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Tati Bernadi - Eu sou sim uma pessoa que surta

Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. 


Eu sou sim a pessoa que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo de tudo e de todos. 


Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim?

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Chorar é uma necessidade

Pode chorar querida, não é um erro, é uma necessidade. Você precisa colocar pra fora toda a dor que já lhe causaram. Você está sendo forte por guardar isso tudo só pra você, nunca se julgue fraca porque você não é. E eu sei, você sabe, e todas as garotas do mundo sabem como é isso. Só continue sendo forte.



(…) Não se preocupe, essa angustia que você está sentindo vai passar, a saudade vai acabar. Eu sei que agora parece que o mundo conspira contra você, mais ele gira e em um giro desses tudo pode mudar. Então não desiste, sorria. Você é mais forte do que pensa e será mais feliz do que imagina. O medo a decepção, a tristeza, a raiva são só sentimentos, são só momentos e momentos chegam ao fim. Isso chegara também. Não tem como encontrar a felicidade sem ter passado pela tristeza. Pense nisso, não é hora de se deixar abalar.
Tati Bernardi


O Não que tinha alma de Sim


"(...) Aonde está a força de negar um desejo se enquanto ele não é saciado continua existindo? 
O tempo não se encarrega de matar desejos, apenas de substituir os personagens. 
(...) Esse é o maior problema dos desejos, eles não aceitam não como resposta. Você só coloca um ponto final nele se for até o fim. E o fim pode ser um simples enjôo ou, na pior das hipóteses, a morte. 
(...) O desejo me acompanhou até em casa. Muito , muito mais forte que minha nobreza em ter dito não. 
(...) Tive medo de ser só desejo, porque para mim sempre foi mais. Prefiro ser perseguida pelo meu desejo, que não tem dia para acabar, do que ser abandonada mais uma vez pelo seu, que dura no máximo três horas."


Tati Bernardi 

Poesia da hora

É triste ver o Sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele
São tristes as noites que cumprem a promessa. 
É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro que acalma a busca. 
Aquele cheiro que dá vontade de transar pro resto da vida. 
É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. 
Tanto amor querendo fazer alguém feliz. 
Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado. 
É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar. 
É triste lembrar como eu ria com ele. 
Mas amor, você sabe, amor não se pede. 
Amor se declara! 
sabe de uma coisa? ...

Tati Bernardi

Poesia da noite


Um dia vai dar certo, ah vai. Mas antes disso vai dar tudo errado. Tudo. Você vai se decepcionar com as pessoas que mais gosta. Vai tirar notas ruins mesmo tendo passado a noite estudando. Vai brigar com a sua mãe. Vai cortar o cabelo e achar que ficou horrível. Vai ver o namorado com a sua melhor amiga. Vai perder pessoas que ama. Vai cair de cara no chão. De novo. E de novo. E quando você não tiver mais forças pra se levantar, vai aparecer alguém pra dar a mão e te levantar. É ele. Deu certo.
Tati Bernardi.

Eu quero


Eu quero casar com você, quero acordar do seu lado, quero brincar com você. 
Quero mandar você calar a boca mesmo sabendo que você não vai calar, e te calar beijando você. 
Quero provar todos os dias que eu te amo. 
Quero te fazer feliz, assim como você me faz. 
Quero fazer amor com você ouvindo você suspirar, falando meu nome. 
Quero que você não precise de mais ninguém, só de mim. 
Quero morrer de cansaço ao correr atrás de você, depois de uma guerra de travesseiros. 
Quero dormir com você naquela rede apertada depois de assistir o seu filme preferido. 
Quero morrer de rir ao ouvir você me contando uma piada, por mais sem graça que seja. 
Quero te acordar com vários beijos. 
Quero dizer que te amo. Eu apenas quero te fazer feliz, como ninguém nunca fez...
É você que eu quero abraçar a noite inteira. Sentir seu carinho durante o sono, olhar para você enquanto estiver dormindo. Dar beijos no seu rosto só para te despertar. E de manhã, te dar um pelo “bom dia” para ficarmos o resto do dia nublado, deitados...

Eu quero que você se sinta a pessoa mais feliz do mundo.

Só quero terminar dizendo...

Eu amo você!

Tati Bernard

Desisti e não me importo


[...] E isso é a coisa mais triste que tenho a dizer. A coisa mais triste que já me aconteceu. Eu simplesmente desisti. Não brigo mais com a vida, não quero entender nada. Vou nos lugares, vejo a opinião de todo mundo, coisas que acho deprê, outras que quero somar, mas as deixo lá. Deixo tudo lá. Não mexo em nada. Não quero. Odeio as frases em inglês mas o tempo todo penso “I don’t care”. 

Me nego a brigar. Pra quê? Passei uma vida sendo a irritadinha, a que queria tudo do seu jeito. Amor só é amor se for assim. Sotaque tem que ser assim. Comer tem que ser assim. Dirigir, trabalhar, dormir, respirar. E eu seguia brigando. Querendo o mundo do meu jeito. Na minha hora. Querendo consertar a fome do mundo e o restaurante brega. Agora, não quero mais nada. De verdade. Não vejo o que é feio e o que é bonito. Não ligo se a faca tirar uma lasca do meu dedo na hora de cortar a maça. Não ligo pra dor. Pro sangue. Pro desfecho da novela. Se o trânsito parou, não buzino. Se o brinco foi pelo ralo, foda-se. Deixa assim. A vida é assim. Não brigo mais. Não quero arrumar, tentar, me vingar, não quero segunda chance, não quero ganhar, não quero vencer, não quero a última palavra, a explicação, a mudança, a luta, o jeito. Eu quero não sentir. 

Quero ver a vida em volta, sem sentir nada. Quero ter uma emoção paralítica. Só rir de leve e superficialmente. Do que tiver muita graça. E talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportável. Nada pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão por dentro de mim, vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir mais porra nenhuma. Só não sou uma suicida em potencial porque ser fria me causa alguma curiosidade. O mundo me viu descabelar, agora vai me ver dormir. Eu quis tanto ser feliz. Tanto. Chegava a ser arrogante. Tanta coisa dentro do peito. Tanta vida. Tanta coisa que só afugenta a tudo e a todos. Ninguém dá conta do saco sem fundo de quem devora o mundo e ainda assim não basta. Ninguém dá conta e quer saber? Nem eu. Chega. Não quero mais ser feliz. Nem triste. Nem nada. Eu quis muito mandar na vida. Agora, nem chego a ser mandada por ela. Eu simplesmente me recuso a repassar a história, seja ela qual for, pela milésima vez. Deixa a vida ser como é. Desde que eu continue dormindo. Ser invisível, meu grande pavor, ganhou finalmente uma grande desimportância. Quase um alivio. I don’t care.
Tati Bernardi.