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O cenário político brasileiro não mudou

Na verdade o cenário político tem sido o mesmo há quase duas décadas:
os bancos privados querem controlar tudo, inclusive o Estado brasileiro.
Dois candidato nesta disputa presidencial representam os interesses político-financeiros dos bancos privados (Aécio e Marina Silva).
Do outro lado do espectro político, está o PT (e seus aliados) que acredita que o Estado deve ter poder regulatório, pode empregar recursos públicos para fomentar a economia e usar os bancos públicos para reduzir ou controlar a juros do mercado.
O cenário político é o mesmo que existia em 2002.
Mudaram apenas os avatares na urna eletrônica.
Como Marina não representa uma mudança e a mudança pretendida por Aécio Neves é um retorno ao desesperador passado FHCiano ficarei com Dilma Rousseff.

por Fábio de Oliveira


Paulo Nogueira: dez coisas sobre o debate na Band

1) Dilma apanhou de todos os lados. Bateu em Aécio e poupou Marina, que não a poupou.

De uma maneira geral, se defendeu bem, o que mostra que se preparou para a pancadaria generalizada.

2) Aécio foi Aécio e mais três: os jornalistas da Band, José Paulo de Andrade, Boris Casoy e Fabio Panuzio.

As perguntas deles continham invariavelmente críticas a Dilma e oportunidades para Aécio vender seu peixe. Foram torcedores muito mais que jornalistas.

3) Aécio escolheu por onde vai tentar brecar Marina: dizendo que ela é uma “aventura”, um “improviso”.

A verdadeira mudança, segundo ele, é ele mesmo.

4) Aécio vê um Armínio Fraga que só ele vê. Nas suas considerações finais, Aécio anunciou Fraga como ministro da Economia com o ar triunfal de um técnico que estaria comunicando a aquisição de Messi.

5) Marina mostrou quanto respeita Neca. Os óculos vermelhos com os quais se apresentou no debate chamaram a atenção de todos.

Neca não parece ter apreciado muito. Da plateia, acenou para que Marina os tirasse, e foi obedecida.

6) Marina, como se diz no futebol, está de salto alto, mascarada, por conta das pesquisas.

Parecia pairar acima do bem e do mal, ou pelo menos acima de Dilma e Aécio, ao renegar a polarização PT X PSDB.

7) O Pastor Everaldo não tem noção das coisas. Numa pergunta sobre o futuro da energia, parecia aquele aluno que ao ver uma questão numa prova percebe que não estudou nada. Respondeu com seu repetido bordão sobre o Estado Mínimo, que lhe valeu o apelido de Pastor Neoliberal entre os internautas.

8) Eduardo Jorge, do PV, foi o Rei da Zoeira, com seu vozeirão, seu traje de cantor sertanejo e suas críticas “a tudo isso que está aí”.

“Aquele tio que fuma maconha e pede dinheiro emprestado pra tua avó”, na definição de um internauta no Twitter.

9) Levy Fidelix frustrou os internautas ao deixar de falar no mítico “aerotrem”.

Comparado ao baixinho da Kaiser e ao Senhor Spacely, parecia, como o Pastor Everaldo, perdido no tempo e no espaço.

10) Luciana Genro pode se tornar um bom quadro da esquerda, se for mais pragmática. Sublinhou a semelhança entre o programa econômico de Aécio e de Marina, falou na necessidade de taxar as grandes fortunas e, em seu melhor momento, notou que o jornalista José Paulo de Andrade não entendeu nada dos protestos de junho passado.

Sobre o Autor

O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.


Charge da hora

charge



Papo de homem

Precisamos falar de pornô

Você chega em casa e abre o computador. Acessa a internet, olha o Facebook, e vai pra um site qualquer, um desses de filmes pornôs. Escolhe o vídeo que tem a imagem mais interessante, bate uma, toma uma água e liga a TV… Normal. Inofensivo. Muitos diriam: saudável.

Mais um dia. Você chega em casa, vai pro computador, acessa a internet e, desta vez, clica em uma dessas reportagens que aparece na timeline. Na imagem que chama para o texto, destaque para uma mulher americana de meia idade: o nome dela é Shelley Lubben.

Bastante revoltada, ela fala de garotas que, durante a gravação de pornôs, foram forçadas a fazer o que não queriam. A reportagem mostra vídeos de mulheres chorando de dor, enquanto os parceiros de atuação não param de meter e machucá-las. Em seguida, ela fala sobre dados de atores e atrizes que morreram de AIDS – afinal, não é aceitável gravar pornô usando preservativos. Shelley mostra também a lista das muitas atrizes que se suicidaram por depressão ou morreram de overdose.

Para ela, tudo isso é reflexo de uma indústria pornô hardcore que vitimiza e danifica permanentemente aqueles que fazem parte dela.

Inclusive ela mesma.

Shelley atuava em pornôs nos anos 90. Depois de ser expulsa de casa e ir trabalhar em uma boate de strip, viu nos filmes uma oportunidade de ganhar mais dinheiro e dar uma boa vida à filha pequena.

Durante os 4 anos de carreira, sofreu agressões. Chegou a perder metade do útero por um câncer causado pelo HPV. Mesmo assim, a atriz só largou a indústria quando contraiu herpes e teve grandes problemas de saúde por que esta se espalhou pelo resto do corpo. Se enxergou alcoólatra e só deu uma guinada na vida pessoal ao casar com um filho de pastor e construir a família tradicional com que sempre sonhou.

Hoje é presidente da Pink Cross Foundation, organização voltada para os trabalhadores do pornô americano, acusa a indústria pornográfica de realizar tráfico sexual e acobertar estupros, além de exibir alguns deles na íntegra.

Eu a conheci clicando em um destes links, e fiquei com isso na cabeça. Ela te mostra uma lado tão feio e tão perturbador do pornô que fica difícil navegar pelos sites ou pensar em assistir aos filmes da mesma maneira. Todas as vezes em que um cara apertar o pescoço da garota, você pensará: “Será que isso é uma expressão de tesão ou de dor? Será que nós, espectadores voyeristas, continuamos consumindo porque é justamente a dor alheia que alimenta o nosso prazer? Será que eu tô contribuindo e sendo conivente com a destruição da vida de algumas dessas pessoas?”

Trabalhando na TV USP, eles me deram a liberdade de fazer uma reportagem sobre o assunto. Afinal, será que no Brasil é assim também? Será que os mesmos problemas da maior indústria pornográfica do mundo também são problemas aqui, na nossa pequena fábrica de pornôs?

Eu fui atrás da Shelley Lubben, de algumas atrizes brasileiras e de mais um monte de gente interessante pra falar sobre o assunto. Foram poucos os que toparam me dar entrevista. O vídeo a seguir, uma reportagem feita e exibida pela TV USP, é o resultado dessa busca.

No Brasil, a indústria pornô não reserva luxos.

Apesar de ser um diretor (e representar a figura do “acusado”), Valter não teve cerimônias em se abrir. Contou sobre os pagamentos miseráveis, sobre as garotas que topam fazer de tudo sem questionar, porque precisam de dinheiro a qualquer custo. O diretor falou ainda sobre a prostituição que anda de mãos dadas com o estrelato na indústria dos filmes. “Há 20 anos, uma atriz entrava num set de filmagem e saia com dinheiro pra comprar um carro novo. Hoje, o dinheiro só dá pra pagar as contas.”

Não é por acaso, portanto, que os entrevistados foram unânimes em afirmar que quase todas as atrizes brasileiras do gênero trabalham como garotas de programa. “Eles me veem num vídeo e aí ligam porque querem sair com aquela mulher do filme”, explicou Patrícia.

A atriz, aliás, foi outra que também conversou conosco sem pudores. Falou dos problemas que teve com algumas produtoras que agem de maneira abusiva, mas deixou igualmente claro que tinha outras opções na vida. Não era de família rica, nem de classe média alta, mas dava aulas de inglês e queria fazer um curso universitário de secretariado. Mesmo assim, escolheu a indústria do sexo: se identificou com a profissão, se sentiu bem sendo desejada, recebendo atenção e não reclama do dinheiro que a atividade rende.

No final das entrevistas, depois de apresentarem todos os problemas, ambos sorriram e explicaram, de maneira bem semelhante, por que continuam na área – a repulsa à rotina de bater cartão e trabalhar de 8h às 18h.

Patrícia disse: “Eu não trocaria pra trabalhar em uma outra coisa, numa dessas salas fechadas…” No dia de sua conversa, Valter, depois de explanar todos os problemas pelos quais as atrizes passam, completou: “É… ainda assim, é bem melhor que trabalhar em escritório, né?”.

Elas estão fingindo
Patrícia garante que gosta da profissão e que até sente prazer em algumas cenas. Por sua vez, Shelley não acredita que seja possível ter prazer fazendo filmes. Shelley é enfática.

“Elas estão atuando! Elas são atrizes, tudo que elas fazem é atuar. – Ahhhhhh eu adooooro. Ahhh eu amo! – MENTIRA!”.

E o desejo e as referências a sexo que vemos na vida das profissionais mesmo quando estão fora das telas – no Twitter por exemplo? Shelley diz que as atrizes precisam se vender como personagens que vivem pro sexo mesmo na vida real, e por isso nunca saem por completo de seus papéis.

Na visão da ex-atriz, a degradação psicológica e a pressão causada pelos desempenhos humilhantes e fisicamente difíceis obriga as garotas a recorrerem ao álcool e às drogas. “Você quer saber se uma estrela pornô é feliz mesmo? Então não escute o que ela diz, só olhe pra vida real dela: indo e voltando de clínicas de reabilitação, flagrada bêbada chorando, perdendo a guarda de seus filhos num tribunal”.

Com essas situações em mente, a ativista não quer apenas que sejam garantidos direitos básicos e segurança aos profissionais que trabalham com filmes. Ela quer o fim da indústria pornô. “Shelley tem muita razão em algumas coisas que diz, mas é uma fanática religiosa. Esse é o problema dela”, diz Valter, católico praticante. Fanática ou não, fizemos o teste que ela propôs: olhamos para a vida real de Patrícia.

Em uma conversa informal, ela contou sobre a relação com a família. Sua mãe e seus irmãos sabem da sua carreira: “minha mãe não deixou de me apoiar”. Nos dias de lazer vive normalmente, conta histórias corriqueiras da sua relação com a família, como ir em quermesse de igreja na época das festas juninas. Ela conta que alguns garotos e homens a reconhecem. Quando está em família, pede pra eles respeitarem seu momento.

Apesar de demonstrar que é possível viver de sexo sem ser emocionalmente demolida, Patrícia sabe que sua situação não é a de uma atriz qualquer. Ela tem nome, fama e 10 anos de carreira. Para as novatas, é muito mais difícil impôr respeito. E essa é a grande diferença.

Meu corpo, minhas regras
Ainda que aquela garota de que você gosta aceite ir ao motel contigo, isso não significa que você pode fazer o que quiser com ela. Mas por que ainda soa estranho ouvir que uma atriz pornô se recusou a fazer sexo anal? E que ela não aceitou apanhar durante uma cena? Ou, em um exemplo mais severo, classificar como estupro o desrespeito a qualquer um desses limites?

Decidir sobre como dispor do próprio corpo é um direito básico de cada um de nós – incluindo as atrizes pornôs e as prostitutas. A impressão de glamour que envolve algumas superproduções faz parecer que todas as garotas são bem tratadas, pagas e protegidas como se deve, mas ainda que o pagamento que ambos os tipos de trabalhadoras do sexo seja relevante, isso não é algo que tire delas a garantia à integridade física e psicológica.

E apesar do foco dessa reportagem recair sobre a questão da mulher na indústria do pornô, isso não quer dizer que são só elas que sofrem. Muitos atores são constantemente submetidos a injeções e remédios para manterem ereção por um período que a natureza não permitiria. Os atores homens, inclusive, são as maiores vítimas da Aids no universo pornô.

Camisinha: usar ou não usar?
A proteção é uma peça chave na discussão sobre o respeito e segurança dos profissionais do sexo. Aqui no Brasil, depois de alguns anos de pressão do Ministério da Saúde, a maioria dos filmes são gravados com preservativo – mas muitos empresários da pornografia alegam que esse modelo não é rentável.

Produtores americanos acreditam que não é isso que o público quer ver e, por isso, garantem que os consumidores não compram filmes do tipo. Shelley rebate dizendo que são os produtores que determinam o que o público vai assistir: se só houver filmes com preservativos, os espectadores só assistirão a filmes com preservativos. E não adianta ficarmos alheios à discussão, pois a decisão dos EUA afeta o mundo todo. Os filmes gravados “para exportação” aqui no país, por exemplo, também são gravados sem preservativo.

Atualmente, as produtoras dos Estados Unidos estão sendo pressionadas a aderir ao uso de camisinha por causa da Medida B, lei aprovada no Estado da Califórnia, coração da indústria pornográfica.

A legislação trabalhista americana já determinava que empresas que submetam profissionais a entrar em contato com fluídos potencialmente contaminantes devem fornecer e aplicar toda a proteção necessária, mas a nova regra especifica que atores e atrizes pornôs estão inseridos nessa legislação.

Para evitar que a camisinha seja obrigatória, as produtoras recorreram à primeira emenda da Constituição americana: acusam a medida B de interferir na liberdade de expressão artística de seus contratados.

Parece muito razoável exigir o uso de preservativos na gravação de filmes. Mas para dimensionar a polêmica, é importante lembrar que a proteção não seria apenas no momento da penetração: de acordo com a Medida B, homens e mulheres deveriam usar camisinhas masculinas ou femininas no sexo oral também.

Pense consigo. Se usar uma camisinha feminina para fazer um sexo oral numa mulher não é algo que normalmente se pratica na vida real, será que a prática deveria mesmo ser obrigatória nos vídeos? Ou seria uma prova de que usar camisinha, não importa em que circunstância, pode ser excitante? É parte da função de um filme pornô participar de um processo educativo para mudar nosso hábito e cultura?

Que outro pornô é possível?
Quantos clichês você vê numa só imagem?
Quantos clichês você vê numa só imagem?
Se como espectadores nós encaramos a questão da segurança, as agressões, cenas extremas e a falta de reconhecimento dos direitos como parte da causa dos danos que podemos perceber entre os membros e ex-membros da indústria pornográfica, também precisamos entrar no debate.

Ao contrário do que pensa Shelley, que quer acabar de vez com os pornôs, eu acredito que a solução não é eliminar os filmes, e sim, a violência e as opressões cometidas dentro de um set.

“O pornô é um microcosmos do mundo em que a gente vive. O que se vê nos filmes é o que se vê no mercado. É como a marca de cerveja competindo pra ver quem faz o comercial mais babaca. Um diretor faz um filme de anal, aí vai o outro e tem que fazer o super super anal e assim por diante…” –Valter

“Não dá pra voltar pro pornô arroz com feijão. (…) Elas usam álcool e drogas porque sabem que não dá pra cumprir certas exigências sóbrias.” –Shelley

Tanto na fala da Shelley quanto na do Valter pode-se perceber a falta de perspectivas que amenizem o problema. Os dois falam sobre a competição cada vez mais agressiva e mais distante do sexo comum: é a cultura do sexo hardcore. As orgias têm que ser cada vez mais numerosas; o freak, cada vez mais freak; e assim o sexo “comum” se torna cada vez menos atrativo comercialmente e, portanto, inviável.

Diretor das antigas, Valter critica a estrutura comum, não concorda com o modelo de produção atual e tem saudades da época em que os filmes eram mais eróticos, mais únicos e feitos em escala menor. “Se você for observar, os filmes seguem todos uma mesma estrutura, 4, 5 posições, ângulos de câmera muito parecidos, e até o ponto de corte chega a ser o mesmo”. Será que não é mesmo possível apostar em um modelo que não seja esse?

Será que não é possível fazer um filme que excite, que instigue, sem machucar? A maior parte da indústria pornô atende determinados grupos de homens héteros e outros grupos de homens gays. E digo ‘determinados grupos’ porque nem todos os homens héteros tem como fetiche ver mulheres com um padrão de beleza questionável, gemendo de maneira mais questionável ainda. Nem todos os homens héteros ou gays acham que os filmes com aquele sexo exagerado e tão claramente atuado é o que se pode ter de melhor num filme pornô.

Que tal pensar em algo que possa valorizar mais o casal, em que a interação e fetiches sejam mútuos e não levem em conta só o prazer masculino? E se fossem produzidos filmes em que o homem também seja objeto de prazer (não necessariamente voltados para o público gay)? Será que não é possível que o público lésbico seja de fato atendido, sem ficar refém do pornô em que duas mulheres se tocam com o claro objetivo de satisfação hétero-masculina?

Há até um vídeo em que garotas homo fazem comentários sobre o pornô lésbico main stream:

É possível encontrar filmes e produtoras alternativas, claro, mas ainda em uma quantidade muito pequena, com dificuldade para se manter e, por muitas vezes, com custo acima do pornô comum. Se você não é uma pessoa que se sente plenamente atendida pelo modelo atual e resolver procurar outro tipo, muito provavelmente vai levar três vezes mais tempo buscando um vídeo do que se masturbando.

Uma das alternativas atuais é o site “Make Love, Not Porn”. Criado por Cindy Gallop, pessoa chave na briga por novos modelos de pornô, o site tenta trazer o sexo da vida real para as telas. A criadora incentiva que casais normais façam filmes amadores reais e forneçam esse material para o site. Os visitantes pagam um taxa para assistir ao vídeo por um período determinado (algo em torno de US$5 por 3 semanas) e os usuários que fizeram a filmagem ganham metade dos lucros que o filme arrecadar.

No Brasil, a X-Plastic tem um trabalho relevante – até por ser a única grande produtora de pornô alternativo. Fundada por três integrantes de uma banda de rock, tem nas músicas um forte atrativo, assim como a inspiração na pornochanchada. A fotografia bem cuidada também chama atenção, e as garotas fazem o estilo de pin-ups modernas: tatuadas, com corpo natural e cabelos cuidadosamente diferentes (Patrícia Kimberly, nossa entrevistada, é uma das profissionais que gravam com a X-Plastic).

Alt Porn ou amador. Gonzo ou super produção. Tapas, apertões, puxadas de cabelo… Orgias, vários homens e uma só mulher… todas essas opções podem ser muito excitantes e não têm nada de errado, mas pra isso, é preciso que os envolvidos estejam gostando. Sentir prazer com algum desses tipos de interação é diferente de sentir prazer vendo uma mulher gritar aflita porque a penetração em grupo, os tapas, os puxões estão doendo sem lhe dar nenhum prazer.

Acredito que o ponto não é criar uma cartilha de “pode” e “não pode” dentro do pornô. A intenção desse texto, inclusive, é levantar o questionamento sobre os padrões que temos hoje. Creio que seja preciso encontrar um ponto de equilíbrio que garanta o bem estar dos profissionais, seja economicamente rentável e que, ao mesmo tempo, não criminalize as práticas sexuais de alguém.

O sexo agressivo não é, necessariamente, errado. O sexo com abuso é.

Como a Patrícia disse pra gente: “Enquanto eu estiver gostando e enquanto eu estiver tendo prazer, tudo vale.”

Gabriella Feola
Estudante de jornalismo da USP, apaixonada por músicas latinas, acredita que 'sexo' deveria ser uma editoria, assim como esporte.



Blablarinagem do dia

- Senadora Marina Silva, qual o sentido da expressão "transversalidade sustentável"?

- A expressão, cunhada por mim, da minha autoria mesma, significa: A valorização de fatores objetivos, subjetivos e geneoplástico que causa impacto direto e indireto na avaliação e e reavaliação das formas de ação e não ação. Simplesmente isso!...


Ibop: Tracking pós debate na Band

Findo o debate na Bandeirantes o Ibop - Instituto Briguilino de Opinião Pública -, fez pesquisa sobre a intenção de votos apenas com pessoas que assistiram o debate do começo ao fim.




Eis os números:
Dilma Roussef (PT) 53%
Marina Silva (PSB) 26%
Aécio Neves (Psdb) 18%
Nanicos 03%

O Ibop divulga suas pesquisas como faz o TSE - Tribunal Superior Eleitoral -, apenas os votos válidos.

Debate na Band

Dilma afoga Marina Silva em fatos. Mostra que as manifestações de Junho do ano passado resultaram em em ações concretas:

  • Mais Médicos
  • Royalties para Educação e Saúde
  • Investimentos para mobilidade urbana
  • Proposta de plebiscito para reforma política 




Aécio Neves (Psdb) critica Petrobras e leva uma surra da presidente Dilma:
Hoje a empresa vale sete vezes mais que nos tempos bicudos e pré-sal que vocês menosprezaram, disseram que só começaria a produzir em 2020 já produz 540 mil barris/dia

Josias de Souza: debate não virou votos, apenas consolidou posição




Realizou-se na noite passada, na Band, o primeiro debate presidencial de 2014. Antes de trocar o evento em miúdos, aqui vai a conclusão: como já se tornou comum em programas do gênero, domados por regras ditadas pela marquetagem, não houve um vencedor. Hipertreinados, nenhum dos três principais contendores protagonizou algo que possa ser chamado de um escorregão. É improvável que o embate resulte numa virada de votos. Serviu apenas para consolidar posições. Assim, foi mais útil para Dilma e Marina, que roçam o segundo turno.

Sob o impacto do Ibope divulgado horas antes, que lhe tirou o chão, restou a Aécio apresentar-se como a mudança segura. Fez isso do início às considerações finais, quando declarou, já perto de uma hora da madrugada, que Dilma representa o Brasil da “inflação alta e do crescimento baixo”. E que Marina levará o país a “novas aventuras e ao improviso”. Ofereceu “o caminho da segurança” e da “previsibilidade”. Chegou mesmo a “nomear” seu ministro da Fazenda: Armínio Fraga, ex-presidente do BC.

Quem queria ver sangue decepcionou-se. Foi ao ar a normalidade. Como atração televisiva, o debate deixou a desejar. Com mais de três horas de duração, tornou-se enfadonho do meio para o final. Começou às 22h de terça e alongou-se até 1h06 de quinta. As pestanas que resistiram até o quinto e derradeiro bloco foram ao encontro dos travesseiros com a incômoda sensação de desperdício do sono. O miolo da picanha foi servido no segundo bloco.

Como de hábito, as regras conspiraram contra o aprofundamento da discussão. Com 30 segundos para a pergunta, dois minutos para a resposta e 45 segundos para réplica e tréplica, as teses foram expostas numa profundidade que uma pulga poderia atravessar sem saltos, com água pelas canelas. Por sorte, o embuste retórico foi mantido no limite do tolerável.

Convidada a inquirir um dos rivais, Marina mirou para o alto. Evocando as manifestações de junho de 2003, a substituta de Eduardo Campos esfregou na face de Dilma o fiasco dos pactos propostos por ela como resposta ao ronco das ruas. E Dilma, fiando-se em autocritérios: “Eu considero que tudo deu certo, veja você”. Ela enumerou: a lei que destinou 75% dos royalties e do fundo social do pré-sal para a educação e 25% para a saúde, o programa Mais Médicos, a destinação de R$ 143 milhões para mobilidade urbana… A reforma política não vingou, mas isso depende de um plebiscito, disse.

Na réplica, Marina foi ao ponto: “Uma das coisas mais importantes para que a gente possa resolver os problemas é reconhecer que eles existem. Quando a gente não os reconhece, não passa nenhuma esperança para a população de que, de fato, eles serão enfrentados. Esse Brasil que a presidente Dilma acaba de mostrar, colorido, quase cinematográfico, não existe na vida das pessoas. [...] a reforma política virou substituição de ministros em troca de tempo de televisão. Vivemos uma situação de penúria na saúde, na educação e na segurança…”

Na sua vez de indagar, Dilma apontou para baixo. “Eu queria perguntar para o candidato Aécio”, disse, como que interessada a retornar à zona de conforto da polarização tucano-petista. Um embate que a conjuntura insiste em desfazer. “O Brasil tem hoje as menores taxas de desemprego da história, mesmo diante da mais grave crise internacional”, ela disse. “Quando Fernando Henrique entregou o cargo ao presidente Lula, o desemprego era mais que o dobro. O senhor falou que, se eleito, tomaria medidas impopulares. Além de cortar empregos e acabar com o aumento real do salário mínimo, quais outras medidas impopulares o senhor tem em mente?”

E Aécio: “Eu me sinto lisonjeado toda vez que a candidata me olha e enxerga o presidente Fernando Henrique. Mas acho que quem fala sempre olhando pra trás é porque tem receio de debater o presente ou não tem nada a apresentar em relação ao futuro. A senhora está enganada. Tenho dito que estamos preparados para fazer o Brasil voltar a crescer e gerar empregos cada vez de melhor qualidade. No governo da senhora, presidente, 1,2 milhão de postos de trabalho acima de dois salários mínimos foram embora porque a indústria brasileira foi sucateada.”

Aécio soou duro. Mas foi informativo. Disse que a participação da indústria no PIB recuou aos níveis da Era Juscelino Kubistchek, há 60 anos. Evocou as informações que acabam de ser divulgadas pelo Ministério do Trabalho. Súbito, escorregou na eloquência: “Os dados mostram que este mês de julho foi o pior mês de geração de emprego de carteira assinada do século, como foi junho, como foi maio… É preciso, sim, que a senhora reconheça que um país que não cresce não gera empregos. O seu governo perdeu a capacidade de inspirar confiança e credibilidade…”

Em verdade, o que os dados da pasta do Trabalho revelaram foi que, em julho passado, houve 1.746.797 contratações com carteira assinada e 1.735.001 demissões. Na conta dos empregos formais registrou-se, portando, um saldo de 11.796 novas vagas. Foi o pior resultado para um mês de julho desde 1999, sob FHC, quando foram abertos 8.057 novos postos de trabalho. Já é suficientemente ruim. O adendo do “pior mês do século”, por desnecessário, permitiu que Dilma voltasse à carga:

“A verdade, candidato, é que o governo do PSDB, que parece que o senhor não vai adotar, quebrou o Brasil três vezes… Aliás, tivemos uma redução salarial terrível durante esse período. No meu governo, nós geramos mais empregos do que vocês geraram em oito anos. Eu, em três anos e oito meses, estou gerando, 5,5 milhões de empregos.” Verdade. O problema é que Dilma fala de empregos olhando para o retrovisor. Os telespectadores mais atentos sabem que o parabrisa, embaçado pelo crescimento pífio da economia, exibe um horizonte de dias piores.

De resto, Dilma teve o azar de lidar com um tucano que optou por não esconder FHC no fundo do armário. Na tréplica, Aécio recordou uma carta elogiosa que Dilma endereçou ao ex-presidente quando ele fez aniversário de 80 anos. “Eu me permito ficar com a primeira presidente Dilma que, no início do seu mandato, escreve uma carta ao presidente Fernando Henrique cumprimentando-o pela estabilidade econômica.”

Acrescentou: “Não tivesse havido a estabilidade da moeda, contra a vontade do PT, a Lei de Responsabilidade Fiscal, a modernização da nossa economia e a privatização de setores que deveriam já há muito tempo estar fora do alcance do Estado, se não houvesse tudo isso, não teria havido o governo do presidente Lula… Reconhecer a contribuição de outros governos é um gesto de grandeza que tem faltado ao seu governo.”

Ainda no segundo bloco, o sorteio brindou a platéia com a possibilidade de Aécio dirigir uma pergunta a Marina, cujo desempenho ameaça privá-lo do segundo turno. “Candidata, a senhora tem falado muito sobre a nova política. Logo que assumiu sua candidatura, apressou-se em dizer que não subiria em determinados palanques. Etnre eles o de um dos mais íntegros e preparados homens públicos do país, o governador Geraldo Alckmin. Dias depois, disse que gostaria de governar o país com o apoio de José Serra, o mesmo a quem a senhora negou apoio em 2010. Será que a nova política não precisaria ter também uma boa dose de coerência?”

Marina teve, então, a chance de reentoar o discurso que vem encantando o pedaço do eleitorado que está de saco cheio do Fla-Flu que domina a política nacional desde a sucessão 1994. “Eu me sinto inteiramente coerente. Defender a nova política é combater sobretudo a velha polarização que, há 20 anos tem se constituído num verdadeiro atraso para o nosso país.”

Prosseguiu, peremptória: “A polarização PT-PSDB já deu o que tinha de dar. Quando eu disse que não ia subir nos palanques que não havia antes acordado com nosso saudoso Eduardo Campos, mantive a coerência exatamente porque não queria favorecer os partidos da polarização. E quando digo que quero governar com os melhores do PT, do PSDB, do PMDB é porque reconheço que existem pessoas boas em todos os partidos.”

Marina finalizou a resposta dizendo que, eleita, escalará uma “nova seleção”, tirando “do banco de reservas pessoas como o senador Pedro Simon, Eduardo Suplicy…” Declarou que, ao se referir a Serra, “estava dizendo que tenho a certeza de que, quando eu ganhar a Presidência, ele não haverá de ir pelo caminho mesquinho da oposição pela oposição, que só vê defeitos, mesmo quando os acertos são evidentes. É o caso do Bolsa Família, que o PSDB tem muita dificuldade de reconhecer. Ou da situação pela situação que sói vê virtudes, mesmo quando os defeitos são evidentes, como é o caso da volta da inflação, do baixo crescimento e de todo o retrocesso que temos na política macroeconômica, que o PT tem dificuldade de reconhecer e corrigir. Eu me sinto inteiramente coerente com a renovação da política.”

Na réplica, Aécio disse ter dificuldades para entender a pregação que parece ter encantado uma fatia expressiva do eleitorado. Recuou no tempo: “Acredito que existe de verdade a boa e a má política. Não posso crer que homens como Ulysses Guimarães, Miguel Arraes e Tancredo Neves praticavam a velha política. E a boa política pressupõe coerência. Estou aqui acreditando no que sempre acreditei.”

Na sequência, Aécio insinuou que a ex-petista Marina foi contra as boas iniciativas da fase FHC. “Eu acreditava que a estabilidade da moeda era essencial para que o Brasil voltasse a crescer, acreditei que a Lei de Responsabilidade Fiscal iniciaria um novo momento, que as privatizações eram essenciais para esse mesmo crescimento econômico. Fizemos tudo isso com a oposição do seu partido à época, o PT.”

Marina não se deu por achada: “Sua fala, candidato Aécio, reforça exatamente o meu argumento. Acredito na política que pratiquei no Congresso Nacional. Por exemplo: quando foi a votação da CPMF, ainda que o meu partido fosse contra, em nome da Saúde, eu votei favoravelmente mesmo sendo o governo do PSDB. Quando foi o Protocolo de Kioto, fui eu que ajudei a aprovar porque senão seria uma vergonha. Mas infelizmente não é a mesma postura que você, juntamente com o PT, tem nessa relação PT-PSDB, que é uma relação que coloca o Brasil desunido e aparta o Brasil. Nós precisamos unir.”

Quem assistiu ao debate até esse ponto obteve o kit de informações básicas para exercitar o voto em outubro. Dilma tornou-se uma espécie de candidata-parafuso. Com o governo espanado, roda a esmo em torno de conquistas de Lula, que sua gestão precária ameaça. Mas não parece disposta a fazer concessões à autocrítica. Aécio oferece uma mudança “segura'' que tem como símbolo um futuro ministro içado do passado. E Marina tenta espantar o risco de aventura fazendo pose novidade responsável, capaz de governar com o que de melhor os quadros dos arquirivais PT e PSDB podem oferecer ao país. O cenário pode não ser animador. Mas uma nação que já acomodou no Planalto Fernando Collor precisa reconhecer que não está diante do fim do mundo.


Briguilinks do dia

Mensagem da madrugada