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Eduardo L. Resende: Neologismo

O garoto chegou em casa vindo da escola e anunciou que, quando crescesse “só mais um pouco”, queria ser dono de uma padariacia. O pai, sujeito de quase letra nenhuma, corrigiu com a autoridade de pai:

- Padaria.

- Não, pai, é padariacia.

- E o que é padariacia? – quis saber o aspirante de candidato a uma cadeira no legislativo municipal.

- É loja que parece padaria, mas é padariacia. É novinha.

No dia seguinte o menino voltou com uma pequena correção:

- O Hélio disse que não é padariacia, não...

- Viu? Teimoso... – emendou o pai.

- ... é padariácia.

Moreira engoliu o sorriso.

- Pada o quê?

- Padariácia.

- E quem é o Hélio?

- É o meu amigo que tira as melhores notas em Português.

O pai então achou mais prudente calar-se. Vai ver era termo novo, que a tecnologia havia feito florescer para o setor da panificação. Repetiu várias vezes para si mesmo – padariácia, padariácia... Encantou-se rápido pela palavra, que achou bonita e soava como... como eficácia!

Logo a imaginação do investidor incerto (que via o letreiro luminoso piscando a logomarca “Panificadora Padariácia”) migrou para a do candidato. Aqui a palavra ilustraria e encantaria, dando ares cultos e impondo respeito ao eleitorado. “Haveremos de lutar pela formação de novo sindicato de trabalhadores do setor padariacieiro”, discursou mentalmente. “Padariacista é profissão nova, que exige qualificação da mão-de-obra para a melhor prestação de serviço...”

Na primeira reunião do partido, o homem esboçou idéias para o nascente setor da economia, repetindo uma ou duas frases da forma como imaginara. Os companheiros de luta política se entreolhavam, sorriam amarelo. Dois ou três apoiaram-no com um “muito bem”. Ao final do encontro, o Borges arrastou-o a um canto:

- Escuta aqui, Moreira, que negócio é esse de setor padariacieiro? Isto é novidade. Assisto o jornal da televisão todo dia e não vi nada a respeito...

- Pois é... - respondeu um Moreira orgulhoso. – Venha comigo, e eu vou mostrar a você a novidade do setor. Fica aqui perto. Ainda não passei por lá, mas tenho toda a indicação.

Ansiedade e oportunismo caminharam então pela calçada, e dois quarteirões adiante entraram em uma padaria comum. Remendo mal feito no toldo vermelho da fachada unira as duas primeiras palavras, transformando em Padariacia o que, na realidade, surgira no bairro sob o nome-fantasia de Padaria Cia. do Pão.

Pão de Açúcar não será fatiado


O grupo francês Casino, que desde sexta-feira assumiu o controle do Pão de Açúcar, não tem intenção de fatiar a companhia número 1 do varejo brasileiro. Jean-Charles Naouri, o executivo que comanda o Casino, disse que isso "destruiria, a liderança conquistada ao longo dos últimos 15 anos". 

"Destruir tudo isso num passe de mágica seria uma pena", afirmou. 

Esteve na mesa de negociações a separação do negócio de varejo de alimentos (GPA Alimentar) da operação do Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio). Abilio Diniz ficaria com a Via Varejo.

Naouri e Abilio têm uma reunião marcada hoje, no escritório do Casino, em Paris, e devem tentar tratar das bases de um novo acordo entre os acionistas. Abilio indicará a possibilidade de sair do grupo com o Via Varejo. Mas Naouri não só pretende manter o GPA íntegro, sem vender partes dele ao ex-controlador, como não vê motivos para dispensar Abilio da cláusula de não concorrência à qual está amarrado por contrato, no caso de sua saída. O executivo francês disse que esse é um dos pontos confidenciais em discussão e que a resposta será dada diretamente a Abilio. 



"O que orienta nossa reflexão é o interesse social do GPA. Será que é do interesse de um pequeno acionista que o senhor Diniz possa ter sua cláusula de não-concorrência dispensada? Estas decisões não são movidas por sentimentos de capricho ou emoção".