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MPF arquiva inquérito das "pedaladas fiscais" contra Dilma


Seis anos depois do golpe contra Dilma Rousseff [uma mulher honesta derrubada por ladrões] o MPF [Ministério Público Federal] arquivou o inquérito contra a presidenta. 

"A verdade veio à toba. Demorou, mas a Justiça está sendo feita", afirmou Dilma Rousseff.

A pergunta que fica é: 

Quem vai pagar pelo prejuízo que causou ao Brasil, derrubando uma presidenta honesta para dar posse ao traíra Michel Temer e eleger um verme igual a Bolsonaro?

Infelizmente a presposta é: Ninguém!
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Dilma Rousseff: nota sobre o artigo de Miriam Leitão

"Miriam Leitão comete sincericidio tardio em sua coluna no Globo de hoje (24 de janeiro), ao admitir que o impeachment que me derrubou foi ilegal e, portanto, injusto, porque, segundo ela, motivado pela situação da economia brasileira e pela queda da minha popularidade. Sabidamente, crises econômicas e maus resultados em pesquisas de opinião não estão previstos na Constituição como justificativas legais para impeachment. 

Miriam Leitão sabe disso, mas finge ignorar. Sabia disso, na época, mas atuou como uma das principais porta vozes da defesa de um impeachment que, sem comprovação de crime de responsabilidade, foi um golpe de estado.

Agora, Miriam Leitão, aplicando uma lógica aburda, pois baseada em analogia sem fundamento legal e factual, diz que se Bolsonaro “permanecer intocado e com seu mandato até o fim, a história será reescrita naturalmente. O impeachment da presidente Dilma parecerá injusto e terá sido.” O impeachment de Bolsonaro deveria ser, entre outros crimes, por genocídio, devido ao negacionismo diante da Covid-19, que levou brasileiros à morte até por falta de oxigênio hospitalar, e por descaso em providenciar vacinas.

O golpe de 2016, que levou ao meu impeachment, foi liderado por políticos sabidamente corruptos, defendido pela mídia e tolerado pelo Judiciário. Um golpe que usou como pretexto medidas fiscais rotineiras de governo idênticas às que meus antecessores haviam adotado e meus sucessores continuaram adotando. Naquela época, muitos colunistas, como Miriam Leitão, escolheram o lado errado da história, e agora tentam se justificar. Tarde demais: a história de 2016 já está escrita. A relação entre os dois processos não é análoga, mas de causa e efeito. Com o golpe de 2016, nasceu o ovo da serpente que resultou em Bolsonaro e na tragédia que o Brasil vive hoje, da qual foram cúmplices Miriam Leitão e seus patrões da Globo."

por Ângela Carrato

(...) Eu acho que esse tema de forma inevitável será discutido pela Casa no futuro”, declarou, frisando que o principal, no momento, é salvar vidas.

O argumento de Maia é tão absurdo quanto alguém, no tempo do III Reich, dizer que era preciso manter Hitler no poder para salvar os judeus. Hitler era exatamente quem estava matando os judeus, como Bolsonaro é o principal responsável pela crise econômica, pelo caos sanitário e pelos mais de 209 mil mortos por covid-19 no Brasil.

Dilma: General dê os nomes ou assuma que mentiu

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Nota da ex-presidenta Dilma Rousseff
Sobre as declarações do General Villas Boss, em entrevista ao jornal O Globo, exigem dele uma atitude responsável e, para tanto, é necessário  que:  
1. Apresente os nomes dos “dois parlamentares de partidos de esquerda”  que, segundo ele, “procuraram a assessoria parlamentar do Exército para sondar como receberíamos (o Exército sic) a decretação de um Estado de Emergência”. Se isso ocorreu é imprescindível o nome dos deputados pois que eles devem esclarecimentos ao País. Caso contrário, a responsabilidade cabe ao general e à sua assessoria parlamentar.  
2. Explique por que, se ficou preocupado, não informou as autoridades superiores, Ministro da Defesa e Presidente da República — Comandante Supremo das Forças Armadas — sobre o fato de dois integrantes do Legislativo sondarem a assessoria parlamentar do Exército sobre um ato contra a democracia, uma vez que contrário ao direito de livre manifestação?  Por que não buscou esclarecer se a iniciativa dos deputados contava com respaldo da Comandante das Forças Armadas? Não respeitou a hierarquia?  
A intervenção militar contra a democracia é um golpe. A minha  vida é prova do meu repúdio político e repulsa pessoal a essa etapa da história do País. Jamais pensei, avaliei, considerei, fui sondada para qualquer possibilidade ou alternativa, mesmo que remota, a esse tipo intervenção antidemocrática.  
Os golpistas são aqueles que apoiaram a nova forma de golpe, ou seja, um processo de impeachment, sem crime de responsabilidade e, o meu consequente afastamento da Presidência da República. O Senhor General deve à República, a bem do Estado Democrático de Direito, esses esclarecimentos.  
http://dilma.com.br/sobre-as-declaracoes-do-general-villas-boas/ 
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Dilma Rousseff - presidenta honesta derrubada por um golpe aplicado por um bando de ladrões

O Processo – um filme perturbador, por Rodrigo Lucheta

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Hoje assisti ao filme O Processo. É um filme perturbador. Saí do cinema perturbado porque descobri que não se trata de um filme sobre o processo de destituição da presidenta Dilma. É, antes, um filme sobre o Processo. Isso, evidentemente, não exclui o processo de impeachment, acontece que esse processo, no filme, não é essencial: o essencial é o Processo; o protagonista é o Processo. Porém, descobrir que se trata de um filme sobre o Processo não apazigua nada, a perturbação dura, porque o Processo é duplo e ao mesmo tempo é invisível. É duplo porque é um processo de destituição da Dilma (e neste sentido ele já acabou) e é também um processo de mudanças profundas na vida política, social e econômica do país – ele se desdobra nas reformas do Temer, na prisão do Lula e na fumaça preta de bombas com que o filme acaba; sem que o Processo tenha se revelado, sem que o Processo tenha chegado ao fim. O filme, portanto, não termina, porque o protagonista, o Processo, ainda não nos devolveu o país.
O Processo, além disso, é invisível. Uma das singularidades do documentário é o fato de não haver intervenções da direção em forma de perguntas ou entrevistas. Ninguém olha para a câmera durante o filme; aliás, não há tempo para isso – todos ali, acusação e defesa, aparecem em ação ou em reação (como que representando uma peça de teatro). A única passividade é a nossa diante do palco. O olho da câmera é um olho passivo, quase sempre parado. É evidente que há as escolhas do que filmar, de que ângulo filmar, de que maneira montar os pedaços filmados, etc. Mas a intenção autoral, artística, não está em intervir montando ou fazendo tomadas geniais: a intenção é mais modesta, sóbria: ela visa simplesmente olhar o teatro, o desfile, o Processo. Por que esse olho passivo? Por que se contentar em apenas olhar? É que o Processo é invisível, fugidio: não se pode invocá-lo sem que ele fuja. É preciso realmente discrição e sobriedade para vê-lo. Vê-lo, entretanto, não significa desvendá-lo. Vê-lo significa simplesmente isto: dar-se conta de que há um Processo. Maria Augusta Ramos nos ajuda nessa constatação.

Pergunta e resposta da semana

A revista Carta Capital publica esta semana entrevista com a presidenta  legítima Dilma Rousseff. Para mim a pergunta que teve a melhor  resposta foi esta:

Pergunta: "Seus advogados fizeram um novo pedido de anulação do impeachment com base na delação do Funaro. O que a senhora espera sinceramente desse processo?"

Resposta: "Espero que anulem o meu impedimento (risos)..."

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Dilma está certa, os canalhas do STF não merecem mais que risos
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Aniversário de hum ano do golpe


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Um ano com Temer, um anos sem direitos, sem soberania 
Brasil 24/7 - "Apenas um ano após o afastamento definitivo da presidenta Dilma pelo Senado, o Brasil está num processo acelerado de destruição em todos os níveis. Nunca se destruiu tanto em tão pouco tempo. As primeiras vítimas foram a democracia e o sistema de representação", diz a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR); "Contudo, o golpe não destruiu, e nem destruirá, o maior ativo do Brasil: o povo e sua imensa capacidade lutar. Caso Lula não seja cassado pelos processos injustos e partidarizados a que é submetido, suscitando a condenação da Comissão de Direitos Humano da ONU, o povo brasileiro, em eleições livres, poderá começar a reconstruir o Brasil a partir do ponto em que golpe começou a destruí-lo: na restauração da soberania popular."

O presidente zumbi e a farsa do impeachment


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O governo Temer acabou. O que ainda se move e fala são zumbis. Os que há um ano deram vida a isso aí estão divididos.
Uns pretendem manter os zumbis; ainda querem a entrega do serviço contratado.
Outros, até pra escapar à contaminação, querem se livrar dos zumbis. Esse zumbinato nasceu de uma Farsa.
Presidente do Supremo quando das condenações no “Mensalão”, Joaquim Barbosa definiu essa Farsa como “Impeachment Tabajara”…
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Um conjunto de gambiarras para mascarar como “legal” a junção de interesses econômico-financeiros, e ressentimentos. Ressentimentos de classes e por sucessivas derrotas eleitorais.

Políticos também corruptos, obscuros e notórios “Movimentos” -que agora se escondem- instigaram e arrastaram multidões.
Sempre com fundamental apoio midiático nessa Cruzada, parcial, contra a “corrupção”.
Enfim exposta amplamente a corrupção, não apenas porções selecionadas, pergunte-se: onde estão aquelas multidões e helicópteros?
Onde editoriais pela queda imediata dos governantes corruptos? Temer ocupou redes de rádio e Tv: onde estavam as panelas?
Por cinco anos cansamos de repetir aqui: “a corrupção político-partidária-empresarial é ‘Sistêmica’, envolve todos os grandes”.
Agora, à revelia de Curitiba, Joesley&Friboi entregou: doou R$ 600 milhões para 1.829 candidatos de 28 partidos. Contaminados Ministério Público e Tribunais.
O DNA dessa corrupção estava nos dados das empreiteiras. Escolheu-se o que investigar e o que não enxergar.
Escolhas com profundas, graves consequências econômicas, sociais, político-eleitorais.
Ainda sem provas conhecidas, Joesley&Friboi entregou megaorganização criminosa. Joesley, segundo sua própria delação, portava-se como gangster.
E, segundo Temer, Joesley acrescentou mais um aos seus muitos bilhões; ao especular na Bolsa com os efeitos da sua explosiva delação.
Perdoado pela Justiça, Joesley mudou-se com empresas e bilhões para os EUA.
Com citações, loas ao onipresente “mercado”, seguem brados, basicamente, contra… “us puliticus”. Ainda não entenderam: “us puliticus” são os serviçais, os capatazes…
Vasta porção do topo do capitalismo brasileiro, o mesmo que ora patrocina, ora caça “corruptos”, é a cabeça deste “Sistema” podre.
Expostos intestinos, brandindo legalidade que estupraram, os cabeças buscam agora pilotar o futuro pós-Zumbis.
Comentário do jornalista Bob Fernandes na TV Gazeta*

Michel Temer à imagem e semelhança de Smeagol

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(...) O manto da mentira caiu. Não há mais como alguém negar. O golpe foi comprado e a negociação se deu ainda no primeiro mandato da presidenta Dilma Rousseff. O golpe foi planejado e executado por quem deveria porta-se com lealdade a companheira de chapa. O Judas revelado está: chama-se Michel Temer, escreve o procurador e ex-ministro da Justiçado governo Dilma, ao comentar as últimas denúncias de José Yunes sobre a compra de 140 parlamentares para eleger Eduardo Cunha (Pmdb-RJ) presidente da Câmara Federal. Para Aragão, "a essa altura dos acontecimentos, o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria Geral da Repúblicas só podem insistir na tese da regularidade formal do impedimento da Presidenta Dilma Rousseff com a descarada hipocrisia definida por Voltaire com cortesia dos covardes... Continue lendo>>>

Michê e a pouca vergonha dos nossos tempos, por Eugênio Aragão

As frações de informação tornadas públicas na entrevista do advogado José Yunes, insistentemente apresentado pelos esbulhadores do Palácio do Planalto como desconhecido de Michel Temer, embrulham o estômago, causam ânsia de vômito em qualquer pessoa normal, medianamente decente.
Conclui-se que Temer e sua cambada prepararam a traição à Presidenta Dilma Vana Rousseff bem antes das eleições de 2014. A aliança entre o hoje sedizente presidente e o correntista suíço Eduardo Cunha existia já em maio daquele ano, quando o primeiro recebeu no Palácio do Jaburu, na companhia cúmplice de Eliseu Padilha, o Sr. Marcelo Odebrecht, para solicitar-lhe a módica quantia de 10 milhões de reais. Não para financiar as eleições presidenciais, mas, ao menos em parte, para garantir o voto de 140 parlamentares, que dariam a Eduardo Cunha a presidência da Câmara dos Deputados, passo imprescindível na rota da conspiração para derrubar Dilma.
Temer armou cedo o golpe que lhe daria o que nunca obteria em uma disputa democrática: o mandato de Presidente da República. Definitivamente, esse sujeitinho não foi feito para a democracia. É um gnomo feio, incapaz de encantar multidões, sem ideias, sem concepções, sem voto, mas com elevada dose de inveja e vaidade. Para tomar a si o que não é seu, age à sorrelfa, à imagem e semelhança de Smeágol, o destroncado monstrengo do épico "O Senhor dos Anéis".
Muito ainda saberemos sobre o mais vergonhoso episódio da história republicana brasileira, protagonizado por jagunços da política, gente sem caráter e vergonha na cara, que só conseguiu seu intento porque a sociedade estava debilitada, polarizada no ódio plantado pela mídia comercial e reverberado com afinco nas redes sociais, com a inestimável mãozinha de carreiras da elite do serviço público.
O resultado está aí: o fim de um projeto nacional e soberano de desenvolvimento sustentável e inclusivo.

Nas Cruzadas do impeachment todos eram Santos, por Aldo Fornazieri

(...) eram Santos os coxinhas, paneleiros e midiotas que foram às ruas, os integrantes do ministério público e judiciário, os porta-vozes do pig, dos banqueiros e agiotas nacionais e internacionais, os mercenários bem pagos, os grupos que pregavam a volta dos militares etc. São Michel, com seu cortejo de anjos e arcanjos, haveria de purificar o Brasil com seu jeitinho manso, com sua habilidade de conversar, com sua capacidade de construir consensos. O Brasil, livre dos demônios vermelhos, seria unificado, num estalar de dedos a economia voltaria a crescer e o manto verde e amarelo da ordem e do progresso haveria de produzir paz, contentamento, empregos e opulência.
Esta grande mentira, que embebedou boa parte da sociedade, hoje não passa de um espelho estilhaçado em mil pedaços, todos eles refletindo a face da maior quadrilha de corruptos que se apossou do poder.Continue lendo>>>

As palavras que o Traíra teme

Golpe
Impeachment
Dilma Roussef


No discurso que fez na ONU, o usurpador Michel Temer não queria sequer tocar no assunto que o levou ao Palácio do Planalto, o golpe parlamentar travestido de impeachment. Mas, foi convencido que pegava muito mal não tocar na ferida podre que ele provocou na jovem democracia brasileira.

De presente Michê foi recebido com cartazes e gritos de Fora Temer e Volta Dilma, na chegada e despedida do encontro.

Quanto o papel dele na história brasileira?...

O rato desde já estará tanto na lixeira quanto na latrina, ele e seus cúmplices.




Epílogo sobre a cassação de Cunha

Cassar Eduardo Cunha depois do mal que ele fez a democracia brasileira é a mesma coisa que extirpar um tumor maligno (câncer) de um defunto.

by
@Ivan Ricardi

Economia e política


Economistas sérios, que entendem de política, se é que existem, deveriam fazer o cálculo do custo da aventura golpista que derrubou a presidente Dilma. Antes de tudo, é verdade que existia uma crise econômica em curso desde antes de 2015 e que, em boa dose, os erros do governo, somados a problemas estruturais do país, a agravaram. Mas é inegável que a crise política, estimulada artificialmente pelo inconformismo da derrota por parte do PSDB e do resto da oposição, que se aliaram ao chantagista Eduardo Cunha, potencializaram a crise ao extremo, criando uma situação de ingovernabilidade, de retração ainda maior da economia e de cisão política da sociedade.

Ao dar aval ao impeachment, ao questionar a vitória de Dilma e ao se aliar à irresponsabilidade golpista de Cunha, o PSDB foi o principal avalista do golpe. Com esse aval, abriram-se as portas para as traições de Temer, do PMDB e do condomínio de partidos mercenários que estavam no poder. O quadro de ingovernabilidade foi se deteriorando pelos sucessivos erros do governo e pela paralisia e desmoralização do PT.

Não tivesse o PSDB dado aval ao golpe, as duas crises gêmeas – política e econômica – não teriam se agravado. Com as próprias políticas de Joaquim Levy, a economia poderia estar dando sinais de recuperação no início de 2016 se não tivesse sido golpeada pelo processo de construção do golpe. Assim, a aventura golpista custou bilhões de reais à economia, bilhões ao orçamento público e milhões de empregos. As elites econômicas e a grande mídia, que nunca se importaram de forma sincera e programática com o destino desditoso dos brasileiros, aderiram a essa aventura que continua custando caro ao povo brasileiro.

O fracasso do golpe

Vitorioso no Congresso e no Judiciário, o golpe, paradoxalmente, fracassou moralmente e também na opinião pública. Fracassou moralmente porque ele foi produto de uma farsa comandada por políticos cínicos e corruptos. A farsa, convalidada pelo Judiciário e pelo Ministério Público, consistiu em inculpar exclusivamente o PT pela corrupção, na crença de que a opinião pública é manipulável até o fim. Os sintomas do fracasso dessa farsa já se evidenciavam nas grandes manifestações, que eram contra o governo Dilma sim, mas eram também contra a corrupção em geral, incluindo o PMDB e o PSDB. Não por acaso, manifestantes expulsaram Aécio Neves e outros oposicionistas da Avenida Paulista, dizendo que eles também eram corruptos. Nem os partidos de oposição, nem o PMDB foram capazes de convocar qualquer ato pelo impeachment. Esconderam-se, vergonhosamente, por detrás de movimentos que eram epifenômenos de uma indignação justificável e de uma manipulação grotesca. O resultado do golpe político-jurídico foi um governo sem legitimidade das ruas em nome das quais o comitê de corruptos, que comandou o processo de derrubada da presidente, se justificou em seus votos eivados de  traição e de engodo, proferidos na Câmara dos Deputados e no Senado.

Não há nenhuma dignidade na traição: ela é abjeta e uma atitude típica dos covardes. Traidores não podem ser reputados como salvadores da pátria, como heróis, ainda mais se sabendo que os que traíram o fizeram sem nenhuma nobreza de intenções, mas para tentar salvar o pescoço da guilhotina da Lava Jato ou para abocanhar nacos maiores de poder. Como diria o nosso mestre maior, a traição “pode levar a conquista do poder, mas não à glória”. Com a consumação do golpe, a própria fúria moralizante dos procuradores e do juiz Moro se afogou no lodo da indisfarçável indignação seletiva e unilateral e que, por isso mesmo, era uma fúria hipócrita e mal cheirosa.

Sem legitimidade, sem respaldo do povo, constituído por um grupo de corruptos, incapaz de sustentar o requisito da idoneidade e da moralidade, o governo Temer nasceu sitiado pela exigência da renúncia que cresce a cada dia que passa. Com o passar dos dias, a sua única saída é produzir a truculência da repressão, comandada pelo Ministério da Justiça. Mas até aqui já encontra resistência: em primeiro lugar, da sociedade democrática que não aceita a volta da violência política. Em segundo lugar, os governos estaduais e as polícias não estão dispostas a pagar o preço da ilegitimidade do governo Temer.

Esse governo nasceu incapaz realizar a missão que se atribuiu e que lhe foi atribuída pela elite liderada pela Fiesp: promover reformas antipopulares. Nesse sentido, o governo já acabou. É um governo que nasceu no ocaso. Temer é um personagem das sombras e não será capaz de reorientar o governo. Carece dos atributos principais da boa liderança política. Despossuído da “precisão do golpe de vista e da vivacidade do espírito” dos líderes ousados e intuitivos, cultiva a conversa de pé de ouvido, típica dos conspiradores. Sem a virtude moral da prudência, esmera-se em exibir sua esposa, Marcela, como um troféu dos incapazes.

Temer será lenta e paulatinamente abandonado pelos que o secundaram na traição e no golpe. Se sobreviver, restar-lhe-á a solidão dos palácios, rodeado de servidores para satisfazer as benesses e os privilégios do comadrio que se refestela com o dinheiro do povo e sente prazer na frivolidade. A conta é simples: Temer não carrega perspectiva de poder futuro e, em sendo o conglomerado que o rodeia movido a interesses eleitorais e verbas públicas, destituído de qualquer moral de fidelidade, no início de 2017 ver-se-á um rearranjo das forças políticas que começarão a gravitar em torno das alternativas viáveis orientadas para 2018.

Por que “Diretas Já”

Diretas Já, em primeiro lugar, porque o que foi tirado do povo – a soberania – precisa ser restituído ao povo. Esse governo é inaceitável porque não é legítimo. Uma crise dessas não terá solução sem um governo legítimo e forte e sem um Congresso movido pela honestidade de propósitos. Quanto mais a crise se prolongar, mais o povo, os trabalhadores e os mais pobres sofrerão as agruras do desemprego e da falta de perspectivas. Desta forma, é um ditame da ética da responsabilidade pugnar pela única saída aceitável, justa e razoável para a presente situação: Diretas Já, com a antecipação das eleições gerais.

Alguns setores de esquerda resistem a esta palavra de ordem, propondo a luta pela recondução de Dilma à presidência. Nem do ponto de vista do Congresso, nem do ponto de vista do Judiciário e nem do ponto de vista da maioria da opinião pública essa é uma saída viável. Nem mesmo a maior parte das forças democráticas e progressistas entende que esse seja o caminho. Propor a volta de Dilma, independentemente das intenções, significa jogar água no moinho do governo ilegítimo de Temer. Ademais, propor a volta de Dilma ou significa acreditar que esse Congresso que a traiu agora lhe garantirá a governabilidade ou significa não se importar com a crise, com a falta de perspectivas e com o sofrimento do povo.

O fato é que o golpe provocou uma divisão insanável e irreconciliável da sociedade nos termos do resultado de um governo ilegítimo. Não será um sistema político decrépito quem promoverá a recondução do convívio democrático e a aceitação do dissenso regulado como a prática capaz de produzir decisões e soluções aceitáveis para todos. Esse governo que está aí não tem condições morais de exigir sacrifícios de ninguém. Qualquer sacrifício imposto aos trabalhadores e aos mais pobres terá que ser repudiado pelas mobilizações nas ruas.

Aldo Fornazieri – Professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

O tempo para Michê tá fechado

Se alguém tinha dúvidas, ela se dissipou: O “Fora Temer” ganhou as ruas e a conjuntura indica que não será coisa passageira, reação momentânea à deposição final de Dilma Rousseff. Houve protestos em 26 unidades da federação ao longo do dia e Temer ouviu uma vaia monumental na abertura das Paralimpíadas.  Mas há outros elementos desestabilizadores no horizonte de seu governo: a Lava Jato foi prorrogada até setembro do ano que vem, os índices de aprovação são baixíssimos e a economia segue afundando, apesar dos votos de confiança do mercado. E mesmo o que foi apontado como grande capital político de Temer, a base parlamentar ampla e coesa, faz água pelas laterais. Vide os constantes arrufos do PSDB ameaçando negar apoio ao governo se ele não fizer isso ou aquilo. No plano internacional, o governo é visto com desconfiança ou desdém, sem falar na crise diplomática com países da América Latina.

Neste cenário, a tendência inexorável do governo é o derretimento político, a não ser que parta para a  implantação definitiva de um Estado policial ditatorial.  Falta pouco. Depois da repressão truculenta em São Paulo, a polícia voltou a intimidar manifestantes ontem em Brasília e em outros Estados. Tão ostensivo aparato de segurança na capital federal, num 7 de Setembro, não era visto desde o regime militar. À noite, na abertura da Paralimpíada, Temer não foi mostrado no telão mas mesmo assim houve um colossal “Fora Temer”.  

A prorrogação da Lava Jato por mais um ano é um péssimo augúrio para o governo fruto do golpe. Como o PT já foi o alvo central da Operação nesta primeira e longa fase, nos próximos doze meses ela caminhará fatalmente para investigações que devem envolver o PMDB. “Ainda temos centenas de fatos e documentos para analisar”, disse o procurador Carlos Fernando. A prorrogação fortalece uma das faces do Estado policial: as práticas arbitrárias que caracterizam a Lava Jato, as prisões preventivas para obter delação e tudo o que já foi visto até aqui. A outra é a da repressão, que também deve se intensificar, na medida em que começarem a avançar, no Congresso, as reformas previdenciária e trabalhista, além da emenda que limita o teto do gasto,  medida que comprometerá brutalmente a qualidade e a extensão da oferta de serviços públicos como saúde e educação. As ruas vão continuar cheias e a resposta previsível é o aumento da repressão.

Em setembro do ano passado, quando a popularidade de Dilma caiu a menos de 10%, seu então vice presidente, num dos primeiros ensaios da traição, afirmou: “Hoje, realmente o índice é muito baixo. Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice tão baixo”. Os dele, hoje, são pouco melhores. Desde que se tornou efetivo, saiu apenas uma pesquisa, do IBOPE, tabulada de modo estranho, em que os índices de aprovação foram apresentados por estado,  gerando notícias mitigadas sobre a rejeição. “Aprovação ao governo Temer varia de 8% a 19% nas capitais, aponta Ibope”, informou o portal G1, das Organizações Globo. Mas sua média de aprovação, segundo a maioria das pesquisas feitas durante a interinidade, eram de 11%. Logo, o diagnóstico de Temer, feito no ano passado, continua valendo para ele mesmo: “Ninguém vai resistir dois anos e meio com esse índice tão baixo”.

Em resumo: a crise continua, o povo estará na rua e a polícia também. Uma tal situação, no atual estágio da democracia brasileira, bastante superior aos dos anos da ditadura militar, pode durar no curto prazo mas não dois anos e meioÉ preciso ser muito otimista, se não autista, para não concluir que o tempo está fechado para o atual governo, Luz no fim do túnel, para o Brasil, só mesmo com a eleição de um governo legítimo, seja qual for sua orientação ideológica.

Jeferson Miola - Os golpistas venceram a batalha do impeachment  fraudulento no Senado, mas perderam a guerra da narrativa do golpe

A condenação ao golpe é mundial. No mundo inteiro o golpe é denunciado como sendo, no mínimo, uma tremenda farsa, um crime; uma trama conspirativa arquitetada para derrubar uma Presidente inocente, sem amparo na Constituição do país.

O mundo civilizado se horroriza com a fotografia da matilha misógina, corrupta, homofóbica, racista e anti-popular que tomou de assalto o poder para fazer o Brasil regredir séculos, se distanciar das grandes conquistas democráticas e civilizatórias da humanidade.

Dilma foi cassada, seu mandato legítimo foi roubado. Mas ela não foi condenada, não perdeu os direitos políticos que perderia, se tivesse cometido crime de responsabilidade. Essa é a prova monumental de que houve golpe.

Este impeachment fraudulento, de tão burlesco, pode ser comparado a um conto. É como se um guarda de trânsito ardiloso inventasse graves infrações de trânsito e atribuísse elas injustamente a determinado motorista que tem o carro que ele não conseguiria adquirir honestamente e então, ao invés de multar ou cassar a habilitação do motorista infrator, toma-lhe o carro.

Essa é a farsa do impeachment: um golpe de canalhas e vigaristas que criaram acusações falsas para roubar o mandato sagrado que Dilma recebeu de 54.501.118 brasileiros e brasileiras.

Os ratos golpistas entraram no Palácio do Planalto pela garagem. E, ao mesmo tempo, abriram as portas do inferno que passarão a viver.

A tirania tem seus disfarces, e o mais insidioso deles é o disfarce de maioria parlamentar que violenta a Lei e as regras da democracia segundo conveniências de ocasião.

O povo está nas ruas, a resistência democrática arma suas barricadas. O povo tem o direito inalienável de se insurgir contra esta tirania que é acobertada pelo judiciário e pela mídia.

O povo violentado pelo golpe e castrado no desejo de viver com dignidade, alegria e democracia, tem o direito à desobediência civil.

Esta conquista civilizatória da humanidade os golpistas fascistas não conseguirão roubar: nenhuma obediência ao governo usurpador que quer promover a restauração neoliberal ultraconservadora e reacionária.

O governo usurpador não terá um dia de trégua. Todo o dia é dia de protesto, de denúncia, de luta. A cada dia é maior a resistência.

Aas multidões radicalizadas que ocupam as ruas não se intimidam com a repressão fascista que o governo usurpador promove com suas polícias. As palavras de ordem anunciam o futuro: amanhã vai ser maior!

Brasil , um país dominado por bandidos?

O presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (Dem-RJ) diz que não tem votos para cassar o gângster Eduardo Cunha (Pmdb-RJ).

O Traíra e Golpista Michel Temer (Pmdb-RJ) diz ter os votos de 54 Senadores para cassar o mandato da Presidenta Dilma Rousseff (PT-RS), mandato este conquistado democraticamente nas urnas pela vontade soberana de 54.501.118 eleitores e eleitores.

Um bandido protegido por seus pares.

Uma mulher Honesta atacada e cassada por bandidos, será mesmo que alguém acredita que este é o destino do Brasil?

Eu não acredito nesse vergonhoso final.

”Somos todos Lula. Podem prender o Lula que agora todo mundo é Lula!”.


Na gloriosa greve dos metalúrgicos do ABCD em 1979, após a intervenção nos sindicatos Lula estava pronto a retornar ao seu emprego na Villares. mas a greve prosseguiu. depois de dois dias sumido, Lula reapareceu num estádio lotado. foram os peões do chão de fábrica que seguraram a greve. sempre foram eles, os peões do chão de fábrica!
Naqueles dois dias os metalúrgicos repetiam com orgulho: ”Somos todos Lula. Podem prender o Lula que agora todo mundo é Lula!”.
Foi assim que a multidão de anônimos metalúrgicos transformou um obscuro dirigente da burocracia sindical na maior liderança dos trabalhadores brasileiros. foi assim que começou a gestação do único partido no Brasil nascido dos movimentos sociais. foi assim também que a Ditadura começou a ruir.
Sempre foram as bases que fizeram a História se mover! por que agora seria diferente?
Com o golpeachment prestes a se concretizar, cegos confabulam sobre onde foi que o Brasil se perdeu. mas após todos os erros terem sido usados como última companhia, à frente do lulismo senta-se o Nada.
O lulismo está mudo e inerte. já não tem o que dizer, já não sabe o que fazer. sua promíscua política de conciliação de classes expirou a validade, mas ainda assim o lulismo tenta ressuscitá-la. já não há mais o que conciliar. cederam-se anéis, dedos, mãos, braços e todo o corpo. como ainda não suficiente, entregou-se a alma.
Resta ao lulismo um inócuo e desesperado recurso ao Comitê de Direitos Humanos da ONU. por 13 anos Lula acreditou piamente que era “o cara”, agora sente em sua própria pele aquilo que os pobres, favelados, negros, mulheres, homossexuais, travestis, índios, nordestinos sempre souberam em sua carne: as arbitrariedades de um Judiciário venal, seletivo, corporativo e classista.
Um Judiciário que o lulismo sequer cogitou em reformar. um STF no qual 8 dos 11 membros foram indicados pelo lulismo.
Ainda assim, cegos sendo guiados por cegos, tomados pela depressão e a impotência, incapazes de admitir que não há mais saídas e sim apenas portais de entrada, continuam se negando a enxergar o que sempre esteve à frente de seus olhos.
Onde foi que o Brasil se perdeu?
O Brasil se perdeu quando se auto-iludiu com a viabilidade de um pacto com uma plutocracia colonial e escravagista;
O Brasil se perdeu quando se auto-iludiu que a bolha das commodities seria perene e que é possível fazer inclusão social pelo consumo;
O Brasil se perdeu quando os movimentos sociais se afastaram das ruas, suas lideranças se deixaram cooptar para integrar a máquina governamental, como se apenas pela via parlamentar e pela ocupação do aparelho de Estado fosse possível ampliar a Democracia, quando nem mesmo é capaz de garantir a sobrevivência de uma democracia mitigada.
O lulismo está morto e não deixou nenhum testamento. e a plutocracia brasileira declarou guerra ao Povo e a Nação.
Hoje, 31/07/2016, o Povo sem Medo voltará a ocupar as ruas em várias cidades do Brasil. mas não estarão presentes nem o lulismo, nem o PT, nem a CUT, nem o MST, nem a Frente Brasil Popular. estes ainda insistem no rumo através do qual o Brasil se perdeu...
Também a Direita não estará presente. muito embora tivesse ato marcado para o mesmo dia, foi obrigada a recuar,  numa prova que a Esquerda só perde a hegemonia das ruas quando se auto-ilude de não mais precisar caminhar sobre elas.
Sempre foram as massas que fizeram a História se mover! por que agora seria diferente?
Hoje “o povo” estará novamente nas ruas, mas não se trata de um povo que existisse previamente, pelo contrário, trata-se do povo que previamente faltava. não é “o povo” que produz a luta e a resistência, é a luta e a resistência que geram o seu povo.
Ir ao combate sem temer! ousar lutar! ousar vencer! 

Golpe saia deste país, pois ele não lhe pertence. nossa nação pede passagem. é nós por nós. 
Que a luz da estrela da revolta nos ilumine a todos. salve os Encantados. Salve o Divino Espírito Santo. Saravá. Assim seja.
por Arkx

Xadrez do pós-impeachment e da morte do velho

Começa a clarear os movimentos em torno do impeachment.

Peça 1 – a concretização do golpe

Afim de que não sejam alimentadas esperanças vãs, há quase consenso de que o golpe se tornou irreversível. O desafio consiste em reverter os votos de seis senadores. Para tanto, Dilma Rousseff teria que se empenhar pessoalmente em algo que abomina: a negociação de favores. E ela não parece disposta a tal.
Os sinais de desistência são nítidos:
1.     A cada dia que passa mais claro fica que a grande meta de Dilma é salvar sua biografia. Fora do poder, as possibilidades são melhores.
2.     Seus assessores principais evitam provocar o STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o golpe. A proposta da volta de Dilma com plebiscito para antecipação de eleições visa apenas manter alguma tocha acesa junto à militância.
3.     No Supremo, prevalece a tendência de lavar as mãos. As acrobacias retóricas do Ministro Luís Roberto Barroso se tornaram um clássico do modelo Poncio Pilatos, acatado por toda a corte.
4.     O próprio Lula já jogou a toalha. Mantém a resistência apenas para consumo externo.

Peça 2 – os protagonistas do pós golpe

Está-se obviamente em um período de transição entre a era democrática pós-Constituinte e os novos tempos, que ainda não se sabe como serão. O golpe machuca fundo, é uma mancha na jovem democracia brasileira. E a maior comprovação da ausência de grandes nomes no Congresso, no Judiciário, nos partidos políticos e na mídia.
Está-se em um processo intenso de recomposição política, com o aparecimento de novos personagens, uma juventude politizada, uma classe média que saiu do armário, todos se alinhando – ainda de forma um tanto caótica – com vistas aos próximos capítulos políticos, as eleições municipais de 2016 mas, principalmente, o pós-eleição..
Nessa transição, entrarão em cena os seguintes personagens políticos.
Grupo Temer
Com o fim de Eduardo Cunha, cria-se um vácuo político que dificilmente será preenchido pelos sobreviventes, Eliseu Padilha, Romero Jucá, Geddel Vieira de Lima, Henrique Alves e Moreira Franco. Cercados pela Lava Jato, sem a simpatia da mídia, a tendência será serem jogados ao mar, um a um. Por absoluta falta de alternativas do sistema de poder, ficará Temer devidamente enquadrado no script imposto pelo mercado.
Grupo Lula.
Lula tenta se colocar como protagonista, investindo sobre deputados descontentes com Temer, como Rodrigo Maia. Baixada a temperatura, tentará se colocar como porta-voz de um grupo eclético, que inclui os partidos da esquerda, os descontentes com Temer e os movimentos sociais. Será peça chave para Temer aspirar a um mínimo de interlocução com a oposição que lhe garanta a governabilidade pelos próximos dois anos. O grande desafio de Lula será garantir as eleições de 2018. Continuará sendo o grande líder popular, mas com atuação restrita no Congresso.
PSDB
Conforme previsto aqui no GGN, ao resumir todo o programa do partido a um antipetismo tosco, FHC e Serra quebraram sua espinha dorsal. Com o PT fora do poder, o PSDB perdeu sua única bandeira unificadora.
Desde 2002, lançou três candidatos à presidência da República: José Serra, Geraldo Alckmin e Aécio Neves.
Aécio está politicamente condenado pelas delações da Lava Jato. Rompida a blindagem inicial, seu destino ficou indelevelmente amarrado ao de Lula. Tornou-se bola da vez. O que quiserem aprontar com Lula terão que aprontar com Aécio, como prova mínima de isenção.
Alckmin está a caminho do PSB (Partido Socialista Brasileiro). Politicamente, o Brasil é um país tão maluco que o PSB pretende, com Alckmin – provavelmente o mais conservador político da atualidade – conquistar a hegemonia das esquerdas. Há que se indagar aos amigos de Eduardo Campos que tipo de cigarro andam fumando.
Finalmente, na luz, o terceiro presidenciável, José Serra, desmancha-se no ar. Foi assim no governo de São Paulo e está sendo no Ministério das Relações Exteriores. Sem conhecimento da matéria – e, parece, de qualquer tema contemporâneo um pouco mais complexo -, entrou no MRE pretendendo “causar”, com slogans tirados diretamente dos sites da ultradireita, sem a menor noção das sutilezas e sofisticações do jogo diplomático. Desmoralizou-se nas primeiras declarações e, sob pressão, desaparece, preso a uma proverbial insegurança, tão grande que precisou levar FHC a tiracolo na última assembleia do Mercosul por se sentir impotente para defender suas teses de confronto. Sem espaço no PSDB sonha ainda em ser candidato do PMDB. Mas sua única base de apoio é Michel Temer. As delações da OAS e Odebrecht devem liquidar definitivamente com suas pretensões.
A Lava Jato e a PGR
A esta altura do campeonato, há que se separar as intenções da Lava Jato e da Procuradoria Geral da República.
A Lava Jato pretende-se um poder autônomo. Sob a liderança do procurador Carlos Fernando dos Santos tem afrontado o STF (Supremo Tribunal Federal) no episódio de participação nos resultados da operação, vetado pelo Ministro Teori Zavascki.
Santos tem reiterado essa posição em todo acordo de delação firmado. Assumiu praticamente a liderança de uma rebelião de procuradores, investindo contra tribunais superiores que ousam colocar freios à sua atuação; criticando decisões do Supremo. Não apenas afrontou a decisão de Teori como investiu pela mídia contra votos de Dias Toffoli.
No Rio de Janeiro, procuradores conseguiram atropelar uma decisão do desembargador federal Antônio Ivan Athié, mandando libertar o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o dono da Delta, Fernando Cavendish.  A alegação foi de que Athié e Cavendish tinham sido defendidos – em processos distintos – pelo mesmo advogado, o reputado Técio Lins e Silva. É possível que houvesse desconfianças maiores em relação ao desembargador. O argumento inovcado foi ridículo, mas bastou.
Enfim, são agentes públicos, dotados de poder de Estado e armados de mídia, entrando sem nenhum pudor no jogo político e jurídico.
Responsável por esse estado de coisas, o PGR Rodrigo Janot deixou-se conduzir por esse clima feérico no pedido de prisão dos três senadores, negado por Teori. Antes disso, por uma perseguição implacável a Dilma Rousseff e a Lula e uma blindagem a Aécio Neves.
Nos últimos tempos abdicou dessas manifestações midiáticas. Ao contrário da república de Curitiba, é mais suscetível às manifestações de bom senso do STF e dos próprios colegas de Brasília. E colecionará uma bela vitória no dia em que Eduardo Cunha for cassado e preso.
De qualquer modo, ambos – a Lava Jato e a PGR - são agentes de ações que trazem total imprevisibilidade ao jogo político. Mesmo o profundo alinhamento da Lava Jato com o PSDB parece em xeque.
Mídia e mercado
Gradativamente, mídia e mercado vão deserdando o PSDB. O medo da volta da instabilidade política reforçará Michel Temer, enquanto mantiver a hegemonia do mercado na política econômica. O fator Henrique Meirelles será cada vez mais a sua âncora, na medida em que as futuras delações da Lava Jato comprometerem irreversivelmente Serra e Aécio.
E a Lava Jato continuará sendo o grande aríete contra qualquer forma de definição de política desenvolvimentista.

3. As novas movimentações

O novo tempo político consagrou um conjunto de novos campeões nacionais ao abrigo do voto popular. Sua força determina os movimentos erráticos do governo Temer, com concessões de toda espécie. São eles:
·      As corporações públicas, do Judiciário ao Ministério Público, Tribunal de Contas da União.
·      Os parlamentares contemplados com recurso farto para suas emendas individuais.
·      O mercado, com a manutenção da Selic em níveis elevados e a apreciação cambial.
Está-se ainda no momento zero do novo jogo político, que deverá ser dominado pelas seguintes tendências:
Internacionalização e a era dos yuppies
Menciona-se muito o fenômeno da ascensão das novas classes C. O fenômeno determinante da crise atual é outro: é o da internacionalização das classes A e B, com seus mestrados e doutorados em outros países.
O jovem procurador arrotando seu mestrado nos Estados Unidos ou Portugal é da mesma extração ideológica do jovem publicitário, jornalista de grandes veículos ou operador do mercado financeiro, do jovem técnico do Banco Central, do Tribunal de Contas ou da Advocacia Geral da União. É uma mudança geracional que está mudando a cara dos principais setores expostos a essa internacionalização.
Seus valores são a meritocracia, as virtudes individuais, o estado mínimo e a internacionalização. Prezam o sucesso pessoal, a casa com piscina, os vinhos finos. EM muitas casas, o idioma corrente passou a ser o inglês.E seu sonho de consumo é o imóvel em Miami.
Não se trata de uma caricatura, mas de valores consolidados, muito mais enraizados que a intolerância tosca de alguns brucutus da classe média que enveredam pelos temas morais.
Como são contra a política, tornam-se massa de manobra fácil para discursos simplistas da mídia ou de políticos.
A nova esquerda
Falta à esquerda consenso mínimo sobre temas econômicos.  O desenvolvimentismo, que deveria ser a bandeira das esquerdas, esgarçou-se sob o peso da globalização e de quase três décadas de financeirização da economia brasileira.
Na indústria, escasseiam novas lideranças. As últimas grandes lideranças estão desaparecendo sem deixar sucessores. Instituições como o IEDI (Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industrial) perderam dimensão.
Por outro lado, há um Brasil submerso explodindo em energia. A renovação das universidades tem promovido um arejamento de ideias, há uma sede nacional de diagnósticos sobre o novo país. E uma nova geração jovem entrando de cabeça na política em torno de valores e sem obedecer à hierarquia dos velhos partidos.
Os temas morais – da tolerância, contra o preconceito, a favor da solidariedade, da democracia – são preponderantes neste momento. E a campanha contra o golpe certamente marcará as próximas gerações. Com o tempo, ganharão musculatura até desaguarem em novos partidos.
Por enquanto vive-se esse terremoto, no qual o velho morreu e o novo ainda não se fez.