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Henrique Meirelles compra e aconselha amigos a comprar dólar

Conhecido no meio econômico como especialista em ganhar dinheiro baseado em ondas políticas, Henrique Meirelles está comprando dolares e aconselhando os amigos endiheirados a fazer o mesmo.

Colega do meio, o Posto Ipiranga de Bolsonaro, Paulo Guedes, ficou melindrado quando soube e afirmou que os que especularem com o câmbio terão prejuízo.

É aguardar para vê quem tem razão.

Bom colocar as barbas de molho

Resultado de imagem para dólares
Vida que segue

Vai mani e mini fantoche

Hoje o dólar turismo foi vendido a R$ 4,31 em São Paulo.
O Euro foi vendido a R$ 5,13 reais.

Então garotinha, o papai vai te levar a Disney nestas férias?


***

Iguatu - O outro lado da moeda

Prefeitura de Iguatu (minha amada terra natal) aceita trocar terrenos públicos por terrenos de particulares.

Sem saber quais são os particulares proprietários que aceitam fazer esta permuta, sem levantar nenhuma suspeita, sem desconfiar da boa-fé e generosidade de ninguém, faço apenas uma pergunta:

Se o papel fosse invertido, esses senhores cambiariam da mesma forma?

Aposto que não.

Portanto não é negócio para o município concretizar essa negociação.




***

Lula Invocado:
Visitamos apartamento
Viajamos para sítio em Atibaia
Compramos isopor e enchemos de bebida
Marisa comprou uma canoa de alumínio pra gente pescar

E daí?

Aos incomodados, digo apenas o seguinte:

Fodam-se!

O Brasil precisa de um novo programa econômico e um novo pacto político e social

do blog do

Pressionam pela volta do tripé econômico como se fosse saída para nossos males
A semana termina com o aumento da pressão sobre a presidenta Dilma Rousseff e o governo para a adoção do tripé econômico da era FHC (geração de superávits primários, manutenção de câmbio flutuante e regime de metas de inflação) como saída para a retomada da confiança e dos investimentos. Ampliam essas pressões como se o baixo crescimento fosse obra apenas de erros do governo e não do ciclo econômico mundial.

Aumentar juros e o superávit parece uma fórmula mágica. Mas, a experiência das ultimas décadas comprova que certezas absolutas em matéria de economia têm vida curta. Principalmente por desconhecerem o universo da política nas relações internacionais, dominadas pelos interesses econômicos e financeiros dos países desenvolvidos e por crises, guerras e acontecimentos políticos locais fora do controle dessas potências.

O Brasil precisa de um novo programa econômico e um novo pacto político e social, e não apenas de uma nova política econômica ou, simplificando, da retomada do tripé econômico da era FHC (1995-2002).

Chamar as forças políticas e sociais para novos programa e pacto
O país precisa expressar a maioria formada pelas urnas em um programa de reformas. Precisa atender a essa maioria com um programa de mudanças. E tem de fazê-lo a partir da recomposição de uma nova maioria no Congresso Nacional apoiada num novo pacto político e na mobilização social.

É preciso chamar as forças políticas e sociais para debater e dar forma a esse programa econômico. E é imprescindível que ele respeite a vontade das urnas não abandonando o compromisso com o emprego, a renda, os serviços públicos, a luta contra a desigualdade e a pobreza. Assim, esse programa não pode ser reduzido a uma mera luta contra a inflação ou pela formação de superavit fiscal.

Desde a eclosão da crise global em 2008, os países desenvolvidos usam e abusam da emissão de moedas, administração do câmbio, medidas protecionistas e socorro para salvação de bancos e empresas. Abusam do endividamento público, da ampliação de suas dívidas públicas e dos déficits fiscais. Fazem-no muitas vezes estimulando de forma artificial o consumo e até mesmo tolerando a inflação, como no caso do Japão.




País tem urgência de fazer as reformas política, tributária e urbana
Já nós precisamos encontrar saídas brasileiras para a crise de baixo investimento e crescimento. Sem copiar modelos e sem reduzi-las a medidas monetárias e fiscais. Precisamos dos bancos oficiais (tão atacados pelos nossos críticos…) e dos investimentos públicos, do nosso mercado interno e da integração regional. A distribuição de renda é condição básica e ao mesmo tempo fundamental para sustentar nosso crescimento interno.

Para viabilizar esse crescimento interno não há outro caminho: o país tem urgência de fazer as reformas política, tributária e urbana. São elas que vão viabilizar os investimentos públicos e privados, via concessões na infraestrutura econômica, nos serviços públicos nas cidades, em energia, gás e petróleo, no pré-sal, em inovação e educação.

Sem isso, aumentar ou diminuir os juros é inócuo, embora seja indiscutível que eles precisam ser reduzidos. E em muito. Aumentar ou diminuir o superavit e administrar o câmbio pode ser também inócuo. Estaremos apenas adiando a solução dos nossos problemas e os impasses de nossa economia.




Aumentar juros é inócuo. Precisamos é reduzi-los
É preciso acelerar o tempo político. É preciso, então, chamar já as forças políticas para discutir, negociar e fechar o acordo em torno desses novos programa econômico e pacto político e social. Sem negar, recuar ou abandonar, em momento algum da negociação e do futuro o compromisso com o desenvolvimento nacional (principalmente com nossa indústria, que precisa reencontrar seu caminho do desenvolvimento) e com as políticas de inclusão social, do emprego e da renda

O necessário, agora, nesse quadro político, econômico e social com que nos defrontamos é, insistimos, acelerar o tempo político. Acelerá-lo, nem precisamos dizer, é apressar a reforma ministerial e a composição dessa nova maioria de que falamos Câmara e no Senado. Para com ela, nessas vésperas de início de novo governo, construir esse programa econômico e as reformas que a sociedade demandou e cobrou nas urnas elegendo de novo a presidenta Dilma Rousseff.

Duas economias, por Delfim Netto

Em um dos lados, a bem vinda política social. Do outro lado, uma miopia em relação a valorização do câmbio

Há algum tempo é visível uma clara diferença de comportamento de “duas economias” no Brasil, separadas, de um lado, pela bem-vinda política social inclusiva ajudada por um “bônus” externo transitório, e, de outro, pela míope política econômica que insiste em ignorar os efeitos deletérios no longo prazo da valorização da taxa de câmbio.

Dois argutos economistas do Departamento de Estudos e Pesquisas do Banco Central, Sérgio Afonso Lago Alves e Arnildo da Silva Correa, publicaram um competente trabalho: “Um conto em Três Hiatos: Desemprego, Utilização da Capacidade Instalada na Indústria e Produto”, com conclusões potencialmente muito importantes para a política monetária.

Nele examinaram a relação entre o nível de desemprego, a utilização da capacidade da indústria (ambos sujeitos a erros estatísticos sérios) e a taxa de inflação, com uma versão interessante da chamada curva de Phillips. A inovação fundamental é que separaram as dinâmicas dos setores de bens comercializáveis da dos não comercializáveis (as duas economias), construindo duas curvas de Phillips. Ressaltaram, assim, os papéis do mercado de trabalho e da capacidade instalada na indústria, para explicar a nossa taxa de inflação.

Os resultados do estudo sugerem que:
1. O mercado de trabalho tem impactos relevantes sobre a taxa de inflação, ou seja, o hiato de desemprego é a variável de demanda importante para explicar a taxa de inflação dos bens não comercializáveis, enquanto...
2. O hiato de utilização da capacidade é a variável que melhor explica a inflação dos bens comercializáveis.
Tais conclusões talvez diminuam as incertezas que existem a respeito da dimensão do efeito do hiato de produto sobre a taxa de inflação da parte de alguns economistas (eu, inclusive), e do próprio Banco Central, pelo que se vê nos Relatórios de Inflação. A separação proposta ajuda a explicar por que “enquanto o setor industrial apresenta fraco desempenho e dificuldades de reagir, o mercado de trabalho encontra-se aquecido, gerando pressões sobre o hiato do produto”.

Mesmo reconhecendo as inovadoras possibilidades abertas pelo artigo é prematuro esquecer as velhas dificuldades. Elas estão resumidas num não menos competente trabalho de três economistas do IPEA (Mario Mendonça, Adolfo Sachsida e Luis Medrano), “Inflação Versus Desemprego: Novas Evidências para o Brasil” (in Economia Aplicada 16(3)2012:475-500), onde procuraram estimar uma Curva de Phillips Novo-Keynesiana para o conjunto da economia. Trata-se de estudo cuidadoso que utiliza dados mensais de janeiro de 2002 a março de 2012. A curva construída inclui como variável dependente a taxa de inflação do ano e como variáveis “explicativas” a inflação do ano anterior, a expectativa de inflação para o ano seguinte, uma variável que representa o “custo marginal” (de fato, a taxa de desemprego) e outra que representa um choque de oferta (de fato, a taxa de câmbio).

Suas principais conclusões são de que:
1. Um único resultado permaneceu robusto nos diversos experimentos. A expectativa de inflação e a inflação passada têm relevância na dinâmica do processo inflacionário. O papel das expectativas parece aumentar no período mais recente.
2. Com relação ao desemprego, seu impacto de curto prazo sobre a inflação depende do conjunto de variáveis representativas (próxies) adotadas. Na maior parte dos casos essa relação foi negativa, como era esperado. Já no longo prazo esse efeito torna-se difícil de ser captado, dando a impressão de ser nulo ou pouco relevante na formação do processo inflacionário. De qualquer forma e em qualquer dos casos, o efeito real da taxa de desemprego sobre a inflação foi próximo de zero.

É por isso que, quando a autoridade monetária sugere cautela antes de apressar-se a aumentar a taxa de juro real, mas demonstra disposição de fazê-lo se necessário, ela está mais afinada com o mundo real do que seus críticos.


Negociação

Recebi uma ligação do 065065. O cara me disse que eu tinha ganho 30 mil reais. Mas, para receber eu deveria depositar 2 mil reais na conta dele. Eu falei:

Pode tirar 5 mil dos 30 mil que ganhei...

Ele desligou na minha cara. Complicado lidar com quem não sabe negociar.

do perfil de Nilma Freitas 

Saul Leblon - A velha senhora, a turbulência cambial, está de volta à América Latina


Ela nunca viaja sozinha.    


Em geral, faz-se acompanhar de sua inseparável dama de companhia, a instabilidade política.



Divisores importantes da história continental tiveram na alavanca cambial uma de suas forças de impulsão.



O colapso da dívida externa dos anos 80 foi um caso.



A paulada nos juros promovida  pelos EUA, em 1979, reeditou o dólar forte, barateou as importações americanas, baixou a inflação do país (que chegara a 12%) e compensou a sangria comercial, decorrente da elevação dos preços do petróleo, em 1973.



Resolveu o problema americano.  



Mas alteraria toda a estrutura  de passivos das economias  em desenvolvimento.



As taxas de juros norte-americanas  saltaram de um dígito para mais de 20%.



Foi o tiro de largada para a crise da dívida externa que desencadearia um efeito dominó com a quebradeira do México, Polônia, Brasil etc.



Empréstimos tomados a taxas  flutuantes, súbito tornar-se-iam impagáveis.



Teve um aspecto positivo:  a margem de manobra de ditaduras militares, como a brasileira, estreitou-se a tal ponto que terminariam abandonadas por amplos segmentos de seus patrocinadores empresariais.



O que se vive agora é uma  paulada de novo tipo, desfechada pelas  mesmas mãos.



O colapso das sub primes em 2008 produziu a maior crise do capitalismo desde 1929.



Os EUA foram, de novo, o epicentro.



Trilhões de dólares foram despejados então pelo Fed, o BC norte-americano,  para salvar o sistema financeiro hegemônico no planeta.



Bem ou mal, o resgate teve êxito.



Mas a guerra cambial denunciada pelo Brasil, que  valorizou as moedas dos países emergentes e danificou seu equilíbrio de preços, custou caro.



No caso brasileiro, danificaria adicionalmente sua planta industrial que já vinha –há uma década - afogada em importações barateadas pelo poder de compra artificial da moeda.



Com o ensaio de recuperação em marcha nos EUA,  encerra-se a temporada de dinheiro barato.



O mundo – sobretudo o mundo em desenvolvimento - pagará novamente o tranco do ajuste.



O desafio do câmbio veio para ficar na agenda da América Latina.



Erra quem imagina que estamos diante de uma questão técnica. Câmbio e inflação são almas gêmeas, por exemplo.

O governo resolveu dar uma paulada na especulação com a taxa de câmbio no país

A informação veiculada em Brasília, nesta 5ª feira, que fez o dólar recuar depois de atingir a cotação recorde de R$ 2,45, é de que o tacape oficial pode desferir golpes sucessivos, num total entre US$ 50 bi a US$ 100 bi para esse fim. É o custo para atingir dois objetivos indissociáveis. Oferecer um seguro de travessia a quem depende de dólar,  até o novo ponto de equilíbrio da taxa cambial. E desmontar a roleta viciosa dos mercados futuros. A exemplo das pirâmides, ou bolhas, eles se erguem pelos próprios cabelos.  Às vezes 'puxando' a cotação em operações simuladas de compra e venda dentro da mesma empresa. Artifícios especulativos. Mas que fazem um estrago real no resto da economia. A oferta de dólares, através de leilões diários --com compromisso de recompra pelo governo-- pretende substituir na prática  esse mecanismo. Sem extingui-lo. Algo como instalar um supermercado ao lado de uma mercearia. A especulação cambial, porém, é só a face mais explícita de uma guerra em marcha muito maior. A guerra pelo controle das expectativas na economia brasileira.  Estamos falando de um ajuste de ciclo planetário ao qual  se sobrepõe  uma tentativa conservadora de retornar ao poder. 

A meta desse mutirão é soltar todos os demônios da incerteza ao mesmo tempo. A mídia, que opera com a constância ensurdecedora de uma britadeira, dá sentido estratégico ao assalto. LEIA MAIS AQUI

O Globo: deu a louca no câmbio

Moeda americana dispara e governo promete para hoje nova ofensiva de US$ 4 bi em intervenções no mercado financeiro para conter a desvalorização do real. Ministro pode reduzir tarifas de importação.

Num dia tenso no mercado, o Banco Central e o Tesouro fizeram ação conjunta para tentar conter a alta do dólar e de juros futuros, mas não conseguiram. Mesmo com intervenções de mais de US$ 3 bilhões, a moeda americana fechou em R$ 2,416, com alta de 0,83%, depois de ter batido R$ 2,429. Hoje haverá nova intervenção de US$ 4 bi. Com a expectativa de que o BC dos EUA suba juros, o dólar se valorizou em quase todo o mundo. "Nós não sabemos onde isso - a subida do dólar - vai parar',' admitiu o ministro Guido Mantega. Segundo ele, o governo poderá reduzir tarifas de importação para aliviar o efeito sobre a inflação.

Confraria da selic


Desde 1999, quando foi instituído o sistema das "metas inflacionárias", criou-se a chamada "confraria da Selic", um conjunto de economistas, incrustrados em consultorias e departamentos econômicos de instituições financeiras, elaborando análises recorrentes sobre os rumos da taxa de juros e apostando permanentemente na sua elevação.
Não se trata do mercado financeiro como um todo, mas de um grupo que gira em torno das tesourarias de bancos e de grandes empresas. O sistema bancário é mais que isso. Existem os grupos que trabalham em área de crédito, do mercado de capitais, das operações estruturadas, que exigem um conhecimento mais sofisticado.
A introdução do sistema de metas inflacionárias consagrou um tipo de análise que, alguns anos atrás, classifiquei genericamente como de "cabeça de planilha". Eram planilhas matemáticas, definindo algumas correlações mecânicas - muitas delas jamais comprovadas - entre taxas de juros e inflação, câmbio e preço de commodities, taxa Selic e nível de atividade, mudanças nos ativos internacionais e câmbio.
Enquanto a economia internacional e os mercados bombavam, subindo sempre, parecia que as planilhas funcionavam. Era um mundo sem sobressaltos, embora já inoculado pelo vírus que, a partir de 2008, explodiria em grandes desequilíbrios.

Puro negócio

Tendo gente disposta a comprar, não falta vendedor
Algumas pessoas tratam os compradores do "paraíso", como vítimas fossem. Não tem nada disso. Eles acham que estão fazendo um ótimo negócio. Da mesma forma que os vendedores também pensam.
Quem de nós sabe quem lucra mais nesta troca?...

Zé Dirceu: pago para ver o novo SRC diminuir o spread bancário



Alexandre Tombini, presidente do Banco Central (BC) afirmou que o Sistema de Informações de Crédito (SCR) deverá ajudar a diminuir o spread bancário. "O detalhamento das informações vai permitir atuação do BC como regulador tanto microprudencial quanto macroprudencial de uma forma mais precisa e efetiva ao longo do tempo", disse no lançamento do serviço em São Paulo.

Na opinião do executivo do BC, reproduzida pelo Estadão, os dois segmentos que mais se beneficiariam seriam os dos grupos de renda menor e das micro e pequenas empresas, que são segmentos de alto impacto e geração de emprego.

O novo sistema deverá ampliar em 10% os valores já analisados pelo BC, que até aqui eram perto de 134 milhões de informações. Isto é, todas as transações a partir de R$ 5 mil, ou um montante total de R$ 1,79 trilhão. 

Agora, o BC analisará operações de crédito a partir de R$ 1 mil. Com isso, calcula-se que serão avaliadas 155 milhões de informações, englobando mais R$ 166 bilhões em transações.

Nem inflação em queda, nem Selic em baixa...


Pago para ver se o novo Sistema de Informações sobre o Crédito do Banco Central vai mesmo reduzir o spread bancário, como afirma Alexandre Tombini. Apesar do otimismo do presidente do BC e da própria FEBRABAN, nem a queda da inflação e nem a da Selic, até agora, surtiram qualquer efeito no spread bancário...

Ainda assim é obvio que o cliente com garantias e solvência tende a ter um spread menor. A questão principal, aqui, ainda continua a ser a falta de concorrência no setor, evidentemente monopolizado por dois grandes bancos privados e dois estatais.

A presidente e a elite do PIB brasileiro

Esta semana 28 empresários(a) representantes da elite econômica do país tiveram um encontro com a presidente Dilma Rousseff. Abaixo as principais reivindicações feitas por eles:
  • Redução de impostos
  • Redução do custo da energia
  • Melhores condições logísticas do país
  • Proteção da indústria nacional
  • Desvalorização do real
  • Prorrogação da redução do IPI
  • Aumento para 10%  (hoje é 3%) alíquota do "Reintegra" 
  • *Que o governo trabalhe para a carga horária do trabalhador não tenha redução
Que podemos ver, a elite brasileira não mudou (nem vai mudar) nada. Querem mesmo é regalias e mais regalias. Pedi benefícios e mais benefícios e não oferecem um contrapartida sequer. Para completar ainda pressionam o governo para ser contra os *trabalhadores.


Desafio todos, todos os empresários (sem exceção) do país a abrir suas contas e provar que não são sonegadores. O que provar isto terá um escravo seu para o todo sempre, Eu.


Mas, no popular tem isso não...é ladrão e ponto final.

Governo brasileiro enfrenta operações "carry trade"

por Zé Dirceu



Image
Na queda de braço entre os especuladores e o governo, o governo venceu a primeira rodada. O dólar, hoje, está cotado próximo a R$ 1,80, acima de R$ 1,70, negociado em fevereiro. 

O novo patamar é mais favorável à indústria brasileira tanto no mercado interno, quanto nas exportações do produto brasileiro. Para chegar nele, no entanto, foram necessários de aumentos de impostos a intervenções diárias no mercado.



A intenção era minimizar o fluxo de recursos ao país para as chamadas "operações carry trade", que permitem lucros expressivos aos que especulam com a diferença de juros cobrados nas operações no Brasil e no exterior. Na prática, alguns agentes econômicos passaram a financiar a compra de títulos brasileiros, os quais rendem em torno de 9,75%, depois de terem tomado empréstimos a juros baixos, em dólares ou outras moedas de países desenvolvidos.

A guerra não acabou. "O dinheiro vai jorrar para o Brasil, seja lá como for", comentou José Yepez, diretor-gerente de câmbio para mercados locais do Citigroup Global Markets ao Wall Street Journal. Ele ressalta: "O Brasil ainda precisa financiar a Copa do Mundo e as Olimpíadas, eles não vão conseguir todo o dinheiro no mercado local", o que, mais uma vez, alimentaria o fluxo internacional de recursos para o país.

Política adotada pelo governo é correta



Assim, nestes tempos em que os juros nos Estados Unidos e Europa são negativos, ou chegaram a patamares mínimos, o aplicador em títulos públicos que por lá aplicar está, na prática, pagando para manter seu capital em segurança.

O que nos traz de volta ao Brasil. Por aqui, se os capitais continuarem a ter nosso país como destino, a política que o governo vem adotando até está correta: menos juros, menos serviço da dívida, mais capitais produtivos, real mais fraco, mais exportações e menos importações. Esta equação é o mínimo de que precisamos para atravessar os próximos anos e fazer as mudanças em nossa economia à espera do pré-sal e de sua renda.

A inflação aleija, mas o câmbio mata!

O título do post é uma frase do economista [falecido] Mario Henrique Simonsen. 

E permeia todo o artigo escrito  Rodrigo Vianna no Escrevinhador.

Leiam com atenção. Reflitam e opinem.
O Serra pode ser criticado por muitos motivos. Mas num ponto é preciso concordar com ele: o Brasil está num processo de desindustrialização. Logo no início do governo Dilma, publiquei aqui um modesto artigo que tocava nesse ponto – lembrando os alertas lançados por dois importantes economistas: Delfim Neto e Marcio Pochmann.
A CartaCapital dessa semana traz, na capa, exatamente o tema da desindustrialização. Ou seja: nesse ponto, Serra está bem acompanhado. O que não ajuda muito o tucano é o fato de ter sido ministro (do Planejamento) num governo que adotou a doutrina ultraliberal feito dogma, abrindo a economia sem nenhum tipo de freio, expondo a indústria (e o país) à tal “âncora cambial” – que servia para frear a inflação e consolidar o Real, mas que teve um papel nefasto para o Mercado Interno.
Agora, Dilma diz – na Alemanha, que Brasil vai se proteger da guerra cambial.
Lembro bem que, durante o governo FHC, a cada reclamação do setor industrial, gente ligada ao tucanato ia pra imprensa e chamava o prédio da FIESP de “grande monumento ao custo Brasil”. Quase na galhofa. Os tucanos (ou parte deles, porque havia gente ajuizada como Bresser, que não achava graça nenhuma em jogar fora o Capital nacional) pareciam ter um desejo sádico de quebrar a indústria nacional, arrebentar esse patrimônio construído a duras penas desde o governo Vargas.
O tucanato podia-se dar a esse luxo. Afinal, na ampla coalizão que sustentava FHC, o setor financeiro era claramente hegemônico (basta ver onde foi trabalhar o Ministro Malan, após deixar o governo).
Lula/Dilma mantiveram o setor financeiro na grande aliança que sustenta o governo. Isso é inegável. Mas a ênfase mudou. Lula cumpriu o velho programa dos “economistas do PMDB”, que passaram anos e anos lutando para que o Brasil priorizasse o mercado interno de massas e crescesse dividindo o bolo. Isso só pôde ser feito em aliança com a indústria. Lula pôs em prática também a velha tese do partidão: a famosa “aliança do operariado com a burguesia industrial”. Lula fez isso, e ao mesmo tempo incorporou vinte milhões de miseráveis ao mercado. E – ufa! -  sem desagradar a Banca. Ficou de fora do grande arranjo lulista a classe média tradicional (ou “pequena-burguesia”, como diziam os petistas quando ainda estavam sob influência do marxismo) - não é à toa que dela parte a oposição mais virulenta a Dilma/Lula.
Mas essa é outra história…  Quero me concentrar em outro ponto. O compromisso de Lula com o setor produtivo industrial, de certa forma, era sinalizadao pela presença de um “capitão da indústria” na vice-presidência. José Alencar passou oito anos brigando pra derrubar os juros. Era a forma de Lula equilibrar o jogo, ainda que no primeiro mandato a balança tenha pendido mais para o núcleo duro financista, representado pela dupla Palocci/Meirelles.
No segundo mandato, a presença de Mantega na Fazenda foi decisiva para que, na crise de 2008, Lula adotasse uma saída “expansionista” pra enfrentar a crise. Uma das medidas para fazer o Brasil resistir à crise foi a redução de alíquotas de imposto pros carros. Isso mostra o papel dinâmico da indústria. Mostra porque é fundamental preservar o imenso patrimônio industrial brasileiro. Lula manteve a aliança com a banca. Mas deu mais ênfase ao mercado interno e à indústria. No governo Lula, ninguém chamava a FIESP de “monumento ao custo Brasil”…
Mas o fato é que “mudar a ênfase” é muito pouco. Do contrário, qualquer dia vamos acordar, olhar pro lado e perguntar: cadê a indústria que tava aqui? A China comeu.
O Brasil hoje é vítima de sua estabilidade. Mais que isso: dólares não param de chegar, deixando o Real cada vez mais forte. Por que? Porque nossos juros altos atraem capital. E há muito dinheiro voando por aí. Os EUA detêm a famosa “maquininha de imprimir papel-moeda”. Os tolos liberais brasileiros sempre disseram que política expansionista era um erro. E que era preciso “enxugar” a economia, e “fazer a lição de casa” e blá-blá-blá. O Federal Reserva não acredita na cantilena liberal. Na crise,  inundou o mundo de dólares. Qual o objetivo? Os produtos dos EUA precisam ficar mais baratos! É uma tentativa desesperada de recuperar a indústria dos EUA – dizimada pelos chineses.
Como diz meu colega Azenha: Reagan iniciou o processo de exportar empregos industriais para a China e o México. Os EUA queriam ficar apenas com a “economia limpa”, do setor de serviços. Agora, os EUA descobrem que só os “serviços” não seguram o país na hora da crise. E também se perguntam: cadê a indústria? A China comeu! 
Do outro lado do mundo, a China segura a cotação do yuan. É o que explica – em parte – os preços imbatíveis dos produtos industriais chineses.
E o Brasil?
Não há saída. Agora não bastam mudanças cosméticas. Não basta baixar IPI aqui ou ali. Nossa indústria está sendo dizimada. Não se trata de “choradeira da Fiesp”. Conheço duas pessoas – empresários de pequeno porte – que trabalham com exportação de produtos brasileiros. Os dois estã com a corda no pescoço. A duras penas, seguram os clientes que ainda não se mandaram; não conseguem novos clientes. O mundo quer comprar barato da China.
 Ok, talvez não consigamos concorrer com os chineses, a não ser aqui na América Latina, o que já não seria pouco…
Mas o principal, agora, é fazer a defesa de nosso mercado interno. Isso é urgente. O governo precisa adotar medidas duras pra conter a valorização do dólar e pra impedir a entrada dos produtos chineses.
Recentemente, entrevistei o profesor Bresser Pereira, e ele foi claro. O Brasil precisa controlar a entrada e saída de dólares. Se Dilma não fizer isso agora, o estrago pode ser definitivo.
O que nos consola é: esse não é um drama (apenas) brasileiro. O mundo vive a tal “guerra cambial”. EUA e China usam suas armas. Precisamos usar as nossas, lembrando sempre da velha frase do Mario Henrique Simonsen: 

“a inflação aleija, mas o câmbio mata.”

Taxa selic a 7,5 a.a é o mínimo que precisamos

É por defender estas ideias que o ex-ministro Zé Dirceu é odiado pelo Pig 


ImageO Brasil precisa cortar sua taxa básica de juros, a Selic, no mínimo, para 7,75%. Só assim o país deixará o topo do ranking de mais alto juro mundial.

É isso mesmo. Ainda que o Comitê de Política Monetária (COPOM), do Banco Central (BC), tenha cortado a Selic em 0,5 ponto - de 11% para 10,5% ao ano, o Brasil continua em 1º lugar no pódio dos maiores juros reais do mundo. Mesmo com este quarto corte sucessivo na taxa, se descontada a inflação estimada para os próximos 12 meses, na prática, os juros básicos no Brasil ainda ficam em 4,9% ao ano.

Assim, o que pagamos de juros reais por estas paragens é quase o dobro do cobrado na Hungria, país em 2º lugar nesse ranking, mas onde a taxa real dos juros é de 2,8%. A China, 3ª colocada, paga 2,4%, seguida pela Indonésia, que remunera a 2,1% ao ano. Para que o Brasil deixasse o topo do ranking, e apenas empatar com a Hungria, o corte na Selic, ontem, teria de ser de 2,6 pontos percentuais.

Bolsa banqueiro


Cada meio ponto percentual cortado conta, e muito. Segundo o BC, entre dezembro de 2010 e novembro de 2011, ou seja, em apenas doze meses, pagamos a bagatela de R$ 235,6 bi pelo serviço dessa dívida. Equivale a 5,72% do nosso PIB e representa quase R$ 80 bi a mais do que gastamos com saúde e educação.

Pelos cálculos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (CONTRAF), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), uma queda de 0,5% na Selic representa uma economia de apenas R$ 8,5 bi na dívida pública. Por isso, para Carlos Cordeiro, presidente da CONTRAF, a Selic é um verdadeiro “programa de transferência de renda aos donos de títulos públicos, a chamada bolsa-banqueiro”.

A trajetória de queda da Selic é bem-vinda e essencial. No patamar em que ainda se encontra, no entanto, permanece sendo uma barbaridade. Sem uma redução drástica, vamos levar décadas para resolver problemas que, em poucos anos, estariam equacionados com investimentos públicos e privados.

A nefasta influência da taxa alta no câmbio


Sem falar na nefasta influência das taxas de juros no câmbio e do custo financeiro e tributário que nossas empresas transferem para o preço de nossos produtos. Pelo comunicado divulgado pelo COPOM ao término de sua reunião, o mercado avalia que há a real possibilidade de continuidade de redução da taxa de juros até abril, quando poderá chegar a 9,5% ao ano - Selic em um dígito, como quer o governo.

É pouco, mas o caminho deve ser este se o que buscamos é estimular a economia brasileira. Aguardemos a próxima reunião do COPOM no início de março. Até lá, o governo já terá anunciado seus cortes no orçamento.

Dependendo da economia a ser feita, teremos um cenário mais claro sobre como conduzir a política monetária e condições de nos focarmos no que realmente interessa: investimentos em educação, saúde, infraestrutura, ciência e tecnologia, segurança...

por Zé Dirceu

Coluna econômica

Os caminhos do desenvolvimento

Participei ontem de uma mesa do 8º Fórum de Economia da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo. A discussão foi sobre o tema "Até que ponto existe uma articulação ou uma coalizão político-social para o desenvolvimento sustentado?". 
Da discussão, participaram economistas e sociólogos.
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A grande questão colocada foi identificar que fatores poderiam deflagrar um processo de crescimento similar ao do Japão e Coreia, nos anos 50 e 60, China e Índia mais recentemente.
Nas últimas décadas houve enormes avanços em várias áreas, especialmente no amadurecimento democrático brasileiro. Setores aprenderam a negociar com setores, União, estados e municípios se tornaram parceiros, consolidou a ideia de que o país é a soma de um conjunto enorme de atores - as grandes e pequenas empresas, o agronegócio e a agricultura familiar, o mercado e as políticas sociais. Criou-se um potente mercado de consumo interno e o Banco Central – com a decisão de reduzir a taxa Selic em meio ponto – finalmente passou a enfrentar a questão dos juros escandalosamente altos dos últimos 20 anos.
O que falta, então, para o salto?
***
O primeiro fator é acabar com o espírito de “porque me envergonho do meu país”.
De fato, nas últimas décadas um bordão incessantemente repetido por comentaristas econômicos e políticos era o da vergonha de ser brasileiro. Qualquer tentativa de criar políticas alternativas, que derrubassem os juros, era descartada partindo-se do pressuposto de que o país não teria competência para fugir dos manuais de economia recomendados pela banca internacional – mesmo que nenhum outro país do mundo ostentasse a excrescência de juros básicos acima de 10% ao ano.
***
A industrialização dos anos 30, por exemplo, só foi possível depois de uma década de crise, dos anos 1920, na qual, a partir da disseminação dos rádios, dando expressão a uma cultura popular e erudita que devolveram a autoestima nacional.
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O segundo grande desafio é alguma episódio que deflagre o chamado “espírito animal” do empresário, isto é, aumente sua propensão a investir e canalize as energias do país para pontos fundamentais para o desenvolvimento.
Tenho para mim e tenho escrito há tempos sobre isso – e os economistas Yoshiaki Nakano e Luiz Carlos Bresser-Pereira endossam também a tese – que o fator capaz de deflagrar esse espírito é a redução dos juros e a desvalorização cambial.
Embora haja riscos de uma volta provisória da inflação, esses dois movimentos trariam vários efeitos colaterais fundamentais para a explosão de desenvolvimento brasileiro.
De um lado, estimularia investimentos privados, liberando uma enorme quantidade de recursos hoje aplicados na rolagem da dívida pública.
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Muitos economistas sustentam que a emergência da Coreia se deveu a investimentos em educação, pesquisa e desenvolvimento, apoio a grandes grupos empresariais. Mas, antes de tudo, houve uma desvalorização cambial que baixou os preços dos produtos coreanos no mercado internacional, permitindo ao país vender bens de qualidade inferior, mas por preço competitivo.
Depois desse primeiro empuxe, ainda nos anos 50, criou-se uma dinâmica de desenvolvimento que facilitou as grandes reformas estruturais.
por Luis Nassif

As medidas adotadas pelo governo na área econômica, ontem, respondem ao que realmente interessa


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Guido Mantega
(...) Mas, além de cortar a especulação do câmbio pela raiz, devemos e podemos fazer mais para impedir uma valorização maior do real. Ainda bem que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, adiantou ainda dispor de um "arsenal" de medidas.

O cenário internacional não está para peixe. A Europa, de um lado, vive a fase inicial do recém-lançado plano para a dívida grega. Os Estados Unidos, de outro, patinam em meio a um impasse sem precedentes acerca do aumento do seu teto de endividamento. Externamente, EUA seguem o exemplo da China. Ambos, sem pudores, dedicam-se às guerras comercial e cambial. Para complicar, o mercado internacional convive, ainda, com o excesso de liquidez.

Por aqui, o nosso desenvolvimento passa pela Educação e pela inovação tecnológica – bases insubstituíveis para uma competitividade sólida no longo prazo. Mas, no curto prazo, algumas medidas são cruciais. Temos muito o que fazer para coibir o dumping por parte de players internacionais e as práticas ilegais de importação, como as triangulações que vêm ocorrendo via MERCOSUL.

Dever de casa extenso


A questão, no entanto, não se resume, apenas, à adoção de barreiras. O dever de casa é bem mais extenso. Estou falando em uma reforma tributária que traga a redução de impostos. Defendo, ainda, uma nova fase da política industrial, com financiamentos baratos para modernização e avanços tecnológicos na produção. Li, hoje, que a presidenta Dilma inclui novos pontos na nova política industrial a ser divulgada nos próximos dias.

Outro ponto sensível nessa seara são as taxas de juros cobradas no país, internacionalmente imbatíveis. Com a Selic a 12,50% ao ano e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a 6,71%, no acumulado de 12 meses até junho, os juros reais chegam próximos a 6%. Em outros emergentes, como a Índia, elas são negativas. Com um incentivo desses, o Brasil é destino preferido dos capitais circulantes, com impacto direto na valorização do real.

O pior é que a mesma Selic é pretexto para spreads indecentes - para se dizer o mínimo. Dados do Banco Central (BC) indicam que o spread médio, cobrado nas operações de crédito livre, recuou de 27,9 pontos porcentuais em maio para 27,3 pontos percentuais em junho. No crédito às famílias, o spread caiu de 34,3 pp para 33,6 pp; às pessoas jurídicas, o spread caiu de 19,4pp para 18,9pp.

Concorrência no sistema bancário


O pequeno recuo nas taxas cobradas no mercado financeiro nacional, no entanto, não esconde o fato de que precisamos de concorrência no sistema bancário. Isso mesmo, concorrência. Hoje ela é inexistente. Não fossem os bancos públicos, estaríamos sem crescer.

No campo externo, acrescento mais uma medida para fortalecermos a nossa economia: acelerarmos e intensificarmos os processos de integração regional com a América do Sul, a caminho do livre comércio na região. Esse caminho é válido para incentivar o desenvolvimento comum dos países da região e para o aproveitamento do imenso potencial de energia, petróleo, gás, agroindustrial e de minérios do continente.

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O pacote cambial e a jogatina financeira

A  decisão mais contundente do pacote cambial anunciado 4º feira ficou um tanto escondida por configurar, ainda, apenas uma possibilidade. A Medida Provisória 539 dá ao Conselho Monetário Nacional a prerrogativa de, a qualquer momento, exigir que os especuladores do mercado futuro de dólar elevem a margem relativa ao valor das apostas. Ou seja, façam depósitos de garantia em dinheiro vivo proporcionalmente  maiores que os percentuais vigentes. 

Em qualquer cassino o apostador compra fichas no valor correspondente  ao seu lance. Na roleta do mercado futuro de câmbio não é assim.  O especulador só precisa depositar 8% do valor da aposta, o que lhe dá enorme poder de 'alavancagem': com menos de US$ 1 milhão, pode reunir contratos de US$ 10 milhões --multiplicando por 10 os ganhos com eventual queda do dólar. Graças às facilidades concedidas aos jogadores, passam por essa roleta diariamente mais de US$ 15 bilhões, cerca de dez vezes o volume físico de dólar negociado no país, exercendo um poder desproporcional sobre as cotações . 

O cassino do dólar é um dos brinquedos do parque temático rentista instalado no país, cuja principal atração chama-se 'carry trade': consiste em tomar empréstimo a juro zero lá fora e aplicar aqui a uma taxa real de 6,8%, a maior do planeta. Esse, na verdade, é o grande vilão da taxa de câmbio, que transforma a economia numa esponja, com dólares que entram por todos os poros em busca de rentabilidade sem igual num mudo mergulhado em recessão e liquidez.

O pacote cambial ergue a comporta do dique e dá ao governo, ao Conselho Monetário, o poder de manejar para cima o mecanismo quando for o caso. Mas não ataca o vertedouro inclinado dos juros que atrai massas descomunais de dinheiro especulativo para a economia.

 É difícil separar o joio do trigo nesse caudal em que especuladores e tesourarias de bancos e empresas --inclusive nacionais-- muitas vezes se confundem. 

O conjunto forma uma avalanche que barateia o dólar e impulsiona as importações com dois efeitos contraditórios: arrefece a inflação com o ingresso de mercadoria barata, mas transfere emprego e produção para o exterior.É um corner estratégico para o qual não existe resposta estritamente técnica. No fundo trata-se de escolher a sociedade que se quer construir no Brasil. 

A desordem cambial reflete um desarranjo mais amplo nos preços básicos da economia --entre os quais a taxa de juros se sobressai como um aspirador que suga recursos ao rentismo, em detrimento de outras prioridades. Reordenar essa equação requer uma negociação política mais ampla. O governo teme que uma redução abrupta do fluxo de dólares, decorrente de um efetivo controle cambial, encareça subitamente as importações, prejudicando o combate à inflação. Por isso age na margem. O risco existe. Mas existe também alternativa: uma repactuação política das bases do crescimento, coisa complexa, mas talvez menos fluida do que controlar caso a caso a esponja da especulação cambial.
Carta Maior

Temos de fazer mais pelo Real


ImageO câmbio vai continuar se valorizando, os juros permanecerão altos e a liquidez persistirá no mundo. O mesmo vale para as políticas cambiais e de juros administradas nos Estados Unidos e China – ou seja, as guerras comercial e cambial seguirão o seu curso.

Devemos e podemos fazer mais para impedir uma valorização maior do real. Mas, enquanto não mudarmos nossa política monetária, não haverá solução no curto prazo. Ela só é possível no médio prazo, com menos impostos e dinheiro mais barato, melhor infraestrutura e logística, mais educação e, principalmente, inovação tecnológica.

Já é hora de o governo e de todo país priorizar - de fato - a educação e a inovação. Temos de fazer a reforma tributária, implantar a nova fase da política industrial e evitar todo tipo de dumping e fraude comercial, como, por exemplo, as famosas triangulações via MERCOSUL. E, inclusive, fazer avançar a integração regional. Isso significa dar um salto no próprio bloco comercial do continente (leia mais neste blog). E, como sabemos, nada disso se dá no curto prazo.

Taxas imbatíveis


Daí, a urgência de uma mudança na política de juros, que hoje paga quase 6% de juros reais. Com a taxa Selic a 12,50% e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a 6,71%, no acumulado de 12 meses até junho, os juros reais no Brasil tornam-se praticamente "imbatíveis", segundo analisa boa parte dos estrategistas do mercado financeiro.

Com essa taxa, não há câmbio que se sustente! A título de exemplo, a Índia, um país emergente e do grupo dos BRICS como o Brasil, com seus 9,44% de inflação anuais tem juros de 8%, ou seja, negativos. Por outro lado, como o Brasil está crescendo, oferece oportunidades de investimento, garantia e segurança jurídica - fundamentos razoáveis no mundo de hoje - o capital, como ave de rapina, não tem dúvidas: ruma para cá.

Basta ver que nosso país saltou do 15º lugar para o 5º, na lista mundial do investimento direto estrangeiro, o famoso IDE, levantado pela UNCTAD, a agência da ONU para o comércio e o desenvolvimento.

Não deveríamos ter permitido a venda da Repsol


Por aqui, o IDE aumentou 84,6% em 2010 na comparação com o ano anterior, totalizando US$ 48,4 bi, de acordo com esse estudo da UNCTAD chamado Investimento no Mundo 2011. E, mesmo que US$ 7 bi contabilizados neste ranking sejam resultantes da venda da filial brasileira da Repsol espanhola para a chinesa Sinopec - o que nunca deveríamos ter permitido, comprando nós a Repsol - o grosso dos valores do IDE representa investimentos voltados à produção.

Esse volume de IDE veio, portanto, para a criação de fábricas e para diversas operações empresariais internacionais, como fusões e aquisições, compra de participações acionárias, empréstimos para filiais e reinvestimento dos lucros. Ainda bem.
Zé Dirceu