247 - RESISTÊNCIA DE DILMA E SEU GOVERNO INTRIGA OPOSIÇÃO

No frigir dos ovos das últimas pesquisas, sobressai dificuldade da oposição em galvanizar para um de seus candidatos os desgastes do governo da presidente Dilma Rousseff; permanência de cenário de vitória em primeiro turno contraria prognósticos da oposição, que apostava, para esta altura do campeonato, ao menos em aproximação maior com a líder; Dilma, e também o ex-presidente Lula, perderam pontos, mas a questão para os adversários Aécio Neves e Eduardo Campos é que eles não cresceram; percentual de intenções de votos brancos e nulos cresceu, aumentando o desafio da oposição de atrair para si – e não deixar cair no vazio – o voto do contra; como fazer?

247 – Os números das pesquisas eleitorais não estão especialmente bons para nenhum dos presidenciáveis e não presidenciáveis estampados no noticiário político. Mas entre os pré-candidatos Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos, e o "me sinto realizado" ex-presidente Lula, alguém vai ter de ganhar as eleições de outubro. Por mais ou menos que se torça para uma ou outro, é forçoso revelar o que não transparece em análises à disposição na mídia tradicional: a resistência do governo e de sua política econômica ao cerco de números e críticas é maior do que se pensava.

No resumo de resultados das últimas pesquisas Ibope e Vox Populi, o que se tem, ainda e mais uma vez, é a vitória em primeiro turno da presidente Dilma Rousseff. Ela alcança um índice próximo aos 60 por cento das intenções de votos válidos. A parte essa fotografia, vê-se mais detidamente a elevação das declarações de votos brancos e nulos, que já seriam a segunda força da eleição. Também se observou uma diminuição das intenções de voto a Lula, que estaria somente quatro pontos acima de Dilma no Ibope. Houve seguidos destaques sobre a queda da avaliação do governo federal, que chegaria agora ao menor nível, com 36% de ótimo e bom na pesquisa CNI - contra 43% no levantamento anterior – e um recorde de 27% de avaliações ruim e péssimo. Está posto, então, que o governo se desgastou.

Mesmo com todos esses ingredientes a favor, porém, por que raios a oposição a Dilma não cresce. No Ibope, o presidenciável tucano Aécio Neves conseguiu, com 14% de intenções, um ponto a mais do que na pesquisa anterior, e Eduardo Campos manteve 8%. O fato político maior, neste momento, está aqui. Não falta exposição para Aécio e Campos. Ambos são políticos de longa cepa, conhecidos de longa data do público. Será que a questão deles com o que as pesquisas mostram nesse momento é exatamente essa?

Lançado por FHC, Aécio faz questão de relembrar e defender o governo do ex-presidente, prestigiar alianças as mais variadas entre as oposições e empreender uma dura luta parlamentar contra o governo Dilma. O presidente do PSDB, em franca atividade, vai mostrando o melhor de si mesmo, mas igualmente sofre com revéses alheios à sua vontade. É difícil descolar a imagem do partido ao escândalo Alstom-Siemens de distribuição de propinas em São Paulo ou livrar o candidato da crítica à escolha do ex-ministro Pimenta da Veiga ao governo de Minas. Sabia-se que Pimenta era vulnerável, mas o comando do partido não levou esse componente em consideração. O PSDB, com o atual discurso, ainda não ganhou os pontos que já esperava obter a esta altura do campeonato.

O presidenciável Eduardo Campos anuncia, agora de casamento consolidado com a ex-ministra Marina Silva, que irá percorrer 150 municípios para buscar seu mais conhecido. Dele pode-se dizer que ainda não está no domínio do eleitorado das regiões Sudeste e Sul, especialmente, mas mesmo onde tem seu berço político, no populoso Nordeste, Campos consegue obter mais intenções do que Dilma. E muito menos frente a Lula.

Um fenômeno, se se quer achar algum a esta altura da eleição, é a incapacidade mostrada até aqui pela oposição de galvanizar as agruras do governo num voto de troca. No frigir dos ovos das pesquisas, o governo que é criticado continua a ser o representante da mudança. Os números das pesquisas mostram essa situação ambígua, porém real. Todos os levantamentos tem colocado sempre, e sem incômodos até aqui, desde o início da atual gestão federal, Dilma e Lula na liderança, com índices altos o suficiente para vencerem quaisquer outros em primeiro turno.

Os ataque da oposição ao governo – e as críticas veiculadas pela mídia tradicional à política econômica – não são novidades. Este cenário está dado há pelo menos dois anos. A novidade é que o governo, Dilma e Lula se mostram bem mais resistentes do que gostariam seus adversários.

Nenhuma novidade



Como já estava previsto, o ababosado, abestalhado, abobado, abobalhado, abobarrado, acanhotado, alarve, alonso, alvar, alvarinho, apalermado, aparvado, aparvalhado, aparvanhado, apatetado, apombocado, apoucado, arara, aruá, asneirão, asneirento, asneirista, atolado, atolambado, atoleimado, azêmola, babaca, babanca, babão, babaquara, baboso, badana, badó, bajoujo, basbaque, bate-orelha, belarmino, beldroegas, beliz, bertoldo, bestalhão, bestiaga, bestiola, bobo, bobó, boboca, bocó, boleima, bolônio, boquiaberto, boto, broco, calino, cândido, capadócio, cepo, chapetão, coió, crédulo, curto, débil, enxovedo, escroto, estólido, estulto, estúpido, fátuo, gaivota, girolas, hebetado, hebetizado, idiota, imbecil, incapaz, inepto, inexperiente, inhenho, inocente, intelijumento, jegue, jerico, jumento, lamecha, lapardão, lapardeiro, lapuz, lorpa, mandu, mané, mané-coco, mané do jacá, mané-jacá, manema, manembro, manicaca, maninelo, marinelo, maroto, marruá, mazanza, mentecapto, molongó, obtuso, orelhudo, otário, paca, pacóvio, pai-mané, paio, palerma, palonço, palúrdio, pancrácio, pandorga, papalvo, parrana, parvajola, parvalhão, parvo, párvulo, pascácio, pasmado, paspalhão, paspalho, pataco, pataloco, pataloto, patamaz, patarata, pataroco, patau, pateta, patocho, patureba, paturega, pengó, pongó, prego, primário, puro, raca, sambanga, sandeu, sandio, sarambé, saranga, sarango, simples, simplório, soronga, sorongo, tacanho, tanso, tapado, toleirão, tonto, trouxa, urumbeba, urumbeva, xexé, zamboa, zote, zuco do Reinaldo Azevedo tinha que vomitar suas merdas acerca de García Márquez. 
Sempre peço a meu pai Xangô que nunca me faça chegar perto desse verme!
Marcos Bagno

Aprendi

Aprendi com os erros, que não errar é melhor 

Com os amigos, que nem todos são sinceros
Com o trabalho, que fazer o que gosta é o que te faz feliz
Comigo mesma, achar a saída pra não se perder. 

Aprendi a não se magoar, menos ainda guardar mágoas.

Aprendi a lutar e me defender muito bem, do mal !

Não aprendi a derrubar ninguém para alcançar vitórias.

Luto, venço sem precisar que meu adversário esteja no 
chão.

Vencer é encarar o vencido de pé, olho no olho !

Leônia Teixeira

Paulo Moreira Leite - Dirceu na Comissão da Verdade

Brutalidade contra Dirceu é uma tentativa de nos convencer de que não adianta reagir

Num país que levou um mais de 40 anos para constituir uma Comissão da Verdade para apurar os crimes do passado do regime militar, talvez seja o caso de pedir a abertura de um novo item de sua pauta para investigar ataques aos direitos humanos que tem sido cometidos nos dias de hoje. O primeiro nome é José Dirceu.

O caso é exemplar.

Embora nunca tenha recebido, em forma definitiva, uma sentença em regime fechado, o esforço para impedir Dirceu de respirar  o oxigênio que só se encontra fora de uma prisão foi reforçado. Tudo se move para impedir que ele possa sair  à rua, caminhar como uma pessoa durante oito horas por dia,  trabalhar como um cidadão, conversar com homens e mulheres que não são nem carcereiros, nem advogados, nem parentes tensos, de olhos úmidos, nas horas tensas de visita.

Como se fosse um delírio, assistimos a um ato de terrorismo que não ousa dizer o seu nome, mas não pode ser definido de outra forma.

Ou como você vai definir um pedido de grampo telefônico que envolve o palácio da Presidência da República, o Congresso?  Vamos fingir que é um ataque à privacidade de Dilma Rousseff, constranger 513 parlamentares, humilhar onze ministros, apenas para  maltratar os direitos de Dirceu?

Não. É um esforço para rir do regime democrático, gargalhar sobre a divisão de poderes, atingir um poderes emanam do povo e em seu nome são exercidos. 

Pensando em nossos prazos históricos, eu me pergunto se vale à pena deixar para homens e mulheres de 2050 a responsabilidade de coletar informações para apurar fatos desconhecidos  e definir responsabilidades pelo tratamento abusivo e injusto que tem sido cometido contra Dirceu.

Sim, Dirceu foi um entre tantos combatentes que a maioria de nós não pode conhecer pelo nome nem pelo rosto, lutadores corajosos daquele Brasil da ditadura.

Depois de ajudar a liderar um movimento de estudantes que impediu, por exemplo, que o ensino brasileiro fosse administrado por pedagogos do governo norte-americano, Dirceu tomou parte da vitória do país inteiro pela democracia. Sem abandonar jamais uma ternura pelo regime de Fidel Castro que ninguém é obrigado a  partilhar, mostrou-se um líder político capaz de negociar com empresários, lideranças da oposição e governantes estrangeiros.

Hoje ele se encontra no presídio da Papuda, impedido de exercer direitos elementares que já foram reconhecidos pelo ministério público e até pelo serviço Psicossocial. Trabalha na biblioteca. Já se ofereceu para ajudar na limpeza.

Sua situação é dramática mas ninguém precisa esperar até 2050 para tentar descobrir que há alguma coisa errada, certo? 

Basta caráter. Em situações políticas determinadas, este pode ser o  dado decisivo da situação politica. Pode favorecer ou pode prejudicar os direitos das vítimas e também iluminar a formação das novas gerações. Os direitos humanos elementares, as garantias sobre a vida e a liberdade, costumam depender disso com frequência.

Vejam o que aconteceu com o general José Antônio Belham. Em 1971, ele exibia a mais alta patente na repartição militar onde Rubens Paiva foi morto sob torturas.

Quando precisou explicar-se, 43 anos mais tarde, Belham afirmou que não se encontrava ali. Estava de ferias. Acabou desmentido de forma vergonhosa. Consultando suas folhas de serviços, a Comissão da Verdade concluiu que o general não era verdade. Ele não só estava lá como recebera os proventos devidos pelo serviço daqueles dias.

Esse é o problema. Ninguém é obrigado a ser herói. Como ensina Hanna Arendt, basta cumprir seu dever. Caso contrário, a pessoa se deixa apanhar numa situação que envergonha a mulher, os filhos, os netos – sem falar nos amigos dos filhos, nos amigos dos netos. Nem sempre é possível livrar-se do vexame de prestar contas pela própria história.

Lembra daquele frase comum em filmes de gangster, quando o herói recebe uma advertência criminosa: "você vai se arrepender de estar vivo?"  Isso também pode acontecer com pessoas que não tem caráter. 

Imagine como vai ser difícil, para homens e mulheres de 2050, explicar seu silêncio diante de tantos fatos que envolvem o tratamento dispensado a Dirceu. Ele foi cassado em 2005 por "quebra de decoro parlamentar", essa acusação que, sabemos há mais de meio século, é tão subjetiva que costuma ser empregada para casos de vingança e raramente serviu para fazer justiça --  porque dispensa provas e fatos, vale-se apenas de impressões e convenções sociais que, como se sabe, variam em função de tempo e lugar, de pessoa, de geração e até classe social.

Em 2012, não se encontrou nenhuma prova capaz de envolver Dirceu no esquema de arrecadação e distribuição de recursos financeiros para as campanhas do PT. A necessidade de garantir sua punição de qualquer maneira explica a importação da teoria do domínio do fato. Inventaram uma quadrilha porque era preciso condenar Dirceu como seu chefe  mas o argumento não durou dois anos. Depois que o STF concluiu que não havia crime de quadrilha, ficou difícil saber qual era a atuação real de Dirceu nessa fantasia.

Pensa que o Estado brasileiro pediu desculpas, numa daquelas solenidades que nunca receberão a atenção merecida, com as vítimas dos torturadores do  pós-64? Pelo contrário. O sofrimento imposto a Dirceu aumentou, numa forma perversa de punição.

Numa sequencia da doutrina Luiz Fux, que disse no STF que os acusados devem provar sua inocência, coube-lhe tentar provar o que não falou ao celular com um Secretário de Estado da Bahia.

Foi invadido em sua privacidade, desrespeitado em seus direitos humanos. Para que? É um espetáculo didático.

Como cidadão, tenta-se fazer Dirceu cumprir a função de ser humilhado em publico – ainda que boa parte do público não se dê conta de que ele próprio também está sendo ultrajado. Através desse espetáculo, tenta-se enfraquecer quem reconhece seu papel político,  quem reconhece uma injustiça – e precisa ser convencido de que não adianta reagir para tentar modificar essa situação.

Não poderia haver lição mais reacionária, própría daqueles homens que fogem da Comissão da Verdade com mentirinhas e desculpas vergonhosas. Não se engane: o esforço para inocular um sentimento de fraqueza em cidadãos e homens do povo é próprio das ditaduras. Fazem isso pela força -- e pela demonstração de força. 

Outra razão é política. Tenta-se demonstrar que o sistema penitenciário do governo do Distrito Federal – cujo governador é do PT como Dirceu e todos os réus dessa história, você sabe -- não é capaz de cuidar dele, argumento sob medida para que seja conduzido a uma prisão federal, onde não poderá cumprir o regime semiaberto.

Este é o objetivo. Vai ser alcançado? Não se sabe.

Animal consciente dos estados de opressão, o que distingue os homens dos vegetais – e de alguns animais inferiores – é o reconhecimento da liberdade.

O que se quer é encontrar uma falta disciplinar grave, qualquer uma, que sirva como pretexto para revogar os  direitos de Dirceu. Pretende-se obter uma regressão de sua pena e conseguir aquilo que a Justiça não lhe deu, apesar do show – o regime fechado.

Isso acontece porque o projeto, meus amigos, é o ostracismo – punição arcaica, típica dos regimes absolutistas. Você lembra o que disse Joaquim Barbosa:  

"Acho que a imprensa brasileira presta um grande desserviço ao país ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena".

  Imagine a maldade que é deixar tudo isso para os homens e mulheres de 2040. Imagine as páginas nobres da imprensa, dos jornais, das revistas. Pense como vai ser difícil, para os leitores do futuro,  entender o que Joaquim Barbosa quis dizer com isso.

Mais uma vez teremos uma página horrenda da história e cidadãos perplexos a perguntar: como foi possível? O que se queria com tudo aquilo?

E, mais uma vez, num sinal de que se perdeu todo limite, vamos pedir desculpas. As futuras gerações merecem um pouco mais, concorda?   

Não precisam encarar esta derrota colossal de todos que lutaram  com tanta coragem pela democracia. 

Paulo Moreira Leite - Dirceu na Comissão da Verdade

Brutalidade contra Dirceu é uma tentativa de nos convencer de que não adianta reagir

Num país que levou um mais de 40 anos para constituir uma Comissão da Verdade para apurar os crimes do passado do regime militar, talvez seja o caso de pedir a abertura de um novo item de sua pauta para investigar ataques aos direitos humanos que tem sido cometidos nos dias de hoje. O primeiro nome é José Dirceu.

O caso é exemplar.

Embora nunca tenha recebido, em forma definitiva, uma sentença em regime fechado, o esforço para impedir Dirceu de respirar  o oxigênio que só se encontra fora de uma prisão foi reforçado. Tudo se move para impedir que ele possa sair  à rua, caminhar como uma pessoa durante oito horas por dia,  trabalhar como um cidadão, conversar com homens e mulheres que não são nem carcereiros, nem advogados, nem parentes tensos, de olhos úmidos, nas horas tensas de visita.

Como se fosse um delírio, assistimos a um ato de terrorismo que não ousa dizer o seu nome, mas não pode ser definido de outra forma.

Ou como você vai definir um pedido de grampo telefônico que envolve o palácio da Presidência da República, o Congresso?  Vamos fingir que é um ataque à privacidade de Dilma Rousseff, constranger 513 parlamentares, humilhar onze ministros, apenas para  maltratar os direitos de Dirceu?

Não. É um esforço para rir do regime democrático, gargalhar sobre a divisão de poderes, atingir um poderes emanam do povo e em seu nome são exercidos. 

Pensando em nossos prazos históricos, eu me pergunto se vale à pena deixar para homens e mulheres de 2050 a responsabilidade de coletar informações para apurar fatos desconhecidos  e definir responsabilidades pelo tratamento abusivo e injusto que tem sido cometido contra Dirceu.

Sim, Dirceu foi um entre tantos combatentes que a maioria de nós não pode conhecer pelo nome nem pelo rosto, lutadores corajosos daquele Brasil da ditadura.

Depois de ajudar a liderar um movimento de estudantes que impediu, por exemplo, que o ensino brasileiro fosse administrado por pedagogos do governo norte-americano, Dirceu tomou parte da vitória do país inteiro pela democracia. Sem abandonar jamais uma ternura pelo regime de Fidel Castro que ninguém é obrigado a  partilhar, mostrou-se um líder político capaz de negociar com empresários, lideranças da oposição e governantes estrangeiros.

Hoje ele se encontra no presídio da Papuda, impedido de exercer direitos elementares que já foram reconhecidos pelo ministério público e até pelo serviço Psicossocial. Trabalha na biblioteca. Já se ofereceu para ajudar na limpeza.

Sua situação é dramática mas ninguém precisa esperar até 2050 para tentar descobrir que há alguma coisa errada, certo? 

Basta caráter. Em situações políticas determinadas, este pode ser o  dado decisivo da situação politica. Pode favorecer ou pode prejudicar os direitos das vítimas e também iluminar a formação das novas gerações. Os direitos humanos elementares, as garantias sobre a vida e a liberdade, costumam depender disso com frequência.

Vejam o que aconteceu com o general José Antônio Belham. Em 1971, ele exibia a mais alta patente na repartição militar onde Rubens Paiva foi morto sob torturas.

Quando precisou explicar-se, 43 anos mais tarde, Belham afirmou que não se encontrava ali. Estava de ferias. Acabou desmentido de forma vergonhosa. Consultando suas folhas de serviços, a Comissão da Verdade concluiu que o general não era verdade. Ele não só estava lá como recebera os proventos devidos pelo serviço daqueles dias.

Esse é o problema. Ninguém é obrigado a ser herói. Como ensina Hanna Arendt, basta cumprir seu dever. Caso contrário, a pessoa se deixa apanhar numa situação que envergonha a mulher, os filhos, os netos – sem falar nos amigos dos filhos, nos amigos dos netos. Nem sempre é possível livrar-se do vexame de prestar contas pela própria história.

Lembra daquele frase comum em filmes de gangster, quando o herói recebe uma advertência criminosa: "você vai se arrepender de estar vivo?"  Isso também pode acontecer com pessoas que não tem caráter. 

Imagine como vai ser difícil, para homens e mulheres de 2050, explicar seu silêncio diante de tantos fatos que envolvem o tratamento dispensado a Dirceu. Ele foi cassado em 2005 por "quebra de decoro parlamentar", essa acusação que, sabemos há mais de meio século, é tão subjetiva que costuma ser empregada para casos de vingança e raramente serviu para fazer justiça --  porque dispensa provas e fatos, vale-se apenas de impressões e convenções sociais que, como se sabe, variam em função de tempo e lugar, de pessoa, de geração e até classe social.

Em 2012, não se encontrou nenhuma prova capaz de envolver Dirceu no esquema de arrecadação e distribuição de recursos financeiros para as campanhas do PT. A necessidade de garantir sua punição de qualquer maneira explica a importação da teoria do domínio do fato. Inventaram uma quadrilha porque era preciso condenar Dirceu como seu chefe  mas o argumento não durou dois anos. Depois que o STF concluiu que não havia crime de quadrilha, ficou difícil saber qual era a atuação real de Dirceu nessa fantasia.

Pensa que o Estado brasileiro pediu desculpas, numa daquelas solenidades que nunca receberão a atenção merecida, com as vítimas dos torturadores do  pós-64? Pelo contrário. O sofrimento imposto a Dirceu aumentou, numa forma perversa de punição.

Numa sequencia da doutrina Luiz Fux, que disse no STF que os acusados devem provar sua inocência, coube-lhe tentar provar o que não falou ao celular com um Secretário de Estado da Bahia.

Foi invadido em sua privacidade, desrespeitado em seus direitos humanos. Para que? É um espetáculo didático.

Como cidadão, tenta-se fazer Dirceu cumprir a função de ser humilhado em publico – ainda que boa parte do público não se dê conta de que ele próprio também está sendo ultrajado. Através desse espetáculo, tenta-se enfraquecer quem reconhece seu papel político,  quem reconhece uma injustiça – e precisa ser convencido de que não adianta reagir para tentar modificar essa situação.

Não poderia haver lição mais reacionária, própría daqueles homens que fogem da Comissão da Verdade com mentirinhas e desculpas vergonhosas. Não se engane: o esforço para inocular um sentimento de fraqueza em cidadãos e homens do povo é próprio das ditaduras. Fazem isso pela força -- e pela demonstração de força. 

Outra razão é política. Tenta-se demonstrar que o sistema penitenciário do governo do Distrito Federal – cujo governador é do PT como Dirceu e todos os réus dessa história, você sabe -- não é capaz de cuidar dele, argumento sob medida para que seja conduzido a uma prisão federal, onde não poderá cumprir o regime semiaberto.

Este é o objetivo. Vai ser alcançado? Não se sabe.

Animal consciente dos estados de opressão, o que distingue os homens dos vegetais – e de alguns animais inferiores – é o reconhecimento da liberdade.

O que se quer é encontrar uma falta disciplinar grave, qualquer uma, que sirva como pretexto para revogar os  direitos de Dirceu. Pretende-se obter uma regressão de sua pena e conseguir aquilo que a Justiça não lhe deu, apesar do show – o regime fechado.

Isso acontece porque o projeto, meus amigos, é o ostracismo – punição arcaica, típica dos regimes absolutistas. Você lembra o que disse Joaquim Barbosa:  

"Acho que a imprensa brasileira presta um grande desserviço ao país ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena".

  Imagine a maldade que é deixar tudo isso para os homens e mulheres de 2040. Imagine as páginas nobres da imprensa, dos jornais, das revistas. Pense como vai ser difícil, para os leitores do futuro,  entender o que Joaquim Barbosa quis dizer com isso.

Mais uma vez teremos uma página horrenda da história e cidadãos perplexos a perguntar: como foi possível? O que se queria com tudo aquilo?

E, mais uma vez, num sinal de que se perdeu todo limite, vamos pedir desculpas. As futuras gerações merecem um pouco mais, concorda?   

Não precisam encarar esta derrota colossal de todos que lutaram  com tanta coragem pela democracia. 

Faz sentido

Editora Abril pretende fundir a Veja com a Exame. Naturalmente o nome da nova revista será...
Vexame

Isso é preconceito

Twitter da hora

Crise no Brasil é tanta que a Dilma vai criar o "Minha Vaga, Minha Vida".
Não há vagas para estacionar nos shoppings, centros comerciais e supermercados.

Espanta - piadas de viado

Marco St - Mídia esconde

Vereador que preso em Salvador por liderar greve ilegal, é criminosa, terrorista e politiqueira é tucano

Realismo fantástico que causaria inveja a Gabo

No linchamento a ele vale tudo
Quanto valem cinco meses na vida de uma pessoa?
A pergunta me ocorre quando penso em Zé Dirceu, preso exatamente há cinco meses na Papuda.
Alguém já fez essa conta para si mesmo?
Em dinheiro, é difícil calcular. Digamos que dessem a você, diante de uma sentença de cinco meses na cadeia, a opção de pagar para não ir.
Quanto você daria para ficar em casa? Para conviver com seus amigos, seus irmãos, seus pais, seus filhos? Para poder ir à padaria pela manhã tomar uma média com pão e manteiga? Para comer uma pizza domingo?
Eis um caso de complicada precificação.
Do ponto de vista de tempo em si, nada paga, evidentemente, a temporada na cadeia. Nossos dias são limitados e escassos. Os cinco meses na cadeia – ou o que for – não são acrescentados em sua vida a título de compensação.
E se a sentença é injusta, ou absolutamente controversa? E se você acha que de um lado enfrenta algozes para os quais só importa punir e de outro amigos cuja solidariedade e apoio não se manifestam numa hora tão complicada?
Aí entram outras coisas humanas: raiva, sentimento de impotência, revolta.
A conta cresce expressivamente.
Onde, nisso, fica o caso de Dirceu?
Numa recomposição rápida, temos um julgamento que o tempo mostrou ser um circo abjeto, animado e manipulado por uma mídia que repetiu o comportamento de 1954 e 1964.
Depois, temos uma juíza que diz que, embora não existam provas contra Dirceu, se julga no direito de condená-lo.
Juízes de nível baixo, como se veria depois ao conhecê-los em sua pompa vazia, sacramentariam a punição sem provas com uma figura chamada Teoria do Domínio dos Fatos. (Nem o autor alemão da teoria achou que a adaptação dela para o Mensalão fazia sentido.)
Numa canhestra matemática que levou um réu a ter uma pena maior do que a que os noruegueses aplicaram ao assassino de dezenas de jovens reunidos numa convenção, foram fixadas sentenças estapafúrdias como se se tratasse de ciência exata.
Os réus, no percurso, foram logo para o STF, o que significou a perda de pelo menos uma segunda instância para a revisão dos vereditos.
Depois, num arroubo teatral, em 15 de novembro Joaquim Barbosa, sob os holofotes da mídia que o incensou quando lhe conveio e agora o abandona como se esperava, manda prender alguns, Dirceu entre eles.
E na cadeia a perseguição como se amplia.
Uma proposta de emprego de um hotel vira um escândalo nacional artificialmente.
Aparece na mídia com alarde uma conexão no Panamá para o candidato a empregador de Dirceu e depois ela desaparece quando se vê que não era nada – mas sem que os leitores fiquem sabendo do complemento da história.
Aparece outro emprego, mas um jornal diz que Dirceu conversou com alguém pelo celular, e uma nota jamais provada faz que Dirceu continue na prisão em regime integral.
Esta é a vida brasileira: uma nota basta para deixar alguém na cadeia, ainda que ela não se sustente. Basta que esse alguém seja Dirceu.
Uma revista – a mesma que impunemente tentou invadir criminosamente o quarto de Dirceu num hotel de Brasília – continua em sua caçada insana e publica fotos que mostrariam os “privilégios” de Dirceu na cadeia.
Há, aí, uma dissonância cognitiva. As fotos apresentam um Dirceu abatido, visivelmente mais magro. Não é nada compatível com regalias ou privilégios.
Num dos últimos capítulos da farsa, Barbosa – sem que a mídia lhe cobre nada por isso – diz que as penas dos réus do Mensalão foram artificialmente infladas para que não prescrevessem.
Não é crime isso? Ou é uma inovação da justiça brasileira, algo que poderia fascinar justiças menos sofisticadas como – já que falamos nela – a norueguesa?
Quanto, repito, valem cinco meses na vida de uma pessoa?
Na semana que vem, noticia-se hoje, Barbosa vai se pronunciar sobre o caso Dirceu.
Ainda que ele contrarie os prognósticos e libere Dirceu, quem vai pagar a conta pelo tempo perdido e sofrido na prisão?
Dirceu deveria processar o Estado, até para que coisas assim tenham consequências.
Não sei qual seria a quantia arbitrada, mas não seria pouca.
Ironia suprema, a conta seria paga por um Estado comandado por Dilma Rousseff e pelo partido que Dirceu ajudou a construir, o PT.
Parece o realismo fantástico de Garcia Marquez numa versão de pesadelo, mas para Dirceu é a realidade como ela é.
Paulo Nogueira
Sobre o Autor
O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Smartphones modulares da Google

10 coisas que você precisa saber:

Daqui a alguns meses os smartphones modulares do Google se tornarão uma realidade, então você poderá montar seu próprio aparelho com as especificações que quiser – e, claro, de acordo com o quanto deseja pagar por um smartphone.
Se você ainda tem dúvidas sobre como anda o cronograma do Google, ou sobre o modelo que a empresa está prestes a criar, confira abaixo uma lista preparada pelo The Next Web com 10 respostas sobre o Projeto Ara.
  • Disponibilidade

Ainda em fase inicial de desenvolvimento, os aparelhos serão lançados no começo do próximo ano.
  • Preço

O Google já disse que o modelo mais básico, chamado de Grey Phone, terá custo de produção de US$ 50, mas ele não fará nem chamadas telefônicas (saiba mais). Uma versão mais robusta ficará na faixa dos US$ 500. Nos dois casos são valores de manufatura, não de loja, mas dá pra ter uma ideia da variação de preço.
  • Tamanho

Haverá três tipos de smartphone Ara, pequeno, médio e grande. O médio será mais ou menos do tamanho do iPhone ou do Galaxy S5. Lembrando que o grande será o que mais recursos terá.
  • Módulos

Cada módulo trará funcionalidades e capacidades diferentes para o aparelho; as peças serão encaixadas num esqueleto que seguirá um entre três tamanhos padronizados, como explicado no item acima. Módulos e esqueletos serão ligados por magnetismo que pode ser ligado ou desligado – no modo desligado será possível trocá-los.
As peças não serão fabricadas pelo Google, só o esqueleto. Qualquer um pode criar suas próprias peças, com base no kit de desenvolvimento liberado pelo Google recentemente.
  • Compra de módulos

O Google terá uma loja virtual e quiosques para compra dos módulos, que poderá ser feita de três formas: a partir do Grey Phone, você adquire cada um por um app que demonstra as funcionalidades que você estiver adquirindo; usando o aparelho de um amigo em modo de visitante para testar os módulos; ou indo fisicamente a um quiosque, onde será explicado cada módulo.
  • Atualização do Android

Um problema para quem usa o sistema operacional do Google é que você nunca tem certeza de que seu aparelho receberá atualizações, mas talvez isso não aconteça com smartphones do Projeto Ara. De qualquer forma, ainda não existe uma versão do Android para a novidade, ela também estará pronta até o começo de 2015.
  • Protótipo

O Google recentemente mostrou um protótipo do modelo médio, mas ele era tão limitado que sequer tinha magnetismo permanente para segurar as peças – sem contar que a tela estava quebrada. Um protótipo mais bem-feito será mostrado em setembro.
  • Módulos com múltiplas funções

Cada módulo não precisa necessariamente trazer só uma característica ao aparelho, a questão é não extrapolar no design. O desenvolvedor pode colocar uma pequena bateria em seu módulo para melhorar o desempenho do flash de câmera, por exemplo, e não usar a energia principal – que, a propósito, virá de outro módulo.
  • Por que você deve se importar

Um smartphone Ara pode durar entre cinco e seis anos, porque ao invés de comprar um aparelho novo sempre que surgir uma tecnologia inovadora, você só troca um módulo e atualiza seu aparelho. Lembra a tela quebrada da apresentação do Google? Ela poderia ser simplesmente substituída e o telefone voltaria a estar novo. É um ótimo modelo de negócio para os consumidores, mas não tão ótimo assim para as grandes fabricantes.
  • Por que desenvolvedores devem se importar

Imagine a liberdade de criar um pedaço de smartphone que já tem todo o esquema pronto, basta desenvolver dentro daqueles moldes – que são preparados, inclusive, para uso de impressora 3D para baratear o processo. As etapas industriais foram praticamente removidas e não é necessário pensar em conexões Bluetooth ou wi-fi para ligar seu produto ao aparelho, além de saber que o módulo terá um espaço de comércio parecido com a Google Play.

Empreiteiros - os verdadeiros poderosos e ladrões do País

Desconstruindo o Brasil
por Nelson Mota no O Globo

Parece simbólico e vai além do metafórico, é quase poético. São elas que constroem o país, as cidades, fábricas, estradas, usinas e aeroportos, mas também o corroem por dentro, como as maiores doadoras de campanhas eleitorais e maiores beneficiárias das obras públicas.
Mesmo envolvidas com frequência em escândalos de corrupção, são como forças armadas de concreto: grandes empreiteiras ou seus donos e executivos nunca foram condenados em processos relevantes, embora até políticos importantes e banqueiros estejam presos.
Sem contar o caixa dois, só as doações legais das empreiteiras já bastariam para financiar com sobras as campanhas de todos os partidos, embora não devessem ser chamadas de doações, mas de investimentos, porque a conta é cobrada depois, com superfaturamentos e aditivos. No fim, elas acabam agindo como intermediárias, repassando aos partidos e candidatos parte de seus ganhos não contabilizados às custas dos contribuintes. Uma forma bem brasileira de financiamento público das campanhas… rsrs.
Nas concorrências, os preços na prática são simbólicos: o que vale são os aditivos. Ganha-se uma licitação com um preço menor que o dos concorrentes, as vezes com informações privilegiadas ou preços combinados, mas ao longo do contrato vão sendo feitos incontáveis aditivos que tornam a obra muito mais cara e fazem da concorrência uma farsa que todos aceitam como legitima. É um jogo, mas quem perde sempre é o contribuinte.
Se forem mesmo proibidas as doações de empresas, as maiores prejudicadas serão as empreiteiras, que economizarão nas doações, mas perderão influencia sobre seus representantes no poder, e vão ter que gastar mais em subornos, mordidas e comissões no varejo para manter a bola rolando. No fim das contas, vai sair mais caro.
Claro, há empreiteiros vitoriosos e honestos, muitos até gostariam de ser, mas não sobreviveriam à concorrência desleal institucionalizada. O irônico é que os que constroem tantas obras úteis e grandiosas são os que mais geram entulho ético e político para o país. Mas, ao contrário dos políticos, eles roubam, mas, ao menos, fazem.

BRICs - Economia e Política


  • BRICs devem criar seu próprio FMI
  • BRICs devem criar seu próprio Banco
  • BRICs devem criar sua própria moeda de reserva
Este é um tema importante para ser discutido durante a campanha eleitoral.
  • Qual a posição da presidente Dilma e do seu partido (PT) sobre o assunto?
  • Qual a posição dos candidatos da oposição e seus partidos (PSDB e PSB) sobre o assunto?
O primeiro livro, toda biblioteca começa com ele. Você nem lembra bem de quem ganhou...da mamãe, do papai, do vovô? Como aconteceu, você era criancinha?

Pois é. Depois dele vieram muitos outros, sua biblioteca não parou de crescer. Cresceu tanto que, já ocupa espaço demais da sua casa, tornando estes espaços intransitáveis.

Em alguns casos, estantes de livros são soluções rápidas e práticas. Porém, conforme novas obras vão sendo adquiridas e não há como conseguir novas estantes tão cedo, a tendência é que se formem uma fileira na frente de outra – o que esconde os livros que ficam por trás – ou, ainda, que se criem fileiras horizontais em cima das verticais – o que torna a visão da sua biblioteca pessoal não muito agradável.
Além disso, muitos – eu inclusive – têm o hábito de colocar pequenos itens na frente dos livros, seja para enfeitá-la ou para guardar algo útil para o ofício literário. Eu, por exemplo, tenho moedas que trouxe de Cuba, um baralho de ilustrações de artistas brasileiros, coleções de marcadores de página e muitas outras coisas. Já a minha esposa tem uma queda especial por esse costume. Suas estantes estão repletas de pequenos bonecos, brinquedos e garrafas de refrigerante em miniatura.
Para muitos, ter uma biblioteca grande e vasta é um prazer enorme. Mas para que isso não se torne problema, uma boa organização é necessária.
Então, eis que vos apresento algumas dicas para acomodar bem os seus livros e deixa-los limpos e fáceis de encontrar.
Está pronto? Então vamos lá.

Renato Aragão é o novo diretor de jornalismo e esportes da globo

Renato Aragão é o novo presidente da Petrobras
Aragão elogiou seu antecessor: "Gracinha é Biiita", disse, balançando o pé direito
Projac - Irritado com a prezepada do Jornal Nacional noticiar o recorde positivo da taxa de emprego no mês de Março desde 2002 - 5% -, como se fosse algo ruim, João Roberto Marinho - presidente do conselho editorial e vice presidente das organizações globo -, decidiu trocar o comando do jornalismo da emissora.

"Se é para fazer palhaçada, precisamos de profissionais, meus filhos e minhas filhas", discursou. Em seguida, apresentou Renato Aragão como novo diretor geral de jornalismo e esportes da empresa.

Em sua primeira medida, Aragão sapecou uma torta na cara de Willian Bonner. Vestido de Maria Bonita, dublou a canção de Genival Lacerda:

"Quem não conhece Severina Xique-xique,
que montou uma butique para vida melhorar.
Pedro Caroço, filho de Zéfa Gamela,
passa o dia na esquina fazendo aceno para ela.
Ele tá de olho é na butique dela!
Ele tá de olho é na butique dela!... "

Mais tranquilo o novo diretor convocou uma coletiva de imprensa para anunciar medidas iniciais:

"É preciso muita cacentração para dirigir as reuniões de cãoselho. Para isso chamei meu colega Dedé Santana", debochou enquanto jogava um balde de tinta fresca nos jornalistas. No final perguntou:

"João, no céu tem pão?".

Depois mandou que fosse anunciado no Jornal Nacional que, as ações da organização globo subiram 155% depois que ele tinha sido apresentado.

Original>>>

A paixão do PT. O calvário de José Dirceu!

O partido dos trabalhadores está vivendo por esses dias uma espécie de calvário. São diversos erros, vacilações, "escândalos" e "malfeitos", anunciados e denunciados, todos os dias, com grande espalhafato, pela grande imprensa e pelos seus colunistas – quase todos muito bem remunerados, a peso de ouro.

Mas os erros, os pecados a serem expiados são somente os do PT?!

Os hipócritas, isentos de todo pecado, não se cansam de atirar-lhe pedras, com indisfarçável fúria e sofreguidão. Alguns até apontam-lhe o dedo, escarram em sua face e gargalham, ao longo de seu calvário, diante de seu infortúnio e seguidos tropeços sob chibatadas inclementes; outros já se apressam em lhe negar apoio e fidelidade; alguns mais fingem desconhecê-lo ou ignorá-lo.

- "Antes que o galo cante, por três vezes me negarás", teria dito um jovem pastor a um de seus mais fiéis e dedicados seguidores.

À ceia o "cardápio" é vasto – no afã de saciar apetites pantagruélicos/insaciáveis. Tem- se o "mau negócio" da refinaria de Pasadena, segundo nos esclareceu a sempre prestativa e competente Graça Foster; um ex-diretor da Petrobras (salvo engano, ligado ao PP) foi preso; o caso do deputado petista André Vargas, flagrado em relações perigosas com um doleiro acusado por diversos crimes. O PT, enfim, vive, não bastasse o parcialismo da grande imprensa, mas também por seus próprios erros, descuidos e "vacilos", diga-se, o seu inferno

É difícil não perder a fé.

Retomará o PT o caminho da "redenção"?

A paixão de Dirceu.

Nem santo nem pecador – ao menos, não o pecador que pintam os hipócritas e os falsos moralistas, com suas tintas carregadas pelo pigmento da infâmia.

José Dirceu é apenas um homem, um inequívoco líder carismático de um partido político, cujo pecado capital talvez tenha sido o fato de ser o arquiteto que desenhou a grande catedral petista; um homem culpado, em sua máxima culpa, quem sabe, por ter transformado, juntamente com seus companheiros de geração, um ex-operário e líder sindical em presidente da República; um homem cujo martírio está sendo forjado, também diuturnamente, à margem de sua(s) suposta(s) culpa(s), pelas reiteradas injúrias e injustiças que, tal qual chibatadas ultrajantes, rasgam-lhe a carne e lhe penalizam o espírito. Dirceu foi condenado, e preso, com base num suposto e esdrúxulo "domínio do fato". Como se não bastasse a condenação, e a consequente prisão, está confinado, como e sabe, há meses, no regime fechado, quando foi condenado ao semiaberto.

A situação é tão ignominiosa, um flagrante desrespeito à lei, que até alguns dos seus carrascos, agora constrangidos, mas só agora, passam a denunciar esse estado de coisas.

Tamanha e vexatória injustiça – que já se constitui em afronta aos direitos humanos. A foto de José Dirceu, estampada de forma criminosa na capa da revista Veja, é o retrato acabado de, repito, tamanha e vexatória injustiça.

Ignomínia! Injustiça! Arbítrio!

A paixão de Dirceu é a paixão do PT.

A paixão do PT se assemelha à de Dirceu. Mas com esta, ao menos por hora, parece não se confundir. Não se irmanar. Aquela não é solidária a esta.

- Ó Pai, porque me abandonastes? – questiona o homem em sua solidão e aparente abandono.

Alguns líderes e formuladores do petismo parecem ter avaliado e acreditado, num primeiro momento, ingenuamente, que as "bestas-feras" se refestelariam com o sacrifício de Dirceu, Delúbio, Genoíno e João Paulo Cunha. E assim se saciariam. Parece que não, não estão, e nunca estarão, satisfeitas.

Quanto sangue mais terá que ser servido às feras?

O suficiente. O necessário. Até que o PT seja (re)colocado em seu "devido" lugar: o de mero mediador de conflitos entre o capital e o trabalho.

Parece ser esse o desejo inconfessável daqueles que pretendem, a todo custo, manter tudo como está para ver como é que fica. "Tudo como dantes no quartel de Abrantes".

Será o sangue de Dirceu (e do PT) o vinho consagrado a ser servido em translúcidos cálices de cristal, em despudoradas celebrações de cinismo, em convescotes vis, por "Mervais" e "Sardembergs"?

- "Pai, afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue! (…) Quero inventar o meu próprio pecado. Quero morrer do meu próprio veneno".

Porém, apesar de, e, talvez, até por toda a paixão, poesia e vilania, será difícil abater o PT de Lula, Dilma, José Dirceu e legião. O petismo, em sua bastarda familiaridade/similitude com o cristianismo, tem muitos, milhões de seguidores – alguns "fanáticos", "fundamentalistas". E uma fé inquebrantável.

Sim, o petismo, em sua essência, por vezes se confunde com uma espécie de "religião".

Conseguirá o PT, açoitado por chibatadas, infâmias e injustiças vencer as suas próprias misérias e desgraças, e religar o homem à sua humanidade?

Conseguirá o PT, e seus seguidores militantes, de alguma forma, aos trancos e barrancos, andando no fio da navalha, entre pecados e virtudes, erros e acertos, caminhos e descaminhos, vacilos e pragmatismos manter-se firme em seu intuito original de indicar ao povo brasileiro um caminho possível rumo ao resgate de sua dignidade e humanismo?

Conseguirão os centuriões, as vestais e os supremos hipócritas da política brasileira, com seu excesso de vilania e soberba, transformar José Dirceu em uma espécie de mártir? E o PT em uma força ainda mais sedutora e avassaladora?

Renascerá Dirceu como uma espécie de mito que alimentará aqueles que têm fome de esperança, palavra e pão?

Aqueles que sonham com dias melhores.

Aqueles que ainda têm fé no homem.

E esperam.

E lutam.

Por dias melhores.

Autor: Lula Miranda