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FHC - a Ofélia da política brasileira - além de ingrato e mentiroso.

Digo e provo.
É dele a frase: Quando o PSDB fez o Real....

Uai sô e eu que pensava que Itamar Franco era o presidente da República quando o plano Real foi lançado.

O mais engraçado que eu acho é a cara-de-pau do safado dizendo e escrevendo mentiras deste tipo e nenhum jornalista desmente esse safado.

Corja!!!

Os muitos pais do Real

O velório do ex-presidente Itamar Franco serviu para suscitar novas discussões sobre a paternidade do Plano Real. Fernando Henrique Cardoso chamou a si a autoria e, embora ressaltasse o apoio recebido de Itamar, sugeriu que em muitos momentos precisou convence-lo da importância do plano.
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Por etapas.
Desde o Plano Cruzado a tecnologia dos planos econômicos mágicos povoava o imaginário dos políticos brasileiros, de José Sarney a Itamar Franco, passando por Fernando Collor.
No quadro político complexo do país, em uma economia fortemente indexada, a ideia do plano mágico – ou da bala de prata, conforme dizia Collor – sempre sensibilizou governantes.
***
Em 1993, o então chanceler Fernando Henrique Cardoso pensava firmemente em abandonar a política. Seu mandato de senador expiraria no ano seguinte, o PSDB não conseguira firmar uma grande bancada, eram nulas as possibilidades de ele ser reeleito senador e escassas as possibilidades de ganhar para deputado federal.
A tentativa da ala fernandista de aderir ao governo Collor havia esbarrado na resistência do governador paulista Mário Covas – que ameaçou abandonar o partido se FHC e José Serra o empurrassem para os braços de Collor. Era esse o quadro de FHC.
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O fracassado plano Cruzado havia jogada na cena política dois grupos de economistas. De um lado, os desenvolvimentistas da Unicamp, que acabaram sob a lideança do PMDB de Ulisses Guimarães, primeiro, de Orestes Quércia, depois.
De outro, os economistas de pacote – Pérsio Arida, André Lara Rezende, Chico Lopes – que se enturmaram na PUC do Rio de Janeiro.
Esse grupo esteve disponível para Sarney, Collor e ofereceria seus préstimos para o governante que solicitasse. Teriam montado o plano Real, fosse FHC, Rubens Ricúpero ou Ciro Gomes o Ministro da Fazenda.
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A ida de FHC para a Fazenda foi escolha pessoal de Itamar. O então chanceler estava em Nova York, na residência do embaixador Rubem Sardenberg, quando recebeu o convite. Vacilou, mas acabou aceitando.
Havia um pressuposto de se avançar na consolidação fiscal do estado brasileiro, independentemente ou não de planos econômicos.
Em sua gestão, FHC foi um absoluto ausente. Não se via nele nenhum ato de vontade para resolver problemas prementes de contas públicas, apesar de, na posse, ter anunciado um suposto plano de 25 pontos de responsabilidade fiscal.
Durante toda a discussão do Real, nem ele, nem José Serra – que era seu amigo mais próximo – entenderam a lógica da URV e da desinercialização da economia.
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O grande feito de FHC, de fato, foi administrar as excentricidades de Itamar, sua impaciência no pré-Real.
O pós-Real foi inteiramente administrado por Ricúpero – até a entrevista infeliz que deu à TV Globo – e por Ciro Gomes, na época uma locomotiva destrambelhada defendendo a jogada da apreciação cambial – sem entender seus desdobramentos.
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A grande habilidade dos economistas do Real foi terem montado a maior jogada cambial da história – que enriqueceu a todos eles e também banqueiros de investimento associados – sem ser pecebida por duas pessoas sérias, o próprio Ricúpero e Ciro Gomes.
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Quando lancei meu livro “Os Cabeças de Planilha”, encerrei com uma longa entrevista com FHC sobre os desdobramentos do Real. Mostrou-se um absoluto ignorante sobre a estratégia de poder que estava por trás das formulações dos seus economistas.

Saudades do Itamar

Duas vezes, como presidente da  República, Itamar Franco veio jantar em minha casa, em Brasília, no tempo em que os presidentes da República vinham jantar para conversas informais com jornalistas da crônica política. Na primeira, ocupava interinamente a chefia da nação. Apesar  de pela Constituição  Fernando Collor ainda podia voltar, Itamar havia mudado todo o ministério. 

Confrontado com a imagem do antecessor, que tentara implantar a modernidade na economia do país, disse só aceitar a modernidade que levasse a todos os cidadãos os benefícios da civilização e da cultura. 

Aquela definição marcou sua passagem de dois anos e meio no governo, tornando-se uma espécie de anteparo aos ventos neoliberais do antecessor e do sucessor.

Na segunda vez, com a sucessão já definida em favor de Fernando Henrique, contou haver recebido o Lula em seu gabinete, no Planalto, servindo-lhe uma cachaça especial de Minas Gerais e dizendo que a garrafa ficaria ali à sua espera. Acrescentou que quanto mais velha ficasse a bebida, melhor. Era uma espécie de alento ao líder operário para aguardar com calma a passagem do sociólogo pelo poder,  porque em seguida chegaria a sua hora.

Agora que Itamar se foi, multiplicam-se elegias e panegíricos em sua homenagem, na imprensa inteira. É o reconhecimento póstumo de seu valor, porque enquanto  presidente recebeu petardos e pedradas da maior parte dos  meios de comunicação. 

Os paulistas chamavam-no de caipira e atrasado, por haver sugerido ao presidente  da Volkswagen voltar a produzir o fusquinha, na verdade o único veículo que a classe média baixa podia adquirir.  

Os cariocas zombavam dele por comportar-se como um homem comum, livre depois de desquitado,  dado a uma ou outra eventual conquista.

Poucos, como Itamar, representaram o brasileiro médio, igual aos demais. Inflexível no trato da coisa pública e intolerante com a corrupção, não vacilou em afastar amigos e colaboradores acusados de irregularidades ou flagrados em incontinências verbais, como Eliseu Resende, Rubem Ricupero e Henrique Hargreaves.

Deixando a presidência da República, verificou não ter como sobreviver, sem patrimônio nem emprego. 

Nomeado embaixador por Fernando  Henrique e depois  pelo Lula, nem por isso escondeu suas discordâncias com ambos. 

No interregno elegeu-se governador de Minas, insurgindo-se contra a ameaça de privatização da CEMIG. Mobilizou a Polícia Militar para cercar e  defender o palácio da Liberdade, levando para o além, agora, as informações de que dispunha sobre a iminência de um ataque federal a Minas. 

Adversário da reeleição, negou-se a disputar um segundo  mandato no governo mineiro, quando facilmente seria reeleito. 

Pena que seu retorno ao  Senado tenha durado menos de seis meses. Lá era sua casa, onde chegou com a onda de vitórias do MDB, em 1974,  jovem prefeito de Juiz de Fora. Permaneceu por dois mandatos, como dizia, o período mais fértil de sua vida política.       
por Carlos Chagas

Itamar, um testemunho

Confesso que resisto falar sobre os que morrem. Há uma forte e justificável tendência ao panegírico, ao laudatório, como se a morte expiasse o lado das fraquezas humanas, restando divinizar quem se vai.
Em relação a Itamar, não hesitei. A razão é simples: seu modo de ser transparente, contrariando a mineirice, não escondia o temperamento turrão, a personalidade complexa e um jeito especial de ser.
Defeitos, quem não os tem? Agora, quem pode negar ao Presidente Itamar virtudes republicanas, hoje tão escassas, e uma dignidade pessoal exemplar?
Fui testemunha privilegiada da grandeza política do Presidente Itamar. Devo a ele a confiança singular e imensa de me escolher ministro da Fazenda de um governo que emergia no olho de um furacão: a mais profunda crise do regime presidencialista e que resultou, sem precedente histórico, no impeachment do primeiro presidente eleito pelo voto popular depois do regime militar.
E mais, emergia no quadro caótico de uma nação politraumatizada: a morte de Tancredo, o envenenamento social provocado pelos efeitos deletérios da hiperinflação, recorrentes abalos e frustrações dos choques econômicos e, sobretudo, uma profunda crise ética.
A nossa nascente e tenra planta da Democracia (e bote tenra nisso) tornou-se por conta daquele e de episódios subsequentes na mais testada democracia do mundo.
Para efeito de registro histórico, cabe relatar que, no fim da tarde da quinta-feira, 01 de outubro de 1992, fui surpreendido com a notícia de que seria convidado para ocupar o ministério da Fazenda (feição clássica com a reorganização do superministério da Economia ocupado com zelo e dedicação inexcedível pelo embaixador Marcilio Marques Moreira).
A notícia foi dada pelo então governador de Pernambuco, Joaquim Francisco, que me indicara para compor o ministério do novo governo.
Fui, em companhia de Joaquim, ao encontro do Presidente Itamar e na presença de Aureliano Chaves, José Aparecido, Paulo Haddad, Henrique Hargreaves e outros personagens que a memória já não registra, Itamar formulou o convite.
Por dever de lealdade, fiz algumas ponderações, mostrando que a minha escolha contrariaria expectativas e acrescentaria, de partida, dificuldades políticas a um governo que assumia o poder diante de uma sociedade permeada pelos sentimentos díspares da esperança e da desconfiança.
Ele pediu a opinião dos circunstantes. Foram generosos. Meus argumentos não convenceram.
Itamar disse: “Deputado, faço um apelo...”. Interrompi: “Presidente não faz apelo, estamos juntos”.
O anúncio seria na sexta pela manhã. Discutimos diretrizes com Paulo Haddad, futuro ministro do Planejamento. Insônia e reflexão ajudaram a enfrentar a entrevista coletiva e a justificada curiosidade pública a meu respeito.
Tinha nítida noção da precariedade do meu prazo de validade. A instabilidade econômica levava de roldão planos, moedas e ministros. Esta era a regra. Percebi, realisticamente, os limites de uma ação política que levasse a cabo um plano de estabilização para o país. E não existe a figura do “pato manco” no ministério da Fazenda. Ou é forte, ou entrega o boné.
Não deu outra. Setenta e cinco dias depois da nomeação, deixei o cargo, voltei para o Congresso, mantendo-me firme na defesa do governo. E a despeito das dificuldades vividas, ganhei o amigo.
A convivência breve, porém intensa, adicionada à relação que se estabeleceu posteriormente, foi suficiente para identificar a dimensão política de Itamar.
A ideia e a prática da República e da Democracia repousam no princípio da virtude. Virtude traduzida pela paixão política, espírito cívico e supremacia do bem público sobre os interesses privados, ensina o Barão de Montesquieu, no atualíssimo Espírito das Leis, publicado em 1748.
Na mesma linha, Ortega Y Gasset , em Mirabeau ou o político, reconhece o conceito de virtude nas “almas grandes” e na “magnanimidade”, atributos do verdadeiro político que faz da vida missão criadora e, para quem viver é fazer grandes coisas e não simplesmente existir.
Itamar, magnânimo, encarnou a virtude pública e a dignidade pessoal. Por isso viveu e viverá na imortalidade do exemplo que legou ao Brasil.
Gustavo Krause

Itamar Franco

A maior esperteza

Quando morre alguém importante há certa tendência a exaltar as qualidades e minimizar os defeitos. Em alguns casos a forçação de barra é maior. Para Itamar Franco, porém, os elogios vêm fluindo com certa leveza.

Há os interessados em elogiar-se a si próprios por meio do elogio ao ex-presidente morto, mas é humano. É sobretudo da política. Uma atividade em que a homenagem ao outro costuma ser a maneira indolor de se convidar ao centro do palco nestas ocasiões.

Tem quem aproveite a situação para promover um póstumo encontro de contas políticas. Uma quitação indolor de dívidas.

Mas por que Itamar é fácil de elogiar? Por que o elogio a ele soa sincero?

Por ter sido um político reto. Dizia exatamente o que queria dizer, e o que estava pensando sobre o assunto. Era do tipo apreciado pelo jornalismo por, como se diz, “dar lide”. Não fugia do risco de produzir notícia.

Um contraste espantoso com nosso tempo. Vivemos uma época de raposices, matreirices, jogos de esconde-esconde e blindagens marqueteiras. Um tempo de espertos maquiados. E de espertezas.

Um tempo de políticos teleguiados.

Itamar não era esperto, na acepção vulgar da palavra, tão em voga. Muito menos teleguiado. Talvez tenha sido sua maior esperteza.

Um sintoma é não ter que, na reta final da fértil e longa vida política, dar explicações adicionais sobre fatos passados nem pedir desculpas para ninguém por uma palavra de que precisasse se arrepender.

Uma esperteza bem contemporânea da política brasileira é dizer qualquer coisa, fazer qualquer coisa, pois sempre haverá oportunidade para retificar, se necessário.

Aceita-se com naturalidade que o político diga uma coisa na oposição e o contrário no governo. Como se não fosse um atentado aos direitos e à inteligência do eleitor.

Nesta sociedade mergulhada em informação e crescentemente conectada, coisas assim deveriam ser cada vez menos toleradas. Hoje em dia a política -e o jornalismo- são atividades submetidas a controle de qualidade em tempo real.

E serão cada vez mais.

O espaço para bravatas, para ludibriar, para enrolar, vai ficando estreito.

Talvez por isso Itamar, na teoria um político de outro tempo, e que morreu octogenário, tenha sido moderno até o fim.

Quem, como eu, teve o privilégio de vê-lo em ação no Senado nestes meses, pôde comprovar.
por Alon Feuerwerker

A notícia da morte de Itamar nos surpreendeu a todos

por Marcos Coimbra
Embora seu estado de saúde fosse complicado, tudo indicava que o pior já tivesse passado. Quem tinha lutado contra uma leucemia e vencido não deveria ter grande dificuldade de superar uma pneumonia.
Para dizer o óbvio, sua morte deixa um vazio na política mineira. Especialmente no plano simbólico.
Ele nunca foi um líder político típico, daqueles que cultivam “suas bases” e ficam à frente de “seu grupo”. Talvez apenas no início da carreira, ainda em Juiz de Fora, tenha existido um “itamarismo”, com seu séquito de apoiadores e representantes.
Dessa época, alguns amigos ficaram, mas são poucos hoje em dia. Afinal, embora sempre tivesse permanecido ligado à sua cidade de coração, fazia tempo que Itamar tinha saído de lá.
Assim, são poucos os órfãos políticos que deixa. No Congresso e na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, por exemplo, não há bancadas que lhe fossem fiéis e que agora ficam sem a liderança.
Tampouco se pode dizer que seu desaparecimento modifique o partido pelo qual se elegeu senador ano passado. O PPS foi seu ancoradouro por breves momentos e não se pode dizer que eram profundas suas ligações com os companheiros atuais.
No plano partidário, aliás, Itamar foi, acima de tudo, um peemedebista. Pena que seus caminhos tivessem se separado tão cedo, pois, quando saiu do PMDB, não se sentiu mais em casa. Foi um longo percurso de sigla em sigla, sem nunca encontrar seu lugar.
O espaço que fica é no sentimento da sociedade, na opinião pública. Especialmente em Minas, mas também no restante do país, Itamar era um símbolo.
É curioso que, embora tivesse sido presidente da República e governador de estado, sua imagem pouco decorresse das passagens pelo Executivo. Ambas perderam conteúdo concreto. Não é como administrador público que as pessoas pensavam em Itamar.
Sua importância na solução da crise aberta pelo impeachment de Collor só não foi maior que na percepção de que a solução do problema econômico brasileiro exigia medidas não-convencionais. Quem, em última instância, tomou a decisão de implantar um programa anti-inflacionário sem qualquer garantia de sucesso foi ele.
Depois de tantas tentativas frustradas, era preciso coragem para apostar em um novo plano. Os ministros milagreiros que os propuseram sobreviveram, mas os presidentes não. Quem bancou os riscos do Real foi Itamar.
O sucesso do programa lhe foi, no entanto, subtraído. Não foi sem mágoas que teve que reivindicar, daí para a frente, seu papel na estabilização.
Para os mineiros, a memória do Itamar governador é controversa. A grande maioria das pessoas se lembra apenas do enfrentamento com Fernando Henrique, ilustrado pela resistência que opôs à privatização de Furnas.
Itamar era um símbolo em outra dimensão. Em Minas e no Brasil, um exemplo de político, que podia ser admirado por mais de um motivo.
De alguém que sempre foi firme na defesa de suas ideias (mesmo daquelas com as quais muitos não concordavam). De alguém que nunca colocou interesses privados acima dos públicos. De alguém que sempre foi coerente na defesa da democracia e do desenvolvimento.
Para o mineiros, também por outra razão: Itamar, à sua maneira, foi um representante legítimo do estado e do sentimento de sua gente.

FHC

[...] a Ofélia da política brasileira, mostra outra vez, novamente, de novo rsss que é errando que ele continua a errar


Num instante em que a oposição roda como parafuso espanado em busca do discurso perdido, Fernando Henrique Cardoso sugere um caminho.
Para ele, "enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os ‘movimentos sociais’ ou o ‘povão’, falarão sozinhos".
Acha que a oposição precisa redirecionar seus esforços para conectar-se com a nova classe média, içada da pobreza pelo crescimento econômico dos últimos anos.
Deve-se à repórter Daniela Lima a revelação do receituário de FHC, hoje o principal –talvez o único— ideólogo da oposição.
Em notícia pendurada na manchete da Folha, ela antecipa o teor de um artigo escrito por FHC, presidente de honra do PSDB.
O texto será veiculado no próximo número da revista “Interesse Nacional”, que circula nesta quinta (14). Estará disponível também na web.
Conforme noticiado aqui, no final de semana, o desempenho de Dilma Rousseff nos primeiros 100 dias de governo alterou o conceito que FHC fazia dela.
Durante a campanha, ele a apelidara “boneca de ventríloquo”. Nos últimos dias, passou a reconhecer, em privado, que Dilma o surpreendeu positivamente.
No texto que virá à luz em dois dias, FHC revela o receio de que a nova presidente se mostre mais sedutora à classe média do que Lula:
"Dilma, com estilo até agora contrastante com o do antecessor, pode envolver parte das classes médias. Estas [...] mantiveram certa reserva diante de Lula".
Para se contrapor a Dilma, tenta ensinar FHC, as legendas de oposição terão de alterar o modo de agir, modernizando-se.
Ele escreve que essa classe média tão almejada não participa da vida política do país como no passado.
Acompanha o desenrolar dos fatos em lugares onde os partidos praticamente inexistem. As redes sociais da internet, por exemplo. FHC anota no artigo:
“Se houver ousadia, as oposições podem organizar-se, dando vida não a diretórios burocráticos, mas a debates sobre temas de interesses dessas camadas".
Ele insinua no texto que, em vez de buscar os culpados de seus infortúnios em terrenos vizinhos, a oposição deve olhar para o próprio umbigo:
"Uma oposição que perde três disputas presidenciais não pode se acomodar e insistir em escusas que jogam a responsabilidade no terreno ‘do outro'."
Ex-presidente da República por dois mandatos, FHC realça num pedaço do artigo o cativeiro a que os aliados o condenaram nas últimas disputas presidenciais:
"Segmentos numerosos das oposições de hoje aceitaram a modernização representada pelo governo FHC com dor de consciência".
O texto é até delicado. Em verdade, não houve dor de consciência, mas vergonha. FHC e seu legado foram trancafiados no fundo do armário.
FHC deu ao seu novo artigo o mesmo título de um velho texto que escrevera na década de 70: "O papel da oposição".
Naquela época, ele se opunha à ditadura militar. "Diante do autoritarismo era mais fácil fincar estacas em um terreno político", comparou.
Considerando-se o nanismo de ideias que infelicita a oposição, o texto de FHC ganha a aparência de um oásis em meio ao Saara.
Porém, a peça perde-se em equívocos rudimentares. O primero deles é a premissa de que Lula não se conectou à classe média.
Lula ultrapassou esse cercadinho já na eleição de 2002, quando bateu José Serra. Reforçou os laços em 2006, ano em que moeu Geraldo Alckmin.
Outro equívoco é o de considerar que Dilma pode se achegar a esse nicho do eleitorado. Tomada pela primeira rodada de pesquisas, ela já chegou lá.
Para desbancá-la, a oposição depende de uma competência que ainda não foi capaz de exibir e de eventuais tropeços de Dilma.
De resto, a chamada nova classe média credita sua ascenção social à Era Lula. Daí a popularidade que rendeu a ele a reeleição e a “construção” da sucessora.
Só os especialistas ainda enxergam no processo evolutivo as digitais de ex-gestores como Itamar Franco e o próprio FHC.
Num ponto, o ex-presidente tucano tem razão. Ao envergonhar-se de seu legado, os “amigos” da oposição permitiram que Lula se apropriasse do passado, reciclando-o.
Difícil pedir ao “ex-povão” que recorde agora que a estabilidade econômica traz na sua gênese o Plano Real, que FHC costurou como ministro de Itamar.
Muito difícil emplacar a tese de que Lula apenas manteve conquistas que o petismo rejeitara no passado. Coisas como a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Dificílimo convencer os 'neo-incluídos' de que o Bolsa Família não é senão a versão aprimorada de programas de transferência de renda nascidos lá atrás.
Não há debate em rede social capaz de devolver à oposição o passado que ela própria permitiu que passasse.
Como escreve FHC, oposição que perde três eleições presidenciais não achará escusas no terreno do outro. Deve o infortúnio à sua própria incompetência.
No mais, a reiteração da divisão interna do PSDB e o derretimento do DEM revelam uma oposição convencida de que é errando que se aprende... a errar.
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Política

Alencar, Itamar e a política mineira
  Quem imaginava que o senador Itamar Franco não compareceria às exéquias do ex-vice-presidente José Alencar, se enganou. De fato, as relações entre os dois não eram boas ultimamente, sobretudo depois do livro da jornalista Eliane Catanhede, uma biografia autorizada de Zé Alencar. No livro, Alencar diz que Itamar "é mau caráter". E Itamar, questionado, disse que José Alencar "não foi correto comigo". Ambos remontavam a episódios da eleição de Itamar, em 1998, para o Governo de Minas, e de José Alencar para o Senado, ambos na mesma chapa.
Na ocasião, Itamar e Alencar, eleitos, divergiram em algumas oportunidades. Alencar dizia que Itamar não cumpria o combinado, de nomear alguns indicados por ele para cargos no Governo. E Itamar não gostou que José Alencar, então presidente do PMDB mineiro, não tivesse assinado um documento pelo qual o partido não daria apoio ao presidente Fernando Henrique Cardoso, à época em divergência com o governador de Minas. Desse período ficaram ressentimentos de lado, retratados no livro de Eliana Catanhede - José Alencar, amor à vida - que teve o cuidado de ouvir José Alencar e depois passar a história a limpo com Itamar.

Pois bem. Um dos primeiros a prestar homenagem a José Alencar, na abertura das exéquias, em Brasília, foi Itamar Franco. Que no dia seguinte veio a Minas, para a homenagem do Governo mineiro no Palácio da Liberdade. Como de hábito, Itamar falou pouco, mas estava visivelmente triste. Sua presença nos funerais, antes de tudo, representa o jeito de se fazer política em Minas, onde, segundo Hélio Garcia, "as ideias brigam, os homens não". Aqui prima a lição de que ninguém é tão adversário que não possa ser reverenciado, nem tão amigo que exclua a divergência.

A propósito de José Alencar, a presidente Dilma Rousseff, num momento menos solene do velório, e num outro salão do Palácio da Liberdade, comentou com o governador Antonio Anastasia a luta do vice pela criação em Montes Claros da Universidade Federal do Norte de Minas, ideia do deputado Gil Pereira, encampada por José Alencar e feita promessa de campanha da então candidata. 

Dilma reafirmou sua disposição de criar a Universidade na cidade que tem 19 unidades de ensino superior, 18 delas particulares, 25 mil universitários, e uma demanda regional de 240 mil vagas. Criada a Universidade, o seu campus já tem nome: vice-presidente José Alencar Gomes da Silva. 

Ainda a propósito de José Alencar. Foi dele a iniciativa de fazer incluir no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a restauração da BR-135, que liga Belo Horizonte a Montes Claros, ato concretizado por Lula, na presença dele, a seis de abril de 2009, durante reunião da SUDENE naquela cidade.

Destaco esse trecho para aqueles que ficaram indignados com a visita da dilma à folha e o elogio póstumo ao Velho Frias:
  "Sua presença nos funerais, antes de tudo, representa o jeito de se fazer política em Minas, onde, segundo Hélio Garcia, "as ideias brigam, os homens não". Aqui prima a lição de que ninguém é tão adversário que não possa ser reverenciado, nem tão amigo que exclua a divergência."
Coluna do Lindenberg do jornal Hoje em Dia de B.H.

por Carlos Chagas

Surpresas mineiras

Abertas as urnas de outubro passado, não houve quem duvidasse de que Aécio Neves ocuparia  a liderança não apenas da bancada tucana, mas das oposições. Junto com ele elegeu-se  Itamar Franco.  A maioria dos observadores imaginou um gesto de carinho e de  reconhecimento do eleitor mineiro para com o ex-presidente, que aos oitenta anos de idade  teria  direito de  encerrar sua vida pública na placidez do Senado.

Pois, sem demérito para as qualidades de Aécio,  quem desponta como líder das oposições é Itamar. Desde a posse vem participando ativamente dos debates, exercendo oposição implacável, como ainda na noite de quarta-feira. Enfrentou José Sarney, acusando-o de rasgar o regimento do Senado e não poupou sequer  Dilma Rousseff, para ele autora de um novo Ato Institucional numero 5,  na forma do projeto do salário mínimo que agora será reajustado por decreto do Executivo.  É o mais jovem dos senadores.

FHC, o megalomaniaco mor

Por trás da megalomania ou o Dr. Pangloss tropical 

 Mais do que  megalomania, é remorso,  diria um estudante do primeiro ano de Psicologia. Uma necessidade absoluta de, auto-elogiando-se, tentar  inutilmente demonstrar  que fez o melhor para o país e que não traiu seu eleitorado em 1994. Porque quando Fernando Henrique Cardoso firmou-se como candidato, graças ao apoio do então presidente Itamar Franco, trazia o perfil de um socialista moderado. Era alguém que daria mais alguns passos no rumo da justiça social, que governaria para o andar de baixo e para a classe média, respeitando e até ampliando os direitos trabalhistas e afirmando a soberania nacional.

Não é brincadeira: por isso ele foi votado, em contraposição a um Lula ainda tido como o lobisomem das elites e do mercado. O país queria mudanças, mas dentro da tranqüilidade, sem radicalismos.

Depois, foi o que se viu. A farsa da flexibilização, que o candidato jamais admitiu em campanha. O desmonte dos direitos sociais fixados na Constituição, a  quebra dos monopólios essenciais à nacionalidade e a entrega pura e simples de nossa economia ao estrangeiro. Mais  as  privatizações, boa parte com dinheiro público,  dos fundos de  pensão, do BNDES, do Banco do Brasil e similares.

Tudo isso era o oposto do que o Brasil esperava, mas,  como o andar de cima entrou em orgasmo  financeiro, ampla campanha de propaganda ofuscou a perplexidade e a indignação nacional. O campeão do socialismo transmudou-se em tirano do neoliberalismo sem que seus eleitores nada pudessem fazer.

Nem  se fala, hoje, do golpe sujo da reeleição comprada a dinheiro vivo, muito menos do uso da máquina pública para garantir-lhe mais um mandato.

O resultado aí está: de forma compulsiva, FHC não perde um dia sem aparecer na mídia, buscando travestir a História e mostrar-se como quem mudou o Brasil, conforme ainda esta semana declarou num programa de televisão. Chegou a dizer, “sem falsa modéstia”, que o país era um, antes dele, passando a ser outro, depois.  Nesse particular pode ter razão: outro que ele transformou em  paraíso dos especuladores e inferno do trabalhador e dos assalariados de pequena renda, sem falar nos miseráveis cujo número  multiplicou-se.

Vendo as coisas  mudarem nos anos Lula, ainda que nem tanto na economia, o ex-presidente passou a exaltar o que realizou de pernicioso como se tivesse sido a base do que o sucessor realizou de benéfico para a população carente. Um artifício de raciocínio digno do Pinóquio, no qual ninguém mais acredita.

Assim estamos quando o ex-presidente começa a trocar o  alvo de suas invejas. Do Lula, está passando para Dilma, a quem acusou de não terminar raciocínios, não entendendo o que ela quer dizer. Deve-se, essa oclusão, a estar utilizando um tipo novo de óculos, no caso, de um dr. Pangloss dos trópicos...

Eminentemente pífia, a atuação de Serra no Ministério da Saúde

Como consequência da Guerra das Malvinas, quando a Argentina, por ter abdicado da produção própria de fármacos, ficou desabastecida de medicamentos, o governo militar brasileiro aprovou um programa, por mim proposto, de desenvolvimento dos princípios ativos (fármacos) dos 350 remédios constituintes da farmácia básica nacional.

por Rogério Cezar de Cerqueira Leite

Estimava-se que, em dez anos, seria possível desenvolver, por engenharia reversa, pelo menos 90% desses produtos. De fato, em pouco mais de três anos, cerca de 80 processos já haviam sido desenvolvidos e 20 produtos já estavam sendo produzidos e comercializados por empresas brasileiras.

O sucesso inicial desse projeto permitiu que fosse iniciada por mim, nesta Folha, uma campanha de esclarecimento sobre medicamentos genéricos, o que não teria sentido sem a produção própria de fármacos.

Precipitadamente, o governo Itamar Franco tentou lançar a produção de genéricos. O poderoso cartel de multinacionais de medicamentos se insurgiu. Ameaçou-nos de desabastecimento, de verdadeira guerra. Derrotou e humilhou o Ministério da Saúde.

Poucos anos depois, esse cartel não somente cedeu prazerosamente ao ministro José Serra, então na pasta da Saúde, como até fez dele seu "homem do ano".

Seria o costumeiro charme do ministro? Seu sorriso cândido? Senão, qual o mistério?

Como consequência da isenção de impostos de importação para o setor de química fina, da infame lei de patentes e de outras obscenidades perpetradas pela administração FHC, mais de mil unidades de produção no setor de química fina, dentre as quais cerca de 250 relativas a fármacos, foram extintas. Além do mais, cerca de 400 novos projetos foram interrompidos.

Os dados foram extraídos de boletim da Associação Brasileira de Indústria da Química Fina. Em poucos anos, o deficit da balança de pagamentos para o setor saltou de US$ 400 milhões para US$ 7 bilhões. Quem acha que, com isso, Serra não merece o título de homem do ano das multinacionais de medicamentos?

Também os "empresários" brasileiros do setor de genéricos têm muito a agradecer ao ex-ministro da Saúde, pelas suas margens de lucro leoninas. Basta ver os imensos descontos oferecidos por quase todas as farmácias, que com frequência chegam a 50%. Os genéricos do Serra nada têm a ver com os genéricos que planejamos.

E o tão aclamado programa de Aids do Serra? É compreensível que todos os seres humanos, e talvez também o ministro Serra, tenham se comovido profundamente com a súbita e aterrorizante explosão da Aids. Que oportunidade sem par para políticos demagógicos!

A ONU homenageou o então ministro Serra pelo mais completo e dispendioso programa de apoio aos doentes de Aids de todo o planeta. Países ricos, com PIB per capita dez vezes maiores que o nosso, ficavam muito aquém do Brasil. Como foi possível? E por que será que, nesse mesmo período, os recursos orçamentários destinados ao saneamento básico não foram usados?

O então dispendioso tratamento de um único doente de Aids correspondia à supressão de recursos para saneamento básico que salvariam centenas de crianças de doenças endêmicas, com base em uma avaliação preliminar. Será que Serra desviou recursos do saneamento básico? Mistério!

Mas persiste o fato de que, durante a administração Serra na Saúde, os recursos destinados ao saneamento, à época atribuídos a esse ministério, não foram aplicados.

Mesmo sem contar mistérios como aqueles dos "sanguessugas" e da supressão do combate à dengue no Rio, entre outros, considero pífia, eminentemente pífia, a atuação de Serra no Ministério da Saúde.


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Carta aberta a Fernando Henrique Cardoso

Meu caro Fernando,
Vejo-me na obrigação de responder a carta aberta que você dirigiu ao Lula, em nome de uma velha polêmica que você e o José Serra iniciaram em 1978 contra o Rui Mauro Marini, eu, André Gunder Frank e Vânia Bambirra, rompendo com um esforço teórico comum que iniciamos no Chile na segunda metade dos nos 1960. A discussão agora não é entre os cientistas sociais e sim a partir de uma experiência política que reflete contudo este debate teórico. Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil teórica e politicamente de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos, já no começo do seu governo, o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população. (Se os leitores têm interesse de conhecer o debate sobre estas bases teóricas lhe recomendo meu livro já esgotado: Teoria da Dependencia: Balanço e Perspectivas, Editora Civilização Brasileira, Rio, 2000).
Contudo nesta oportunidade me cabe concentrar-me nos mitos criados em torno do seu governo, os quais você repete exaustivamente nesta carta aberta.
O primeiro mito é de que seu governo foi um êxito econômico a partir do fortalecimento do real e que o governo Lula estaria apoiado neste êxito alcançando assim resultados positivos que não quer compartilhar com você… Em primeiro lugar vamos desmitificar a afirmação de que foi o plano real que acabou com a inflação. Os dados mostram que até 1993 a economia mundial vivia uma hiperinflação na qual todas as economias apresentavam inflações superiores a 10%. A partir de 1994, TODAS AS ECONOMIAS DO MUNDO APRESENTARAM UMA QUEDA DA INFLAÇÃO PARA MENOS DE 10%. Claro que em cada pais apareceram os “gênios” locais que se apresentaram como os autores desta queda. Mas isto é falso: tratava-se de um movimento planetário.
No caso brasileiro, a nossa inflação girou, durante todo seu governo, próxima dos 10% mais altos. TIVEMOS NO SEU GOVERNO UMA DAS MAIS ALTAS INFLAÇÕES DO MUNDO. E aqui chegamos no outro mito incrível. Segundo você e seus seguidores (e até setores de oposição ao seu governo que acreditam neste mito) sua política econômica assegurou a transformação do real numa moeda forte. Ora Fernando, sejamos cordatos: chamar uma moeda que começou em 1994 valendo 0,85 centavos por dólar e mantendo um valor falso até 1998, quando o próprio FMI exigia uma desvalorização de pelo menos uns 40% e o seu ministro da economia recusou-se a realizá-la “pelo menos até as eleições”, indicando assim a época em que esta desvalorização viria e quando os capitais estrangeiros deveriam sair do país antes de sua desvalorização, O fato é que quando você flexibilizou o cambio o real se desvalorizou chegando até a 4,00 reais por dólar. E não venha por a culpa da “ameaça petista” pois esta desvalorização ocorreu muito antes da “ameaça Lula”. ORA, UMA MOEDA QUE SE DESVALORIZA 4 VEZES EM 8 ANOS PODE SER CONSIDERADA UMA MOEDA FORTE? Em que manual de economia? Que economista respeitável sustenta esta tese?
Conclusões: O plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999.
Segundo mito; Segundo você, o seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Meu Deus: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de uns 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? Gostaria de saber que economista poderia sustentar esta tese. Isto é um dos casos mais sérios de irresponsabilidade fiscal em toda a história da humanidade.
E não adianta atribuir este endividamento colossal aos chamados “esqueletos” das dívidas dos estados, como o fez seu ministro de economia burlando a boa fé daqueles que preferiam não enfrentar a triste realidade de seu governo. Um governo que chegou a pagar 50% ao ano de juros por seus títulos para, em seguida, depositar os investimentos vindos do exterior em moeda forte a juros nominais de 3 a 4%, não pode fugir do fato de que criou uma dívida colossal só para atrair capitais do exterior para cobrir os déficits comerciais colossais gerados por uma moeda sobrevalorizada que impedia a exportação, agravada ainda mais pelos juros absurdos que pagava para cobrir o déficit que gerava.
Este nível de irresponsabilidade cambial se transforma em irresponsabilidade fiscal que o povo brasileiro pagou sob a forma de uma queda da renda de cada brasileiro pobre. Nem falar da brutal concentração de renda que esta política agravou dráticamente neste pais da maior concentração de renda no mundo. Vergonha, Fernando. Muita vergonha. Baixa a cabeça e entenda porque nem seus companheiros de partido querem se identificar com o seu governo…te obrigando a sair sozinho nesta tarefa insana.
Terceiro mito – Segundo você, o Brasil tinha dificuldade de pagar sua dívida externa por causa da ameaça de um caos econômico que se esperava do governo Lula. Fernando, não brinca com a compreensão das pessoas. Em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS. Você teve que pedir ajuda ao seu amigo Clinton que colocou à sua disposição ns 20 bilhões de dólares do tesouro dos Estados Unidos e mais uns 25 BILHÕES DE DÓLARES DO FMI, Banco Mundial e BID. Tudo isto sem nenhuma garantia.
Esperava-se aumentar as exportações do pais para gerar divisas para pagar esta dívida. O fracasso do setor exportador brasileiro mesmo com a espetacular desvalorização do real não permitiu juntar nenhum recurso em dólar para pagar a dívida. Não tem nada a ver com a ameaça de Lula. A ameaça de Lula existiu exatamente em conseqüência deste fracasso colossal de sua política macro-econômica. Sua política externa submissa aos interesses norte-americanos, apesar de algumas declarações críticas, ligava nossas exportações a uma economia decadente e um mercado já copado. A recusa dos seus neoliberais de promover uma política industrial na qual o Estado apoiava e orientava nossas exportações. A loucura do endividamento interno colossal. A impossibilidade de realizar inversões públicas apesar dos enormes recursos obtidos com a venda de uns 100 bilhões de dólares de empresas brasileiras. Os juros mais altos do mundo que inviabilizava e ainda inviabiliza a competitividade de qualquer empresa.
Enfim, UM FRACASSO ECONOMICO ROTUNDO que se traduzia nos mais altos índices de risco do mundo, mesmo tratando-se de avaliadoras amigas. Uma dívida sem dinheiro para pagar… Fernando, o Lula não era ameaça de caos. Você era o caos. E o povo brasileiro correu tranquilamente o risco de eleger um torneiro mecânico e um partido de agitadores, segundo a avaliação de vocês, do que continuar a aventura econômica que você e seu partido criou para este país.
Gostaria de destacar a qualidade do seu governo em algum campo mas não posso fazê-lo nem no campo cultural para o qual foi chamado o nosso querido Francisco Weffort (neste então secretário geral do PT) e não criou um só museu, uma só campanha significativa. Que vergonha foi a comemoração dos 500 anos da “descoberta do Brasil”. E no plano educacional onde você não criou uma só universidade e entou em choque com a maioria dos professores universitários sucateados em seus salários e em seu prestígio profissional. Não Fernando, não posso reconhecer nada que não pudesse ser feito por um medíocre presidente.
Lamento muito o destino do Serra. Se ele não ganhar esta eleição vai ficar sem mandato, mas esta é a política. Vocês vão ter que revisar profundamente esta tentativa de encerrar a Era Vargas com a qual se identifica tão fortemente nosso povo. E terão que pensar que o capitalismo dependente que São Paulo construiu não é o que o povo brasileiro quer. E por mais que vocês tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo. Vocês vão ficar na nossa história com um episódio de reação contra o vedadeiro progresso que Dilma nos promete aprofundar. Ela nos disse que a luta contra a desigualdade é o verdadeiro fundamento de uma política progressista. E dessa política vocês estão fora.
Apesar de tudo isto, me dá pena colocar em choque tão radical uma velha amizade. Apesar deste caminho tão equivocado, eu ainda gosto de vocês ( e tenho a melhor recordação de Ruth) mas quero vocês longe do poder no Brasil. Como a grande maioria do povo brasileiro. Poderemos bater um papo inocente em algum congresso internacional se é que vocês algum dia voltarão a freqüentar este mundo dos intelectuais afastados das lides do poder.
Com a melhor disposição possível mas com amor à verdade, me despeço
thdossantos@terra.com.br

(*) Theotonio Dos Santos é Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense, Presidente da Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre economia global e desenvolvimentos sustentável. Professor visitante nacional sênior da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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José Serra, siga os conselhos de Aécio Neves e Itamar Franco

Aécio Neves aconselhou José Serra a defender as privatarias do desgoverno FHC. 


Itamar Franco aconselhou que Serra fosse mais Serra.


O que significam estes conselhos?...


Para quem conhece político mineiro e sabe que o mais besta pinta uma vaca na parede e tira 10 litros de leite, quer dizer:
Se ele seguir nosso conselho se estrepa. Se não seguir se estrepa também, diremos que não temos ambiente para fazer campanha para ele em Minas e lavamos nossas mãos.


Em rio com piranhas, jacaré nada de costas


O Paulo Henrique Amorim também escreveu sobre este assunto:

Navalha
Tomara que ele siga os conselhos dos mineiros.

Itamar quer que Serra abra o peito e mostre o demônio que está lá dentro, adormecido, segundo Fernando Henrique, que conhece o Serra tão bem quanto Ciro. 

Clique aqui para ver o vídeo como Serra vendeu São Paulo. 

Não há nada mais popular do que a ideia de vender também a Petrobrax e entregar o pré-sal aos clientes do Davizinho, que, hoje, assessora o jenio.

Os brasileiros adorariam ver o símbolo da Petrobras desenhado com as cores azul e vermelho da bandeira americana.

O conselho do Aécio é valioso.

Este ordinário blogueiro sustenta a tese de que Aécio vai sair do PSDB e não vai salvar o Serra (clique aqui para ler).

Lamentavelmente, como diria a Marina, o Serra talvez não siga os conselhos mineiros.

Primeiro, porque ele não pode expor a sua verdadeira natureza: segundo Ciro, trata-se de um inescrupuloso que, se preciso, passa com um trator por cima da mãe.

É como fazem agora os autores dos boatos que só beneficiam Serra.

De uma hora para outra, os brasileiros são todos evangélicos e nenhuma mulher brasileira fez aborto.

Logo, trata-se da Nação mais hipócrita do mundo.

Serra tem que se esconder atrás do marketing.

A biografia dele é uma operação de marketing.

Sem o PiG (**) ele não passaria de Resende.

Serra também não pode, em segundo lugar, levar Fernando Henrique para o palanque.

Fernando Henrique é uma espécie de Daniel Dantas: quem encosta nele, morre.

Não é isso, Itagiba ?

Não é isso, senador Heráclito ?

Esses mineiros tiram a meia sem tirar o sapato.

Lamentavelmente, Serra não os seguirá.
Se o Serra fosse – porque não será – Presidente, Aécio passaria oito anos no Senado, a pão e água. 
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