Clik no anúncio que te interessa, o resto não tem pressa...

A executiva bem sucedida

Claudinha Claudia
Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e apagou. Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso Portal. Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas.Todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que estava acontecendo, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes: 
- Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritório, porque tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque meu convênio médico é classe A, e isto aqui está me parecendo mais um pronto-socorro. Onde é que nós estamos? 
- No céu. 
- No céu?... 
- É. 
- Tipo assim... o céu, CÉU...! Aquele com querubins voando e coisas do gênero? 
- Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente. Apesar das óbvias evidências nenhuma poluição, todo mundo sorrindo, ninguém usando telefone celular), a executiva bem-sucedida custou um pouco a admitir que havia mesmo apitado na curva. Tentou então o plano B: convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber o bônus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa. E foi aí que o interlocutor sugeriu: 
- Talvez seja melhor você conversar com Pedro, o síndico. 
- É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária? 
- Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece. 
- Assim? (estalou os dedos) 
- Pois não? A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem. À sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro. Mas, a executiva havia feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu rapidinho: 
- Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e... 
- Executiva... Que palavra estranha. De que século você veio? 
- Do 21. O distinto vai me dizer que não conhece o termo 'executiva'? 
- Já ouvi falar. Mas não é do meu tempo. Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na organização. 
- Sabe, meu caro Pedro. Se você me permite, eu gostaria de lhe fazer uma proposta. Basta olhar para esse povo todo aí, só batendo papo e andando a toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistêmica. 
- É mesmo? 
- Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, não vejo ninguém usando crachá. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê? 
- Ah, não sabemos. 
- Entendeu o meu ponto? Sem controle, há dispersão. E dispersão gera desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar virando uma anarquia. Mas nós dois podemos consertar tudo isso rapidinho implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance. 
- Que interessante... 
- É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização e um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver. 
- !!!...???...!!!...???...!!! 
- Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Acionista... Ele existe, certo? 
- Sobre todas as coisas. 
- Ótimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo, encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico, por exemplo, me parece extremamente atrativo. 
- Incrível! 
- É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear um board de altíssimo nível. Com um pacote de remuneração atraente, é claro. Coisa assim de salário de seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque, agora falando de colega para colega, tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro. O desafio que temos pela frente vai resultar em um Turnaround radical. 
- Impressionante! 
- Isso significa que podemos partir para a implementação? 
- Não. Significa que você terá um futuro brilhante... se for trabalhar com o nosso concorrente. Porque você acaba de descrever, exatamente, como funciona o Inferno... 
Max Gehringer (Revista Exame)

Estupro x Aborto

Não conheço ninguém a favor do estupro (ótimo).
Infelizmente conheço muita gente a favor do aborto (péssimo) que a maioria dessa gente é de mulheres.
Triste !

Feminismo

Hoje  escutar uma frase de uma mulher falando sobre o estupro  que é perfeita para minha defesa contra o aborto, disse ela:
"O corpo é meu. Eu faço dele o que  quiser!"
Perfeito. Concordo com ela.
O problema é:
Quem defende o aborto, faz do feto ou da criança parte do seu corpo. E não é!
Essa é a questão!

Megalomania

do Blablarino: "por mais que a gente goste de muita gente que está junto com ela, a gente não pode passar a mão na cabeça, Eduardo Campos "

O menino tá se achando.
Em Outubro vai levar um cascudo nas urnas, que nunca mais se mete a disputar a presidência.
Aqui no Nordeste é assim: moleque a gente dá é cascudo.

O que o sexo muda na sua vida

O que era uma pergunta simples virou, claro, um turbilhão de pensamentos tomados de assalto em praça pública. Literalmente.

Quais respostas poderiam surgir a partir desse questionamento?

Link YouTube

Curiosos, fomos até a praça Benedito Calixto e paramos pessoas dos mais diversos mundos para perguntar sobre a importância do sexo em suas vidas.

Assim como em um enorme Jogo da Vida que leva a vida toda, somos conduzidos – pouco a pouco e acumulando sortes e revezes – ao jackpot, o prêmio máximo que seria, invariavelmente, o sexo.

Temos o Graal do bem-estar, o elixir das melhores e imensuráveis sensações. Dentro dos nossos carrinhos, saltitamos de casa em casa atrás de diploma e trabalho, férias de verão e viagens ao exterior. Juntamos os trapos, perdemos o emprego, fazemos um ou mais filhos. Há bifurcações – caminhos diferentes a escolher – e deixamos pessoas amadas no trajeto. Ai, como é difícil a certeza, como é dura a decisão.

O sexo vai permeando todas essas etapas, dando mais gosto ou menos gosto, colocando mais pimenta ou menos pimenta. A gente quer carinho, companheirismo, alguém para seguir. Procuramos, pelo caminho, contato, entrega, carícias, a sensação de pleno pertencimento, de máxima devoção.

O sexo pode carregar consigo tudo isso. O sexo pode ser feito sem nenhum dos itens anteriores. O sexo é muito mais do que imaginamos e muito menos do que pensamos.

Recomendação de leituras

O próprio PapodeHomem percorreu um caminho longo sobre o sexo, uma conversa que vem de anos. Temos algumas recomendações de leitoras em textos-chave e muitos outros que ajudam a formar e desenvolver esse assunto:

→ "[18+] Pornografia: o conto de fadas masculino";

→ "Broxei, por quê? | Id #2";

→ "A gênese social do garanhão e o mito da buceta-troféu";

→ "Sexo, dinheiro, força e poder: as prisões masculinas";

→ "Conversando sobre transfobia com uma criança";

→ "[18+] A sua mãe morre de tesão".

Temos ainda mais textos em nossa seção de sexo.

Continuamos curiosos

Ainda teremos um outro artigo seguindo o tema, com um novo vídeo aprofundando o assunto, chamado "O que o sexo realmente muda na sua vida?".

Por hora, queremos saber da importância do sexo na sua vida, o que seria fundamental para acrescentar a tudo o que foi dito no vídeo. Responda: o que o sexo muda na sua vida?

Jader Pires

Há "mensalão" na internet

Aécio Neves sabia o que estava dizendo, quando em Maio do ano passado fez coro com Blablarina que havia um "Mensalet", uma indústria com objetivo de espalhar calúnias, infâmias, difamações. Eles da direita são os patrocinadores.

“Fingindo espontaneidade, perfis falsos inundam as áreas de comentários de sites e blogs com palavras-chaves previamente definidas; robôs são usados para induzir pesquisas com o claro objetivo de manipular os sistemas de busca de conteúdo; calúnias são disparadas de forma planejada e replicadas exaustivamente, com a pretensão de parecerem naturais.“, escreveu Aécio.
Hoje, o Estadão mostra que o presidente do PSDB sabia do que estava falando.
Pouco antes do julgamento dos embargos infringentes, segundo o jornal, “um ‘exército de “robôs’ entrou em campo no Twitter durante o julgamento do mensalão com o provável objetivo de levar um slogan aos “trending topics” – a lista de termos mais citados”.
A mensagem “diga #NaoAosEmbargosInfringentes” foi espalhada por 23.846 usuários.
Deles, apenas três pessoas de verdade.
Os outros 23.843 eram perfis falsos, criados em série e, informa o repórter Daniel Bramatti, “seguidos por zero usuários e também não seguiam ninguém no Twitter; entraram na rede em 13 ou 14 de setembro”.
Todas as mensagens remetiam a um vídeo no Youtube, o “#OperaçãoBrasilSemPT.”.
O senador Aécio Neves, que foi à Justiça tentar bloquear menções a seu nome que o associassem a entorpecentes ou a desvios de verba, certamente vai apoiar uma investigação sobre este “exército”  de “robôs” que visava pressionar o Supremo e criar um clima de comoção nas redes sociais, não é?
E não precisa ser sob sigilo de Justiça, como fez ele, identificando-se apenas como “A.N. da C.”.
Pode e deve ser aberto, conduzido pelo Ministério Público Eleitoral, já que a menção ao “Brasil sem PT” deixa evidente o cunho de propaganda antipartido da propaganda e, portanto, tão propaganda eleitoral irregular quanto aquela que é a favor.
Basta imaginar o que estariam fazendo, a esta hora, os tucanos se a chamada fosse para um “#OperaçãoBrasilsemPSDB”.
É, simples, simples, descobrir a origem: basta pedir ao Twitter os “IP” dos criadores ou do criador dos perfis falsos, naqueles dois únicos dias. Identificado, ver quem o contratou.
Você acredita que o PT vá pedir essa apuração? Nem eu.
E os “brucutus” tucanos vão continuar agindo na certeza da impunidade.
por Fernando Brito  no Tijolaço

Quais as estratégias das campanhas de Campos e Aécio?

Análise de Marcos Coimbra 

A prevalecer o quadro hoje desenhado, faremos neste ano uma eleição presidencial diferente de todas as outras desde a redemocratização. Pela primeira vez, os dois principais candidatos são genuínos representantes de seus partidos.
Do lado do PT, isso não é novidade e Dilma Rousseff está escalada. Vem do PSDB a inovação. Está claro que é cedo para decretar que chegaremos a outubro com as intenções de voto no padrão de hoje. Mas as pesquisas são unânimes ao mostrar que, somados, os candidatos dos demais partidos mal alcançam 10%. Em outras palavras, a polarização entre PT e PSDB tem boa chance de se repetir.
Desta vez, eis a questão, os tucanos caminham para apresentar algo que não têm desde Mario Covas, um candidato do partido. Fernando Henrique Cardoso foi lançado e se reelegeu praticamente sobre a alcunha de “homem do real”. Em 1994 e 1998, seus eleitores mal sabiam a sua filiação partidária. Estivesse filiado a qualquer outro, o resultado não seria diferente.
Nas duas eleições das quais participou, José Serra foi candidato de si mesmo. Os correligionários tinham de ouvi-lo na televisão para se inteirar de suas pretensões e propostas. Em 2010, tanto mandava e desmandava que levou o PSDB para onde quis: associou-o ao moralismo conservador e ao que de mais reacionário existe na política e na sociedade brasileiras.
Geraldo Alckmin era desprezado pela elite tucana e foi escolhido para ser derrotado por Lula. Nunca expressou o sentimento da cúpula e das bases de seu partido (salvo, talvez, em Pindamonhangaba).
Agora, não. Aécio Neves caminha para a eleição como candidato genuíno do PSDB. Para o bem e para o mal.
Isso fica claro no modo como responde ao dilema que angustia os tucanos desde 2002, o de como lidar com a “herança de Fernando Henrique Cardoso”. Ao pensarem em termos eleitorais, Serra e Alckmin fizeram o lógico: esconderam a herança de FHC e tentaram se desvencilhar da impopularidade do ex-presidente. Como chegou a dizer Serra em 2010, no ápice da desfaçatez: “Eu sou o Zé que vai continuar a obra do Lula”.
Aécio, ao contrário, faz tudo para associar sua imagem àquela de FHC. Suas propostas, seus assessores e seu discurso têm Fernando Henrique escrito por todos os lados, a ponto de ensejar especulações a respeito da participação do ex-presidente como companheiro de chapa (algo impensável nas candidaturas de Serra).
Importa pouco se Aécio age assim por obrigação ou desejo. Se ele se oferece ao posto de continuador da “herança de Fernando Henrique” por convicção ou para assegurar a vaga de candidato do partido. O fato é que o faz. Torna-se assim um “legítimo tucano”, expressão da legenda e não de si mesmo.
É o oposto de Eduardo Campos, cuja candidatura é a enésima encarnação de um fenômeno recorrente em nossa história eleitoral, o personalismo daqueles que se apresentam como “indivíduos notáveis” e se creem dotados de atributos especiais. Nada há de estranho em estar ao lado de Marina Silva, outra dessas “personalidades” transbordantes de si mesmas, que se projetam acima dos partidos e pedem um cheque em branco ao eleitor (pretensamente garantido por seus “bons propósitos”).
Do modo como está formulada, a candidatura de Aécio traz uma contribuição para a consolidação de nossa cultura democrática. O pernambucano aposta nos preconceitos antipartidários e no velho estereótipo de que, na escolha eleitoral, o importante é “a pessoa do candidato”. O mineiro não esconde de que lado está e a quem está ligado. Sem discutir sua motivação, o relevante é o fato de educar o eleitor, enquanto o outro quer se aproveitar de seu equívoco.
Dizê-lo não é avaliar a utilidade estratégica das opções de ambos. “Tucanizar-se” pode ser (muito) nefasto para as pretensões eleitorais de Aécio, enquanto fingir-se “apartidário” pode ser uma estratégia esperta de Campos. Ou vice-versa.
Nada disso deve, porém, ter consequências de curto prazo nestas eleições. Mantidas as tendências conhecidas e a se considerar o cenário da disputa a seis meses do pleito, a chance de qualquer um dos dois, independentemente do que fizerem, é pequena. Dilma Rousseff é a favorita.
A discussão concentra-se no que deve acontecer no médio e longo prazos. Nesse horizonte, quem faz a coisa certa é Aécio Neves. Se não tomar cuidado, o futuro de Campos é ser mais um jovem político promissor perdido no meio do caminho. A estrada está cheia deles.

Coluna domingal de Paulo Coelho

O nagual Elias e a segunda chance

Carlos Castaneda conta como o mestre do seu mestre, Julian Osório, se transformou em um nagual - espécie de feiticeiro, segundo certas tradições mexicanas.
Julian trabalhava como ator em um teatro itinerante no interior do México. Entretanto, a vida de artista era apenas um pretexto para fugir das convenções impostas por sua tribo: na verdade, o que Julian mais gostava era beber e seduzir mulheres - qualquer tipo de mulher, que encontrava durante suas apresentações teatrais. Exagerou tanto, exigiu tanto da saúde, que terminou contraindo tuberculose.
Elias, um feiticeiro muito conhecido entre os índios iaques, dava seu passeio vespertino quando encontrou Julian caído no campo; sangrava pela boca, e a hemorragia era tão intensa, que Elias - capaz de ver o mundo espiritual - percebeu que a morte do pobre ator já estava próxima.
Usando algumas ervas que carregava na bolsa, conseguiu estancar a hemorragia. Depois, virou-se para Julian:
- Não posso curá-lo - disse. - Tudo que podia fazer, já fiz. Sua morte já está bem próxima.
- Não quero morrer, sou jovem - respondeu Julian.
Elias, como todo nagual, estava mais interessado em comportar-se como um guerreiro - concentrando sua energia na batalha da sua vida - do que ajudando alguém que nunca tinha respeitado o milagre da existência. Entretanto, sem conseguir explicar porque, resolveu atender o pedido.
- Vou às cinco da madrugada para as montanhas - disse. - Espere-me na saída do povoado. Não falte. Se você não vier, vai morrer antes do que pensa: seu único recurso é aceitar meu convite. Nunca poderei reparar o dom que você já fez ao seu corpo, mas posso desviar seu avanço até o precipício da morte. Todos os seres humanos caem neste abismo, mais cedo ou mais tarde; você está a alguns passos dele, e não posso fazê-lo recuar.
- O que pode fazer então?
- Posso fazer com que caminhe pela borda do abismo. Vou desviar seus passos para que você siga pela enorme extensão desta margem entre a vida e a morte; pode andar para a direita ou para a esquerda, mas, enquanto você não cair nele, continuará vivo.
O nagual Elias não esperava grande coisa do ator, um homem preguiçoso, libertino, e covarde. Ficou surpreso quando, às cinco da manhã do dia seguinte, encontrou-o esperando num dos extremos do lugarejo. Levou-o para as montanhas, ensinou-o os segredos dos antigos naguais mexicanos, e com o tempo Julian Osório se transformou num dos mais respeitados feiticeiros iaques. Nunca ficou curado da tuberculose, mas viveu até os 107 anos, sempre caminhando na beira do abismo.
Quando chegou o momento adequado, começou a aceitar discípulos, e foi o responsável pelo treinamento de Don Juan Matus, que por sua vez ensinou as antigas tradições a Carlos Castaneda. Castaneda, com sua série de livros, terminou popularizando estas tradições no mundo inteiro.
Uma tarde, conversando com outra discípula de D. Juan, Florinda, esta comentou:
- É importante para todos nós examinar o caminho do nagual Julian à beira do abismo. Nos faz entender que todos temos uma segunda chance, mesmo que já estamos muito próximos de desistir.
Castaneda concordou: examinar o caminho de Julian significava entender sua extraordinária luta para manter-se vivo. Entendeu que esta luta era travada segundo a segundo, sem qualquer descanso, contra os hábitos errados e a autopiedade. Não era uma batalha esporádica, mas um esforço disciplinado e constante para manter o equilíbrio; qualquer distração ou momento de debilidade poderia arrojá-lo no abismo da morte.
Só havia uma maneira de vencer as tentações de sua antiga vida: enfocar toda a sua atenção na beira do abismo, concentrar-se em cada passo, manter a calma, não ter apego a nada além do momento presente.
Acho que todas estas lições servem para cada um de nós.

Charge por encomenda

chico caruso
amarildo
Minúsculos 

Você não é pior que os outros

Diversos são os momentos em que estamos mais sensíveis ou menos desligados do mundo. Ouvimos histórias escabrosas e não nos assustamos mais. Nos aparece um problema e achamos, primeiro, ser o maior de todos já surgidos para, logo a seguir, ver que alguém do nosso lado tem muito mais adversidades, todas bem maiores. Há pessoas que, de tantos contratempos, já nem liga mais para os infortúnios e estão melhores que nós que, ao compararmos, nos achamos mimados.
Comparamos situações boas e ruins. Olha que maluquice. Como se um problema alheio anulasse o seu, como se o contentamento de um terceiro botasse o seu no chinelo e, depois de ver a fortuna de verdade, a sua alegria de nada valesse.
Fazemos isso conosco o tempo todo. Basta ligar a televisão ou conversar dois minutos com o cobrador de ônibus ou com o cara que lava o teu carro. Passeando, ao passar em frente a banca de jornais e ver aquele mundaréu de revistas com famosos bonitos em castelos bonitos, modelos bonitas em carros caros ou lanchas igualmente bonitas em praias bonitas.
Seguimos oscilando nossos anseios, nossos sentimentos, até nossas angústias, jogando o tempo todo em um cassino de vontades em que a casa, claro, sempre vence. Deixamos lá nossa vontade de ser mais, nosso desejo de resolver o que está crispado, o nosso querer de bem querer mesmo.
Como é possível sermos tão dependentes de fatores externos para sermos e fazermos o melhor de nós? De que maneira seguimos a vida a chegar nesse ponto de submissão adoidada e intensa de deixar o mundo e o balançar bêbado do caos botarem o bedelho no que somos e no que sentimos e até como sentimos?
Banca de jornal no centro de São Paulo, c. 1953 (Imagem: Blog do MIS)
Banca de jornal no centro de São Paulo, c. 1953 (Imagem: Blog do MIS)
Entramos com mala e cuia nas falsetas. “Preciso comer tudo porque as crianças da África estão passando fome” ou “eu reclamando disso enquanto aquele cara não tem nem onde morar”. Não que compadecer seja errado, claro que não, mas botar uma dor em xeque contra qualquer outra é de uma pequenez, de uma servidão que todos nós nos deixamos afetar em algum momento, estamos mais sensíveis ou menos desligados do mundo.
Você não é pior que as outras pessoas. Suas atitudes e pensamentos e anseios nem dependem da ação delas.
por Jader Pires

Frase da madrugada

Conheço empresários que pensam no próximo. No próximo negócio. No próximo golpe. No próximo roubo. Pior que a maioria das pessoas adulam os empresários, que são os maiores ladrões do país, enquanto condenam os políticos.