O pedaço do PT contrário à hegemonia da família Sarney no Maranhão realiza neste domingo (13) um encontro de apoio a Flávio Dino, do PCdoB. Dino é o principal candidato de oposição à governadora Roseana Sarney, que tentará emplacar como seu sucessor o senador Lobão Filho, do PMDB.
A reunião dos petistas pró-Dino ocorre à revelia do PT federal, que retirou do diretório maranhense os poderes para deliberar sobre 2014. Contraria também compromissos assumidos por Dilma Rousseff e Lula com o pai de Roseana, José Sarney.
Dilma e Lula sinalizaram que a aliança com o PMDB do Maranhão, formalizada em 2010 ao custo de uma intervenção no diretório estadual do PT, seria renovada agora. O convite para o encontro deste domingo resume o paradoxo vivenciado pelos petistas avessos a essa parceria com os Sarney.
Lê-se na peça: “Sou Lula, Dilma e Flávio Dino”. As palavas são ilustradas com uma foto-montagem na qual o candidato do PCdoB aparece ao lado do ex-presidente e de sua sucessora. A cena parece lógica. O partido de Dino é um aliado histórico de Lula e do PT. Mas política e lógica nem sempre andam juntas. No caso do PT, o divórcio ocorreu em 2002, quando Sarney se achegou a Lula.
Sob Dilma, a parceria com Sarney parece ainda mais esdrúxula. Ambos são sobreviventes da ditadura. Ela resistiu à tortura. Ele escapou da Arena para o PDS. Depois, obteve do PMDB uma biografia nova, passaporte para o Brasil pós-redemocratização.
Agora, Dilma e Sarney confraternizam-se numa relação de amor politicamente livre, abençoada por Lula, o deus do PT. Dilma dá de ombros para o amor-próprio. Mas um pedaço do PT do Maranhão prefere reconciliar-se com a lógica. No final de janeiro, Flávio Dino deu uma entrevista ao blog.
Nessa conversa, o candidato do PCdoB ao governo do Maranhão disse acreditar que Sarney reagiria com pragmatismo se o PT maranhense o apoiasse. Para Dino, o pai de Roseana tem tantos interesses no governo federal que não se animaria a romper com Dilma.