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Crime organizado usa militares em intervenção no Rio

A quadrilha golpista - Crime Organizado -,  comandada pelo ladrão Michel Temer, não faz por menos, usa as forças armadas - Exército, Marinha e Aeronáutica -, para criar peça publicitária e tentar melhorar a imagem do desgoverno entreguista. Dará com os burros nágua. Eleitoralmente, nas ruas e nas urnas a esquerda já venceu a eleição de Outubro - se tiver -. Então só resta para eles o golpe clássico: Acabar com a democracia - mesmo representativa - e implantar a ditadura. Acontece que nos dias atuais da ditadura para anarquia absoluta é apenas um passo. 

Que ninguém se admire, não tamos longe de nos transformarmos numa imensa Líbia.

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Intervenção no Rio: péssima reprise! por Marcelo Auler

Tempos bicudos

Os sem votos (Psdb,Pmdb, Demo) deram o golpe por saberem que nas ruas e nas urnas não conseguiriam, não conseguem vencer Lula. Colocaram um corrupto no Palácio do Planalto para por em prática o programa de governo dos tucanos, desmontar o Estado e os programas sociais dos governos petistas (Lula e Dilma). Pior que acabam com a nossa soberania e está nos levando a passos largos a barbárie institucionalizada. Sinceramente, acredito que este é o grande objetivo dos responsáveis de verdade pelo golpe (EUA), transforma o Brasil numa imensa Líbia. 
Depois não se arrependam. Não se enganem, haverá derramamento de sangue de todos os lados. Estão avisados. 
***
A condução de Sérgio Cabral é um ponto de não retorno, por Luis Nassif
s portas do inferno se abriram no dia 30 de novembro de 2015, quando o Ministro Teori Zavascki ordenou a prisão do senador Delcídio do Amaral. De um lado, um servidor público exemplar; do outro, um político menor e corrupto. Uma mistura que legitima todos os abusos bateu em um caráter momentaneamente contaminado pelo pecado capital da soberba. E resultou no gesto de exceção que marcaria o país dali para frente.
Gradativamente, as forças das profundezas passaram a testar limites, até que se chegou no dia nacional da infâmia, 13 de março de 2016, com a divulgação pelo juiz Sérgio Moro, com autorização do Procurador Geral da República Rodrigo Janot, de diálogos pessoais da presidente da República Dilma Rousseff com Lula.
Ambos, Moro e Janot, chegaram a ensaiar algumas desculpas balbuciantes, sabendo que haviam atravessado o Rubicão da ilegalidade e aguardando o fuzilamento pelos raios do Olimpo. O que chegou foi uma reprimenda de tio compreensivo. E o Supremo Tribunal Federal, se com Teoroi já era uma corte balbuciante, encontrou na atual presidente Carmen Lúcia a sua melhor tradução.
De lá para cá o que se viu foi o desmonte institucional inédito na história do país. Todos os vícios históricos vieram à tona, o corporativismo mais desbragado, as tacadas mais atrevidas contra o Estado brasileiro, as maiores negociatas da República e um punitivismo tresloucado que serve de álibi para todas as jogadas políticas e financeiras.
Os abusos têm sido constantes, sem nenhum sinal de reação.

OTAN está se desmanchando

O Afeganistão e a Líbia mostraram as vergonhas da OTAN. Se no país asiático levaram-se anos para colocar ordem e disciplina na confusão existente, na Líbia bastaram 11 semanas para que muitos aliados comecem a ficar com pouca munição. E não só isso. Estas campanhas mostraram que há uma aliança de duas velocidades, com parceiros dispostos a suportar custos e outros que só pensam em como tirar proveito dela. Mas essa história vai acabar, porque nos Estados Unidos está chegando ao poder uma nova geração sem sensibilidade para a defesa da Europa. Assim, ou a Europa contribui para a sua própria segurança, ou ficará sem o apoio dos EUA. "O futuro da aliança transatlântica é escuro, se não for negro", previu, ontem, em Bruxelas, Robert Gates, Secretário de Defesa dos EUA, em um discurso de despedida em que não poupou ninguém.

Os europeus não querem investir na defesa e apenas cinco dos 28 parceiros da OTAN (EUA, Reino Unido, França, Grécia e Albânia) superam os 2% do PIB comprometidos com essa questão. Em tempos de grave crise financeira, diz Gates, o que se tem que fazer é, se não gastar tanto, gastar melhor, à procura de capacidades especializadas que sejam de interesse comum. Identificou como exemplos a Noruega e a Dinamarca, que somente com 12% das aeronaves na Líbia, atacaram cerca de um terço dos objetivos, e também valorizou a Bélgica e o Canadá. "Esses exemplos são exceções", disse, sem querer reeditar em público as críticas realizadas na quarta-feira em relação a países como Espanha, Países Baixos ou a Turquia, por não contribuírem tanto como poderiam para o esforço comum.

O Secretário de Defesa assinalou que nos anos da Guerra Fria, Washington contribuía com metade do orçamento aliado. Hoje, sua participação supera 75%. "Vai-se acabar o desejo e a paciência do Congresso em gastar cada vez mais fundos preciosos em nome de alguns países que não parecem dispostos a dedicar os recursos necessários para sua própria defesa", previu Gates. "O futuro da aliança transatlântica é escuro, se não for negro", previu. Mas esse fim não é inevitável, apontou: “Faz falta a liderança de dirigentes políticos e da classe política desse continente". Uma solução que, por enquanto, parece distante.

Nada além do petróleo

Hipocrisia no discurso e na ação
Alinhada, para não dizer, à mercê dos interesses norte-americanos, a União Europeia aumenta as pressões financeiras sobre o Irã para obrigá-lo a abandonar seu programa nuclear. Foram incluídas mais 100 empresas e entidades na lista negra do Conselho Europeu composta pelos que tiveram seus vistos recusados, ativos congelados ou sofreram punições financeiras. 
A UE retalia o Irã sob o pretexto da "falta de progresso nas negociações sobre o programa nuclear iraniano". Teerã, por sua vez, garante que seus projetos não têm fins militares, mas científicos. Seriam, inclusive, voltados à medicina do país. A política europeia permanece irredutível e segue a cartilha norte-americana: bombardeia Trípoli (Líbia) e pressiona Teerã (Irã). 

É bom lembrar, no entanto, que, na Síria, o governo mata impunemente manifestantes e opositores do presidente Bashar Assad. Com forte apoio europeu e americano, os regimes ditatoriais no Iêmen de Ali Abdullah Saleh (há 32 anos no poder) e em Bahrein da família Al Khalifa (230 anos) continuam sem serem fustigados.  Já na Arábia Saudita, as mulheres são presas por dirigir carros. É o caso da ativista Manal al-Sherif, detida pela polícia religiosa do país por conduzir seu automóvel. Ela ficará presa por cinco dias, acusada de atentar contra a ordem pública. 


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Nesse regime, até a dona Hillary Clinton será presa quando for à Arábia Saudita e dirigir seu próprio carro - como fazem as mulheres no Brasil, nos EUA, na Europa. Ainda assim, seguirá com a sua política de sustentação à ditadura monárquica e teocrática no país que apoia os Estados Unidos e garante os interesses norte-americanos na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). No fundo, o discurso libertário dos norte-americanos se esvanece frente aos seus interesses geopolíticos. Na região, obviamente, a questão em pauta é o petróleo. Nada mais. Direitos Humanos só servem, nestes exemplos, para encobrir as razões, de fato.

por Neno Cavalcante

Assassinatos covardes e cruéis


O que a OTAN fez ajudada pelas tropas do farsante Belusconni em Trípoli merece o repúdio de todo o mundo civilizado, pois ficou caracterizado um ataque militar contra civis, vitimando o filho caçula e três netos do presidente líbio Muammar Kadafi, que um dia antes havia anunciado intenção de fazer um acordo de cessar- fogo. Repete-se o que aconteceu no Iraque, uma covardia inominável.

Os pais do massacre

A OTAN, a Itália, os Estados Unidos e outros países belicistas deverão ser responsabilizados por qualquer desdobramento que advier dessa barbárie.

por Brizola Neto

Jornalistas visitam casa onde morreram filho e netos da Khadaffi; uma bomba não detonada aparece entre os escombros
A nota da OTAN lamentando a morte do filho mais novo e de três netos de Mummar Khadaffi é de um cinismo poucas vezes visto. Não é crível que Khadaffi deixasse seu filho e seus netos numa instalação militar, ainda mais depois de um mês de pesados bombardeios à capital, Trípoli. Foi, sim, um ataque a uma casa, num bairro residencial, com o deliberado intuito de atingir o líder líbio.
Goste-se dele ou não, não é esse o mandato da ONU para a Líbia. Ao contrário, a autorização de uso de força militar é para proteger civis, não para assassinar Khadaffi e muito menos seus filhos e netos.

Mais cruel ainda é que o ataque se deu poucas horas depois de ele ter anunciado publicamente, na televisão, que estava disposto a negociar com a OTAN em troca de um cessar-fogo.

Fica claro que a ação militar não tem como objetivo criar uma saída humanitária para a crise daquele país. Pretende sim a deposição de um regime e o aniquilamento de pessoas que o lideram, pela via do assassinato – porque não é possível considerar que matar com bombas seja menos que um assassinato a bala, sem defesa.
Aliás, é pior, porque para tentar atingir a TV onde estaria Khadaffi  a Sociedade Líbia da Síndrome de Down também foi bombardeada nos ataques da Otan na madrugada de ontem.
Não é para isso a ONU. Os Brics – Brasil entre eles – devem usar o poder que adquiriram na comunidade internacional para exigir um cessar-fogo imediato e o envio de observadores internacionais para zelar por seu cumprimento. A comunidade das nações não pode, mesmo indiretamente, patrocinar ataques de “execução pessoal”. Não deveriam patrocinar ataque algum, mas estes, de deliberada e dirigida ação homicida são intoleráveis.

Líbia

Em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o chanceler Antônio Patriota colocou a discussão da intervenção militar norte-americana e dos aliados na Líbia num outro patamar. Patriota, muito apropriadamente, questionou os reais interesses desta interferência das potências mundiais na região.

Seu questionamento merece todo aplauso. É uma posição absolutamente pertinente que se apoia na realidade dos fatos: a questão do petróleo, da prevalência dos interesses e negócios dos EUA e potências aliadas é o que está efetivamente em jogo. Daí a política de dois pesos e duas medidas, o disfarce da defesa dos direitos humanos, enfim, o que todos sabem, mas ninguém diz, muito menos a imprensa.

Patriota lembrou que Benghazi, a região líbia que concentra o maior foco de resistência ao presidente Muamar Kaddhafi, recebe apoio direto das potências internacionais, sobretudo EUA, Grã-Bretanha e França. Também contou que os rebeldes são recebidos como representantes oficiais - quando não têm o mais leve vestígio de serem - da Líbia por governos como os da Itália e da França.

Dividir para reinar

"Isso pode representar uma ameaça à integridade territorial da Líbia. Perguntamo-nos se isso é deliberado, se é motivado por interesses puramente pacíficos e de cooperação, ou se também não é uma maneira de dividir para imperar, tendo em vista as riquezas petrolíferas da Líbia, assim como se fez no passado", afirmou o chanceler no Senado.

Uma questão mais do que pertinente se pensarmos que as medidas planejadas e postas em prática pelos países que interferem militarmente na Líbia não passam nem perto do Conselho de Segurança da ONU. Dentre estas ações estão o repasse de armamento para os rebeldes e de fundos congelados da família Kaddhafi. "Acredito que são questões que deveriam passar pelo Conselho. Como se pode fazer a entrega de armas aos rebeldes, por exemplo, se há um embargo contra a Líbia?"

O Brasil, informou também Patriota, vem mantendo diálogo com os países membros da Liga Árabe e da União Africana. Eles tentam encontrar uma solução intermediária para o conflito na Líbia, no sentido de obter um cessar-fogo e o acerto de um período de transição no país.
Zé Dirceu

por Zé Dirceu

A hipocrisia e o cinismo sem fim dos EUA
Através de um porta-voz da Casa branca, lá vem os Estados Unidos de novo com a história de que estudam impor sanções contra o governo da Síria, em resposta aos "ataques brutais" contra as manifestações de opositores do regime do presidente-ditador Bashar al Assad, no poder há 11 anos (desde 2000).
A justificativa, mais uma vez vem embalada no pretexto de defesa da vida de civis. Grupos de direitos humanos dizem que as forças de segurança - na verdade, pistoleiros da repressão comandada por Assad - mataram mais de 350 civis desde o início dos protestos em Deraa, no dia 18 de março pp.

Pelo menos 1/3 destas vítimas, aliás, morreu nos últimos 4 dias, com o recrudescimento da rebelião que se alastrou para a Capital, Damasco, e por todo o país, e que o ditador, agora,  passou a combater, com tanques de guerra.

Os EUA nunca tiveram antes a preocupação com os direitos humanos dos opositores, ou de "salvá-los" nos 11 anos em que Assad governa com mão de ferro o país, nem nos 30 anos (1970-2000) em que seu pai Hafez al-Assad foi ditador na Síria.

Ambos conduziram regimes que, se não eram aliados e nem amigos próximos dos EUA, também não eram opositores que incomodavam. Como se vê, então, o comportamento dos Estados Unidos e da Europa - esta, também, indiferente à sorte dos sírios até agora - não passa de um atestado contundente de que ambos só estão interessados nos seus negócios e aliados estratégicos (vejam nota).

O exemplo de Bush

Barack Obama viu que, se não fizesse guerra, como seu antecessor, perderia a eleição. Está bombardeando até o palácio de despachos do presidente da Líbia, por não ser submisso às ordens de Washington.

Impunidade
Então, Kadafi deve ser fuzilado como Saddam Hussein, não o ex-presidente do Egito, porque apenas empobreceu seu povo e foi subserviente aos Estados Unidos?

Vidas
Engraçado é que antes de declarar guerra à Líbia, Barack Obama, de olho na reeleição, justificou sua intervenção pelo interesse de preservar vidas árabes. E as que estão sendo fuziladas por reis, xeques e prepostos árabes de Washington? Não devem ser preservadas? E as dezenas de milhões de iraquianos assassinados pela máquina militar americana, sob o pretexto mentiroso de que o presidente do país detinha armas de destruição em massa?

Divisão
Isto quando ora se sabe que no ano anterior à declaração da guerra, a Inglaterra já tinha assegurado pelo governo dos Estados Unidos sua participação no petróleo do país que seria invadido e quase totalmente destruído?

Guantánamo

[...] uma das maiores derrotas de presidente Barak Obama

ublicado em 25-Abr-2011
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Barack Obama
Enquanto a imprensa internacional repercute o escândalo divulgado pelo Wikileaks, dos prisioneiros ilegais mantidos em Guantánamo (uma baía de Cuba ocupada desde 1903 pelos EUA) pelo governo dos Estados Unidos, numa violação inédita e permanente dos direitos humanos mais elementares, no Afeganistão quase 500 presos, a maioria vinculada aos Talibãs, fogem de uma prisão em Kandahar.

O que os EUA fazem em Guantánamo lembra os regimes fascistas. Está aí uma prova da ineficácia da política norte-americana que viola permanentemente as leis e tratados internacionais e a sua própria legislação penal.

A manutenção da situação em Guantánamo, para o presidente Barack Obama, é uma de suas piores derrotas. Embora durante a sua campanha eleitoral (2008) acenasse com a possibilidade de desativar a prisão, já se passou mais da metade de seu mandato e ele até já se lançou candidato à reeleição (2012).

Uma vergonha mundial


O presidente Barack Obama não foi capaz, no entanto, de cumprir seu compromisso de campanha e fechar a prisão, um símbolo da violação dos direitos humanos pelos EUA e uma vergonha mundial.

O Wikileaks publica, agora, a ficha de mais de 700 presos e gráficos da prisão - aliás, um segredo de polichinelo. Uma vergonha, repito, e uma desmoralização de todo o discurso pró-direitos humanos dos EUA. Tudo uma farsa.

Como, aliás, é a intervenção na Líbia e o silêncio sobre a Síria, onde o povo é metralhado todos os dias e barbaramente assassinado por pistoleiros do regime, desde que há mais de um mês a onda de rebeliões nos países arábes chegou a Damasco.

Massacre na Síria

Pelo menos 300 manifestantes já morreram em protestos antigoverno

Um dia após o governo ter decretado o fim do estado de emergência, forças do ditador sírio, Bashar Assad, atiraram em manifestantes e mataram mais de 80, segundo relato de ativistas. Foi o dia mais violento desde o início da onda de protestos, em 15 de março.

Vídeos veiculados pela rede Al Jazeera mostram opositores sem armas sendo fuzilados em Homs (oeste)

Testemunhas relataram que em Hama, no centro do país, atiradores em telhados miravam quem protestavam.

Desde o início dos protestos, contando com o dia de ontem, a estimativa é a de que a ditadura da Síria tenha matado mais de 300 adversários.


Por que a ONU, americanos, ingleses, franceses etc não apoiam e armam os manifestantes pró democracia lá na Síria como estão fazendo lá na Líbia?... 

por Zé Dirceu

O que aconteceu com a intervenção na Líbia?

Enquanto o barril de pólvora em que se converteu o Oriente Médio explode em sucessivos países - há um mês a bola da vez é a Síria, conforme nota abaixo - continua o imobilismo do Ocidente em relação ao problema. Em relação a Líbia, a Síria, e a toda a Península Arábica.
A pergunta mais pertinente a se fazer, e que não cala é: o que aconteceu com a intervenção na Líbia, onde havia e há uma guerra civil?

Chegaram a constituir um Conselho Nacional Líbio, da oposição, composto inclusive por ex-ministros do governo Muamar Kaddhafi. Dele participavam o ex-ministro da Justiça, Mustafá Abdell Jalil, e outros, como o ministro do Comércio Exterior, Ali Al-Issawi, além de personagens como  Mohomoud Jabril, que voltou do exílio para presidir o Conselho de Desenvolvimento Econômico, a convite de Said, filho de Kaddhafi. Fracassaram todos. 

Na Líbia não há rebelião, é guerra civil
Como vemos, na Líbia não se trata de uma rebelião ou de manifestações reprimidas, mas de uma guerra civil, com o governo de direito constituído e do outro lado um governo provisório, com bandeira, um exército, inclusive com a participação de Ahmed Zubeir Sherif, único descendente do Rei Idris I, deposto por Kaddhafi.

Sherif luta ao lado de Omar Hariri, ministro da Defesa dos rebeldes, ex-companheiro de Kaddhafi no golpe de 1969 e depois preso numa tentativa de depor o coronel-presidente que até hoje governa a Líbia.

Outras perguntas que se fazem hoje: como ficaram o Iêmen e Bahrein? Onde estão a União Européia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)? Qual foi o resultado dessa aventura? Por que as Nações Unidas se calam sobre esses países e agora buscam, ao lado da União Africana e da UE, negociar com o governo Kaddhafi?

Como ficaram o Iêmen e o Bahrein?

E negociar sem ter apoio dos chamados rebeldes, hoje totalmente dependentes da OTAN e de países como a França, sem o que já estariam derrotados. A quem interessa esconder os objetivos e programa dos rebeldes, monarquistas, em sua maioria simpáticos ao Ocidente, ao livre mercado e ao secularismo e cuja bandeira tremula em suas manifestações e entrevistas?

Não podemos esquecer que o presidente Muamar Kaddhafi, depois de 10 anos de bloqueio, com pesadas sanções econômicas, foi salvo do isolamento internacional antes por Nelson Mandela e depois pelos próprios Estados Unidos quando, então, lhes era conveniente.


Logo que saiu dos 27 anos de prisão, Mandela visitou a Líbia para agradecer o apoio que Kaddhafi deu à luta contra o racismo e o regime sul-africano.

Líbia

[...] Mercenários estão atirando em crianças diz ONU

Um painel da ONU sobre o uso de mercenários denunciou [ontem] que centenas deles estão atuando na Líbia e podem estar envolvidos em sérias violações de direitos humanos. O chefe do grupo de trabalho, Jose Luis Gomez del Prado, disse que os mercenários estão sendo usados pelos dois lados: os rebeldes e as forças leais ao ditador Muamar Kadafi.
Já a Unicef afirmou que atiradores estão mirando em crianças na cidade líbia de Misurata.
- O que temos são relatos críveis e consistentes de crianças que estavam entre as pessoas que foram alvo de atiradores em Misurata - disse a porta-voz do fundo da ONU voltado para as crianças, Marixie Mercado, fazendo referência à cidade onde as forças de Kadafi e os rebeldes travam disputas intensas há dias.
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Guerra na Líbia

É evidente que não se trata de uma discussão sobre o direito a vida dos líbios, ou sobre os chamados direitos humanos, e menos ainda, sobre democracia. Nesta, como em todas as demais intervenções deste tipo, de europeus e dos EUA, feitas neste último século, jamais se esclarece a questão central de quem tem o direito de julgar e arbitrar a existência ou não de desrespeito aos direitos humanos em algum país em particular, e quem determina o lugar em que a "comunidade internacional" deve ou não intervir para defender vidas e direitos. Com relação a quem arbitra, são sempre os mesmos países que Samuel Huntington chamou de "diretório militar" do mundo, ou seja, EUA, Inglaterra e França. E, com relação aos critérios da arbitragem, é óbvio que este diretório jamais intervém contra um país, ou contra um governante aliado, por mais autoritário e anti-democrático que ele seja, e por mais que ele desrespeite os direitos defendidos pelos europeus e pelos norte-americanos. Independentemente do que se pense sobre o fundamento e a universalidade dos direitos humanos, não há a menor dúvida que, do ponto de vista das relações entre os Estados dentro do sistema mundial, eles sempre são esgrimidos e utilizados como instrumento de legitimação das decisões geopolíticas e geo-economicas das grandes potencias. Por isto, as decisões sobre este assunto nos foros internacionais são sempre políticas e instrumentais e variam segundo a vontade e segundo os interesses estratégicos destas grandes potências.
José Luís Fiori

Fanatismo

[...] religioso, mal do mundo

O fanatismo religioso segue sendo o principal responsável pelas atrocidades cometidas no mundo. Já foi assim com o 11 de setembro nos EUA e foi da mesma forma nesta sexta-feira no Afeganistão. Assim como também o foi a 20 de março, quando o pastor protestante Wayne Sapp queimou um exemplar do Corão em uma igreja da Flórida. Foi o ato radical do pastor americano que levou a massa ignara da cidade de Mazara-I-Sharif, no Afeganistão, a atacar a representação da ONU e matar oito funcionários da organização. Sendo dois decapitados, segundo as informações. Ato inconcebível. Os funcionários da ONU estão lá para tentar ajudar o país e acabam sendo agredidos de forma covarde. O episódio é a prova maior de que não há o mínimo controle por parte das forças de segurança. Dizia-se que o Afeganistão sob o domínio do Talibã vivia nas trevas. Percebe-se que não é preciso o nefasto regime estar no poder para a população mostrar que ainda vive na Idade Média.
No Iraque, onde a representação da ONU também foi para os ares, vitimando o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, não passa uma semana sem que aconteça um atentado que mata 40 ou 50 pessoas. Brigas entre xiitas e sunitas. Com as guerras nesses dois países - Iraque e Afeganistão -, os EUA já gastaram 1 trilhão de dólares. E o resultado é este que se vê. Vão ter que deixar aqueles países sem ter conseguido estruturar segurança para os governos aliados que deixam no poder. Ou melhor, deixam no cargo, porque o poder eles não detêm.
MUDANÇA NA LÍBIA
Os EUA tiraram o corpo fora e passaram para a responsabilidade da Otan o comando das ações na Líbia. Na prática, não muda muito, porque os comandos e os maiores contingentes da organização, tanto em termos bélicos quanto humanos, são americanos. Então, serão esses que continuarão a desenvolver as ações, só que, não em nome dos EUA, mas da Aliança Atlântica. Envolto na contradição de ser o ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2009 e de ter autorizado uma nova guerra, o presidente Barack Obama foi à televisão para dizer que as forças americanas ajudaram a salvar vidas de civis do Leste da Líbia que iriam morrer em função dos ataques das forças de Kadhafi. É verdade, mas, em compensação, conforme denunciou a Igreja Católica em Trípoli, estão ajudando a matar os civis do Oeste, que são atacados pelas forças que são contra Kadhafi. Assim como também morrem civis nos bombardeios feitos contra aviões e tanques líbios. Embora o alvo seja militar, é muito difícil realizar um ataque sem efeito colateral.
Outro problema que desponta é saber quem irá governar a Líbia, após o afastamento de Kadhafi. Obama diz que os árabes devem seguir os exemplos de Brasil e Chile, que saíram de ditaduras para a democracia. A diferença é que brasileiros e chilenos já conheciam a democracia antes e trataram de reconquistá-la. Os árabes nunca conheceram democracia. A composição de seus países, de um modo geral, é feita por tribos ou facções religiosas, que costumam brigar entre si. Para manter a ordem, só um regime de força. Quando tentam impor democracia vira bagunça. Basta ver Iraque. Com a Líbia, possivelmente, não será diferente. Já há especulação de que as tribos vencedoras em Benghazi podem não ser aceitas pelas tribos de Trípoli. Conforme ressaltou o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, as intervenções estrangeiras só tendem a aumentar ainda mais as divisões internas dos países árabes. Assim é que a Líbia poderá ser mais um país que o Ocidente terá que ficar tutelando, como o Iraque e o Afeganistão, a um altíssimo custo, tanto em termos políticos e militares, quanto em vidas humanas.
PREOCUPAÇÃO EM ISRAEL
Israel está acompanhando de perto a crise na Síria e vê com apreensão uma possível queda do presidente Bashar Al-Assad. As autoridades israelenses temem que uma liderança mais conservadora assuma o poder, o que seria um risco para a segurança da fronteira no Norte de Israel. Os dois países, que já se enfrentaram três vezes, vivem uma espécie de guerra fria, já que a Síria mantém uma aliança com o Irã, e apoia o grupo Hezbollaz no Líbano. Da mesma forma, há grande preocupação com quem irá assumir o governo no Egito. Pois pode surgir um apoio maior para o grupo radical palestino Hamas. São as pedras do dominó do Oriente Médio que seguem balançando.

Com a CIA por trás dos "rebeldes líbios", cai mais uma máscara da cobiça ao petróleo alheio


OTAN esconde as armas porque não sabe com quem está se metendo

"Países muçulmanos, incluindo a Arábia Saudita, Iraque, Irão, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Iêmen, Líbia, Egito, Nigéria, Argélia, Cazaquistão, Azerbaijão, Malásia, Indonésia, Brunei, possuem de 66,2 a 75,9 por cento do total das reservas de petróleo, conforme a fonte e a metodologia da estimativa"
Michel Chossudovsky, The "Demonization" of Muslims and the Battle for Oil, Global Research, 04/01/2007
Agora, que toda mentira foi desnudada, que Barack Obama, tutelado por Hillary Clinton, porta-estandarte da elite de olhos azuis, deixou cair na lama o charme charlatão, agora que ele jogou no ventilador o capcioso prêmio Nobel da paz, assumindo o personagem do mau caráter que despachou agentes para incendiar a Líbia, gostaria de saber o que fará a diplomacia brasileira para consertar a própria trapalhada no Conselho de Segurança da ONU, naquele infausto 17 de março  em que alguns países deram uma carta suja para uma agressão estrangeira a um país que não está em guerra com outro e que apenas tenta manter a unidade nacional e o controle sobre suas riquezas.
Sim, porque agora a própria resolução fatídica é lixo só: não tem uma única cláusula de valia, não tem serventia para mais nada. A qualquer melodramático diplomata abstêmio fica difícil explicar à distinta platéia como países vividos comeram mosca numa manobra tão reles com o papelucho que foi usado para sacramentar a cobiça ensandecida dos céus, terras e mares de toda a África do Norte e adjacências, do Oriente Médio e de todos os países muçulmanos.
Agora, o próprio presidente dos Estados Unidos da América confessa na maior cara de pau que seu sonho de consumo é derrubar o governo constituído da Líbia. Daí ter  introduzido na área, por baixo dos panos, agentes e mercenários da CIA, juntamente com farto arsenal de armas e munições, já que nem os bombardeios mortíferos, nem a guerra midiática encomendada meteram medo em Kadhafi e no seu povo que, como demonstram os fatos reais, parecem decididos a resistir, não importa o sacrifício e as perdas de inocentes atingidos pelos mísseis made in USA de última geração, conforme denúncia endossada pelo insuspeito bispo católico de Trípoli, Giovanni Innocenzo Martinelli.

CIA contrata empresas militares
Agora, a mídia se vê obrigada a revelar, como o NEW YORK TIMES e a Reuters, que desde muitos dias atrás, antes, portanto, da chancela da ONU, os agentes da CIA abarrotados de dólares já estavam infiltrados em Benghazi, em manobras cavilosas para incensar rivalidades tribais e manipular a justa ansiedade de jovens desempregados, com o objetivo de dar um bote que garanta no epílogo das escaramuças o terreno livre para a conquista mansa e inercial das jazidas petrolíferas que somam mais do dobro de todo o estoque do pomposo império decadente, de olho no vasto manancial dos países muçulmanos - mais de dois terços das reservas mundiais conhecidas.

Agora, não tem mais ONU, não tem mais desculpas, não tem mais cortinas de fumaça, não tem mais conversa pra boi dormir. Os Estados Unidos e seus sócios - especialmente França e Inglaterra - estão bancando a contratação das modernas legiões estrangeiras, os mercenários (contractors) das private military company (PMC), montadas pela Halliburton e pela Blackwater, que já terceirizam a matança no Iraque e no Afeganistão. E já submeteram os "rebeldes" ao comando de Khalifah Hifle, agente da CIA, conforme revelou Pepe Escobar do Asia Timesem matéria publicada no site da "redecastorphoto" - http://re decastorphoto.blogspot.com/2011/03/tripoli-nova-troia.html

Já o comando da OTAN desistiu de enviar mais armas aos adversários de Kadhafi, além das que estão entrando pela fronteira do Egito, com ajuda financeira da CIA, França e do Katar. Com informações privilegiadas, teme que esse armamento caia nas mãos das tropas leais ao líder líbio. Na reconquista de posições no Leste, já acercando-se de novo de Benghazi, o Exército e as milícias populares usaram menos a artilharia e surpreenderam com a ajuda da população das cidades reconquistadas.
 
Na guerra do petróleo, querem excluir a China
O ditador invisível que manipula os cordéis de Barack Obama não gostou de saber que a Chevron e a Occidental Petroleum (Oxy) decidiram em outubro passado fazer as malas da Líbia, abrindo espaço para a China National Petroleum Corp (CNPC), que já participa da exploração em vários países da África do Norte e compra 11% do petróleo líbio, com possibilidade de triplicar a encomenda tão logo haja disponibilidade. Até o levante de fevereiro, 30 mil chineses trabalhavam na Líbia a serviço da CNPC.

Isto porque importar petróleo que ajuda a extrair da Líbia é o melhor negócio da China. Com o preço do barril a mais de US$ 100, o custo da extração não passa de US$ 1,00 por barril. Desse óleo de altíssimo rendimento, 80% vêm do Golfo de Sirte, no leste do país, onde ficam Benghazi e Lanuf Ras, e alguns chefes tribais que sonham com a boa vida monárquica de paxás.

Trocando em miúdos, os alcunhados rebeldes líbios, mesmo já subordinados aos agentes da CIA, vão começar a ser substituídos por contratados dessas empresas militares, que são a última moda em guerra de agressão, com mestrado em Abu Ghraib e Guantánamo, e serão enviados para algum campo de treinamento de país "amigo" para voltarem em outra fasedo conflito, que os senhores das armas desejam demorado.

O orfanato do Itamarati conhece muito bem o Relatório 200 do Project of the New American Century (PNAC) intitulado "Rebuilding Americas Defenses", que cristaliza a teoria das "guerras simultâneas de conquista" e serve de base para a política externa que Obama assinou embaixo. Uma política externa ao gosto do complexo industrial-militar-financeiro e de outros interesses escusos, maliciosamente manipulados pelo sionismo e pelo "Opus Dei".
 
Ou o Brasil se mexe ou fica mal na fita
A ironia do destino pôs para dar o cavalo de pau na nossa política externa um cara chamado Antônio Patriota, que tem no seu prontuário dois anos como embaixador do Brasil em Washington (2007 a 2009), de onde saltou para a Secretaria Geral do Itamarati já com a encomenda de desmontar o trabalho do embaixador Samuel Guimarães, o grande formulador da doutrina soberana. Daí para virar titular foi mole: o que não faltou foi "QI".
O governo brasileiro tem a obrigação de reverter esse mico que pagou ao abster-se diante de uma resolução que desrespeita a própria Carta da ONU, forjada exclusivamente para embasar um projeto de pirataria de desdobramentos imprevisíveis, até porque os países associados também não se entendem e Obama está em maus lençóis: pesquisa da Associated Press-GfK mostrou que os norte-americanos não apóiam a aventura, enquanto congressistas temem que milhões de dólares saiam pelo ralo e não tenham retorno.

Se quiser fazer alguma coisa de útil, além de declarações lançadas ao vento, a Chancelaria brasileira dispõe de grandes espaços de articulação. A maioria dos países árabes viu que amarrou seu camelo no tronco errado e agora está sem saber o que dizer em casa. Dos 24 integrantes da Liga Árabe, só 6 foram à reunião de Londres, convocada nessa quarta-feira para discutir a hipotética Líbia pós-Kadhafi: Iraque, Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Tunísia e Líbano. Nem a Arábia Saudita deu as caras por lá.

O questionamento da intervenção estrangeira com o objetivo agora mais explícito de implantar um governo títere para tomar conta do petróleo alheio é responsabilidade também dos nossos deputados e senadores, das entidades da sociedade civil e dos defensores da soberania brasileira. Com essa crise indisfarçável nas "potências" ocidentais ninguém pode se sentir seguro no domínio de suas riquezas. Pode parecer exagero, mas não me surpreenderia se esses países já não listaram o Brasil em seus projetos coloniais. 
 
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Bussines

não há como o guerra-bussines

Mentiras, hipocrisias e agendas ocultas. Eis os temas dos quais o presidente Barack Obama não tratou, ao explicar aos EUA e ao mundo a sua doutrina para a Líbia. A mente se perde, vacila, ante tais e tantos buracos negros que cercam essa esplêndida guerrinha que não é guerra (é “ação militar com escopo limitado por prazo limitado”, nos termos da Casa Branca) – complicados pela inabilidade do pensamento progressista, que não consegue condenar, ao mesmo tempo, tanto a crueldade do governo de Muammar Gaddafi quanto o “bombardeio humanitário” dos exércitos de EUA-anglo-franceses.
A Resolução n. 1.973 do Conselho de Segurança da ONU operou como cavalo de Tróia: permitiu que o consórcio EUA-anglo-francês – e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) – se convertesse em força aérea da ONU usada para apoiar um levante armado. Aparte nada ter a ver com proteger civis, esse arranjo é absoluta e completamente ilegal em termos da legislação internacional. O objetivo final aí ocultado, que até as crianças subnutridas da África já viram, mas que ninguém assume ou confessa, é mudar o governo na Líbia.
O tenente-general Charles Bouchard do Canadá, comandante da OTAN para a Líbia, que insista o quanto quiser, repetindo que a missão visa exclusivamente a proteger civis. Pois os “civis inocentes” lá estão, dirigindo tanques e disparando Kalashnikovs, brigada de farrapos que, de fato, são soldados em guerra civil. O problema é que, agora, a OTAN foi convertida em força aérea daquele exército, seguindo as pegadas do consórcio EUA-franco-inglês.
Ninguém diz que a “coalizão de vontades” que hoje combate o governo líbio é coalizão de apenas 12 vontades (das 28 vontades representadas na OTAN), mais o Qatar. Isso absolutamente nada tem a ver com a “comunidade internacional”.
O veredicto sobre a zona aérea de exclusão ordenada pela ONU só será conhecido depois que houver governo “rebelde” na Líbia e terminar a guerra civil (se terminar rapidamente). Só então se poderá saber se, algum dia, os Tomahawks e bombas-em-geral foram algum dia justificados; o porquê de os civis de Cyrenaica terem sido “protegidos”, ao mesmo tempo em que os civis em Trípoli foram Tomahawk-eados; quem, afinal eram os ditos “rebeldes” ditos “salvos”; se a coisa toda, desde o início, em algum momento deixou de ser ilegal; como aconteceu de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU ser usada para acobertar golpe de Estado (digo, “mudança de regime”); como o caso de amor entre “revolucionários” líbios e o Ocidente pode acabar em divórcio sangrento (lembrem o Afeganistão!); e quais os atores ‘ocidentais’ que lucrarão mais, imensamente, com a exploração de uma nova Líbia – seja unificada seja balkanizada.
Pelo menos por hora, é muito fácil identificar os que já estão lucrando.
O Pentágono
Roberto “O Supremo do Pentágono” Gates disse no fim-de-semana, na maior cara dura, que só há três regimes repressivos em todo o Oriente Médio: Irã, Síria e Líbia. O Pentágono se encarrega agora do elo mais fraco – a Líbia. Os outros dois sempre foram figuras chaves da lista dos neoconservadores, de governos a serem derrubados. Arábia Saudita, Iêmen, Bahrain etc. são exemplos de democracia.
Como nessa guerra de prestidigitação “agora se vê, agora não se vê”, o Pentágono obra para lutar não uma, mas duas guerras. Começou pelo AFRICOM – Comando dos EUA na África –, criado no governo George W Bush, reforçado no governo Obama, e rejeitado por legiões de governos, intelectuais, organizações de direitos humanos e especialistas africanos. Agora, a guerra está em transição, passando para as mãos da OTAN, que é o mesmo que a mão pesada do Pentágono sobre seus asseclas europeus.
É a primeira guerra africana do AFRICOM, comandada agora pelo general Carter Ham diretamente de seu quartel-general nada-africano em Stuttgart. O AFRICOM é fraude, como diz Horace Campbell, professor de estudos afro-norte-americanos e ciência política na Syracuse University: fundamentalmente, é uma frente de operação comercial, para que empresas contratadas pelos militares nos EUA – Dyncorp, MPRI e KBR possam fazer negócios na África. Os estrategistas dos EUA que muito se beneficiaram na porta giratória que se criou entre as privatizações e as guerras estão adorando a intervenção na Líbia, como magnífica oportunidade para dar credibilidade político-militar ao AFRICOM-business.”
Os Tomahawks do AFRICOM-EUA atingiram também – metaforicamente – a União Africana (UA) a qual, diferente da Liga Árabe, não se deixa facilmente comprar pelo ocidente. As petro-monarquias do Golfo, todas, festejaram o bombardeio; Egito e Tunísia, não.
Só cinco países africanos não são subordinados ao AFRICOM-EUA: Líbia, Sudão, Costa do Marfim, Eritreia e Zimbabwe.
A OTAN
O plano master da OTAN é dominar o Mediterrâneo, como lago da OTAN. Sob essa “ótica” (no jargão do Pentágono), o Mediterrâneo é infinitamente mais importante hoje, como teatro de guerra, que o “AfPak”.
Apenas três, das 20 nações do ou no Mediterrâneo não são da OTAN ou aliadas de seus programas “de parceria”: a Líbia, o Líbano e a Síria. O Líbano já está sob bloqueio da OTAN desde 2006. Atualmente, já há bloqueio também contra a Líbia. Os EUA – via OTAN – já praticamente conseguiram fazer do círculo, o quadrado. Que ninguém se engane: a Síria é o próximo alvo.
A Arábia Saudita

 Excelente negócio! O rei Abdullah vê-se livre de Gaddafi, seu arqui-inimigo. A Casa de Saud – do modo abjeto que é sua marca registrada – rende-se ao atraso, para beneficiar o ocidente. A atenção da opinião pública ganha objeto alternativo, para distrair-se: os sauditas invadem o Bahrain, para esmagar movimento popular legítimo, pacífico, pró-democracia.
A Casa de Saud vendeu a ficção segundo a qual “a Liga Árabe” teria votado unanimemente a favor da zona aérea de exclusão. É mentira.
Dos 22 membros da Liga Árabe, só 11 estiveram presentes à sessão que aprovou a “no-fly zone”; seis desses são membros do Conselho de Cooperação do Golfo, gangue da qual a Arábia Saudita é o cão-chefe.
A Casa de Saud teve de aplicar uma chave-de-braço em três. A Síria e a Argélia estavam contra a no-fly zone contra a Líbia. Tradução: só nove, dentre 22 países árabes, votaram a favor de implantar-se a zona aérea de exclusão na Líbia.
Agora, a Arábia Saudita já pode até mandar que o presidente do Conselho de Cooperação do Golfo Abdulrahman al-Attiyah declare sem piscar que “o sistema líbio perdeu a legitimidade”. Sobre a Casa de Saud e os al-Khalifas do Bahrain… não faltará quem os indique para o Hall da Fama da Assistência Humanitária.
O Qatar
O país que hospedará a Copa do Mundo de Futebol de 2022 sabe, sim, amarrar negócios. Seus Mirages já ajudavam a bombardear a Líbia, enquanto Doha preparava-se para vender aos mercados ocidentais o petróleo da Líbia. O Qatar foi o primeiro país a reconhecer o governo dos “rebeldes” líbios como único governo legítimo; fê-lo um dia depois de ter fechado o negócio do varejão do petróleo líbio no ocidente.
Os “rebeldes”
Sem desrespeitar as importantes aspirações democráticas do movimento da juventude líbia, fato é que o grupo mais bem organizado da oposição a Gaddafi é a Frente Nacional de Salvação da Líbia – há anos financiada pela Casa de Saud, pela CIA e pela inteligência francesa. O “rebelde’ “Conselho Nacional do Governo de Transição” é praticamente a velha Frente Nacional, acrescida de alguns militares desertores. A “coalizão” “protege” essa “elite” de “civis inocentes”, hoje.
Nessa linha, o “Conselho Nacional do Governo de Transição” acaba de nomear novo ministro das finanças: Ali Tarhouni, economista formado nos EUA. Foi ele quem disse que vários países ocidentais há lhe haviam dado créditos, sob garantias do fundo soberano líbio; e que os britânicos lhe deram acesso a 1,1 bilhão de dólares do dinheiro de Gaddafi.
Significa que o consórcio EUA-anglo-francês – e agora a OTAN –, só terão de pagar a conta da compra das bombas. No que tenha a ver com histórias da imundície das guerras, essa é impagável: o ocidente está usando o dinheiro da Líbia para pagar um bando de líbios oportunistas interessados em derrubar o governo da Líbia. França e Inglaterra gozam, de tanto que amam as bombas. Nos EUA, os neoconservadores devem estar se estapeando, lá entre eles, de inveja: por que o vice-secretário de Defesa Paul Wolfowitz não teve a mesma ideia, para o Iraque, em 2003?
A França
Oh la la, a coisa bem poderia servir de substrato para romance proustiano. A coleção estrela da primavera francesa nas passarelas parisienses é o show de moda-fantasia de Nicolas Sarkozy: uma zona aérea de exclusão na Líbia, rebordada com ataques-acessórios pelos jatos Mirage/Rafale. Todo o show e pirotecnia foi concebido por Nouri Mesmari, chefe de protocolo de Gaddafi, que desertou e fugiu para a França em outubro de 2010. O serviço secreto italiano vazou para jornalistas e jornais selecionados os detalhes da deserção e da fuga. O papel do DGSE, serviço secreto francês, está mais ou menos explicado no e-jornal (só para assinantes) Maghreb Confidential.
A verdade é que o coq au vin da revolta de Benghazi já estava cozinhando em fogo baixo desde novembro de 2010. Os galos-estrelas foram Nouri Mesmari; Abdullah Gehani, coronel da Força Aérea da Líbia; e o serviço secreto francês. Mesmari era chamado “o WikiLeak líbio”, porque vazou quase todos os segredos militares de Gaddafi. Sarkozy adorou, furioso desde que Gaddafi cancelou gordos contratos para comprar aviões Rafales (para substituir os Mirages líbios que, hoje, estão sendo bombardeados por Mirages franceses) e usinas nucleares francesas.
Isso explica por que Sarkozy, que estava tão animadinho, posando de neoliberador de árabes, foi o primeiro líder europeu a reconhecer “os rebeldes” (para tristeza de muitos, na União Europeia) e o primeiro a bombardear as forças de Gaddafi.
Vê-se aí também exposto o papel do desavergonhado filósofo e autopropagandista Bernard Henri-Levy, que se esfalfou enchendo a mídia mundial com notícias de que ele telefonara a Sarkozy, de Benghazi, e assim despertou o filão humanitário no coração do presidente. Ou Levy é o otário da hora, ou é uma conveniente cereja “intelectual” acrescentada ao já assado bolo-bomba contra Gaddafi.
Ninguém detém Sarkozy, o Terminator. Já avisou todos os governos árabes que estão na mira para serem bombardeados ao estilo Líbia se espancarem manifestantes. Até já avisou que a Costa do Marfim seria “a próxima”. Bahrain e Iêmen, claro, não têm com o que se preocuparem. Quanto aos EUA, mais uma vez os EUA apoiam golpe militar (não deu certo com o Omar “Sheikh al-Tortura” Suleiman no Egito. Talvez funcione na Líbia).
Al-Qaeda
O coringa sempre conveniente renasce. O consórcio EUA-franco-inglês – e agora também a OTAN – outra vez combatem aliados à al-Qaeda, dessa vez representada pela al-Qaeda no Maghreb (AQM).
Abdel-Hakim al-Hasidi, líder dos “rebeldes” líbios – que combateu ao lado dos Talibã no Afeganistão – confirmou, com detalhes, para a mídia italiana, que recrutara pessoalmente “cerca de 25” jihadistas na região de Derna no leste da Líbia para combater os EUA no Iraque; e que agora “eles estão na linha de frente em Adjabiya”.
Isso, depois de o presidente do Chad Idriss Deby ter dito que a al-Qaeda no Maghreb assaltou arsenais militares na Cyrenaica e provavelmente já têm alguns mísseis terra-ar. No início de março, a al-Qaeda no Mahgreb apoiou publicamente os “rebeldes”. O fantasma de Osama bin Laden deve estar rindo como o gato Cheshire de Alice; mais uma vez, conseguiu por o Pentágono a trabalhar para ele.
Os privatizadores da água
Poucos no ocidente sabem que a Líbia – como o Egito – repousa sobre o Sistema Aquífero do Arenito Núbio [ing. Nubian Sandstone Aquifer]: é um oceano de extremamente valiosíssima água doce. Ah, sim, sim, essa guerra de prestidigitação “agora se vê, agora não se vê”, é crucial guerra pela crucial água.
O controle do aquífero é patrimônio sem preço: além da água para beber, o prestígio para dominar: a EUA-França-Inglaterra “resgatando” valiosos recursos naturais, das mãos dos árabes “selvagens”.
É um Aquedutostão – enterrado fundo no coração do deserto. São 4.000 quilômetros de dutos. É o Maior Projeto de Rio Criado pelo Homem [ing. Great Man-Made River Project (GMMRP)], que Gaddafi construiu por 25 bilhões de dólares sem tomar emprestado nem um centavo nem do FMI nem do Banco Mundial (mais um exemplo de barbárie de Gaddafi, que não se deve deixar vazar para o resto do mundo subdesenvolvido).
O sistema GMMRP fornece água para Trípoli, Benghazi e todo o litoral da Líbia. A quantidade de água disponível, estimada por especialistas, é o equivalente à toda a água que corre pelo Nilo por 200 anos. Comparem-se esses números os números das chamadas “Três Irmãs” – empresas Veolia (ex-Vivendi), Suez Ondeo (ex-Generale des Eaux) e Saur – as empresas francesas que controlam mais de 40% do mercado global de água.
Todos os olhos devem-se focar, atentos, para ver se algum dos aquedutos da GMMRP serão bombardeados. Cenário altamente possível, caso sejam bombardeados, é que imediatamente comecem a ser negociados os gordos contratos de “reconstrução” – que beneficiarão a França. Será o passo final para privatizar toda aquela – até o momento gratuita – água. Da doutrina do choque, chegamos à doutrina da água.
Essa lista dos que ganham com a guerra está longe de ser completa – ainda não se sabe quem ficará nem com o petróleo nem com o gás natural da Líbia. Enquanto isso, o show (das bombas) tem de continuar. Não há business como o guerra-business.
por Pepe Escobar, Asia Times Online
Traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu

Petróleo

Esta guerra de Barack Obama não tem nem o pretexto falaz de George Bush de que se trata de aniquilar tirano que detinha armas de destruição em massa em seus arsenais, o que se verificou, depois, ser mentira. Ele, para atender aos fazedores de guerra que dela necessitam para acrescer a fortuna e ativar a economia, primeiro afirmou que movia guerra ao presidente da Líbia para defender sua população civil. Quando sua fortaleza de navios bombardeou Trípoli, a capital, a desculpa não podia ser aceita. Aí ele passou a dizer que era levado a pegar em armas para sustentação de valores democráticos dos Estados Unidos.

Por que só agora a ditadura de Kadafi, com 41 anos de tranquila existência, passou a perturbá-lo? Por que não defende tais valores na Arábia Saudita, entregue, há muito, a atrasados sheiques que não respeitam a democracia nem as mulheres? Por que ali o petróleo é barato e na quantidade necessária aos Estados Unidos para fazer andar seus automóveis de passeio que gastam combustível como transatlânticos. Como disse ontem, a diferença entre Obama e Bush é que o primeiro, antes de baixar o cacete sobre orientais, para lhes roubar petróleo, pede desculpas. O outro era na grossura. Quando jogava bombas de uma tonelada sobre residências de iraquianas, apenas dizia que queria derrubar o ditador e implantar a democracia. À base do porrete.