O terrorismo da direita leva mais água ao moinho de Lula
Consumidos todos os seus quadros no processo de policialismo sem limites com que incendiou a classe média para derrubar o governo – incêndio fartamente abastecido com a lenha de Moro e Força Tarefa – a direita agora empurra suas fichas no “terror esperança”, tentando vender ao país uma falsa polarização Lula e Bolsonaro que, ao contrário dos seus planos, só ajuda o candidato petista.
Age como se fosse descobrir um milagre – eles dormem e acordam pensando no francês Emmanuel Macron – que surja como grande novidade eleitoral e os salve de um resultado que, hoje, parece inexorável: a vitória eleitoral de Lula.Porque não há como falar em eleição “polarizada” quando o candidato que lidera as pesquisas, tem algo perto do triplo das intenções de votos do segundo colocado (36% a 13% no Ibope estimulado e 26% a 9% na pesquisa espontânea).
Só que sua primeira tentativa de criar um “bichinho de estimação” eleitoral, com João Dória, deu chabu. O que era para ser um ursinho de pelúcia, com seus cashmères macios e seus modos de lorde atirou-se ao papel de Chuck, o brinquedo assassino, com uma agressividade desmedida, – eu sou o anti-Lula!! – uma egolatria imensa e uma incapacidade gerencial e marqueteira que, francamente, ninguém poderia esperar.
Agora, brinca de tirar Luciano Huck do caldeirão da Globo, com direito até ao aristocrático Merval Pereira escrever artigo dizendo que ele tem “uma rede de contatos” que o habilita a ser presidente da República. A turma da “bufunfa” exulta com a possibilidade de ter um completo despreparado para manusear no Governo, enquanto ele se dedica a brincar com algum “projeto social”.
Só que esquecem que parte do voto conservador e moderado deste país fica escandalizado diante da possibilidade de colocar um clowndeste tipo no Governo brasileiro e Huck, além do mais, surgirá como um candidato com dono, dono tão poderoso quanto antipático: a Globo.
Enquanto o milagroso não vem, agitam o terrorismo da “polarização Lula-Bolsonaro” que, lentamente, já começa a fazer efeito no eleitor de classe média. Quem não está hidrófobo, acaba admitindo que é melhor que seja Lula, com quem o país funcionava.
Quem quiser, faça uma enquete com os assinantes que receberam a Veja desta semana, com a capa que reproduzo acima: se você indagar que decisão tomaria entre os dois, garanto que depois do “nenhum dos dois” Lula venceria com folgas o nome de Bolsonaro. Repito, entre os leitores da Veja!
A direita, com todos os seus cérebros contratados a peso de ouro, não consegue perceber que Bolsonaro tornou Lula mais palatável a uma faixa expressiva do eleitorado e fornece, todos os dias, um argumento para carrear-lhe mais votos: ser ele ou Bolsonaro.