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Mensagem do dia

Ah, a vida...
O correr da vida imbruia tudo.
A vida é assim:
Isquenta e isfria
Aperta e afroxa
Aquieta e depois desinquieta
O qui ela quer da vida é corage!
by Guimarães Rosa

FHC: "Não vou ser candidato a mais nada"...

É, não existe mais Itamar Franco para apoiá-lo nem outro Plano Real...

Por estradas de montanha 
vou: os três burricos que sou. 
Será que alguém me acompanha?

Também não sei se é uma ida 
ao inverso: se regresso. 
Muito é o nada nesta vida.

E, dos três, que eram eu mesmo 
ora pois, morreram dois; 
fiquei só, andando a esmo.

Mortos, mas, vindo comigo 
a pesar. E carregar 
a ambos é o meu castigo?

Pois a estrada por onde eu ia 
findou. Agora, onde estou? 
Já cheguei, e não sabia?

Três vezes terei chegado 
eu – o só, que não morreu 
e um morto eu de cada lado.

Sendo bem isso, ou então 
será: morto o que vivo está. 
E os vivos, que longe vão?


João Guimarães Rosa (Cordisburgo, Minas Gerais, 27 de junho de 1908 - Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1967) - Além de escritor, também foi médico e diplomata. Mundialmente conhecido pelo seu Grande Sertão: Veredas, foi traduzido para diversos idiomas. Membro da Academia Brasileira de Letras, chegou a ser cogitado para o Prêmio Nobel de Literatura. Publicou um livro de poemas 'Magma' no início da carreira. 'Ave, Palavra', foi publicado depois de sua morte. 

É isso

Criaturas que superaram os Criadores
O sujeito cria alguma coisa e de repente vê que a criatura permanece e o criador ninguém conhece. Some. Dom Quixote? Conheço, claro. E Cervantes? Nunca ouvi falar. E vai por aí. Na literatura de língua portuguesa há exemplos curiosos. Poucos escritores alcançaram o momento supremo da criação definitiva.

Machado de Assis, com a Capitu; Eça de Queiroz, com o Conselheiro Acácio; Camilo Castelo Branco, com Calisto Elói; José de Alencar, com Iracema; Joaquim Manoel de Macedo, com a Moreninha; Lima Barreto, com Policarpo Quaresma; José Lins do Rego, com Vitorino Papa-Rabo; Guimarães Rosa, com Riobaldo; Jorge Amado, com Gabriela; Nélson Rodrigues, com Palhares, o Canalha; Aparício Torelly, com o Barão de Itararé; Sérgio Porto, com o Stanislaw Ponte Preta. Há outros exemplos, que a lista é meio grande, e muitos eu encontrei em citações de Josué Montello, fecundo autor, dizem, de mais de 300 livros.

A Rachel de Queiroz, madrinha de todos nós, chamava seu amigo e colega na ABL, rindo, de "Josueu". Falou muito e nele mesmo. O pessoal da boa leitura sabe desses exemplos e deve acrescentar mais escritores superados pelas personagens que criaram com talento. E os que afirmarem que a lista não é tão grande assim será porque é mais fácil urdir uma narrativa com a sua unidade perfeita, do que criar um tipo que se liberte dessa mesma narrativa.

Poderíamos citar ainda o Juca Mulato, criação de Menotti Del Picchia; Monteiro Lobato, com o Jeca Tatu, e Mário de Andrade, que atingiu o mesmo poder de criação irretocável, com Macunaíma, negro retinto (estou vendo a cara de Grande Otelo), filho do medo da noite.

HÉLIO PASSOS
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