média Teconológica? Leia Mais>>>

A imagem vale mais que zil palavras

Encontro do G20: Dilma x Fhc

Enquanto Dilma, no G20, fortalece laços com os Brics, ajudando o mundo com a criação de forças multilaterais com peso político e econômico para fazer frente à hegemonia de EUA e Europa, os adversários da presidenta, os tucanos, tentavam fazer do Brasil o quintal dos americanos.
Enquanto Dilma, junto com os Brics, criou um banco de fomento que já nasceu maior que o Banco Mundial e FMI...Leia mais>>>



Lula: BRICS, uma aliança que se consolida

Depois de sediar com eficiência e hospitalidade aquele que já é considerado um dos melhores mundiais de futebol de todos os tempos, o Brasil foi anfitrião de outro importante encontro internacional, a VI Cúpula de Chefes de Estado dos BRICS, realizada em Fortaleza e Brasília de 14 a 16 de julho.

O termo BRICS foi cunhado para designar um grupo de países emergentes — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — que tiveram acelerado desenvolvimento a partir da virada do século e se tornaram um dos motores do próprio crescimento global, sobretudo depois de 2008, com a eclosão da crise financeira norte-americana e europeia.

Ao lançar o acrônimo BRICS, o economista Jim O'Neill queria chamar a atenção para as oportunidades de negócios abertas aos investidores globais nessas cinco grandes nações. Afinal, elas contam com quase 40% da população mundial, conseguiram criar fortes mercados internos e plataformas exportadoras e em menos de vinte anos, segundo o FMI, saltaram de 5,6% para 21,3% do PIB mundial.

Essas oportunidades continuam a existir e se tornaram ainda maiores devido aos inúmeros projetos de modernização e expansão da infraestrutura e do aparato produtivo que os BRICS já estão executando ou vão executar nos próximos anos. (Só no Brasil serão investidos até 2018 mais de 400 bilhões de dólares em usinas hidrelétricas, portos, aeroportos, refinarias de petróleo, ferrovias, rodovias, gasodutos etc.). Sem falar no potencial de expansão de seus mercados internos, graças à incorporação ao mundo do trabalho e do consumo de milhões de pobres e excluídos. Tudo isso leva os analistas — apesar da recuperação muito lenta dos países desenvolvidos, que tem impacto conjuntural negativo em todas as economias — a ressaltarem a solidez e as perspectivas favoráveis a médio e longo prazo de todos os países que compõem os BRICS.
As nações do grupo, no entanto, foram muito além da atração de investimentos. Lembro- me de que nos reunimos pela primeira vez em junho de 2009, na Rússia — os Presidentes Medvedev, Hu Jintao, Singh e eu próprio — e decidimos transformar o que não passava de uma sigla em uma efetiva articulação econômica, geopolítica e estratégica para favorecer o crescimento de nossos países e de seus parceiros regionais e, ao mesmo tempo, impulsionar uma nova agenda de desenvolvimento multilateral e de reforma da governança global.

Nossos países já estavam empenhados na integração africana, latino-americana e asiática como pressuposto de um mundo multipolar. Além disso, tiveram papel-chave na criação do G-20, o primeiro foro multilateral relevante a dar o devido peso aos países do sul. E propunham a reforma da velha ordem internacional estabelecida em Breton Woods, em 1944, cuja inadequação às realidades do mundo contemporâneo constitui, na prática, um entrave ao progresso compartilhado do planeta. (Basta dizer que, em 1944, a China estava à beira de uma guerra civil, a Índia nem sequer existia como país independente e quase todo o continente africano era constituído de colônias europeias).

Os defensores do status quo internacional, refratários a qualquer iniciativa que busque tornar mais justa a ordem econômica e política mundial, tentaram desqualificar os BRICS alegando que não se tratava de uma aliança crível, dado o seu caráter heterógeno e "artificial ", que seus membros estão geograficamente distantes uns dos outros, além de possuírem interesses nacionais contraditórios, e que, por isso mesmo, nada de concreto e significativo poderia surgir do grupo.

A cúpula de Fortaleza e Brasília — que teve como tema o crescimento com inclusão social e sustentabilidade — acaba de desmentir categoricamente tais prognósticos. Ela demonstrou que os países emergentes superaram as posturas meramente reivindicatórias do passado e assumiram de vez um papel proativo no cenário internacional. Nela foram tomadas decisões não apenas concretas, mas claramente inovadoras, que vão desde as facilidades de comércio até o combate aos crimes cibernéticos. Mas as principais medidas foram a criação de um banco de desenvolvimento com capital inicial de 50 bilhões de dólares para financiar projetos de infraestrutura e plantas industriais sustentáveis e um fundo de reservas de 100 bilhões de dólares para ajudar os países membros em eventuais crises de liquidez. Iniciativas que reforçam a já sólida situação financeira dos integrantes do grupo, e facilitam a sua cooperação em outras áreas, como a energética e a cientifico- tecnológica.

Essa atitude inovadora estende-se também ao modelo democrático de governança que será adotado pelos dois organismos, nos quais os cinco países terão idêntico peso, com presidências rotativas e deliberações obrigatoriamente por consenso.




Assim como a África do Sul havia feito com seus vizinhos na Cúpula de Durban, a Presidente Dilma Rousseff, cuja determinação e capacidade negociadora foram fundamentais para os acordos conseguidos, convidou para o encontro de Fortaleza todos os chefes de Estado Sul-americanos, deixando claro que a atuação do Brasil nos BRICS se dá a partir do compromisso estratégico que o país tem com a integração regional. Além dos dirigentes políticos, o evento contou também com a participação de centenas de lideres empresariais, sociais e intelectuais dos nossos países.

Não tenho dúvidas de que as decisões tomadas pelos BRICS, além de úteis aos países membros e seus parceiros, terão uma incidência benéfica na própria governança global. Não são medidas reativas, mas criativas; não são contra ninguém, mas a favor do crescimento global e de uma comunidade internacional cada vez mais inclusiva e equilibrada.

(Luiz Inácio Lula da Silva é ex-presidente do Brasil, que agora trabalha em iniciativas globais com Instituto Lula e pode ser seguido em facebook.com/lula)

Economia

Quem é Brics e quem é Wall Street?
por Saul Leblon na Carta Maior

Aécio Neves resolveu mostrar a família no site de campanha.

Aquela coisa de ‘elevar’ o leitor ao nível do tanquinho de areia do ensino infantil. Aécio é filho de; pai de; tio de; neto de ... (a foto de Tancredo na parede só falta sorrir, como nos desenhos animados).

A vida é bela; a família mais bela de todas garante que o candidato tucano é um cara bacana...

A ideia, dizem os assessores, é combater o estereotipo do playboy desregrado, que pelo visto calou fundo nas pesquisas.




Aécio deveria mostrar outras filiações, as históricas, aquelas que decorrem de opções feitas na vida pública, não as herdadas na corrente sanguínea.

As eleições brasileiras de outubro –é forçoso reiterar, como tem feito Carta Maior-- não podem ser desperdiçadas em um fabulação publicitária feita de personagens simpáticos e imagens cativantes.

As eleições de outubro dialogam com um poder nada simpático.

Apesar da presença invisível nos palanques, como tem sido dito neste espaço, ele detém a singular capacidade de asfixiar o debate nacional, ademais de condicionar a agenda dos partidos e governantes, antes e à revelia do escrutínio das urnas.

A fonte desse poder invisível remete à hegemonia das finanças globalizadas em nosso tempo.

Sua supremacia reduz de forma importante o repertório das iniciativas políticas nacionais.

Não é uma jabuticaba brasileira.

O que vale para o Brasil não é diferente do que ocorre na Argentina, mas também na França, ou na Nigéria.

O ingrediente decisivo da luta pelo desenvolvimento, a soberania reordenada pelo voto democrático, e o poder indutor do Estado, operam hoje por instrumentos sob forte turbulência e restrição.

Não há novidade nisso, claro.




Nas transições de ciclo de desenvolvimento, porém, quando decisões estratégicas devem ser tomadas para desobstruir o passo seguinte da história, tais restrições assumem contornos de uma asfixia quase imobilizante.

É o caso da encruzilhada brasileira atual.

Mudanças de fundo são requeridas para inaugurar um ciclo de investimentos.

Sem avanços na infraestrutura e na produtividade, estreita-se a margem de manobra para consolidar um novo estirão na redistribuição da renda, na redução da desigualdade e na universalização de serviços de qualidade.

As opções são duas.

Entregar a rapadura de vez aos mercados, deixar que eles resolvam os impasses na base do arrocho; ou tentar erguer linhas de passagem de um novo ciclo convergente da riqueza.

A segunda escolha requer a força e o consentimento de uma ordenação pactuada da sociedade e da economia.

Estamos, portanto, diante de uma encruzilhada da democracia.

A ruptura dessa asfixia no ambiente global acaba de registrar um capítulo importante nesta 3ª feira ( 15-07) .

Um novo banco de desenvolvimento e um fundo de reservas alternativos ao Banco Mundial e ao FMI foram criados na reunião de Cúpula dos líderes dos Brics, realizada em Fortaleza, no Ceará.

A mídia conservadora fez pouco diante desse ensaio de Bretton Woods cearense e preferiu afogar a atenção dos seus leitores naquilo que é secundário.

A saber: o valor dos fundos iniciais e a ocupação de cargos no novo banco ,em que o Brasil terá a estratégica diretoria encarregada de planos de investimento e expansão.

A Índia inaugurará a presidência rotativa e a China sediará a instituição em Xangai.

O desdém em relação aos valores iniciais envolvidos (US$ 100 bi de fundo de reservas e um funding de US$ 50 bilhões, no caso do banco de desenvolvimento) precifica a ignorância ou a má fé, ou as duas coisas juntas, na abordagem obtusa da emissão conservadora.

O que está em jogo no xadrez do século XXI é a construção de novas estruturas de poder global que rompam com os frangalhos resultantes do colapso de Bretton Woods.

Hoje, o FMI e o Banco Mundial restam como um zumbi da arquitetura disciplinadora do capitalismo imaginada para a ordem internacional em 1944.

Inteiramente prestativos aos desígnios dos mercados desregulados –que nasceram para disciplinar—funcionam, a exemplo das agencias de risco, como alavancas pró-cíclicas do vale tudo especulativo.

Na fase de valorização irracional dos ativos e de fastígio do crédito, certificam a higidez das estripulias de Wall Street --como nas vésperas do colapso de 2008; em seguida, acentuam a espiral contracionista, chancelando políticas de arrocho quando as bolhas especulativas explodem.

A reunião dos Brics no Brasil moveu as placas tectônicas dessa ruína cristalizada no xadrez mundial.

Os valores envolvidos ganham dimensões superlativas quando associados à contrapartida política do que está em jogo.

Objetivamente, e de forma consistente, a decisão dos Brics afronta a subordinação passiva das nações à desordem neoliberal.

Países que reúnem um PIB da ordem de US$ 16 trilhões, superior ao da Zona do Euro, e uma população conjunta de 3 bilhões de pessoas, informaram ao mundo que vão construir instituições que colidem com a lógica de Wall Street e de seus braços institucionais.




Convenhamos, não é uma notícia agradável para quem defende que o Brasil, por exemplo, dissolva a sua soberania, seu poder de consumo, o pré-sal e a sua industrialização –para citar alguns de uma longa série de itens -- no detergente global dos mercados desregulados.

Carta Maior considera que a iniciativa histórica dos Brics amplia o espaço político para um debate qualificado de sua contrapartida no plano regional e nacional.
Não por acaso os líderes dos Brics se reuniram com os da Unasul, em Brasília, nesta 4ª feira.

A filiação que importa saber e que Aécio não registrou em sua fábula familiar, portanto, é quem é Brics, quem é Unasul e quem é Wall Street na política nacional?

Claramente, a disputa presidencial de outubro opõe dois projetos de futuro que guardam correspondência com a clivagem evidenciada nas decisões da cúpula reunida em Fortaleza.

Traduzir esse debate em textos que abordem a dimensão internacional e nacional da nova ordem em construção é o objetivo do seminário virtual, ‘O Poder da Internacional Financeira’, que Carta Maior está promovendo em sua página (leia os textos já publicados de Márcio Pochmann e Tarso Genro).

Para ele estão sendo convidados intelectuais de todo o Brasil e do exterior.

O FMI dos BRICS

Em julho de 1944, representantes de 44 países se reuniram em um hotel em Bretton Woods, New Hampshire, Estados Unidos, para criar um novo modelo de relações comerciais e financeiras entre os principais países do mundo. Setenta anos depois, os países emergentes se cansaram de esperar uma mudança de regime das instituições financeiras internacionais que saíram daquela reunião e deram um passo à frente para mudar a ordem existente, e agora reivindicam seu novo papel na economia mundial.

Os presidentes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (que formam o acrônimo BRICS) assinam nesta terça-feira em Fortaleza, Brasil, a constituição de um banco de desenvolvimento, com um aporte inicial de 50 bilhões de dólares (cerca de 110 bilhões de reais) para formar o capital do banco e 100 bilhões (220 bilhões em reais) de capacidade de empréstimo, e um fundo de reservas de outros 100 bilhões para ajudar os países do grupo no caso de uma possível crise de liquidez, como as vividas em alguns países europeus durante a crise financeira. São 200 bilhões de dólares (moeda que será utilizada nas transações das duas organizações) para determinar o valor do grupo e dar uma demonstração de sua força econômica.


“A conclusão dessas duas iniciativas passará uma mensagem forte sobre a vontade dos BRICS de aprofundar e reforçar sua associação econômica e financeira”, destacou para a imprensa na semana passada o embaixador brasileiro José Alfredo Graça Lima. “As duas instituições financeiras criadas funcionarão de forma similar ao Banco Mundial (BM) e ao Fundo Monetário Internacional (FMI)”, afirmou.

Sem dúvida, a criação do banco é um passo decisivo para a consolidação do grupo. “É importante que as maiores economias emergentes tenham sido capazes de colocar em funcionamento um projeto assim, do contrário sua credibilidade como grupo seria questionada. É um primeiro passo evidente, mas agora precisam passar para a ação”, afirma Jim O’Neill, o inventor do termo BRIC há 13 anos, quando era economista-chefe da Goldman Sachs, e atualmente pesquisador no think tank Bruegel.

A iniciativa levanta dúvidas quanto a seu alcance e sobre quão efetiva ou ineficiente será a coordenação do grupo. Sua criação demorou quase dois anos devido a divergências internas, que finalmente foram resolvidas com uma participação em partes iguais no capital, apesar da intenção inicial de que a China fosse sócia majoritária, e com a sede da entidade em Xangai.


“A verdadeira questão é para que esses países realmente querem um novo banco e o que querem apoiar com ele. Não se sabe se é um mecanismo a ser explorado no sentido de assumir uma maior responsabilidade global, algo mais fácil do que conseguir mais representação no FMI ou no BM, ou se querem financiar conjuntamente projetos de infraestrutura nos países do grupo”, aponta O’Neill. “Não estou certo, só o tempo dirá.”

Em 2010, o FMI aprovou uma reforma de suas cotas para dar mais peso às potências emergentes no órgão, sobretudo a China. Mas a reforma está emperrada no embate entre democratas e republicanos no Congresso dos Estados Unidos e, a essas alturas, a iniciativa se tornou até obsoleta. “É realmente ridículo e decepcionante que o Congresso norte-americano não tenha aprovado a mudança das cotas. Na verdade, o peso dado na época a alguns países emergentes ficou velho e é cada vez mais evidente que a governança global atual está muito longe de ser boa”, admite O’Neill.

Até agora os BRICS não se destacaram por uma grande capacidade de coordenação no cenário internacional, apesar de sua constituição oficial como grupo em 2009 em plena crise financeira, ainda que o protagonismo na época tenha se concentrado no G-20, agora também em declínio. “A intenção é que o banco dos BRICS se torne, com o tempo, uma alternativa ao Banco Mundial e ao FMI e que seja um novo jogador entre as instituições financeiras globais. É um objetivo ambicioso, que exigirá um grau de coordenação e harmonia que nem sempre vimos nesse grupo”, acrescenta de Nova Délhi Vivek Dehejia, professor de Economia da Universidade de Carleton, do Canadá.


Em vários artigos, Nicholas Stern, presidente do Grantham Research Institute da London School of Economics e da Academia Britânica, defendeu, ao lado do prêmio Nobel Joseph Stiglitz, a necessidade de um novo banco de desenvolvimento que dê respostas às necessidades urgentes dos países emergentes em termos de infraestrutura. Lord Stern afirma que o gasto com infraestrutura nesses países deve aumentar dos 800 bilhões de dólares atuais (mais de 1,7 trilhão de reais) para pelo menos 2 trilhões (4,4 trilhões de reais) na próxima década.

“Do contrário, será impossível conseguir uma redução da pobreza e um crescimento inclusivo no longo prazo”, defende Stern em sua análise. As salvaguardas impostas pelo Banco e pelo Fundo em seu funcionamento, assim como as duras condições associadas a seus empréstimos, deram eficiência ao financiamento vindo desses organismos, mas não será fácil colocar em marcha um modelo de funcionamento do zero, e os desembolsos, para Dehejia, ainda vão demorar para acontecer. “Por hora, a importância é mais por seu simbolismo geopolítico, de que os BRICS são algo mais do que um acrônimo. Representa uma promessa, mas teremos de se esperar para ver como se concretiza”, acrescenta o economista indiano.

Fernando Brito - O banco dos BRICS

[...] não é o FMI dos pobres
brics
Há muito pouca informação sobre o papel que terá o banco criado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Os papéis, melhor dizendo.
O primeiro deles é ser um banco de desenvolvimento, para financiar projetos de volume e maturação que passem dos limites dos bancos de desenvolvimento locais ou de outros países em desenvolvimento que a eles se apresentem como candidatos ao crédito.
E fazê-lo de forma que beneficie os parques produtivos, tecnológicos e de prestação de serviços dos próprio Brics. E, até mesmo, a venda de matérias primas, em acordos que envolvam grãos, petróleo, minérios.
Não sei qual a forma técnica de compensar a relativa fixidez da moeda chinesa, mas também ajuda este processo o fato de que, ao contrário dos diversos mecanismos de fomento mundiais, que operam com ativos atrelados ao dólar,  balizar sua operação numa cesta de moedas nacionais que, grosso modo, flutua sempre na mesma direção, sem grandes disparidades entre si, é claro.
O segundo papel é formar uma espécie de “colchão” contra ataques especulativos sobre as moedas nacionais dos países membros, certamente por dois caminhos.
Um, o de permitir avançar para um comércio internacional que já não se faça exclusivamente com o dólar sendo a referência.
Outro, através de um mecanismo de compensação monetária, à base de trocas de moeda nacional comprometidas com recompra futura.
Funciona assim: o país A, em dificuldades momentâneas, entrega  moeda nacional a este fundo e recebe divisas em outra moeda, que pode ou não ser o dólar, comprometendo-se a recomprá-las mais adiante.
Claro que haverá limites para este tipo de operação, definidos com proporção ao que cada país aportou para um “funding” do Banco e seu arranjo de compensação.
Estes são os mecanismos econômicos.
Mas há os políticos.
O primeiro e mais evidente é que se cria, na prática, uma ação comum dos Brics nas negociações econômicas – sejam as financeiras, sejam as comerciais – e este bloco é de um tamanho que não há como ser ignorado ou confrontado totalmente nas mesas de economia mundial.
E, mal vem a ser criado, o banco terá um grande desafio: contrapor-se aos efeitos da retirada (anunciada, mas ainda incerta) da oferta de liquidez exercida pelo Tesouro americano através do “quantitative easing”, que mantém a taxa de juros da economia dos EUA com taxa próxima de zero há seis anos e, com isso, faz com que os dólares se lancem aos mercados internacionais em busca de remuneração maior.
O empresariado brasileiro, com sua visão de mula de carroça, certamente vai demorar a compreende o que a criação deste banco representa para a atividade e a internacionalização da economia brasileira.
Se é um exagero qualquer comparação com o acordo de Breton Woods que, logo após a II Guerra, transformou o dólar em meio de troca mundial e consolidou a hegemonia financeira norte-americana através do FMI.
Os Brics, somados, possuem um PIB de 15,8 trilhões de dólares, quase o mesmo dos 16,8 trilhões de dólares do PIB dos EUA.
E, claro, nosso “jornalismo econômico” trata com mais destaque o fato de o Brasil ter cedido à Índia a presidência da nova instituição do que seu potencial, em si.
Talvez porque ache que o papel de um presidente de Banco é, mais ou menos, os de “arranjar uns negocinhos para os amigos e, quem sabe, um anúncios bem bonitinhos. Um instituição financeira multinacioanl  como esta, obviamente, é regida por critério técnicos extremamente rígidos e por decisões políticas exaustivamente negociadas entre seus membros.
Não funcionam na base do “Dr. Roberto mandou”. Nem o  Setúbal, nem o Marinho.

Economia e Política - BRICS

Um ensaio de Bretton Woods no Ceará?
A expectativa é que nesse encontro seja oficializado a criação de um fundo de reserva contigente de 100 bilhões de dólares


O economista Paulo Nogueira Batista Jr, diretor executivo do Brasil e de mais dez países no FMI, costuma dizer que se tudo der certo na Cúpula de líderes dos Brics, que se reúne nesta terça-feira, em Fortaleza, a capital cearense passará à história como um ensaio de Bretton Woods do século XXI.

A expectativa é de que se oficialize nesse encontro a criação de um fundo de reservas contingente, com valor  inicial de US$ 100 bilhões (US$ 41 bilhões da China; Brasil, Rússia e Índia, com US$ 18 bilhões cada; e a África do Sul, com US$ 5 bilhões).

Trata-se de uma subscrição virtual, uma espécie de pacto de ajuda mútua. 
A partir de sua assinatura os cinco participantes se comprometem a garantir um socorro recíproco em caso de desequilíbrio cambial grave,  motivado , por exemplo, por uma fuga de capitais, como a que se ensaiou no colapso das subprimes, em 2008.

Outra iniciativa que deve ser oficializada em Fortaleza é a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) , que terá um fundo inicial de US$ 50 bilhões, subscrito em partes iguais pelos cinco integrantes do encontro.

A ideia é que o NBD possa operar globalmente, para além do perímetro do grupo, financiando projetos de infraestrutura em todo o mundo pobre e em desenvolvimento. Seria, assim, a principal ferramenta de influencia geopolítica dos Brics na construção de um novo polo de liderança mundial.

A sede do banco provavelmente será em Xangai, mas o Brasil pleiteia a presidência do novo organismo que deverá realizar seu primeiro financiamento em 2016.

Se o fundo de reservas guarda semelhanças com a função original do FMI, decidida em 1944 na cidade norte-americana de Bretton Woods, o  Novo Banco de Desenvolvimento seria a contrapartida bricsniana do Banco Mundial.

As  instituições originais surgiram da necessidade de se proteger as economias dos desequilíbrios devastadores da lógica capitalista, cujo desdobramento totalitário nos anos 30/40 cobraria da humanidade  o custo sangrento de uma Segunda Guerra.

Bretton Woods foi um pedaço dessa tentativa de reconstruir a institucionalidade destruída pelo colapso bélico, erguendo amortecedores que diluíssem a repetição de suas causas no futuro.

O papel coordenador do Estado no desenvolvimento tornar-se-ía possível a partir daí,  graças à reconstrução de uma ordem econômica internacional regulada e estabilizada pelos acordos assinados em 1944.

 A meta era alcançar o pleno emprego, a estabilidade dos preços internacionais e certa paridade fixa entre as moedas –com ajustes cambiais periódicos, sem golpear o comércio com a guerra  protecionista.

 Foi esse mundo que os 730 delegados de 44 países reunidos em Bretton Woods idealizaram depois de  três semanas  de debates.

Contrariando visões mais arrojadas como a de Keynes, que defendia a criação de uma moeda comum independente, o bancor, convencionou-se que o dólar faria o papel de referência cambial básica, ancorado em uma paridade fixa de US$ 35 por onça-troy ( 31,1 gramas de ouro).

 Na retaguarda funcionaria o Banco Mundial, como ferramenta auxiliar da reconstrução e do desenvolvimento.

O mundo imaginado em  Bretton Woods  funcionou até agosto de 1971, quando o governo norte-americano, afogado em gastos imperiais impostos por guerras e intervenções, mas premido também pela própria concorrência comercial que o sucesso de Bretton Woods ajudou a fomentar, rompeu unilateralmente o vínculo dólar/ouro negociado vinte e sete anos antes.

A ruptura da ‘paridade-mãe’ desencadearia um efeito dominó devastador.
Ajustes cambiais cada vez mais agressivos e contraditórios instauraram o salve-se quem puder no sistema monetário internacional.

Eram os dobrados fúnebres do chamado ‘anos dourados do capitalismo’ –um período de relativa estabilidade e crescimento contínuo, ancorado em uma ordem pós-guerra que se esgotara, a exemplo do poder absoluto da potência hegemônica que hierarquizara o mundo sob as asas –ou garras—até então.  

Um sistema monetário internacional marcado pela mobilidade de capitais e a desordem cambial, feita de paridades flutuantes e unilaterais, não gera apenas incerteza contábil.

Oscilações bruscas no valor da moeda de um país  –impostas, não raro,  por mudanças internacionais alheias a sua vontade--  alteram as relações de trocas no comércio exterior; destroem parques fabris (vide o efeito asiático sobre a industrialização brasileira);  devastam empregos e podem, da noite para o dia, liquefazer o poder de compra de nações inteiras ceifando a subsistência e o futuro de milhões de famílias e assalariados.

Num mundo desprovido de qualquer outro poder reconhecido, que não o Conselho de Segurança da ONU, a supremacia das finanças desreguladas substituiu o frágil espaço da coordenação e da cooperação pela ideologia dos mercados autorreguláveis, consagrada no credo neoliberal.

A crise de 2008, antes de sepultar, agravou a instabilidade e a entropia intrínsecas à lógica de um capitalismo afogado em sua própria liberdade.

É nesse ambiente conturbado, em que a mobilidade dos capitais instituiu um poder sem paralelo, dotado de turquesas para impor interditos  e obrigações a Estados, partidos e projetos de desenvolvimento, que deve ser avaliada a importância da cúpula dos Brics, que se reúne nesta 3ª feira, em Fortaleza.

 Sua real dimensão só pode ser efetivamente ponderada a partir da compreensão histórica da desordem planetária implantada pelo capitalismo, em 40 anos de esfarelamento de Bretton Woods.

Leia a seguir uma análise do economista Luiz Gonzaga Belluzzo sobre a transição em curso no sistema econômico internacional. Escrita em 1995, antes, portanto, da crise das subprimes, ela antecipa com clareza o desfecho da desordem que a reunião dos Brics  tenta agora superar.

O declínio de Bretton Woods e a emergência  dos mercados “globalizados” 

Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo

BRICs - Economia e Política


  • BRICs devem criar seu próprio FMI
  • BRICs devem criar seu próprio Banco
  • BRICs devem criar sua própria moeda de reserva
Este é um tema importante para ser discutido durante a campanha eleitoral.
  • Qual a posição da presidente Dilma e do seu partido (PT) sobre o assunto?
  • Qual a posição dos candidatos da oposição e seus partidos (PSDB e PSB) sobre o assunto?

Artigo de Lula

A saúde dos países emergentes

Nos últimos meses têm surgido na mídia internacional alguns juízos apressados e superficiais sobre um inevitável declínio econômico dos chamados países emergentes e a sua suposta “fragilidade”.
Os que pensam assim não compreendem o alcance das transformações que o mundo viveu nas últimas décadas e o verdadeiro significado do salto histórico que deram países como a China, a Índia, o Brasil, a Turquia e a África do Sul, entre vários outros. Não percebem que a economia desses países, além de crescer de modo extraordinário, passou também por uma mudança de qualidade. Tornou-se  mais diversificada, eficiente e profissional. E muito mais rigorosa e prudente do ponto de vista macroeconômico, sobretudo no que se refere às políticas fiscal e monetária. Não levam em conta que os países emergentes, com tremendo esforço e determinação,  reduziram sistematicamente  a sua vulnerabilidade interna e externa e agora estão muito mais aptos a enfrentar as oscilações econômicas globais. Por isso, quem os avalia por critérios superados, de décadas atrás – os estereótipos sobre as eternas mazelas do “terceiro mundo”– acaba subestimando a sua solidez e o seu potencial de crescimento.
Até pelos erros de avaliação cometidos na véspera da crise de 2008, quando grandes empresas norte- americanas e europeias à beira da falência eram consideradas por muitos analistas como modelo de solidez e competência, penso que seria recomendável maior objetividade nos diagnósticos e, principalmente, nos prognósticos.
Um dos principais ensinamentos a tirar da crise, que não surgiu nas  nações em desenvolvimento, mas nos países mais ricos do planeta, é que as opiniões sobre as economias e o destino dos países devem evitar tanto o elogio inconsistente quanto o alarmismo sem fundamento. A busca equilibrada da verdade é sempre o melhor caminho. E isso supõe examinar de perto, meticulosamente, sem preconceitos nem velhos clichês, a economia real de cada país.
Os países emergentes, obviamente, não estão nem nunca estiveram isentos de desafios. Integrados ao mercado mundial, tem que lidar com as consequências de um maior ou menor dinamismo da economia global. Mas hoje não dependem exclusivamente das exportações que, apesar da crise, mantiveram um volume muito expressivo. Os países emergentes criaram fortes mercados internos, ainda com enorme horizonte de expansão.  A retomada dos Estados Unidos e da Europa não torna essas economias menos atrativas para o investimento estrangeiro, que continua a chegar em grande quantidade. As economias desenvolvidas precisam, mais do que nunca, de mercados ainda elásticos para a sua produção, e esses mercados estão principalmente na Ásia, na América Latina e na África. Sem falar que o crescimento norte-americano e europeu tende a favorecer o conjunto do comércio mundial.
A queda no ritmo de crescimento dos emergentes costuma ser exemplificada com a situação da China, que chegou a crescer 14 por cento ao ano e hoje cresce em torno de 7%.  É evidente que, com a desaceleração dos países ricos, a China não poderia manter a mesma velocidade de expansão. O que se esquece, porém, é que 10 anos atrás o PIB da China era de cerca de 1.6 trilhão de dólares e hoje é de quase 9 trilhões de dólares. A taxa de crescimento é menor, mas sobre uma base muitíssimo maior. Além disso, deixou de ser um país quase que exclusivamente exportador, para desenvolver também o seu mercado interno, o que demanda novas importações. Por outro lado, graças à imensa poupança e acúmulo de reservas, a China passou a ser uma importante fonte de investimentos externos na Ásia, na África e na América Latina.
Embora sejam economias menores do que a China, os outros emergentes, com diferentes ritmos de crescimento – mas sempre crescendo – também apresentam boas perspectivas.
É o caso do Brasil, que está sabendo ajustar-se ao novo cenário internacional e tem condições concretas não só de manter as suas conquistas econômicas e sociais, mas de continuar avançando.
Os dados da economia brasileira falam por si. No último decênio, o Brasil conseguiu tornar-se em vários aspectos um novo país. O PIB, que em 2003 era de 550 bilhões de dólares, hoje  supera os 2.1 trilhões. Somos hoje a sétima economia do mundo. O comércio externo passou de 119 bilhões de dólares anuais em 2003 para 480 bilhões em 2013. O país tornou-se um dos seis maiores destinos de investimento externo direto, recebendo 63 bilhões de dólares só no ano passado, de acordo com as Nações Unidas. É grande produtor de automóveis, máquinas agrícolas, celulose, alumínio, aviões; e líder mundial em carnes, soja, café, açúcar, laranja e etanol.
Baixamos a inflação de 12.5 por cento em 2002 para 5.9 por cento em 2013. Há dez anos consecutivos ela permanece dentro dos limites estabelecidos pela autoridade monetária, mesmo com a aceleração do crescimento. Reduzimos a divida pública líquida praticamente à metade; de 60.4 por cento do PIB para 33.8 por cento. Desde 2008, o país fez superávit primário médio anual de 2.5 por cento, o melhor desempenho entre as grandes economias. E a Presidenta Dilma Rousseff anunciou o esforço fiscal necessário para manter a trajetória de redução da divida em 2014.
Com 376 bilhões de dólares em reservas, dez vezes mais do que em 2002. Diferentemente do passado, hoje o Brasil pode lidar com flutuações externas ajustando o câmbio sem turbulências nem artifícios.
Esses resultados poderiam ter sido ainda melhores, não fossem os impactos da crise sobre o crédito, o câmbio e o comércio global. A recuperação dos Estados Unidos é uma excelente notícia, mas neste momento a economia mundial reflete a retirada dos estímulos do FED. E, mesmo nessa conjuntura adversa, o Brasil cresceu 2.3 por cento no ano passado, um dos melhores resultados dentre os países do G-20 que já divulgaram os indicadores de 2013.
O mais notável é que, desde 2008, enquanto o mundo, segundo a OIT, destruiu 62 milhões de empregos, o Brasil criou 10.5 milhões de novos postos de trabalho. A taxa de desemprego é a menor da nossa história. Não vejo indicador mais robusto da saúde de uma economia.
Há uma década o país trabalha ativamente para ampliar e modernizar a sua infraestrutura. Aumentamos a capacidade energética de 80 mil MW para 122 mil MW e estamos construindo três hidrelétricas de grande porte. Além disso, o governo lançou um vasto programa de concessões de portos, aeroportos, rodovias, hidrovias e distribuição e geração de energia no valor de mais de 170 bilhões de dólares.
Recentemente estive com investidores globais, em Nova Iorque, mostrando como o Brasil se prepara para dar passos ainda maiores na nova etapa da economia mundial. Pude comprovar que eles  tem uma visão ao mesmo tempo realista e positiva do país e do seu potencial de crescimento. Seguirão investindo no Brasil e, com certeza, terão bons resultados, crescendo junto com o nosso povo.
O novo papel que os países emergentes assumiram na economia global não é algo efêmero, transitório. Eles vieram para ficar. A sua força evitou que o mundo mergulhasse, a partir de 2008, numa recessão generalizada. E não será menos importante para que a economia global volte a ter um ciclo de crescimento sustentado.
(Luiz Inácio Lula da Silva é ex-presidente do Brasil, que agora trabalha em iniciativas globais com Instituto Lula e pode ser seguido em facebook.com/lula).

SOBRE A RÚSSIA, O BRASIL E OS BRICS

- Segundo o insuspeito¹ Goldman Sachs, a Rússia terá em 2050 (faltam apenas 36 anos, ou seja, é logo ali) a 6ª maior economia do globo terrestre. 

Entre as 05 maiores economias em 2050, 03 fazem parte dos BRICS, cuja próxima Cúpula será em Fortaleza, no Brasil, em julho deste ano de 2014. 

Entre as 10 maiores economias do mundo em 2050, 04 fazem parte dos BRICS! Seguem as dez primeiras economias em 2050, segundo o Goldman Sachs:

1- China;
2- Estados Unidos;
3- Índia;
4- Brasil;
5- México;
6- Rússia;
7- Indonésia;
8- Japão;
9- Reino Unido;
10- Alemanha.

E não é só isso. Também de acordo com as projeções do Goldman Sachs, a Rússia terá o 4º maior PIB per capita do globo terrestre, entre as grandes nações, no ano de 2050. 

Mais uma vez contata-se que entre os 12 países com maior renda per capita, no ano de 2050, teremos a presença de 03 representantes dos BRICS. Segue a projeção:

1- Estados Unidos;
2- Coréia do Sul;
3- Reino Unido;
4- Rússia;
5- Canadá;
6- França;
7- Alemanha;
8- Japão;
9- México;
10- Itália;
11- Brasil;
12- China.

Como vemos, é um disparate completo e absoluto dizer que a Rússia não terá papel relevante no mundo nas próximas décadas. Este disparate é fruto de mentes colonizadas que ao invés de estudar com rigor as projeções políticas, econômicas e sociais do mundo, trocam o rigor analítico pela repetição acrítica da propaganda ocidental.

A Rússia já é um ator importantíssimo no globo terrestre e todas as projeções futuras aumentam a projeção política, econômica e bélica da Rússia, não o contrário!

O que está a acontecer agora, neste episódio da Ucrânia e da Crimeia, é que alguns reacionários, verdadeiros papagaios dos interesses dos EUA, repetidores de fantasias que são, tratam de escrever textos inúteis e imprestáveis, verdadeiras peças de propaganda anti Rússia e anti multipolaridade de poder global. 

Passam vergonha estes colonizados, mas o tempo há de lhes mostrar o ridículo de suas estúpidas posições.

Agora um pouco mais sobre a propaganda e a tática diversionista do Ocidente, repetida pelos seus papagaios colonizados. Para não falar no Golpe de Estado praticado por nazistas financiados pelos EUA, deitam falação contra a Rússia! 

A quem pensam que enganam com esta torpe tática? Nem o mais idiota ser humano da face da Terra acredita nestes leguleios dos golpistas, dos nazistas e dos imperialistas!

Quanto a questão da Crimeia, basta lembrar que ela cumpriu os mesmos trâmites internacionais pelos quais passaram o Kosovo (quando se separou da Sérvia) e a própria Ucrânia (quando se separou da antiga URSS). Nestes dois casos citados, o Kosovo e a Ucrânia contaram com o apoio incondicional dos EUA, da União Europeia e da OTAN. 

Ou seja, os cínicos criticam a Rússia e a Crimeia a respeito de medidas que eles próprios apoiaram e implementaram em passado não muito distante!

Enfim, as críticas à Rússia são apenas uma lamúria de papagaios dos interesses dos EUA. De papagaios que perderam de vez o senso crítico e o senso do ridículo. 

Que lamentável é constatar que mentes colonizadas insistem com as suas medíocres falácias, e que insistem em trocar a realidade concreta e objetiva dos fatos pelos seus sonhos, delírios e devaneios. 

E chegam, para tanto, os papagaios do discurso dos EUA, até mesmo a apoiar nazistas!

Por fim, notem que em 2050 o PIB dos BRICS será superior ao PIB somado dos EUA e da União Europeia. 

Alguma dúvida sobre o fato de que o Brasil deve aprofundar imediatamente os seus laços políticos, econômicos, sociais, culturais e de infraestruturas com os demais países que compõe os BRICS?

¹ Insuspeito de ser contrário aos interesses dos EUA e da União Europeia.     
Diogo Costa