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Depois do golpe desigualdade de renda bate recorde


Rendimento médio mensal de todos os trabalhos, segundo as classes de percentual de pessoas, em ordem crescente de rendimento em R$.

O que mais me espanta é os pobres e da classe média não perceberem que esta política econômica (neoliberalismo) somente é beneficia os mais ricos. No fundo eles se acham parte do clube dos ricos, milionários e bilionários.
Ah, coitados!



PNAD contínua: taxa de desemprego é de 13,2%

- Incluindo os subempregados chega a mais de 20%. Tudo obra dos golpistas e do Michê: o presidente certo na hora certa -

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A taxa de desocupação foi estimada em 13,2% no trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2017, com altas de 1,3 ponto percentual frente ao trimestre móvel anterior (setembro a novembro de 2016 -11,9%) e de 2,9 pontos percentuais em relação ao mesmo trimestre móvel de 2016, quando a taxa foi estimada em 10,2%. Essa foi a maior taxa de desocupação da série histórica, iniciada em 2012.



A população desocupada chegou a 13,5 milhões e bateu o recorde da série iniciada em 2012. Este contingente cresceu 11,7% (mais 1,4 milhão de pessoas) frente ao trimestre encerrado em novembro de 2016 e 30,6% (mais 3,2 milhões de pessoas em busca de trabalho) em relação a igual trimestre de 2016.


A população ocupada (89,3 milhões) recuou tanto em relação ao trimestre encerrado em novembro de 2016 (-1,0%, ou menos 864 mil pessoas), quanto em relação ao mesmo trimestre de 2016 (-2,0%, ou menos 1,8 milhão de pessoas)

Apesar da crise

(...) um país menos desigual. Salvo, claro, nos detalhes dos jornais

pnadnoticias
O caro leitor deve ter visto todas as matérias que, hoje, noticiam “o aumento da desigualdade social” no Brasil, usando como base a Pesquisa nacional por Amostra Domiciliar, a Pnad.
Aí em cima, numa pesquisa no Google, quem não leu pode ter uma ideia do tom usado.
E, no destaque, a exceção: o Valor.
Que, mesmo fazendo o registro da desaceleração provocada pela retração econômica, chama a atenção para o mais importante.

Pnad reafirma a trajetória de queda das desigualdades

Novos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) reafirmam a trajetória de queda das desigualdades e mantêm as principais tendências verificadas nesta década. A correção da análise de dados e microdados, anunciada na sexta-feira (19) pelo governo federal, mostrou, entre outros reparos, a queda nas desigualdades sociais do país, medida pelo índice de Gini, e na desigualdade de renda proveniente do trabalho. Os novos números reforçam que a renda do brasileiro tem aumentado com velocidade crescente, nos últimos anos.
Entre 2011 e 2013, um brasileiro levaria 12,8 anos para ver sua renda mensal dobrar de valor. Se levado em consideração o período iniciado em 1993, esse mesmo cidadão levaria 23,6 anos para ver sua renda dobrar, apontam os dados revisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).




Os ministros Miriam Belchior, Tereza Campello, Henrique Paim e Marcelo Néri, durante coletiva sobre a correção dos dados da Pnad. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom /Agência Brasil
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Néri, observou que, apesar de ainda não haver números consolidados, 2014 deverá marcar a maior queda na desigualdade nos últimos dez anos.
Ele citou , como exemplo dessa tendência, o índice que aponta queda nas diferenças de renda familiar per capita. Segundo ele, o índice foi de 0,527 em 2011 para 0,524 em 2012 e 0,522 em 2013. Quanto mais próximo de 1 mais desigual e, portanto, a diminuição do índice é um resultado positivo para o país.
Néri ainda ressaltou que o rendimento dos brasileiros cresceu, em média, 5,5% por ano entre 2011 e 2013, e que a desigualdade também atingiu, no ano passado, seu menor nível histórico em outras dimensões, como nos rendimentos do trabalho e nos rendimentos pessoais de todas as fontes.
Apesar de o percentual de pessoas que ganham até um salário mínimo ter ficado em 25,2% da população ocupada em 2013, e não 24,8%, a desigualdade diminuiu porque a taxa dos que ganham de cinco a 20 salários mínimos passou de 7,6% para 7,3% entre as duas análises e os que recebem mais de 20 salários mínimos permaneceu em 0,7%.
Já o rendimento mensal do trabalho variou menos do que o estimado: 3,8%, e não 5,7%, com isso, o valor do rendimento médio mensal ficou em R$ 1.651, e não R$ 1.681. "O mundo está em crise e o Brasil continua aumentando a renda por dois anos consecutivos", afirmou a ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello.
No caso do desemprego, a taxa de 6,5% em 2013 não foi alterada pela correção dos dados da Pnad, mantendo-se em patamar baixo quando comparado a diversos países que enfrentam problema de desemprego.
A taxa de desocupação permanece a mesma, de 6,3% da população, mas o contingente de pessoas é 6,637 milhões, e não 6,693 milhões. O nível de ocupação total ficou em 61,8% da população, no lugar de 61,2%. O trabalho infantil caiu 10,6%, e não 12,3% divulgado.
Educação
Ainda de acordo com os dados revisados, a taxa de analfabetismo em 2012 era 8,7% da população e caiu para 8,5%. O dado divulgado anteriormente foi 8,3%. "Na faixa de 15-29 anos, fechamos a torneira o analfabetismo. Mantiveram trajetória de melhoria em todos os indicadores. As oportunidades estão sendo geradas pelo governo e refletem nos dados, principalmente, de quem está fazendo curso técnico", afirmou o ministro da Educação, Henrique Paim.
Após a correção dos dados, permaneceu a tendência de aumento de escolarização das crianças. Um favor de destaque foi o forte avanço à pré-escola, cuja taxa de acesso foi corrigida de 81,2% para 81,4%, a maior da série histórica, garantindo a entrada mais cedo de um maior número de crianças na educação formal, fundamental para novas quedas futuras das desigualdades. "Com os novos dados, percebemos um bom caminho a ser seguido na educação, proporcionando assim uma melhor qualidade de vida às pessoas com o passar dos anos", ressaltou Paim.
Veja apresentação com os dados revisados da Pnad
Investigação
De acordo com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, uma comissão, constituída por representantes dos ministérios do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG)Justiça e Casa Civil, além da Controladoria-Geral da União (CGU), avaliará a consistência dos dados da pesquisa. A comissão terá 30 dias para analisar os fatos e a responsabilidade funcional. Miriam Belchior destacou a rapidez com que o IBGE corrigiu os dados. "Isso não apaga o erro, que é gravíssimo, mas colocou à disposição da sociedade de forma transparente o mais rápido possível, as informações corrigidas."
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, houve um erro técnico que superestimou a população das regiões metropolitanas do País, o que influenciou em outros dados, como o índice de Gini, e provocou alterações nos resultados do Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Os dados revisados já estão na página do IBGE.
Fonte: Portal Brasil com informações do IBGE, Ministério do Planejamento e EBC.



A Folha supera-se

O jornalão da rua Barão de Limeira já gastou desde o sábado, muita tinta e papel com o que ele quer fazer crer, baseando-se na PNAD-2012 divulgada na 6ª feira pelo IBGE, que o processo de inclusão social estagnou no Brasil no biênio 2001/2012A. A Folha superou-se no sábado, no entanto, em material da Raquel Landim.
Ela chega a afirmar que a estabilidade na queda da desigualdade e na renda dos brasileiros pode significar o fim da “década inclusiva”. Mas, o pior nesse material é a afirmação de que a queda da desigualdade dos últimos 10 anos “foi provocada principalmente, pela política de fortes reajustes do salário mínimo, pelos programas de transferência de renda e pela explosão do credito”.
Um milhão de brasileiros saíram da linha de pobreza e três milhões ascenderam à classe média apenas no ano passado, segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas baseado na mais recente Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílio que o IBGE divulgou nesta semana. O estudo informa também que a parcela de brasileiros que integram a classe média cresceu de 49,2% da população, em 2008, para 50,5% no ano passado e agora reúne 94,9 milhões de pessoas.
    “Isto significa que a nova classe média brasileira pode decidir uma eleição sozinha e passa a ser a classe com maior número de consumidores”, afirmou o coordenador do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Néri.
    De acordo com o levantamento, 29 milhões de pessoas entraram na classe C, de 2003 a 2009. O crescimento foi de 34,3%. Já a classe B aumentou 38,5% enquanto a classe A cresceu 40,9%.
    O estudo divide as classes econômicas de acordo com a renda domiciliar por pessoa: até R$ 705 (classe E), entre R$ 706 a R$ 1.125 (D); R$ 1.126 a R$ 4.854 (C); R$ 4.855 a R$ 6.329 (B); e a partir de R$ 6.330 (classe A).
    “Em seis anos, 35,6 milhões de pessoas foram incorporadas às classes A, B e C, o que equivale a mais da metade da população de um país como a França. Desse total, 10% foram registrados no ano passado, que foi o ano da crise”, explicou Marcelo Néri. Ele definiu o período 2008/2009 como ano de crise para as elites, mas não para as estatísticas sociais.
    Em 2009, o Produto Interno Bruto decresceu 0,2%, mas a renda média da população aumentou 2,04% e a das pessoas da classe C cresceu mais de 7%.

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A PNAD e a miopia das visões impacientes

A PNAD, realizada todo ano, produz um retrato rico e abrangente da situação sócio-econômica do Brasil e dos brasileiros, captando também tendência de comportamento social. Tem, portanto, informações para todos os gostos e, por isso, aceita, para todos os lados, os maiores defasoros analíticos.
Alguns dados, no entanto, são incontestáveis. Exemplo positivo: a redução consistente da concentração de renda.
Exemplo negativo: o avanço lentíssimo, inaceitável mesmo, de serviços públicos (mesmo que, em parte, exercidos por empresas privadas), com destaque para o saneamento básico. Há problemas sérios no estabelecimento de marcos regulatórios no setor, e, como ocorre no geral, a execução de investimentos públicos em infra-estrutura tem se relevado historicamente indigente. Mas, dadas as altíssimas e evidentes externalidades positivas do saneamento, nada justifica o atraso.
Em outros aspectos, análises divergem – caso da educação. Para muitos, o ritmo de redução do analfabetismo absoluto é decepcionante e o nível de analfabetismo funcional (definido pelo IBGE como aquele que abrange cidadãos de mais de 15 anos apenas menos de quatro anos de estudos completos) desanimador.
Estou entre aqueles que são mais pacientes com indicadores que refletem ações com efeito não imediato no tempo. Mais de 90% dos analfabetos têm mais de 25 anos e a taxa de analfabetismo aumenta na razão direta do aumento da faixa etária. Encontra-se também concentrada nas regiões Norte e Nordeste (detalhe: nelas, a redução relativa do analfabetismo tem sido mais rápida).
Pessoas com mais de 25 anos nasceram em 1985 ou antes. O mais bem sucedido esforço de universalização das matrículas escolares deu-se, no governo FHC, anos 90, quando estas pessoas tinham no mínimo 10 anos de vida. Querer que o ensino de adultos, em rincões mais longíquos, produza o milagre de eliminar o analfabetismo em um ou dois anos, é mesmo acreditar em milagres.
A verdade é que estes cidadãos, deixados de lado pela sociedade e pelos governos, escaparam às oportunidades sociais e terão de ser carregados pelos que os abandonaram à própria sorte, no começo de suas existências.
Os que não escaparam, estão avançando. Veja-se o caso da população ocupada. Em cinco anos, de 2004 a 2009, o contingente de trabalhadores com ensino médio completo subiu de 33% do grupo para 43%. Dez pontos não desprezíveis, numa média de 2 pontos ao ano.
A atitude impaciente é a mesma que brada pelas “portas de saída” dos programas de transferência condicionada de renda, no primeiro minuto após a implantação dos programas. Não passa pela cabeça dos impacientes, sabe-se lá por que motivações, que as tais portas de saída devem de ser abertas para os filhos dos beneficiários. Os ditos beneficiários “diretos”, se precisam dos programas, por definição, não têm condições, na maioria dos casos, de transpor portas de saídas, ainda que oferecidas.
Quem, enfim, quiser saber o que, na profusão de informações da PNAD, é trajetória consistente, pode se valer de um método bem simples. Basta perguntar se a geração atual está melhor do que a de seus pais e se a perspectiva é a de que a geração de seus filhos esteja melhor do que sua própria. Se as respostas forem “sim”, a conclusão é de que o País progride com maior difusão de bem-estar.
É o que parece ocorrer, há pelo menos uma década e meia. Ver a propósito, a pesquisa do Centro de Políticas Sociais da FGV-RJ, que acaba de ser divulgada, nesta sexta feira (aqui a reportagem do portal Estadão sobre a pesquisa “A nova classe média: o lado brilhante dos pobres”)
José Paulo Kupfer

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Mesmo com a crise, um milhão de brasileiros deixou a pobreza em 2009

A despeito de uma das maiores crises internacionais desde a Grande Depressão dos anos 30, um milhão de brasileiros deixou a pobreza no ano passado. Nos cálculos do economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais (CPS) da Fundação Getulio Vargas (FGV), o número de pobres caiu de 29,8 milhões para 28,8 milhões em um ano — que representam agora 15,32% da população brasileira e não mais os 16,02% do ano anterior.
O economista considera pobre quem tem renda familiar per capita de até R$ 140.
— A renda familiar per capita subiu 2,04% de 2008 para 2009, mesmo com um aumento do desemprego no país. E isso ajudou a reduzir a desigualdade, especialmente em tempos de crise — afirmou Neri, acrescentando que, considerando a renda familiar per capita de meio salário mínimo (ou R$ 232,50, pelo piso de 2009), 3,5 milhões de pessoas deixaram a pobreza no ano passado.
A distância entre ricos e pobres também foi reduzida. Segundo Neri, os 40% mais pobres tiveram um aumento na renda domiciliar per capita de 3,15%, com ganho médio de R$ 294. Já a renda dos 10% mais ricos subiu 1,09%, para R$ 2.566: — Vários fatores ajudaram a explicar a queda na desigualdade, como reajustes do mínimo, a Bolsa Família e o desempenho do mercado de trabalho.
Emprego formal fez aumentar renda O Índice de Gini, medida de distribuição de renda que, quanto mais próximo de um mais desigual é a sociedade, caiu de 0,521 para 0,518 no mercado de trabalho. Numa velocidade menor que em outros anos. Para Sonia Rocha, economista do Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade (Iets), essas oscilações já aconteceram em outros anos: — Ainda não se configura uma tendência. Não quer dizer que está se esgotando. É espantoso que a distribuição de renda continue melhorando. O impacto da escassez de mão de obra qualificada não tem afetado a distribuição.
Nas famílias, a distribuição de renda também melhorou. O Índice de Gini passou de 0,514 para 0,509. E o principal fator foi o mercado de trabalho, segundo Sonia: — A renda do trabalho responde por 75% dos rendimentos das famílias. Sem dúvida, o aumento do salário mínimo foi um dos componentes. Além disso, a cultura da formalização está aumentando.
Há um interesse das empresas em se formalizar para ter acesso a crédito e a compras governamentais.
Para o economista Sergei Soares, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), essa melhora mais lenta na distribuição de renda pode representar, sim, uma eficácia menor dos programas sociais.
— Porém, a desigualdade deve continuar caindo pelos fatores demográficos e educacionais.
“A sociedade ainda é muito desigual” Com ensino fundamental completo, Eliel Carvalho da Silva, de 22 anos, fazia biscates até os 18 anos, quando o seus rendimentos não atingiam, sequer, metade do salário mínimo.
Aos 20 anos, conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada, no qual ficou até julho passado. Não ficou um mês sem trabalho. Mesmo sem ser qualificado, ele já conseguiu outra vaga, como servente de construção em Recife.
No feriado de 7 de setembro, Silva trabalhava na reforma de uma agência bancária no bairro de Casa Forte, com companheiros que chegaram a passar até uma década sem trabalho formal. Silva ganha mais de um salário mínimo — R$ 530, com direito a alguns outros benefícios sociais. Apesar do dinheiro não ser muito, está com as contas em dia. Ele está se programando agora para comprar uma geladeira, mas não quer se endividar.
— Espero fazer isso em 2011 e estou poupando para comprar à vista e com desconto — afirma Silva.
Para o diretor do Instituto de Economia da UFRJ, João Saboia, apesar das melhoras, ainda há muito a avançar.
— A escolaridade é menor que de nossos vizinhos. A sociedade ainda é muito desigual.

Fabiana Ribeiro, Cássia Almeida e Letícia Lins – O Globo



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PNAD - nossas conquistas, percalços e desafios

Me lembro da primeira vez que vesti óculos para miopia. Da indescritível sensação de começar a perceber a profundidade e clareza das coisas ao redor. Olhava maravilhado os contornos do mundo a minha volta. As possibilidades de enxergar o Brasil também têm evoluído.

Um marco foi 1995, quando o IBGE abriu os microdados de suas pesquisas conferindo liberdade a cada um de olhar, desde uma perspectiva própria, os brasileiros em suas casas.
Me lembro em 1994, mais ou menos na mesma época que fui introduzido aos óculos, de ler no New York Times sobre os determinantes do peso das crianças, pensava comigo quão distante disso estava o Brasil. À época, pensava antes e acima de tudo na inflação, que distorcia sentidos e preocupações. Hoje, a cada Pnad, debatemos nossas conquistas, percalços e desafios.
A edição de 2009 guarda novidades. Enxergamos se há nas garagens das casas motos (16%) ou carros (37%), o que permitirá medir impactos da redução do IPI durante a crise; vamos agora além do acesso à internet em computador pessoal (27%) e vemos que os brasileiros acessam mais a rede em computador coletivo (42%), mas o uso do celular é acima de tudo um bem pessoal (58% das pessoas têm).
Voltamos a saber detalhes da vida privada: se os adultos são solteiros (43%), viúvos(6%), separados (5%) ou casados (46%) de papel passado ou não; e se as relações entre Estado e empresas são de papel passado (apenas 14% dos conta próprias têm CNPJ – mesmo depois do advento da Lei do Microempreendedor Individual).
Agora, de todas as inovações introduzidas no questionário, a que eu gostei mais – e tenho um certo orgulho através de sugestão do movimento Todos pela Educação que faço parte – é a abertura dos alunos por redes de ensino público: federais (2,4 %), estaduais (43%)e municipais (55%). Isso permitirá responsabilizar cada ator na cobrança de metas para tornar esta década a da qualidade da educação. Pois nesse campo só o que temos são desafios.
Talvez a melhor boa nova “pnadiana” seja que, apesar da crise, não há novidade no bolso dos brasileiros: segundo nossos cálculos sobre os microdados da Pnad, a renda per capita ou por brasileiro ainda cresceu 2,04% entre 2008 e 2009, apesar do repique do desemprego e da queda da taxa de ocupação.
Há outros fatores indo na direção contrária como aumento de formalidade, de salários, a expansão de benefícios previdenciários e de programas sociais.
Mais do que isso, a renda dos 40% mais pobres cresce 3,15% ante 1,09% dos 10% mais ricos. Ou seja a desigualdade continua em queda (Gini cai 0,7%). O que acontece ano após ano desde 2001 quando o então candidato Serra bradava “Tudo contra a desigualdade”. Essa é a grande inovação tupiniquim na década que esta Pnad encerra.
Após a recessão do primeiro ano do governo Lula até 2008, 19,5 milhões de pessoas saíram da pobreza e adicionamos no ano passado mais 1 milhão no último ano, chegamos a um contingente de 28,8 milhões de pobres, um contingente ainda expressivo. A taxa de pobreza cai de 16,02% para 15,32% entre 2008 e 2009, uma queda de 4,37%. Agora, se você quiser saber por que e para onde foram esses pobres, como anda a nova classe média brasileira aí incluindo seus bolsos, bens e aspirações, não perca a nova pesquisa do Centro de Políticas Sociais (CPS) que está saindo do forno.



Marcelo Neri – O Estado de S.Paulo



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O real da miséria e a miséria do Real

Antonio Lassance (*)
O gráfico ao lado merece ser emoldurado. Ele representa os avanços que o Brasil alcançou até o momento na luta pela redução da miséria.
Antes de mais nada, é preciso dar os devidos créditos. O gráfico tem como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), colhidos, organizados e divulgados pelo IBGE. São sistematicamente trabalhados pelo IPEA, que tem grandes estudiosos sobre o tema da pobreza, assim como pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas-RJ.
Graças a esses estudos se pode, hoje, visualizar se estamos avançando ou retrocedendo; se o Brasil está resgatando seus pobres ou produzindo quantidades cada vez maiores de pessoas que ganham menos que o estritamente necessário para sobreviver; gente que se encontra sob situação de insegurança e vulnerabilidade.
Os números e a trajetória que os liga permitem não só uma fotografia da miséria, mas também um retrato do que os governos fizeram a esse respeito. Serve até de exame para um diagnóstico do bem estar ou do mal estar que as políticas econômicas podem causar à nossa sociedade.
Descritivamente: esta linha sinuosa decresce em ritmo forte em 1994 e 1995, quando estaciona. Depois de 1995, a queda deixa de ter continuidade e, salvo pequenas oscilações, os patamares de miséria ficam estáveis pelos sete anos seguintes, até 2002. Depois de 2003, ocorre uma nova trajetória descendente e, desta vez, sustentada, pois se mantém em queda ao longo de sete anos.
Na trajetória dos últimos 18 anos, só o governo Lula reduziu a pobreza de forma contínua e acentuada. Itamar e FHC tiveram, cada qual, apenas 1 ano de efetiva redução da pobreza: Itamar (que teve pouco mais de 2 anos de governo), em seu último ano (1994), e FHC, em seu primeiro ano (1995).
O gráfico desmente categoricamente a afirmação de que a miséria e as desigualdades no Brasil vêm caindo “desde o Plano Real”, como é comum encontrar inclusive entre analistas econômicos, principalmente aqueles que são mais entusiastas do que analistas e, a cada 5 anos, comemoram o aniversário do plano como se fosse alguém da família.

O Plano Real conseguiu reduzir a miséria apenas pelo efeito imediato e inicial de retirar do cenário econômico aquilo que é conhecido como “imposto inflacionário”: o desconto compulsório, que afeta sobretudo as camadas mais pobres, ao devorar seus rendimentos. Retirar a inflação do meio do caminho foi importante, mas insuficiente.
No governo FHC, a miséria alcançou um ponto de estagnação. Uma estagnação perversa, que deu origem, por exemplo, à teoria segundo a qual muitos brasileiros seriam “inimpregáveis”. Para o discurso oficial, o problema da miséria entre uma parte dos brasileiros estaria, imaginem, nos próprios brasileiros. A expressão era um claro sinônimo de “imprestáveis”: pessoas que não tinham lugar no crescimento pífio daqueles 8 anos. Era um recado a milhões de pessoas, do tipo: “não há nada que o governo possa fazer por vocês”. “Se virem!”
O governo Lula iniciou uma nova curva descendente da miséria no Brasil e a intensificou. Sua trajetória inicial foi mais íngrime do que a verificada no início do Plano Real e, mais importante, ela se manteve em declínio ao longo do tempo. Por trás dos números e da linha torta, está o regate de milhões de brasileiros.
A razão que explica essa trajetória está no conjunto de políticas sociais implementadas por Lula, como o Fome Zero, o Bolsa Família, a bancarização e os programas da agricultura familiar, além da melhoria e ampliação da cobertura da Previdência.
No campo econômico, além de proteger as camadas sociais mais pobres da volta do imposto inflacionário (estabilidade macroeconômica), houve uma política sistemática de elevação do salário mínimo e, a partir de 2004, patamares mais significativos de crescimento econômico, com destaque nas regiões mais pobres, que cresceram em ritmo superior à média nacional – em alguns casos, superior ao ritmo chinês.
O governo FHC, sem políticas sociais robustas e integradas e com índices sofríveis de crescimento econômico, exibiu uma perversa estabilidade da miséria. Se lembrarmos bem, ao final de seu mandato, a economia projetava inflação de dois dígitos, os juros (Selic) superavam os 21% ao ano (haviam batido em 44,95% em 1999), a crise da desvalorização cambial fizera o dólar disparar, as reservas estavam zeradas e o País precisara do FMI como avalista. Por isso se pode dizer que a característica principal do Governo FHC não foi propriamente a estabilidade macroeconômica. Foi o ajuste fiscal e a estabilidade da miséria.
Por sua vez, a tríade crescimento, estabilidade e redução da miséria, prometida por Lula na campanha de 2002, aconteceu. Se alguém tinha alguma dúvida, aí está a prova.

(*) Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política.


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Apesar de PIB menor em 2009, pobreza recua


Cássia Almeida e Fabiana Ribeiro – O GLOBO

Num movimento que se repete desde 2003, a parcela de pobres na população brasileira caiu no ano passado, mesmo com a leve retração do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto dos bens e serviços produzidos no país) de 0,2% em 2009. Tomando por base os dados da Pesquisa Mensal de Emprego, que acompanha apenas seis regiões metropolitanas, o economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV), chegou a uma redução de 1,25% na taxa de pobreza. Inferior à observada em anos anteriores, mas a primeira num momento de crise desde os anos 80.
A proporção de pobres caiu de 30,17% para 18,23% entre 2003 e 2008, segundo Neri.
— Os dados mostram que a crise se deu em janeiro de 2009, que comeu parte dos avanços do passado. Após essa ressaca, o que se viu foi um movimento de recuperação ao longo de 2009 — disse Neri, acrescentando que um aumento da taxa de pobreza de 6,7%, observado na passagem de 2008 para 2009, foi revertido ao longo do ano passado.
Desde setembro de 2008, mês que marcou o início dos reflexos da crise financeira global no Brasil, até janeiro deste ano, 600 mil pessoas saíram da pobreza. Esta voltou a cair depois de subir muito em janeiro de 2009.
— Nas crises anteriores, a pobreza nacional não aumentou.
Não caiu, porém. Em 2009, apesar da crise, a pobreza apresentou essa redução média de 1,25%, que pode ser uma estimativa conservadora.
A recuperação da economia que foi ganhando corpo nos meses seguintes de 2009 permitiu que a alta da pobreza fosse se revertendo, a ponto de fechar o ano passado com queda. A melhora prossegue. A taxa de desemprego de janeiro registrou 7,2%, o menor patamar para o mês desde 2002.
— Em janeiro de 2010 houve uma melhora forte no bolso dos brasileiros que moram nas seis principais metrópoles do país — disse Neri, acrescentando que a classe E, que reúne hoje 17,37% da população brasileira, apresentou queda da pobreza de 7,95% frente a janeiro de 2009.
Já a desigualdade andou de lado. O Índice de Gini, que quanto mais próximo de zero indica que a distribuição de renda é mais igualitária, ficou em 0,5779 em dezembro de 2009, contra 0,5778 de dezembro do ano anterior.
Esses números são uma prévia da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2009, que será divulgada pelo IBGE em setembro. Como o levantamento é nacional, a Pnad pode mostrar um resultado diferente.