Sou antiraças

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O melhor e o pior de 2014

 então estamos fechando a dupla enquete que fizemos sobre 2014.
Numa, queríamos saber quem nossos leitores achavam que tinha sido a personalidade mais notável do ano – a figura mais marcante e inspiradora.
Na outra, como o mundo não é tão perfeito quanto gostaríamos, nossos leitores votaram no que houve de mais lastimável em 2014.
Vamos começar pelo lado positivo.
Para relativa surpresa nossa, a Personalidade do Ano é Pepe Mujica. Não que ele não reúna virtudes para tanto. É que 2014 foi um ano de campanha presidencial. Isso dava a Dilma, reeleita presidente, um presumível favoritismo.
Mas não.
Mujica falou mais alto que Dilma para nossos leitores. Dilma acabou em segundo lugar. Em terceiro, outro estrangeiro: Francisco, o Papa da Igualdade.
Lula, em outra surpresa, dada sua atuação decisiva para a vitória de Dilma, apareceu apenas em quarto lugar.
“Mujica não prega apenas a simplicidade”, disse um leitor. “Ele a pratica.”
Este é, provavelmente, o maior encanto de Mujica. Numa época em que as lideranças da esquerda cedem às delícias caras que o capitalismo é capaz de oferecer, dos vinhos aos jatos, dos automóveis aos hotéis, Mujica mantém-se, sem aparente sacrifício, numa frugalidade inexpugnável.
Um dos símbolos disso, longe de ser o único, é o seu Fusquinha azul.
“Ele é o verdadeiro Bom Velhinho”, notou outro leitor.
Bondoso, mas não mole. Ao se despedir da presidência do Uruguai, depois de eleger o sucessor, Mujica ainda emplacou uma Lei de Mídia para combater monopólios.
Uma frase sua, no processo, será lembrada: “Vou ser claro. Não quero nem a Globo e nem o Clarín aqui.”
Na segunda parte de nossa enquete, incluímos entre o que houve de pior, pelo conjunto da obra, a revista Veja.
E a Veja derrotou adversários fortes, como Bolsonaro e Sheherazade.
A Veja conseguiu tirar a Globo do posto de marca de mídia mais detestada pelos brasileiros.
A maneira como a revista cobriu a campanha eleitoral foi o triunfo da desonestidade manipuladora. O ápice foi uma capa com acusações gravíssimas –  sem nenhuma prova – contra Dilma e Lula pouco antes do segundo turno.
O momento mais patético da Veja no ano veio agora, quando a revista divulgou uma lista que mede, com “critérios objetivos”, o desempenho dos parlamentares brasileiros. Seu nome é “Ranking do Progresso”.
Entre os 74 senadores, Aécio Neves, o candidato pelo qual a revista cometeu infâmias jornalísticas, recebeu nota zero e ficou na última colocação.
Houve uma tentativa de justificativa. A Veja disse que Aécio levou zero por causa da campanha.
Um olhar na relação mostra que o segundo senador mais bem colocado, Lindbergh Farias, também esteve em campanha em 2014, pelo governo do Rio.
Uma consulta à edição anterior do “Ranking do Progresso” mostra um Aécio inoperante, mesmo sem campanha nenhuma. Sua nota, em 2013, numa escala de zero a dez, foi 3,8.
Apesar da importância que a Veja parece dar a seu levantamento sobre os parlamentares, em nenhum momento os dados relativos a Aécio apareceram em qualquer perfil feito pela revista na campanha presidencial.
É digno de nota, também, que Dilma não tenha usado nos debates do segundo turno a avaliação insuspeita de uma revista tão pró-Aécio para dar no senador um choque de realidade a respeito de suas constantes autoproclamações de excelência e competência.
E então ficamos assim.
De um lado, Mujica. De outro, a Veja.
Que o espírito dominante de 2015 esteja mais, bem mais, para o caráter irreprochável de Mujica do que para a malvadeza desonesta da Veja.
por Paulo Nogueira - Diário do Centro do Mundo