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A inflação fora de controle

O IPC - Índice de Preços ao Consumidor - no município de São Paulo teve deflação de 0,13% na 4ª quadrissemana de julho, depois de cair 0,16% na 3ª prévia do mês, de acordo com a FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas -. Em junho, o indicador fechou com alta de 0,32%.
Na passagem da 3ª medição de julho para a 4ª , o grupo Alimentação foi de um recuo de 0,62% para queda de 0,40% e Saúde passou de uma alta de 0,26% para 0,33%. Despesas pessoais foram de aumento de 0,34% para 0,45%.
Habitação registrou desaceleração, indo de elevação de 0,45% na 3ª quadrissemana para fechar julho em 0,40%. O mesmo ocorreu com Educação (0,07% para 0,06%). Permaneceram no terreno negativo entre a 3ª pesquisa e o levantamento final do mês passado, Transportes (-1,21% para -1,30%) e Vestuário (-0,20% para -0,26%).
by Valor

Economia

[...] ainda sobre inflação

Muito oportuna essa discussão sobre a desindexação da economia que surgiu nos últimos dias. Um ponto que merece ser debatido é a utilização sem critério do IGP-M e IGP-DI, principalmente para contratos de aluguel e serviços em geral. Contratos cujo contratante seja uma pessoa física deveriam conter cláusulas de reajuste APENAS com base em índice de inflação ao consumidor (IPCA, INCC, IPC-FIPE, IPC-FGV, etc.). Uma vez que os IGP's tem outros compenentes, a economia pode sofrer uma contaminação desnecessária, como ocorre atualmente. Essa distorção pode ser realizada com uma simples alteração na Lei que criou o Plano Real, a qual estabeleceu que o período mínimo de reajustes nos contratos é de 12 meses.
Outro ponto para se debater é o por que a FGV ainda mantém a ponderação de 60% para o IPA, 30% para o IPC e 10% para o INCC. Como essa ponderação foi definida em 1940, será que para 2011 o IPC não deveria ter um peso maior, especialmente devido ao crescimento do consumo das famílias?
Não se trata de usar o chavão da febre vs termômetro, até porque o fenômeno da inflação é mundial, porém temos essa particularidade que é do Brasil.
Adalberto

Economia

[...] inflação começará a cair este mês

A presidente Dilma Rousseff acredita que a inflação mensal, medida pelo IPCA, começa a ceder em maio, mantendo-se em patamares baixos nos três meses seguintes. Isso, na avaliação do governo, dará fôlego ao Banco Central (BC) para melhorar as expectativas dos agentes econômicos, que vêm se deteriorando desde o início do ano.
A presidente sabe, no entanto, que apesar da queda do IPCA entre maio e agosto a inflação acumulada em 12 meses poderá superar os 6,5%, o limite superior do intervalo de tolerância do regime de metas. Em conversas reservadas, Dilma tem dito que a inflação de 2011 não é “culpa” deste governo. “O mercado vê Dilma como um governo de oito anos [de Lula] e quatro meses. Para ela, seu governo tem quatro meses”, diz um assessor.
Dilma aproveitou a reunião do Conselhão (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), na semana passada, para harmonizar o discurso do governo. Tanto ela quanto os ministros Guido Mantega (Fazenda) e Antônio Palocci (Casa Civil), além do presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, salientaram em suas apresentações a preocupação prioritária com a inflação.
O propósito foi mostrar ao mercado que o governo está unido. Em seu discurso, Dilma reconheceu que os preços subiram no Brasil por causa de “choques internos adversos na produção de bens como alimentos in natura e etanol”, além das pressões internacionais. Insistiu em afirmar que a economia crescerá de forma acelerada em 2011, mas fez isso apenas para não adormecer o “espírito animal dos empresários”.
Falando publicamente sobre o tema pela primeira vez neste governo, Palocci fez questão de ressaltar que o ataque à inflação é “sem dúvida uma prioridade que não devemos abandonar”. O ministro, seguindo acerto feito com a presidente, não fala publicamente sobre política econômica, a não ser quando autorizado, mas na convivência diária com ela tem tratado do tema. A “nova” política, focada mais na inflação e menos no câmbio, está mais à sua feição.
No discurso feito no Conselhão, Palocci chamou a atenção para a necessidade de o governo desenvolver o mercado privado de títulos de longo prazo, uma forma de reduzir a dependência das empresas do crédito subsidiado do BNDES. Dois dias depois, a mesma preocupação constava da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do BC (Copom), o que também revelou afinidade entre Palocci e Tombini.
O novo ambiente fez o BC mudar sua estratégia. Agora, a autoridade monetária recorrerá mais à taxa básica de juros (Selic) e menos a medidas macroprudenciais para combater a inflação. Na prática, Tombini se sente mais encorajado a perseguir a inflação com o instrumento convencional de política monetária – os juros. Não vai fazer isso de uma só vez, mas gradualmente, dado o elevado grau de incerteza da economia mundial. O BC rendeu-se também ao fato de que, depois de recorrer a medidas macroprudenciais, os bancos centrais de vários países emergentes voltaram a elevar juros – entre as duas últimas reuniões do Copom, 11 países emergentes fizeram isso.
Definidas as correções da política econômica, a presidente Dilma considera maio o mês do verdadeiro início do seu governo. É neste mês que ela pretende anunciar as iniciativas que, na sua acepção, marcarão a gestão, diferenciando-a da do seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. “O governo começa, em maio, a ter a cara da presidente”, sustenta um assessor.
Na semana passada, Dilma lançou a primeira de cinco iniciativas prioritárias do governo – o Programa Nacional de Ensino Técnico e Capacitação Profissional (Pronatec), voltado para a formação de mão de obra. Ela pretende divulgar, também este mês, e por essa razão vem cobrando pressa do ministro da Ciência e Tecnologia, Aloízio Mercadante, o programa que concederá 75 mil bolsas a brasileiros interessados em estudar Ciências Exatas no exterior.
Uma terceira iniciativa, esta uma promessa da campanha presidencial, é lançar, se possível em maio, o Programa de Erradicação da Pobreza.
Dilma faz seus ministros e assessores correrem contra o relógio para enviar ao Congresso, ainda este semestre, propostas de mudança no regime tributária. Embora não ambicione fazer uma reforma ampla, a presidente quer, com as novidades, dar agilidade à devolução de créditos tributários, beneficiar micro e pequenas empresas, estimular as exportações, combater a guerra fiscal e desonerar os investimentos e a folha de pessoal, estimulando o aumento do emprego formal. “Há cerca de R$ 15 bilhões em créditos tributários a serem devolvidos às empresas. Isso é pior do que o câmbio [apreciado]“, diz um auxiliar de Dilma.
Além da reforma dos tributos, a presidente vai lançar, também em maio, o fórum de gestão e competitividade, um canal permanente de interlocução com o setor privado para discutir a criação de mecanismos que tornem a máquina pública mais ágil e eficiente e menos onerosa. O principal interlocutor de Dilma nesse fórum será o empresário Jorge Gerdau, criador e líder do Movimento Brasil Eficiente.
Cristiano Romero