É inacreditável que a ex-presidente Dilma Rousseff tenha de publicar uma nota,
em seu site, esclarecendo a morte de seu animal de estimação, um cachorro labrador de 12 anos de idade.
Mais inacreditável que um deputado “impixista” tenha feito contra ela uma denúncia por crueldade com os animais pelo fato de que o animal tenha sido sacrificado (como milhares de outros são) por orientação de um veterinário, em estado avançado de duas doenças comuns entre cães (displasia coxo-femural, que impede, progressivamente, o animal de andar e até de se levantar, e mielopatia degenerativa, ambas incuráveis e que, em fase final provocam dores intensíssimas).
Ainda mais inacreditável que o senhor Rodrigo Janot tenha aceito a denúncia enviado o caso para a Justiça Federal do Distrito Federal que, por sua vez, mandou-o às autoridades policiais do Distrito Federal.
Continue a série do “acredite se quiser” – porque nem o tal deputado Ricardo Izar acreditou – e fique sabendo que ele foi chamado a depor e confirmar a acusação. “Não acreditava nunca que iria para a frente. Essas denúncias de maus-tratos de animais que faço nunca continuam. Talvez por ser a Dilma, essa foi”, disse à
Gazeta do Povo.
É a este ponto que chegou o Estado Policial no Brasil. Criminalizar, por conveniência política, um gesto doloroso que dezenas de milhares de pessoas já tiveram de autorizar para seu animal de estimação.
Quem sabe também não mandam para o Dr. Moro e os “convictos” da Força Tarefa.
Aqui, a Justiça não se entregou ao autoritarismo. Entregou-se também ao ridículo.
por Fernando Brito - Tijolaço