No banheiro da casa, um cachorro falante sai do chuveiro e um bebê com um ar malandro entra no cômodo segurando um copo de suco. Ele cobra um empréstimo que o animal diz não ter como pagar. É a deixa para o bebê espancar o bichano com o copo e depois com uma barra de ferro, antes de jogá-lo escada a baixo e colocá-lo em chamas. Tudo sem perder o ar de inocência.
A cena acima é uma das mais famosas do desenho Uma Família da Pesada. Os personagens são o emblemático Stewie, um bebê americano com sotaque britânico e personalidade sociopata. O cachorro é Brian, um humanoide escritor. Há 11 temporadas no ar nos Estados Unidos, o desenho não tem a mesma audiência de anos anteriores, mas é um sucesso da Fox.
As cenas de Stewie roubando carros, espancando crianças e atirando em sua mãe são virais na internet. E atraem há anos acusações de racismo, sexismo e intolerância, entre outras, de inúmeras entidades norte-americanas. Ainda assim, o programa de Seth MacFarlane, criador de American Dad e diretor do filme Ted, garantiu mais uma temporada. Há alguns anos, o comediante também conseguiu um contrato de 100 milhões de dólares com a Fox.
A fórmula provocativa, e para muitos ofensiva, de Uma Família da Pesada ainda parece funcionar. Assim como o formato precursor de Matt Groening com Os Simpsons, no ar desde 1989. Com piadas mais suaves e politizadas, embora não menos polêmicas, a paródia da família disfuncional norte-americana segue na grade da Fox há 24 anos.
Mas como estes programas resistem tanto tempo lidando de forma irônica com assuntos como o holocausto e religião?