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Ahmadinejad apoiou queda de Mubarak, mas iguala-se a ele...

 
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Ahmadinejad
O próprio presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, apoiou a revolta popular no Egito e agora reprime a oposição em seu país!  Nesta 2ª feira (ontem) milhares de iranianos saíram às ruas da capital, Teerã, e da cidade de Isfahan, para comemorar a vitória do povo egípcio e a derrubada da ditadura de 30 anos do general Hosni Mubarak.

Resultado: muita repressão, violência e dois mortos. Porque agora Ahmadinejad não autoriza mais manifestações, prende oposicionistas, censura a Internet e usa de milícias paramilitares para reprimir os manifestantes. Ou seja, iguala-se a seu homólogo ditador Hosni Mubarak.

No Egito volta-se a viver dias de esperança. O Comando Militar que assumiu o país e passou a governar por decreto, recebeu um comitê formado por sete representantes da rebelião popular que derrubou a ditadura, e prometeu concluir em 10 dias mudanças constitucionais que serão submetidas a referendo popular dentro de dois meses.

Por que não convocam eleições para um novo Congresso ou uma assembléia constituinte? A questão agora, então, é quem fará as mudanças e em que direção.

Além de democratizar o país - maior exigência da população rebelada por 18 dias até derrubar o regime - as forças que derrotaram a oligarquia Mubarack conseguirão mudar o país, sua estrutura de poder, sua economia e sociedade, ou tudo continuará como antes, só que agora sem Mubarack?
Zé Dirceu


Entenda o hipotireoidismo de Ronaldo Fenômeno



Saiba tudo sobre o hipotireoidismo


Dieta e Saúde
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MITO OU VERDADE:
Hipotireoidismo é a causa do ganho de peso?

A verdade: metabolismo lento ou hipotireoidismo não é responsável pelo elevado ganho de peso. O ganho de peso observado estará entre 3 a 5 quilos e, normalmente, não há ganho de gordura corporal, mas retenção hídrica (acúmulo de líquidos no organismo).

Regule seu peso com reeducação alimentar baseado na Dieta dos Pontos




Causas do ganho de peso:
o ganho excessivo de peso em pessoas que apresentam metabolismo lento 
está associado a diversos fatores, sendo o principal fator os hábitos alimentares 
não saudáveis como escolhas inadequadas e quantidades excessivas de alimentos.

Desafio Carnaval 2011 - novo
Excesso de peso e obesidade
a presença do hipotireoidismo, normalmente, 

não explica um ganho elevado de peso. Entende-se 
por elevado ganho de peso quando há o aumento de 
10 quilos ou de 5 a 10% do peso corporal anterior do 
desenvolvimento da doença. Assim, se uma pessoa 
antes de receber o diagnóstico de hipotireoidismo 
pesava 70 kg, o aumento de 3,5 a 7,0 Kg já é considerado 
um ganho excessivo não explicado pela doença mas, 
provavelmente, por mudanças no hábito alimentar e/ou 
diminuição da atividade física.

Desafio Carnaval 2011 - novo
Tratamento
Após o tratamento do hipotireoidismo, o peso deve voltar 

ao normal, pois o inchaço não será mais observado. Se o 
peso não voltar ao anterior, provavelmente, ele é decorrente 
do excesso alimentar.

Desafio Carnaval 2011 - novo
Emagrecimento
Terminado o tratamento, o esforço que se observará para 

emagrecer deverá ser o mesmo que se tinha antes do desenvolvimento do hipotireoidismo. Deverão ser adotados 
hábitos alimentares e de estilo de vida saudáveis e 
adequados para que haja a eliminação de peso desejada.

Comece sua reeducação alimentar e chegue a seu peso ideal

QUERO COMEÇAR MINHA DIETA




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 Inovação tecnológica nas micros e pequenas empresas

A inovação tecnológica hoje é considerada fator central para o crescimento econômico e aceleração da produtividade nacional. São grandes os esforços para assegurar, aos principais setores industriais, incentivos para o desenvolvimento de novas tecnologias. No caso específico das Micro e Pequenas Empresas (MPEs), a pesquisa científica e a inovação representam não apenas a possibilidade de sobrevivência no mercado, mas, principalmente, elementos propulsores de crescimento e valorização frente às grandes empresas.



Para refrescar a memória de nossos conservadores e ortodoxos

Na campanha que não cessa um minuto sequer por cortes de gastos e investimentos públicos cada vez maiores, e por juros sempre mais altos, economistas e analistas nativos fogem como o diabo da cruz de fazer comparações do superávit e dívida públicos do Brasil com os de outros países. Principalmente, com os dos Estados Unidos, meca do conservadorismo e da ortodoxia econômicos. Fogem porque, se o fizessem, teriam de reconhecer e passar à sociedade, à opinião pública, que nós cumprimos o dever de casa e vamos muito bem nas duas matérias. 
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Casa Branca


Sempre tão ciosos e críticos das despesas governamentais e sem baixar a guarda um segundo em sua campanha por cortes cada vez maiores nos gastos públicos e nos investimentos, nossos economistas e analistas nunca se dão ao trabalho de comparar nosso superávit e dívida públicos com os de outros países, principalmente com os dos Estados Unidos, meca da ortodoxia e do conservadorismo econômicos.


Se o fazem, guardam a sete chaves, escamoteiam, não levam isto para a imprensa, nem trazem a público para que o debate da questão não se faça por aí. Principalmente, para que a opinião pública não tenha a possibilidade de fazer estas comparações.

Trombeteiam suas teses dia e noite, indiferentes ao fato de que elas, se postas em prática, estancariam o crescimento econômico. Pois bem, a dívida pública americana, que já alcançou o equivalente a 95% do milionário PIB do país, cresce US$ 4 bi ao dia.

Brasil: muito bem em termos de superávit e de dívida pública

Os chineses detêm  US$ 895,6 bi dos bônus do Tesouro americano que compõem esta dívida - mais US$ 138,9 bi de Hong Kong; o Japão, US$ 877,2 bi; o Reino Unido, US$ 511,8 bi; os países exportadores de petróleo, US$ 210,4 bi; e o Brasil, pasmem, US 184,4 bi!

 Outra informação para reforçar a comparação e esquentar o debate: o déficit público da União Européia (UE) é de 4%; o dos EUA, de quase 10,9%; o do Reino Unido 6%; e o do Japão já ultrapassou a casa dos 10%. Isto para ficar apenas entre as maiores economias do mundo.

Como vemos, no Brasil vamos muito bem, obrigado, com um superávit de 3% e uma dívida pública líquida de 40% do PIB.

Diplomacia

Para o Brasil a política Sul-Sul é prioridade

Entrevista do chanceler Antonio Patriota para Carta Capital

 Carta Capital: Dilma Rousseff terá mais dificuldade de se projetar internacionalmente do que Lula?

António Patriota: O estilo é diferente, e ela recebe um país em condições diferentes. Tem outras oportunidades de interlocução e uma demanda pelo Brasil talvez maior. Tenho certeza de que dará muita importância à interlocução internacional e que o fará com grande talento, habilidade e até prazer. Noto que ela gosta desse papel, possui uma curiosidade que diria inesgotável pelo que se passa no mundo. Também vejo nela um sentido de justiça profundo que se associa bem ao que é a

agenda do Brasil no plano multilateral, de assegurar que os mecanismos de cooperação e os foros de debate reflitam a geopolítica contemporânea e não sejam clubes que polarizam ou excluem certos países.

CC: Ela será chamada de monoglota como foi Lula?

AP: O presidente Lula comunicava-se com habilidade, porque tinha muito a dizer. Mais importante do que falar várias línguas é ter uma mensagem. A presidenta Dilma também tem essa característica, é uma mulher com uma experiência de vida rica e é muito estudiosa. Mais especificamente, tem conhecimento de inglês, francês e espanhol, e é capaz de entender um interlocutor sem a necessidade de tradução. Usa mais na hora de se expressar.

CC: Dilma falou no Congresso que é "natural" que se democratizem as relações entre os países, o que pressupõe mudanças no Conselho de Segurança da ONU. Por que ainda não ocorreram?

AP: Não é um pleito individual, refere-se à própria estrutura de funcionamento do órgão. Tem de desencadear um processo comparável a uma reforma constitucional e isso não é simples de fazer. Já houve uma reforma em 1964, quando o Conselho passou de 11 para 15 membros e teve de ser ratificada por uma maioria de dois terços de membros da ONU, inclusive os cinco permanentes, que têm poder de veto. O debate sobre a reforma do Conselho vem se arrastando desde 1992, é um processo complicado e demorado.

CC: Qual o empecilho?

AP: Existe um amplo consenso de que a atual estrutura, com esses cinco membros permanentes – Rússia, EUA, China, França e Inglaterra -, retrata mais o pós-Guerra do que o mundo contemporâneo. Há países que defendem uma ampliação, passar de 10 para 15. O Brasil e nossos parceiros nesse debate, Alemanha, Japão, índia – e a África também tem de estar representada -, defendemos que o desequilíbrio se encontra na categoria de membros permanentes.

CC: O que temem os membros permanentes em relação a uma ampliação?

AP: Cada um tem sua preocupação. Reino Unido e França são os mais favoráveis a uma reforma tal como nós defendemos. Visto de maneira benévola, acordaram para as mudanças geopolíticas e querem uma reforma que reflita isso. Mais apegados à realpolitik, temem que uma demora muito grande na reforma passe a levantar dúvidas sobre seus status como membros permanentes e que ganhe força a ideia de uma cadeira para a União Europeia, em vez de cadeiras individuais. Quanto aos demais, todos se dizem favoráveis de maneira distinta. A China põe ênfase em mais espaço para o mundo em desenvolvimento, mas sem explicitar como se daria. Os Estados Unidos põem ênfase no tamanho do conselho reformado, que se for além de 21 membros se transformaria num órgão inadministrável.


CC: Este mês o Brasil ocupa a presidência rotativa do Conselho. Qual o significado disso? Apenas simbólico?

AP: E mais do que simbólico. Juntamente com o Japão, o Brasil é o país que mais vezes participou do Conselho como membro não permanente. Você vai acumulando experiência. É a décima primeira vez que participamos como membros não permanentes. O Conselho foi criado em 1945, são 66 anos. Ou seja, em um terço de sua existência o Brasil participou dos trabalhos, é o máximo que um não permanente conseguiu.


CC: Como apontar abusos nos direitos humanos de países aliados do Brasil, como Cuba e Ira?

AP: A palavra aliado não se aplica ao Brasil, que é um país sem inimigos. Além disso, Cuba, por exemplo, tem alguns dos melhore índices das Américas nos direitos econômicos e sociais. Nos civis e políticos aí talvez possa ser questionado. Mas é importante manter a discussão num padrão que se reconheça que todos os países têm progressos a fazer. Que não se transforme o debate, como dizem os americanos, num exercício definger pointing, acusatório de alguns em detrimento de outros. Esse é o grande desafio: encontrar o caminho justo, o equilíbrio.

CC: Se fosse hoje o caso dos boxeadores cubanos que desertaram durante os Jogos Pan-Americanos e foram deportados, o Brasil agiria diferente?

AP: Não respondo perguntas hipotéticas. É uma coisa que aprendi nos Estados Unidos, eles dizem muito para a imprensa: não raciocino sobre hipóteses.

CC: Apesar desse empenho pelos direitos humanos, houve críticas de que faltou uma nota mais dura do governo brasileiro em relação aos problemas no Egito.

AP: Também vi manifestações de apreço pela posição adotada. A situação do Egito é interna, uma convulsão nacional. Nossa preocupação é que as aspirações da população egípcia possam ser equacionadas sem violência, dentro de um ambiente de concórdia, de negociação.


CC: Então o princípio da não interferência em assuntos internos prevalece sobre a defesa dos direitos humanos?

AP: O que a crítica vai contribuir, nesse caso? Crítica a quem? A gente precisa entender também que forças estão em jogo. Dentre as forças que estão se manifestando, todas elas são favoráveis a um Egito mais democrático? Nossa aposta é que o Egito evolua em um sentido progressista. E a não interferência não é um princípio sacrossanto. O Brasil já se manifestou sobre questões internas, como quando combatemos o apartheid na África do Sul.

CC: Os rumos da política externa serão mantidos no governo Dilma, o chamado Sul-Sul. O que o Brasil ganha com essa abordagem?

AP: Não é assim que caracterizo. Durante o governo Lula, a linha de atuação Sul-Sul ficou em evidência porque era o aspecto mais inovador da política externa. Mas já naquela época, como embaixador em Washington, eu defendia que isso não se dava em detrimento da atenção a parceiros tradicionais do mundo desenvolvido. Esse é o espírito com que nós continuaremos a trabalhar. Em primeiro lugar, atenção prioritária aos parceiros sul-americanos – basta dizer que ocupo essa cadeira há um mês e meio e já estive com cinco presidentes da América do Sul. Ao mesmo tempo, estive em Davos e irei a Washington para acertar com a secretária de Estado, Hillary Clinton, a visita do presidente Barack Obama ao Brasil, em março. Uma coisa não exclui a outra.

CC: Sobre o caso Cesare Battisti: se o Brasil não confia na Justiça italiana, por que mantém acordo de extradição com a Itália?

[O ministro diz ter a respeito uma "resposta-padrão" e, de certa forma, cai em contradição. Fala, obviamente, da amizade que une Brasil e Itália e afirma que o caso Battisti é individual e "está encapsulado dentro de um contexto meramente judicial". O Estado italiano, que se considera ofendido pela recusa à extradição, vê traído o acordo firmado com o Brasil, ou seja, a própria lei. A ideia de que o caso tem de ser encarado de um ângulo "meramente judicial" confirma que o Brasil não confia na Justiça italiana. O menos por enquanto.]


CC: Como o senhor acompanhou os ataques que sofreu Celso Amorim de que fazia uma política externa megalonanica?

AP: Jamais corroboraria uma descrição como essa, primeiro porque estive muito engajado na administração anterior. Identifico-me muito com as iniciativas específicas e o espírito em que se desenvolveu a atuação externa do governo Lula. É consenso internacional, não sou eu quem diz, que elevou o Brasil, trouxe respeitabilidade, e nos permite formular políticas e programar iniciativas hoje, no novo governo, a partir de um patamar.

CC: Por outro lado, analistas mais à esquerda dizem já sentir saudade de Amorim, que o senhor seria mais conservador. É verdade?

AP: Admiro muito Celso Amorim, é com quem eu trabalho desde meados dos anos 90. Seria pretensioso da minha parte começar com iniciativas que representassem um exercício inteiramente diferente ao dele. Assim como não seria razoável esperar de qualquer novo chanceler que desempenhasse em um mês e meio como ele em oito anos. Estou aqui num trabalho de consolidação e estou recebendo o bastão a partir de uma base muito boa.

CC: Politicamente, Amorim pode ser considerado mais à esquerda do que o senhor?

AP: Olha, não passei pelas experiências de vida pelas quais ele passou. Nunca paguei preço por opiniões que defendesse, como ele pagou ao ser destituído da Embrafilme. Sou um diplomata cujo mérito, se é que tenho algum, foi ser reconhecido ao longo de minha carreira, onde pude desenvolver um trabalho de acordo com minhas ideias, com aquilo que acreditava, sem ter sido por isso preterido, jogado para escanteio. Ele ficou um bom período depois da Embrafilme aguardando posição. Isso é uma coisa que marca um indivíduo, é uma diferença importante.

CC: Foi noticiado até que o senhor tem se aconselhado com o embaixador aposentado Luiz Felipe Lampreia, que foi chanceler de FHC.

AP: A mídia tem o direito de interpretar como quiser. O fato é que sou ecumênico, converso com quem me procurar. Sou um diplomata de carreira e os diplomatas de carreira se acostumam a ouvir muitos pontos de vista. O Brasil singulariza-se no cenário internacional como um país que não ouve só aqueles que compartilham as mesmas ideias. Como indivíduo, também me defino um pouco assim. Mas meus conselheiros são os assessores aqui do Itamaraty, o secretário-geral, e os embaixadores da ativa, em primeiro lugar.

CC: Após as revelações do WikiLeaks, os diplomatas ficaram mais comedidos nas comunicações internas?

AP: O WikiLeaks não deixa de ter um impacto grande, foi um chamado à reflexão. O que me impressionou foi que um país tão cioso da segurança como os EUA tenha tido suas comunicações tornadas públicas como foram. Isso provavelmente reforçará uma característica do trabalho diplomático, de procurar tratar matéria sigilosa com muito cuidado.



Programa bom e cauteloso

 Sempre foi evidente que boa parte dos analistas financeiros tem uma indisfarçável aversão ao presidente Lula e às políticas do seu governo. Instintivamente, ampliavam os seus equívocos (que existiam) e reduziam os seus méritos (que eram muito maiores). Temos uma nova presidente, Dilma Rousseff, tecnocrata moderna, sofisticada, pragmática e com sensibilidade social, definição que, para alguns fundamentalistas, pode soar como oximoro. Ela tem que lidar:

1) com as naturais dificuldades políticas que existem em todo estado de direito republicano e democrático;
2) com os condicionantes físicos e humanos, que limitam a continuação de um projeto de longo prazo, que parece muito conveniente para o Brasil.

Desde a Constituição de 1988, quando - gostem ou não alguns fundamentalistas - a sociedade brasileira revelou suas preferências sobre a forma em que desejava organizar-se, o Brasil tem feito imenso progresso civilizatório. Esse não se deve apenas a eventuais virtudes pessoais de seus governantes mas, também e de forma decisiva, ao aperfeiçoamento de nossas instituições. Para avaliar objetivamente a realidade brasileira atual, é preciso aceitar, de uma vez por todas, que Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva já se foram. São apenas parte do passado! Cada um deles procurou cumprir o seu papel da melhor maneira que lhe foi possível, dentro dos limites políticos, físicos e humanos em que operaram. 

bom começo é aceitar um fato simples. Não importa qual seja nossa orientação ideológica ou nossa pretensão científica sobre a melhor receita para a boa governança econômica, é impossível deixar de reconhecer que quase 90% de aprovação popular (num regime de plena liberdade de expressão, mídia alerta e, felizmente, inquisidora) tem pouca probabilidade de ser um acidente. A verdade é que o Brasil livrou-se rapidamente da crise mundial de 2007/2009 e terminou 2010 em condições econômicas e financeiras razoáveis e progressos sociais visíveis, dentre os quais o "sentimento" de que aumentou a igualdade de oportunidades para todos.

Depois das atrapalhadas financeiras do mundo desenvolvido, é difícil deixar de reconhecer, também, que a despeito de alguns discutíveis pecados veniais, nossa situação fiscal não tem a dramaticidade que querem atribuir-lhe analistas engajados. Temos, sim, graves problemas que precisam ser enfrentados: a desestabilização das expectativas inflacionárias, resultado de pressões internas e das altas dos preços internacionais das commodities; a teratológica taxa de juro real, resultado dos antigos equívocos no financiamento da dívida interna; a supervalorização do real, consequência da própria desvalorização do dólar (que estimula, junto com a baixa dos juros real nos EUA que a sustenta, a especulação nos mercados de commodities) e do imenso diferencial entre a taxa de juro real interna e externa etc.

Isso sem falar no longo prazo (infraestrutura, previdência, gestão, acabar com a "praga" da indexação legal etc. O ponto importante, e para o qual a presidente tem chamado a atenção, é que a melhor contribuição que o governo pode dar para ajudar a resolver essas questões é uma redução imediata das despesas de custeio e melhorar a qualidade da gestão pública. São preliminares para o enfrentamento dos problemas cruciais de longo prazo.

O programa proposto em nome do governo pelos ilustres ministros Guido Mantega e Miriam Belchior procura aquele objetivo. Todos já o conhecem. Trata-se de um bom começo para o ajuste fiscal. A receita foi corrigida adequadamente e compromete-se com um corte de R$ 50 bilhões no irresponsável Orçamento votado no Congresso. Se cumprido, teremos uma redução não desprezível do aumento das despesas primárias com relação ao PIB, o que dará mais apoio à política monetária.

Não se falou, mas a estimativa da receita parece indicar que se espera um aumento da relação receita /PIB como resultado, talvez, de um maior esforço arrecadador combinado com a natural inclusão de setores da economia informal. Vai doer executá-lo, mas ele é necessário e devemos apoiá-lo.

Certamente, vai estabelecer-se uma saudável controvérsia com os "falcões" do sistema financeiro, sobre a sua "credibilidade" e sobre a magnitude de seus efeitos no dimensionamento da taxa de juros Selic, como está acontecendo, aliás, com relação à "potência" das recentes medidas macroprudenciais.

O fato auspicioso é que a qualidade da discussão dá claros sinais de que vai melhorar. Já temos imaginosas tentativas de "medir" os efeitos "substitutivos" à necessidade de manobra da taxa juros.

Não devemos, nos impressionar com cálculos que exigem cortes mais dramáticos ou que negam a existência do "efeito substituição" porque, até agora, as evidências empíricas são de incerteza absoluta. Não podemos, entretanto, ignorar que provavelmente a manobra da taxa de juros tem um efeito mais geral e eficaz sobre a "expectativa" da inflação. É uma questão de aprendizado: o mercado vai reaprender com a sofisticação da nova política monetária do Banco Central.

No final, uma coisa é certa. Na modesta economia política, quando conseguimos determinar, inequivocamente, a direção (apenas o valor do sinal, positivo ou negativo) entre a causa e o seu efeito, já sabemos muito. E não há a menor dúvida que a relação entre um maior esforço fiscal e a possibilidade de uma menor taxa de juros real é claramente positiva!

Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras.



A cidade dos Resmungos

Era uma vez um lugar chamado Cidade dos Resmungos, onde todos resmungavam, resmungavam, resmungavam.

No verão, resmungavam que estava muito quente.

No inverno, que estava muito frio.

Quando chovia, as crianças choramingavam porque não podiam sair.

Quando fazia sol, reclamavam que não tinham o que fazer.

Os vizinhos queixavam-se uns dos outros, os pais queixavam-se dos filhos, os irmãos das irmãs.

Todos tinham um problema, e todos reclamavam que alguém deveria fazer alguma coisa.

Um dia chegou à cidade um mascate carregando um enorme cesto às costas.

Ao perceber toda aquela inquietação e choradeira, pôs o cesto no chão e gritou:

- Ó cidadãos deste belo lugar ! Os campos estão abarrotados de trigo, os pomares carregados de frutas.

As cordilheiras estão cobertas de florestas espessas, e os vales banhados por rios profundos.

Jamais vi um lugar abençoado por tantas conveniências e tamanha abundância.

Por que tanta insatisfação ? Aproximem-se, e eu lhes mostrarei o caminho para a felicidade.

Ora, a camisa do mascate estava rasgada e puída.

Havia remendos nas calças e buracos nos sapatos.

As pessoas riram que alguém como ele pudesse mostrar-lhes como ser feliz. Mas enquanto riam, ele puxou uma corda comprida do cesto e a esticou entre os dois postes na praça da cidade.

Então segurando o cesto diante de si, gritou :

- Povo desta cidade ! Aqueles que estiverem insatisfeitos escrevam seus problemas num pedaço de papel e ponham dentro deste cesto.

Trocarei seus problemas por felicidade !

A multidão se aglomerou ao seu redor.

Ninguém hesitou diante da chance de se livrar dos problemas.

Todo homem, mulher e criança da vila rabiscou sua queixa num pedaço de papel e jogou no cesto.

Eles observaram o mascate pegar cada problema e pendurá-lo na corda.

Quando ele terminou, havia problemas tremulando em cada polegada da corda, de um extremo a outro.

Então ele disse :

Agora cada um de vocês deve retirar desta linha mágica o menor problema que puder encontrar.

Todos correram para examinar os problemas.

Procuraram, manusearam os pedaços de papel e ponderaram, cada qual tentando escolher o menor problema.

Depois de algum tempo a corda estava vazia.

Eis que cada um segurava o mesmíssimo problema que havia colocado no cesto. Cada pessoa havia escolhido os seu próprio problema, julgando ser ele o menor da corda.

Daí por diante, o povo daquela cidade deixou de resmungar o tempo todo.

E sempre que alguém sentia o desejo de resmungar ou reclamar, pensava no mascate e na sua corda mágica.

  Muitas vezes precisamos ver que o problema dos outros é muito maior. Reclamar, resmungar não vai ajudar em nada. Vejamos tudo de bom que temos e tiremos forças nisso para superar nossos problemas. Problemas sempre existirão, mas não podemos fazer deles a lamentação de nossas vidas.