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O episódio envolvendo Oscar Schmidt, que teve uma palestra em Caruaru (PE) transformada em bate boca, é parte de uma aberração brasileira: a supervalorização das palestras

por Kiko Nogueira
Por mais interessante que, supostamente, seja a vida do ex-atleta, faz sentido pagar 40 mil reais de cachê para ouvi-lo?
Aliás, isso é o que ele embolsou. A organização do evento na rede universitária Fadire estima que o total foi de 80 mil, contando locação do espaço, publicidade e gastos com passagens aéreas, alimentação e transporte dele e de sua mulher Maria Cristina.
Oscar teria perdido a paciência com os presentes, que gastaram até 70 reais para vê-lo. Houve falhas técnicas no microfone, algumas pessoas teriam saído e o “Mão Santa” perdeu a cabeça, insultando a plateia. Num vídeo postado nas redes sociais, Oscar aparece andando de um lado para o outro no palco, como um leão de zoológico, desancando os espectadores.
“Fizemos tudo o que ele pediu, trocamos a passagem aérea duas vezes, mudamos a data da palestra, que estava marcada anteriormente para o dia 23. Os alunos tentaram ajudar quando deu o problema, mas ele não quis. Nunca mais pretendemos chamá-lo”, diz Pollyanna Lima, coordenadora da Fadire.
Um leitor do DCM deixou um testemunho aqui: “Estava nessa palestra e me retirei depois de não suportar mais tanta grosseria. Eu paguei para assistir uma palestra sobre OBSTINAÇÃO, mas o que assisti foi um homem de quase 2 metros de arrogância. Só um nome para defini-lo: TOSCO”.
Maria Cristina culpa o amadorismo dos contratantes. “É preciso ter respeito com as pessoas. O povo de Caruaru não deu exemplo, se comportaram muito mal. Ele deu seis palestras naquela semana e só essa acabou sendo um fiasco, por que será?”, disse ao UOL, contando que o casal ficou “traumatizado”.
Oscar já admitiu que ganha, atualmente, muito mais do que nos tempos em que jogava. Se Maria Cristina está correta, foram 240 mil numa única semana.
Para quê?
Para ele discorrer sobre sua trajetória de “vencedor”. Há vídeos de suas apresentações no YouTube. Menciona os cinco valores básicos da “liderança”. A saber: “Visão, decisão, time, obstinação e paixão”. Emenda: “Vocês vão continuar dando risada de vez em quanto, mas vão levar alguma coisa pra casa”.
Inevitavelmente, entra em sua luta contra o câncer no cérebro. Ele garante estar curado. Imagens da tomografia da cabeça são colocadas no telão. “Desgraça vende pra burro”, conta ele. É auto-ajuda.
Oscar é o maior nome do basquete nacional. Não que haja muitos concorrentes num esporte, infelizmente, sucateado. Foi medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de San Juan, em 1979 e ouro no Pan de Indianápolis em 1987 com a seleção brasileira. Integra o hall da fama da NBA.
Em 1998, tentou entrar na política com o PP de Paulo Maluf. Candidatou-se a senador, mas flopou. Seu sonho era ser presidente. Em 2011 teve o diagnóstico de câncer e a enorme exploração do caso pela imprensa — exploração consentida, acrescente-se.
“Querem prejudicar o Oscar? Quem quiser que o Oscar faça palestras, vai seguir contratando. Ele foi eleito o quinto melhor palestrante do Brasil”, reclama sua mulher.
Agora o cestinha tem mais um causo de superação para suas palestras. Por 5 mil pratas a mais ele conta como enfrentou, sozinho, 2 mil pernambucanos selvagens.