Fez fortuna, como a maioria dos brasileiros multimilionários, utilizando com liberalidade os costumeiros instrumentos de enriquecimento rápido de nossa elite: chantagem, fraude, corrupção, grilagem, intimidação, estelionato, sonegação, notas frias, troca e venda de favores, extorsão, agiotagem, formação de quadrilha e, quando não havia recurso mais barato, encomendando assassinatos e queimas de arquivo.
Em pesquisas recentes (2016), realizadas por órgãos internacionais, Malasartes foi eleito um dos 100 maiores canalhas brasileiros de todos os tempos.
Desde criancinha revelou inúmeros talentos para o exercício do poder, talentos que o transformaram em um de nossos mais brilhantes homens públicos.
Dentre eles destacam-se os seguintes:
01) Furar os olhos de passarinhos que pegava em arapucas, para que cantassem melhor;
02) Arrancar as asas de abelhas e moscas, que jogava vivas em teias de aranha, deliciando-se com os esforços inúteis dos prisioneiros para fugir;
03) Pregar tachinhas nas cadeiras das professoras, divertindo-se quando elas saltavam gritando de dor e espumando de ódio;
04) Transformar notas de 10 reais em notas de 100, usando tesoura, cola e canetas de cor, de modo a engabelar os simples e os humildes, que nunca percebiam o golpe e sempre levavam tinta;
05) Amarrar latas vazias no rabo de vira-latas, batendo neles em seguida para vê-los disparar ganindo aterrorizados;
06) Cortar o rabo de lagartixas, rabos que adorava ver se contorcendo como se vivos, e rir das lagartixas fugindo assustadas e cotós;
07) Derramar gasolina em gatos de rua e jogar fósforos acesos nos bichos: os miados de dor e medo eram como música para seus ouvidos ultrassensíveis;
08) Imitar cobras corais com pedaços de corda colorida e, nos lusco-fuscos das tardes domingueiras, arrastá-los na calçada, assustando velhinhas a caminho da igreja;
E muitas outras invenções alegres, engraçadas e torturantes, pois sua imaginação desconhecia limites.
Mas como tudo teve início logo após sair do útero materno, será pela mais tenra infância que começaremos esta longa biografia de nosso herói, pedindo paciência (e estômago forte) ao eventual leitor para este primeiro capítulo e os que virão a seguir.
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