O silêncio dos inocentes

O silêncio mais constrangedor neste momento é o da chamada oposição.

As partes conhecidas do relatório do delegado Protógenes Queiroz indicam ação intensa do que chama repetidas vezes de "organização criminosa" liberada por DVD (Daniel Valente Dantas) sobre figuras centrais do lulo-petismo, de José Dirceu a Gilberto Carvalho ao filho de Lula ao compadre de Lula ao antigo advogado de Lula... Ninguém sabe onde esse fio acaba. Os boatos são intensos, frenéticos.

Mas a pequena grande oposição cala-se. Pois foram primeiro pefelistas (notadamente o carlismo) e depois tucanos que inventaram Daniel Dantas. É esse o jogo político brasileiro. O jogo do silêncio e da cumplicidade. O caixa-dois disseminado e assumidíssimo das campanhas eleitorais e o fisiologismo travestido de governabilidade igualam partidos e governos.

O que o governador mineiro, Aécio Neves, tem a dizer sobre o caso DVD? E o governador paulista, José Serra? Fatos tão momentosos não merecem posicionamento público dos dois principais candidatos do PSDB à sucessão de Lula?

O escândalo DVD é constrangedor porque, desde sua proeminência nas privatizações tucanas, o banqueiro passou por PFL (DEM), PSDB e PT com a mesma desenvoltura. Contratou banqueiros tanto do BNDES tucano quanto do Banco Central petista.

Se Dantas falasse... Mas não vai falar. Assim como Delúbio Soares e Marcos Valério não falaram. Deve estar no rígido código de ética dessa turma. Delúbio e Valério são muito admirados em pequenos círculos pela boca fechada.

Dantas parece menos propenso ainda a falar, o silêncio hoje é um de seus maiores ativos.
Como protagonista das privatizações tucanas e depois no comando da Brasil Telecom, DVD conduziu negociações complexas entre empresários italianos, fundos de pensão de estatais, banqueiros, políticos, doleiros, governantes... Ninguém sabe onde esse fio acaba.

A longa disputa societária na BrT foi feia, suja e malvada. E teve final apoteótico: um acordo bilionário entre as partes precedido de forte articulação do governo para a criação de uma empresa embora a operação fosse contra a lei vigente. E dois empresários próximos do lulo-petismo ficam com o que gostam de chamar de "supertele" sem gastar quase nada no negócio.

Um caso exemplar, sem dúvida.

Seria muito bom para o país se Dantas falasse. Mas não vai falar.

Sérgio Malbergier é editor do caderno Dinheiro da Folha de S. Paulo. Foi editor do caderno Mundo (2000-2004), correspondente em Londres (1994) e enviado especial a países como Iraque, Israel e Venezuela, entre outros. Dirigiu dois curta-metragens, "A Árvore" (1986) e "Carô no Inferno" (1987). Escreve para a Folha Online às quintas.E-mail: smalberg@uol.com.br

Pergunta que não quer calar


Por que a Policia Federal afastou os três delegados encarregados do caso Daniel Dantas?

20 questões que Daniel Dantas ainda pode esclarecer

Estou cançado de ouvir os lulopetista dizerem que a imprensa não tem noticiado que o Caso Daniel Dantas teve início no governo FHC. Transcrevo abaixo parte da matéria de Veja desta semana que desmente a afirmação lulopetista.

Ano 1997Governo FHC1. Privatizações
Otavio Magalhães/AE
Privatizações: o governo entrou com o dinheiro, e Dantas ficou com o controle
O que ocorreu: Daniel Dantas foi incluído pelo governo no consórcio formado pelos fundos de pensão e pela CSN que saiu vitorioso do leilão da Vale do Rio Doce.
O que Dantas pode esclarecer: que argumentos convenceram Ricardo Sérgio, o então influente diretor do Banco do Brasil, a incluí-lo no consórcio. (Não podemos nos esquecer que a Vale do Rio Doce foi comprada pela PREVI do Banco do Brasil como majoritária).

Ano 1998Governo FHC2. Privatizações
O que ocorreu: grampos revelados por VEJA mostraram que o BNDES operou para favorecer o grupo Opportunity no leilão de privatização das teles.
O que Dantas pode esclarecer: por que a diretoria do BNDES decidiu favorecê-lo.

Ano 1998Governo FHC 3. Fundos de pensão de estatais
O que ocorreu: Dantas conseguiu que a Previ e outros fundos de pensão lhe entregassem o controle acionário da Brasil Telecom quando ele havia investido apenas 1% do capital usado na criação da empresa.
O que Dantas pode esclarecer: o que convenceu os diretores dos fundos de pensão a fechar esse acordo.

Ano 2002Governo FHC4. Fundos de pensão de estatais
O que ocorreu: alguns dias antes da intervenção do governo federal no comando da Previ, que destituiu diretores do fundo que se opunham a Dantas, o banqueiro teve um jantar reservado com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
O que Dantas pode esclarecer: sobre o que os dois conversaram.

Ano 2002Governo FHC5. Transição para o governo do PT
O que ocorreu: na edição de 22 de outubro do jornal O Estado de Minas, Dantas publicou um texto quase em código revelando supostas ameaças e achaques praticados por integrantes do governo petista que assumiria.
O que Dantas pode esclarecer: qual a chave para entender o documento.

Ano 2002Governo FHC6. Transição para o governo do PT
Celso Junior/AE
Delúbio: ele procurou o banqueiro antes mesmo de Lula chegar ao Planalto
O que ocorreu: Dantas conversou longamente com o então coordenador da campanha presidencial de Lula, Antonio Palocci, e com o tesoureiro Delúbio Soares.
O que Dantas pode esclarecer: o que acertaram?

Ano 2003Governo Lula7. Telefonia
Celso Junior/AE
Roberto Teixeira: 1 milhão de reais para o compadre
O que ocorreu: por ordem de Dantas, a Brasil Telecom contratou o advogado Roberto Teixeira para prestar-lhe consultoria. Teixeira ganhou 1 milhão de reais no período.
O que Dantas pode esclarecer: que serviço o compadre de Lula prestou ao banqueiro.

Ano 2004Governo Lula8. Gamecorp
O que ocorreu: por meio da Brasil Telecom, Dantas pagou à Gamecorp, empresa de games do filho do presidente Lula, 100 000 reais mensais pelo fornecimento de conteúdo para o portal de internet da Brasil Telecom. A informação foi publicada por VEJA.
O que Dantas pode esclarecer: que outros pagamentos foram feitos ao filho do presidente.

Ano 2004Governo Lula9. Kroll
Lula Marques/Folha Imagem Kakay: advogado de 8 milhões de reais
O que ocorreu: o jornal Folha de S.Paulo revelou um esquema de Dantas e da empresa de arapongagem Kroll para espionar o governo, jornalistas e empresários. A PF pôs-se atrás do banqueiro, que contratou o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, procurador informal do ex-ministro José Dirceu. Kakay levou 8,5 milhões de reais.
O que Dantas pode esclarecer: que serviços Kakay efetivamente prestou.

Ano 2004Governo Lula10. Telefonia
O que ocorreu: José Dirceu, então ministro-chefe da Casa Civil, subitamente passou a defender os interesses de Dantas junto ao governo.
O que Dantas pode esclarecer: a que se deveu a súbita simpatia de Dirceu por Dantas.

Ano 2004Governo Lula11. CVM
O que ocorreu: a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aplicou a Dantas uma multa extremamente branda por manter aplicações de investidores residentes no Brasil no Opportunity Fund, fundo sediado nas Ilhas Cayman. O procedimento feria a regulamentação do Banco Central. Hoje, essa acusação é justamente o pilar da investigação que levou o banqueiro à prisão.
O que Dantas pode esclarecer: como ele convenceu a CVM a manter sua licença para operar no sistema financeiro.

Ano 2004Governo Lula12.
CVM O que ocorreu: enquanto o caso se arrastava na CVM, Dantas se reunia seguidamente para tratar do assunto com o petista Ivan Guimarães, ex-auxiliar de Delúbio Soares e ex-presidente do Banco Popular.
O que Dantas pode esclarecer: sobre o que Dantas e Guimarães conversaram.

Ano 2004Governo Lula13. Matisse
Leopoldo Silva/Folha Imagem
O publicitário petista Paulo de Tarso: contratado para "reposicionar" Dantas
O que ocorreu: Dantas contratou a agência Matisse, de propriedade de Paulo de Tarso Santos, publicitário das campanhas de Lula em 1989 e 1994, para "reposicionar" a marca Brasil Telecom no mercado de telefonia. A informação foi revelada por VEJA.
O que Dantas pode esclarecer: por que justamente Paulo de Tarso foi escolhido e quanto foi pago a ele.

Ano 2003/2005 Governo Lula14. Mensalão
Joedson Alves/AE
Valério: o dinheiro do mensalão também veio do banqueiro
O que ocorreu: Dantas pagou ao publicitário Marcos Valério ao menos 152,4 milhões de reais por meio das concessionárias de telefonia Brasil Telecom, Telemig e Amazônia Celular.
O que Dantas pode esclarecer: o que ele ganhou do governo por abastecer o propinoduto do mensalão.

Ano 2003/2005 Governo Lula15. Mensalão
O que ocorreu: anotações na agenda de Fernanda Karina Somaggio, ex-secretária de Marcos Valério, mostravam encontros entre o publicitário e o sócio de Dantas, Carlos Rodenburg. Ao menos um desses encontros contou com a presença de Delúbio Soares.
O que Dantas pode esclarecer: sobre que tipo de negócio conversaram.

Ano 2002/2005Governo FHC e Lula16. Telefonia
Sergio Lima/Folha Imagem Mangabeira: consultoria de longo prazo para o Opportunity
O que ocorreu: Dantas pagou pelo menos 1,1 milhão de dólares ao então professor Mangabeira Unger, a pretexto de tê-lo como consultor e representante legal nos Estados Unidos.
O que Dantas pode esclarecer: que tipo de consultoria Mangabeira prestou e por que custou tão caro.

Ano 2005Governo Lula17. CPI dos Correios
O que ocorreu: o senador Heráclito Fortes, velho aliado de Dantas, disse ao ex-ministro Luiz Gushiken que a Kroll, empresa de espionagem contratada pelo banqueiro, era especializada em "rastrear contas bancárias no exterior".
O que Dantas pode esclarecer: se foi uma ameaça velada ou uma informação vazia.

Ano 2006Governo Lula18. Dossiê da Kroll O espião Frank Holder: bisbilhotagem a mando de Dantas
O que ocorreu: Dantas mandou seu espião Frank Holder fazer um dossiê com contas no exterior que seriam do presidente Lula e de outros manda-chuvas do governo e do petismo. VEJA revelou a existência do dossiê e denunciou o uso que Dantas esperava fazer dele.
O que Dantas pode esclarecer: como Holder chegou às supostas contas.

Ano 2006 Governo Lula19. Dossiê da Kroll
O que ocorreu: depois que a existência desse dossiê foi revelada por VEJA, Dantas reuniu-se em Brasília com o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.
O que Dantas pode esclarecer: se a conversa girou em torno da autenticidade das contas.

Ano 2008 Governo Lula20. BrOi
O que ocorreu: Dantas foi convencido a encerrar seu litígio com o governo envolvendo o controle da Brasil Telecom. Essa decisão foi essencial para a criação da gigante da telefonia BrOi.
O que Dantas pode esclarecer: os argumentos usados para convencê-lo a desistir da briga.

Estado democratico de direita

Este caso do DvD prova definitivamente que estou certo quando afirmo que o judiciário é o mais corrupto dos 3 poderes constituidos.

O quarto poder (a imprensa) chega muito proximo.

Vamos analisar o tratamento que o PIG vem dando ao caso.
  1. Destaca a "espetacularização" da prisão.
  2. A polêmica entre o Gilmar Merda e demais autoridades (Ministro da justiça, O juiz, O superitendente da PF.
  3. Telefonemas entre advogado do DvD e Secretário do presidente Lula.
  4. Tentam colocar o governo atual como cumplice do dito cujo.
  5. Querem de alguma maneira colocar José Dirceu na roda e por aí vai...

No final das conta quem não acompanha bem o caso já não sabe mais quem é o acusado principal e quais foram os crimes que lhe acusam.

É o mordomo, o motorista ou o vigia o único que foi empurrado por um policial federal e ninguem prestou sequer atenção.

Nenhum dos que ficaram indignados com a "espetacularização" das prisões e o "uso das algemas" sequer viu isso.

Para a direita democratica prisão e algemas são para os pobres.

Ricos pretos e putas ricas também não devem ser presos nem sofrer "constragimentos".

Vocês já viram ou ouviram a elite difamar as putas que aparecem na capa e paginas internas da Playboy?

Eu nunca vi não!

Corja!!!

Para você tirar suas conclusões leia o relatorio da PF aqui.

Dois Brasis












Para os que ficaram "indignados, revoltados" porque a PF usou algemas nos queridinhos da elite sugiro que assistam uma edição destes programas aí.

Acredito que no sul, sudeste maravilha não exista programas policiais que todos os dias mostra ladrão de galinha algemados, não é mesmo?

A mídia e seu financiador

A mídia precisa acertar com seu financiador Daniel Dantas para ter opinião comum.

Ele alega ser vítima de perseguição política do governo.

Os meios de comunicação afirmam que os escândalos que o fizeram milionário não ocorreram no governo FHC e sim no de Lula. Que seria seu protetor.

O juiz, que decretou a prisão do milionário, por roubo, corre o risco de ser punido.

O delegado federal, alvo de insídias da revista de chantagem, também está ameaçado de sanções.

Cadeia para os inocentes, habeas corpus para os grandes gatunos.
Lustosa da Costa

Rathur Virgílio, Surreal

ARTHUR VIRGÍLIO, DÁ O TOM DO PAVOR COM O EFEITO DANTAS

Arthur Virgílio, o líder do PSDB no Senado, deu o tom, de acordo com nota reproduzida parcialmente pelo Estadão:

"Não se justifica nenhuma tentativa de desmoralização da mais alta Corte de Justiça do país. Foi o enfraquecimento das instituições, aliado a um quadro de inflação, desemprego e corrupção, que criou o clima propício à instalação do Terceiro Reich, na Alemanha", afirmou o líder tucano, na nota.

Aparentemente Virgílio se refere ao possível pedido de impeachment contra Gilmar Mendes que está sendo estudado por procuradores federais de vários estados.

O texto é surreal e desproposital.

Mas serve para revelar o pavor que uma investigação profunda das relações de Daniel Dantas com políticos, juízes, empresários e a mídia causa em Brasília.

Também sinaliza a estratégia daqueles que querem enterrar as investigações: criar o pânico, como se a Polícia Federal estivesse prestes a instalar uma ditadura nazista no Brasil.

Onde é que foi parar o furor investigativo da oposição?

Não teremos o clamor indignado do Jabor pedindo CPI?

E o senador Heráclito Fortes, não vai bradar contra a corrupção petista no Jornal Nacional?

O mais interessante é que isso se dá em plena campanha eleitoral.

A oposição vai perder essa oportunidade de enfraquecer o governo Lula e, com isso, os candidatos do presidente nas eleições de 2008?

A única explicação razoável para esse comportamente anômalo, completamente fora do padrão dos últimos anos, só encontra uma explicação: medo.

Medo não, pavor, pânico.

Gilmar Mendes errou


Há uma questão de princípio e uma questão legal no caso Gilmar Mendes.

A questão de princípio é sobre o abuso ou não das operações policiais e da ação do Ministério Público.

Os críticos apontam para a espetacularização, o uso das algemas, o abuso nas escutas.

Os defensores sustentam ser a única maneira de prestar contas à opinião pública e legitimar as operações.

Acompanhando os bastidores da Operação Satiagraha, principalmente através dos relatos de Bob Fernandes, do Terra Magazine, fica claro que, se não tivesse havido a “espetacularização” e ganhado a opinião pública, teria fracassado.

A soma de interesses que Daniel Dantas conseguiu articular é de tal forma variada e influente, que os agentes da operação seriam massacrados em pouco tempo.

É por isso que o mundo jurídico se dividiu, ontem, entre advogados criminalistas de um lado e procuradores e juízes do outro.

Gilmar Mendes tem tradição de Ministro liberal, que se posiciona historicamente contra o que considera esses abusos. Mas, no episódio, a questão essencial é outra. Até que ponto, para combater o que ele considera abusos, Gilmaer não cometeu abuso maior ainda, indo contra o que determina a lei e a constituição?

É esse o ponto em que Gilmar naufraga.

A ciência jurídica não é exata, está sujeita a interpretações. Ontem li e ouvi detidamente os argumentos de Dalmo Dallari – que considera que Mendes avançou o sinal e criou uma balbúrdia jurídica. Depois, procurei ouvir a opinião de outro Ministro do STF, liberal.

Sua opinião é a de que Gilmar Mendes estava correto ao conceder o primeiro habeas corpus, mas errou pesado ao conceder o segundo.

As razões que consubstanciavam o segundo eram diferentes das do primeiro.

O juiz De Sanctis estava com a razão e com a lei. Mais não avançou.

Mas ficam claros alguns pontos:

1. No intuito de combater abusos, Gilmar cometeu um abuso maior. Transformou a questão em algo pessoal, atropelou as evidências ao conceder o segundo habeas corpus mostrou que estava motivado pelo sentimento de desforra, ao denunciar o juiz De Sanctis ao Conselho Nacional de Justiça.

2. Ao proceder dessa maneira, deixou que o ego atropelasse seu compromisso mais sagrado: a ordem constitucional e a imagem do STF, o tribunal máximo do país.

3. Mais: criou uma crise institucional sem precedentes ao avançar contra uma das prerrogativas do ordenamento jurídico do país: a autonomia dos juízes de primeira instância para julgar de acordo com sua própria avaliação e as prerrogativas das instâncias interemediárias.

4. Como fica agora? A rebelião de juízes e procuradores tornou-se legítima, porque o presidente do Supremo atropelou o ordenamento jurídico. Ou seja, juízes e procuradores têm, ao seu lado, a Constituição. Estão agindo em defesa do ordenamento jurídico.

5. Com sua atitude impensada, Gilmar Mendes permitiu que as suspeitas de politização do STF tornassem-se realidade, comprometendo profundamente a imagem da instituição. Não se trata meramente do clamor das turbas. Contra este, a resistência é nobre. Trata-se de um ato impensado que provocou uma balbúrdia no ordenamento jurídico do país.

6. Resta saber qual será o comportamento dos demais Ministros do Supremo: a solidariedade para com o colega ou para com o Supremo.

Luis Nassif

Os ‘3G’ na ante-sala do poder

Greenhalgh, Guiga e Guga usariam influência no governo para facilitar negócios de Dantas

De Soraya Aggege:

O ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, dirigente do PT, é suspeito de integrar um triunvirato que alcança desde a ante-sala do Gabinete da Presidência da República, passando por Congresso Nacional e partidos políticos, até contatos amistosos na cúpula do Judiciário federal, em especial, Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça, para ajudar nos supostos negócios ilícitos do banqueiro Daniel Dantas. Segundo relatório da Polícia Federal, Greenhalgh — codinome Gomes — formaria a "equipe de apoio" a Dantas, ao lado de Guilherme Henrique Sodre Martins, o Guiga, e Humberto José Rocha Braz, o Guga, apontado como sócio do banqueiro. Greenhalgh teria recebido pelo menos R$ 650 mil do banqueiro, afirma a PF.

A vasta rede de contatos do grupo atuaria em prol dos interesses de Dantas, os novos investimentos em mineração, a obtenção de informações sigilosas etc. Os nomes citados pelo trio nas gravações interceptadas pela PF são poderosos: a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff — identificada como "Margaret"—, o ministro da Integração Regional, Gedel Vieira Lima, o secretário pessoal do presidente Lula, Gilberto Carvalho, o ministro Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos), o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil).

Em um diálogo monitorado pela PF, dia 13 de março, Greenhalgh diz a Braz (preso no domingo pela PF, acusado de suborno) que recebeu um recado de Dilma, com referência à venda da Br Telecom: "Diga ao Greenhalgh que eu não quero falar sobre o assunto, que o governo já se meteu demais sobre esse assunto". Em todos os encontros que o grupo diz ter tido com a ministra, Dilma estaria livre nos momentos citados, segundo a PF, que checou sua agenda.

O grupo também afirma que foi informado pelo senador Heráclito Fortes (DEM) de que ele foi a plenário defender a ministra dos ataques por causa do chamado dossiê FHC, alvo de ataques contra Dilma. O senador teria defendido a ministra a pedido do grupo de Dantas.

No Senado e na Câmara, também haveria "colaboradores": Fortes, a senadora Ideli Salvatti (PT), o ex-deputado federal Sigmarina Seixas (PT) são os mais citados. Em uma das gravações, Fortes recebe agradecimentos pelo apoio. Ideli seria um alvo do grupo, que tentaria agradá-la. Seixas também teria sido acionado para ajudar o grupo e recebido Dantas em uma conversa.

Com tanta gente do PT evolvida neste caso para ajudar Dantas, não sei como os lulopetistas ainda querem dizer que este é um problema só do PSDB.

Dantas pagou advogados ligados ao PT sem contrato

De Rubens Valente e Leonardo Souza:

Documentos inéditos da auditoria interna da Brasil Telecom de 2005 sobre a passagem do banqueiro Daniel Dantas no controle da companhia telefônica revelam pagamentos de R$ 1,2 milhão para o advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e de pelo menos R$ 3 milhões para o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, amigo do ex-ministro José Dirceu (PT), sem que os auditores tivessem encontrado os contratos para a prestação de serviços de advocacia.

Kakay recebeu ao todo R$ 8,3 milhões. A auditoria encontrou apenas um contrato de R$ 5,3 milhões -sobre o qual afirmou não ter localizado nenhuma comprovação de efetiva prestação de serviços advocatícios. Teixeira afirmou que tem consigo uma cópia do contrato. A Brasil Telecom foi controlada pelo banco de Dantas até meados de 2005, quando os fundos de pensão de estatais conseguiram na Justiça assumir o controle da companhia. Os novos donos então determinaram uma ampla auditoria.

Tanto o PSDB quanto o PT estão atolados até o nariz neste mar de lama. Se Dantas abrir a boca o governo cai de podre.

Lula critica o sensacionalismo da ação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou na segunda-feira o "sensacionalismo" dos agentes da Polícia Federal na Operação Satiagraha. Numa reunião da coordenação política do governo, na segunda-feira, no Palácio do Planalto, Lula reclamou do uso exagerado de algemas e do flagra da prisão do ex-prefeito Celso Pitta, filmado de pijama enquanto era detido em sua casa.

"Para que humilhar uma pessoa se ela se dispõe a prestar esclarecimento e tem endereço fixo? Sou contra essa exposição desnecessária antes de comprovada a culpa", disse o presidente, segundo relato de participantes do encontro, ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. Lula se disse preocupado com a legalidade das operações e fez um pedido de menos "espetáculo".

Também presente à reunião, o ministro da Justiça, Tarso Genro, admitiu o erro na divulgação das prisões pela TV (a Globo mostrou a prisão de Pitta), mas defendeu o uso das algemas. No geral, contudo, o ministro concordou que a operação poderia ter sido mais discreta. Sobre os crimes investigados pela operação, a avaliação de Lula é de que o destino do caso é imprevisível.

Metamorfose já lulopetistas. Em alguma coisa o Cappo dei tutti Cappi concorda co Gilmar Mendes.

Como Lula é infalível muitos comentários feitos por seus adoradores neste blog deverão desaparecer ou ser reinterpretados a luz da opinião do Cappo.