Jênios que ganham para escrever nas mídias familiares escrevem essas jenialidades transversaliqualitibrancadêmicas:
“Podem anotar. Marina Silva vai surpreender.” O alerta vinha do Blog do Noblat, artigo “Marina com fé”, postado em 18 de maio de 2010. Ainda não havia massa crítica para a candidata ter 30% das intenções de votos. Mesmo assim, ela levou a eleição para o segundo turno. Surpreendeu.
Assustara um montão de gente que nunca se interessara por sua história de vida e por sua carreira de ex-ministra do Meio Ambiente. Que tampouco atentara para os que nela apostavam o sonho (por que não?) de um futuro melhor.
Em 20 de julho de 2010, artigo “Terceiro elemento”, o blog reflete a reação à candidatura que se apresentava como a terceira via brasileira; queriam rotular Marina como uma “pobre coitadinha ingênua”, despreparada para enfrentar o mundo real. Era o jogo.
Então, debochavam os adversários, ela que fizesse lá o seu discurso combinando mudanças climáticas com desenvolvimento sustentável, transporte com mobilidade urbana, tecnologia com estabilidade econômica; e evidenciasse a importância da educação de qualidade para gerar oportunidades...
Em 21 de setembro de 2010, artigo “Duas mulheres”, o blog imagina a hipótese de duas mulheres disputando pela primeira vez a presidência do Brasil: Dilma e Marina. Serra era o favorito para o segundo tempo contra a escolhida de Lula. Porém, havia incertezas e apreensão no ar.
Apesar das pesquisas, “não dá para exterminar a possibilidade de um imprevisto”, diz o artigo. Daquela vez não houve imprevisto.
A Marina de 2010 já fazia sua campanha reconhecendo os acertos dos governos de Itamar, FHC e Lula. Defendia firmemente o investimento no bem-estar social, mas sem colocar em risco a continuidade da estabilidade econômica.
E trazia a questão ambiental para as cidades, falava das redes sociais na política, de envolver a juventude em projetos sustentáveis. Sem esquecer os idosos em um país que envelhece rapidamente, com suas cidades totalmente despreparadas, sem infraestrutura, para essa nova verdade.
Em 28 de setembro de 2010, artigo “Onda verde”, o blog comenta a arrogância dos petistas que subestimavam Marina e os marineiros; em briga de galo não tem terceira via.
Passaram-se quatro anos. E o imprevisto aconteceu. De volta à disputa, Marina agora pode ir para o segundo turno em condições reais de vitória. Pode ganhar, pode perder. Só não pode mais é ser subestimada.