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Sou Lula, Dilma e Flávio Dino

O pedaço do PT contrário à hegemonia da família Sarney no Maranhão realiza neste domingo (13) um encontro de apoio a Flávio Dino, do PCdoB. Dino é o principal candidato de oposição à governadora Roseana Sarney, que tentará emplacar como seu sucessor o senador Lobão Filho, do PMDB.
A reunião dos petistas pró-Dino ocorre à revelia do PT federal, que retirou do diretório maranhense os poderes para deliberar sobre 2014. Contraria também compromissos assumidos por Dilma Rousseff e Lula com o pai de Roseana, José Sarney.
Dilma e Lula sinalizaram que a aliança com o PMDB do Maranhão, formalizada em 2010 ao custo de uma intervenção no diretório estadual do PT, seria renovada agora. O convite para o encontro deste domingo resume o paradoxo vivenciado pelos petistas avessos a essa parceria com os Sarney.

Clã Sarney desesperado

Sob o risco de perder o poder no Maranhão pela primeira vez em quase meio século, a família do ex-presidente lança campanha predatória contra o principal candidato da oposição

Claudio Dantas Sequeira

Em quase meio século de domínio no Maranhão, o clã Sarney nunca correu tanto risco de perder o poder. Os sinais de esgotamento começaram a surgir nos protestos que tomaram as ruas de São Luís em junho e ganharam mais substância nas últimas pesquisas de intenção de voto para 2014. Em todas elas, os candidatos apoiados por José Sarney, inclusive sua filha Roseana, atual governadora, patinam em índices de popularidade incomuns para quem ditou os rumos políticos do Estado por tanto tempo. A maior ameaça à hegemonia dos Sarney chama-se Flávio Dino, que lidera as pesquisas para o governo do Estado com quase 60% de apoio, índice que o credencia a liquidar a eleição no primeiro turno. Exatamente por isso, o ex-deputado federal do PCdoB, ex-juiz e atual presidente da Embratur tornou-se alvo de uma campanha implacável de difamação que expõe o desespero de quem não está acostumado a ser oposição. 

Um dos principais escudeiros da família Sarney na batalha contra Dino é o deputado federal Chiquinho Escórcio (PMDB/MA), que tem feito uma devassa nas contas da Embratur em busca de problemas que comprometam o presidente do órgão. Escórcio acaba de protocolar requerimento ao Ministério do Turismo questionando a Embratur sobre a decisão de abrir 13 escritórios de representação no Exterior. Ele também denunciou Dino à Comissão de Ética Pública da Presidência, acusando-o de usar o cargo para fazer campanha antecipada no Estado. “Dino trabalha em Brasília de segunda a quarta e viaja na quinta para o Maranhão. Quem você acha que está pagando isso?”, questiona Escórcio. Com a experiência de quem já travou nas urnas uma disputa com os Sarney em 2010, Dino diz que não cometeria tal deslize. “Todas as viagens não oficiais são pagas pelo PCdoB ou por mim”, garante. O presidente da Embratur diz que fica no órgão até o meio-dia de sexta-feira e só faz campanha depois das 18 horas.


As denúncias feitas por Escórcio ganharam destaque nos veículos que integram o Sistema Mirante de Comunicação, da família Sarney. No domingo passado, o jornal “O Estado do Maranhão” publicou reportagem sobre obras-fantasmas que teriam recebido emendas parlamentares do próprio Dino, quando era deputado federal. Foram R$ 5,6 milhões para a construção de ginásios e campos de futebol na cidade de Caxias. As obras, porém, existem e já foram inauguradas. Há poucos dias, Dino teve que se defender de outra denúncia, a de que recebia salário da Universidade Federal do Maranhão mesmo sem dar aula. Uma nota oficial da própria universidade desmentiu a acusação. Os sucessivos ataques do clã Sarney levaram Dino a revidar. Em denúncias ao Ministério Público, acusa o secretário de Infraestrutura do Maranhão e pré-candidato ao governo, Luis Fernando Silva, de usar helicóptero oficial para reuniões partidárias. O PCdoB de Dino também questiona o que chama de “manipulação do orçamento” por parte da governadora Roseana Sarney. “A análise da lei orçamentária mostra que Roseana cortou verbas de saneamento, educação e segurança pública, enquanto triplicou o orçamento de Infraestrutura, pasta do pré-candidato deles”, afirma o deputado estadual Rubens Júnior (PCdoB). 
O ex-presidente também entrou na briga. Nos artigos que publica aos domingos em seu jornal, Sarney encarna o papel de vítima e se diz perseguido por uma oposição movida por “ódio, inveja, ressentimento e ambição desmedida”. O grau de irritação do velho senador aumentou depois que o Palácio do Planalto se mobilizou em prol de Dino. Sarney ameaçou sabotar o palanque de Dilma em vários Estados e agora negocia uma solução para o imbróglio. Na quinta-feira, arquitetou-se em Brasília um plano para um acordo capaz de agradar às duas partes. O vice-governador de Estado, Washington Luiz de Oliveira, do PT, trocaria o governo por um assento vitalício no Tribunal de Contas. Assim, Roseana poderia se licenciar para concorrer ao Senado sem o risco de um petista assumir o governo e virar a máquina estadual contra o PMDB. O Palácio do Planalto apoiaria Roseana e tentaria interditar o palanque estadual para Eduardo Campos. O problema é que o PSB de Campos é aliado tradicional do PCdoB e Dino já se comprometeu com o socialista. “Podemos abrir o palanque para todos os aliados que tiverem candidatos à Presidência, inclusive o PT”, diz Dino. A batalha, como se vê, exige uma complexa engenharia política. A única certeza é que, pela primeira vez em muitos anos, os Sarney têm motivos reais para entrar em desespero.  

Dilma mantém vantagem de 10 pontos

Dilma mantinha ontem vantagem de 10 pontos percentuais sobre todos os seus adversários, segundo a pesquisa diária realizada pelo Vox Populi para a Rede Bandeirantes e o portal iG. Considerados os índices equivalentes aos votos válidos, Dilma tem 55%, José Serra (PSDB) 29% e Marina Silva (13%). Para vencer no primeiro turno, a candidata do PT precisa obter metade mais um dos votos válidos.
    Analisado o total de intenções de voto, há seis dias Dilma obtém 49%. Serra e Marina continuam, respectivamente, com 26% e com 12%. Os outros candidatos, juntos, alcançaram 1% dos entrevistados.
    Único dos quatro maiores institutos do país a apontar o equivalente a menos de 55% dos votos válidos para Dilma Rousseff, o Datafolha afirmou ontem que, nos últimos dias, a candidata do PT oscilou de 51% para 52%, enquanto José Serra e Marina Silva perderam um ponto. Na simulação que inclui o total das intenções de voto, Dilma obteve 47%, Serra 28% e Marina 14%.
    Comparados os novos índices aos da pesquisa anterior, feita na semana passada, o Datafolha diz que Dilma cresceu no Sul, no Sudeste, entre eleitores de 35 a 59 anos, entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos e, ainda que dentro da margem de erro, entre eleitores com ensino fundamental.
DISPUTAS ESTADUAIS
    Nova rodada de pesquisas do Datafolha sobre as intenções de voto para a eleição de governador indica que:
1)    Em São Paulo, a vantagem de Geraldo Alckmin (PSDB) sobre todos os outros candidatos é de 8 pontos percentuais, de acordo com o Datafolha. Ele teria 54% dos votos válidos, com 14,8 milhões.
2)    Em Pernambuco, o governador Eduardo Campos (PSB) teria quase 80% dos votos válidos. Ele somaria 4,8 milhões.
3)    No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral (PMDB) somaria 67% dos votos válidos. Cabral teria mais de 6,7 milhões.
4)    Na Bahia, o governador Jaques Wagner (PT) obteria 57% dos votos válidos. Considerada a votação total, ele tem 50%, índice equivalente a 4,7 milhões.
5)    Em Minas Gerais, no Rio Grande do Sul e no Distrito Federal, respectivamente, Antonio Anastasia (PSDB), Tarso Genro (PT) e Agnelo Queiroz (PT) detêm índices correspondentes a 52% dos votos válidos, segundo o Datafolha. Anastasia somaria 6,2 milhões; Tarso Genro 3,6 milhões; e Agnelo Queiroz 786 mil.
      Outro instituto, o Ibope, divulgou resultados de pesquisas para as eleições em três estados:
Ceará: Cid Gomes (PSB) tem o equivalente a 63% dos votos válidos.
Maranhão: Roseana Sarney (PMDB) tem 53%.
Espírito Santo: Renato Casagrande (PSB) tem 78%.

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Estilo

Serra que, no segundo governo FHC, mandou para S. Luís do Maranhão mais de 100 policiais federais para flagrar a entrega de contribuição financeira para a campanha de Roseana Sarney, até um dia desses, pagava a jornalistas para acusarem Aécio Neves de drogado e espancador de namorada, até obrigá-lo a não se candidatar a presidente. Agora, ele subsidia a cloaca do jornalismo brasileiro para ejacular imundícies contra a honradez conhecida de Cid e Ciro Gomes. 
Se a velha imprensa golpista está toda com ele, a blogosfera denuncia os bons negócios de sua filha, seu genro e um primo de sua intimidade. 
Belíssimos negócios os deste clã tucano.
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Sobre o Maranhão

do Tijolaço
Não comentei o assunto por toda a quinta-feira porque acho que mais importante do que ficar publicando certas iniciativas  que tomo é que elas sejam eficazes. Mesmo tento saído notas em O Globo e no Valor Econômico sobre o fato de eu e o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, estarmos fazendo força por uma aliança, já no primeiro turno, entre Jackson Lago, do PDT, e o deputado Flávio Dino, do PCdoB, achei melhor ficar quieto.
Jackson é um histórico lutador da esquerda maranhense. Médico, professor, é um homem simples e honrado. Foi vítima de um dos maiores paradoxos da Justiça Brasileira: ser punido por um suposto abuso de poder político e econômico contra o mais poderoso – política e economicamente – clã maranhense, a família Sarney.
Flávio Dino é uma grata revelação da política. Um homem que deixou a segurança do cargo de juiz para descer à luta rasa – e dura – da política. Alguém sobre quem tenho de testemunhar a enorme correção com que tratou todas as negociações que travamos.
Tenho trabalhado para que os dois estejam juntos. É onde devem estar os homens de bem do Maranhão, seja de que partido forem.
Entendo as razões do presidente Lula e dos dirigentes do PT. Não pensem que sou um purista inconsequente que, diante do destino do país, hesitaria ante decisões difíceis como as que Lula tem de tomar.
Não colocou o interesse partidário sobre o interesse nacional. E tenho certeza que nenhum de nós ficaria feliz em saber que faltaram 500 mil ou um milhão de votos maranhenses para que vencesse o projeto de Brasil que Lula e Dilma defendem, por ele não haver cedido às pressões que de lá vinham.
Nosso foco não deve ser criticar Lula pelo que ele foi obrigado a fazer.
Nosso foco deve ser em livrar Lula destas pressões e, ainda mais, livrar delas Dilma Roussef.
Sarney pressionou pelo apoio do PT a Roseana porque o clã Sarney sabe que Lula e Dilma serão os grandes eleitores no Maranhão.
Mas se os adversários de Sarney forem, mais do que qualquer sarneysta pode ser, os grandes defensores de Dilma no Maranhão, de que terá valido todo o lobby de Sarney?
É hora de uma grande reflexão e desapego nosso.
A luta contra Sarney não é apenas de Lago, Dino ou de Domingos Dutra.
Temos de nos unir e salvar o Maranhão de uma Sarney, a Roseana. E de livrar Lula de outro, o José Sarney.
Mas, sobretudo, temos de livrar o Brasil do pesadelo de um retrocesso.
Cabeça fria, pragmatismo, desambições pessoais. O Maranhão pode simbolizar  um novo equilíbrio onde Dilma não tenha de sofrer as desumanas pressões com as quais Lula teve de conviver.
Não quero me alongar, nem entrar em detalhes que fazem parte do entendimento em curso.
Confiemos na sabedoria de nossos companheiros.
Mas, sobretudo, confiemos no povo, que é mais sábio que qualquer um de nós.
Comentário:
Perfeito deputado! Os “puristas” que entendam um pouco do jogo político! Enquanto o país tiver gente na miséria, e um congresso com a configuração que possui, esse tipo de acordo é necessário. Purismo é luxo para sociedades desenvolvidas, aonde ideologia derrotada não significa gente morrendo de fome.
Torço para que sua atuação, do Paulinho e do Jackson Lago colabore para um entendimento mais elevado da questão. A esquerda está com Flavio Dino, e esse trabalho com o povo em cada estado, de consciência, de q deputado não é pra votar em amigo ou vizinho, que é pra votar com mérito com tal rigidez como se fosse para um funcionário público concursado, que fará nosso congresso ser muito melhor e essas coalizões serem mais digeríveis.
Parabéns mais uma vez por sua visão elevada e sua afinidade de ponto, estou a alguns dias falando o mesmo com a base no Twitter que questiona a posição no Maranhão, e eu ressalto isso: em país que se tenha ao menos um miserável, ser ideólogo purista é arriscar no futuro ver ele morrer de fome.