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Dilma explicita seu modelo de governar
A semana passada mostrou definitivamente o estilo Dilma Rousseff de administração, com a primeira reunião para discutir as políticas sociais do seu governo. Batizou-se com o nome de PAC - Programa de Aceleração do Crescimento - da Miséria.
Na reunião, presentes a maioria dos ministros, Dilma explicitou seu modelo de atuação. E ficou claro a razão do empresário Jorge Gerdau ter sugerido que o modelo PAC fosse estendido à toda ação governamental. Mais do que um programa específico, trata-se de um modelo gerencial de coordenação de ações de governo.
Primeiro, Dilma definiu quatro grandes eixos de coordenação, cada qual entregue a um Ministro da sua estrita confiança.
O primeiro, de política econômica, será coordenado pelo Ministro da Fazenda Guido Mantega. O segundo, de infraestrutura (o PAC propriamente dito), pela nova Ministra do Planejamento Mirian Belchior. O terceiro, de políticas sociais, sob a coordenação de Tereza Campello. O quarto, de direitos da cidadania, sob Gilberto Carvalho. Cada Ministro coordenador falando em nome da Presidente.
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A reunião de quinta foi da área social.
Antes da reunião, cada Ministro recebeu a pauta e as questões que deveriam ser desenvolvidas. Cada qual teria um tempo pré-determinado para descrever o que seu Ministério poderia fazer pelo tema.
Na sala, montou-se uma rede de micro, no qual era possível ler a apresentação da Ministra, em Power Point.
Dilma iniciou a reunião enfatizando a prioridade da erradicação da miséria. A intenção da reunião era dar o tiro de partida para a ação coordenada entre os diversos ministérios. Para tanto, cada Ministro tinha dez minutos para expor o que poderia fazer pelo tema, inclusive explicitando ações e territorialidade. Um apresentou o mapa da pobreza, o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) mostrou o mapa dos Arranjos Produtivos Locais.
Na cabeceira, Dilma estava ladeada por Mantega e por Antonio Pallocci – este incumbido de administrar o tempo, facultar a palavra e anotar os pontos principais.
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À medida que as exposições eram feitas, o PPT se enriquecia. Dilma solicitava a inclusão de pontos novos, num exercício de brainstorm. O documento com as ideias principais foi sendo montado ao vivo e online.
Observou-se diferença importante no comportamento de Dilma, em relação aos seus tempos de Casa Civil. Não mais a Ministra explosiva da Casa Civil, mas uma presidente calma, tranquila, igualmente objetiva – é como se o cargo de presidente prescindisse da necessidade de bater na mesa.
Quando um Ministro fazia uma exposição mais superficial, era convidado a aprofundar o tema para a próxima reunião. E Palocci se incumbia de cortar a palavra dos mais prolixos.
Notou-se uma diferença importante em relação ao modelo Lula de reunião.
Com Lula exploravam-se os conflitos para se tirar a síntese.
No caso de Dilma, expõem-se previamente os objetivos fundamentais e as linhas a serem desenvolvidas. É mais gerencial.
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O passo seguinte será os Ministros aprofundarem os temas propostos, através de reuniões bilaterais. Todas elas sendo supervisionadas por Tereza Campello, incumbida de montar o todo e definir os indicadores de acompanhamento.
Resoluções do ano novo
por Carlos Chagas
Senão desde os tempos de Ramsés II, pelo menos depois que o planeta adotou o calendário gregoriano, ficou estabelecida a obrigação de a Humanidade inteira dedicar-se às resoluções de Ano Novo, sempre que ele está começando. Tudo o que deixamos de fazer nos doze meses que passaram vira proposta para os que virão. Exemplos:
Fazer exercícios diários, para os sedentários. Fumar menos, para os tabagistas inveterados. Beber pouco, para os apreciadores da birita. Comer moderadamente, para os gulosos, de preferência frutas, legumes e verduras.
Trabalhar mais, com empenho e competência, será um propósito universal. Outro, de não desperdiçar tanto tempo diante das telinhas e dos telões, aproveitando para botar a boa leitura em dia.
Dar mais atenção à família, evitar paradas no botequim na hora de ir para casa. Ser mais carinhoso e interessado nos filhos, além de mostrar boa vontade e compreensão para com os idosos. Respeitar os subordinados, evitar gestos de subserviência diante dos chefes.
Dirigir com cuidado, de acordo com as regras de trânsito, abandonando a vaidade de gastar as economias trocando de carro todo ano. Aprimorar o conhecimento frequentando cursos e aprendendo outras línguas, assim como cultivar a sabedoria através da análise antecipada das reações de cada gesto ou opinião.
Procurar entender as razões daqueles que contrariam nosso modo de pensar e de agir. Jamais imaginar num único livro, doutrina, partido ou ideologia a resposta para todas as perguntas. Indagar sempre o que faríamos se investidos nas funções daqueles que criticamos.
Falar pouco, ouvir muito e meditar mais ainda, em especial quando se trata de responder a perguntas irrespondíveis, como de onde viemos e para onde vamos. Levantar a cabeça e olhar o céu, sempre que possível, sabendo da impossibilidade de decifrar o infinito, mas buscando absorvê-lo.
Cultivar o senso grave da ordem e o anseio irresistível da liberdade. Encontrar no passado o nosso maior tesouro, na medida em que o passado pode não nos indicar o que fazer, mas indicará sempre o que devemos evitar.
Em suma, resoluções de Ano Novo fluem às centenas, mas envolvidas por uma realidade que nos acompanha sempre: será que daqui a um ano estaremos repetindo essas mesmas promessas, dada a evidência de não havê-las cumprido?O 2011 que se defronta à nossa frente estará começando com uma semana de atraso, porque do primeiro dia de janeiro até hoje as atenções ficaram voltadas para a posse do novo governo, o pronunciamento da presidente da República e de seus ministros e a expectativa das ações iniciais. Resoluções de Ano Novo, assim, foram primeiro deles. Decorridos poucos dias dos tempos pos-Lula, no entanto, voltamos à rotina que nos força a repensar o individual. Quem sabe desta vez conseguiremos? Caso contrário, não haverá que desanimar. Imitando o esquartejador, podemos fatiar o ano e, por exemplo, deixar as resoluções para depois do Carnaval, que ninguém é de ferro. Por que não deixar passar a Semana Santa? Ou as férias de julho? Sem esquecer a Semana da Pátria, o período de Finados e já estaremos outra vez, resolutos, a programar tudo para 2012...