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A música fala por nós

Leônia Teixeira

Paulo Coelho: um corpo estendido no chão


Havia um homem de aproximadamente cinquenta anos, deitado no calçadão de Copacabana. Eu passei por ele, lancei um rápido olhar, e continuei meu caminho em direção a uma barraca onde sempre costumo beber água de coco.

Como carioca já cruzei, centenas (milhares?) de vezes por homens, mulheres ou crianças deitados no chão. Como alguém que costuma viajar, já vi a mesma cena em praticamente todos os países onde estive - da rica Suécia à miserável Romênia. Vi pessoas deitadas no chão em todas as estações do ano: no inverno cortante de Madrid, Nova York ou Paris, onde ficam perto do ar quente que sai das estações de metrô. No sol escaldante do Líbano, entre os edifícios destruídos por anos de guerra. Pessoas deitadas no chão - bêbadas, desabrigadas, cansadas - não constituem novidade na vida de ninguém.

Tomei minha água de coco. Precisava voltar rápido, pois tinha uma entrevista com Juan Arias, do jornal espanhol El País. No meu caminho de volta, vi que o homem continuava ali, debaixo do sol - e todos que passavam agiam exatamente como eu: olhavam, e seguiam adiante.

Acontece que - embora eu não soubesse disso - minha alma já estava cansada de ver esta mesma cena, tantas vezes. Quando tornei a passar por aquele homem, algo mais forte do que eu me fez ajoelhar, e tentar levantá-lo.

Ele não reagia. Eu virei sua cabeça, e havia sangue perto de sua têmpora. E agora? Era um ferimento sério? Limpei sua pele com a minha camiseta: não parecia nada grave.

Neste momento, o homem começou a murmurar qualquer coisa como "pede para eles não me baterem". Bem, ele estava vivo; agora eu precisava tirá-lo do sol, e chamar a polícia.

Eu parei o primeiro homem que passou, e pedi que me ajudasse a arrastá-lo até a sombra entre o calçadão e a areia. Ele estava de terno, pasta, embrulhos, mas deixou tudo de lado e veio me ajudar - sua alma também já devia estar cansada de ver aquela cena.

Uma vez colocado o homem na sombra, fui andando em direção à minha casa - sabia que havia uma cabine de PM, e poderia pedir ajuda ali. Mas antes de chegar até lá, cruzei com dois soldados.

- Tem um homem machucado, diante do número tal - disse. - Coloquei-o na areia. Seria bom mandar uma ambulância.

Os policiais disseram que iam tomar providências. Pronto, eu havia cumprido meu dever. Escoteiro, sempre alerta. A boa ação do dia! O problema agora estava em outras mãos, elas que se responsabilizassem. E o jornalista espanhol estaria chegando em minha casa em alguns minutos.

Não tinha dado dez passos, e um estrangeiro me interrompeu. Falou em português confuso:

- Eu já tinha avisado a polícia sobre o homem na calçada. Eles disseram que, desde que não seja um ladrão, não é problema deles.

Eu não deixei que o homem terminasse de falar. Voltei até os guardas, convencido de que sabiam quem eu era, que escrevia em jornais, aparecia em televisão. Voltei com a falsa impressão de que o sucesso, em alguns momentos, ajuda a resolver muitas coisas.

- O senhor é alguma autoridade? - perguntou um deles, notando que eu pedia ajuda de maneira mais incisiva.

Não tinham ideia de quem eu fosse.

- Não. Mas nós vamos resolver este problema agora.

Eu estava mal vestido, camiseta manchada com o sangue do homem, bermudas cortadas de uma antiga calça jeans, suado. Eu era um homem comum, anônimo, sem qualquer autoridade além do meu cansaço de ver gente deitada no chão, durante dezenas de anos de minha vida, sem jamais ter feito absolutamente nada.

E isso mudou tudo. Tem um momento, que você está além de qualquer bloqueio ou medo. Tem um momento em que seus olhos ficam diferentes, e as pessoas entendem que você está falando sério. Os guardas foram comigo, e chamaram a ambulância.

Na volta para casa, recordei as três lições daquela caminhada. A) todo mundo pode parar uma ação quando ela ainda é puro romantismo. B) sempre há alguém para dizer: "agora que começaste, vá até o final".

E finalmente: C) todo mundo é autoridade, quando está absolutamente convencido do que faz. 

Elegância nata

Elegante é quem demonstra interesse por assuntos que desconhece, é quem cumpre o que promete. É elegante não ficar espaçoso demais. É elegante não mudar seu estilo apenas para se adaptar ao de outro. É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais. É elegante retribuir carinho e solidariedade. Sobrenome, joias, e nariz empinado não substituem a elegância do gesto. Não há livro que ensine alguém a ter uma visão generosa do mundo, a estar nele de uma forma não arrogante. Pode-se tentar capturar esta delicadeza natural através da observação, mas tentar imitá-la é improdutivo. Educação enferruja por falta de uso.
por Clara Gentil

José Serra fritará Aécio Neves?

A política mineira é marcada por vários traumas. Um deles deu origem à expressão “cristianização”, derivada do nome de Cristiano Machado (1893-1953), que se lançou, em 1950, candidato à Presidência pelo PSD. Foi “cristianizado” porque o partido apoiou Getúlio Vargas, do PTB. Nos dias de hoje “cristianizar” é “fritar”.
Em duas eleições presidenciais (2006 e 2010), o mineiro Aécio Neves, neto de Tancredo, foi “fritado” por candidaturas paulistas (José Serra e Geraldo Alckmin), estado que controla o PSDB.
Mais jovem naquelas ocasiões, optou por esperar sua oportunidade. Finalmente parecia ter conseguido fixar o nome dele dentro do partido. Engano. Sofre todo o tempo sabotagem de José Serra e dos “serristas”.
Aécio previa isso. Assim, continuou cauteloso, mesmo tendo sido elevado à condição de presidente do partido. Ele sente que não pisa em terra firme. Por isso, nunca se declarou abertamente “o candidato a presidente” pelo PSDB.
“Se tiver mais de um candidato, as prévias se justificam. O PSDB tem um único candidato e está unido em torno dele. Não há possibilidade de esse clima de divisão contaminar a candidatura de Aécio”, insiste Sérgio Guerra, presidente do Instituto Teotônio Vilela, notório adversário de Serra.
Ah, se fosse assim! Serrista de carteirinha, o senador Álvaro Dias (PR) lamenta não terem havido os debates e as prévias. Aí, sim, “o nome de Aécio teria se fortalecido”.
Esse pessoal não é fácil. Não é de se excluir que Serra possa ganhar uma prévia no partido.  Sem dúvida ainda é o preferido de muitos eleitores e filiados, eternamente certos do seu “melhor preparo”.
Serra nunca se fingiu de morto. Ele circulava pelas sombras e conversava pelas noites atento a tudo o que acontecia no mundo político. Continuou a acalentar o sonho “da vida inteira”, como já disse, de chegar ao cume do poder mesmo após duas derrotas. Em 2002, perdeu para Lula e, em 2010, para Dilma.
A oportunidade para Serra ressurgir “dos mortos”, veio com os números das intenções de voto na mais recente pesquisa Datafolha. Como parecia aos institutos que ele estivesse fora da corrida, Serra pediu pessoalmente a inclusão do seu nome às intenções de voto dos eleitores.
Com a queda de 17% para 13% das intenções de voto, a candidatura de Aécio sofreu. Serra alcançou 14%. A rigor, embora com alto índice de rejeição, o nome dele sempre oscilou em torno desse patamar. Essa é uma das provas da preferência do eleitor tucano.

O acerto o levou a uma avaliação forte, tão sutil quanto presunçosa, sobre a diferença entre ele e Aécio na moldura de candidaturas possíveis: “Pode ter uma linha de que precisamos ter gente que saiba fazer acontecer. Claro que eu me identifico não como ator, mas como observador e analista”.

Resta saber como os eleitores de Minas Gerais reagiriam à derrota interna de Aécio e como os de São Paulo se comportariam com o veto à aspiração de Serra.
Certo é que, ao fim e ao cabo, alguém pretende “fritar” alguém.

José Dirceu: IstoÉ desmente FHC

Não durou muito a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sustentando que não havia evidencias de que o PSDB tivesse ligações com o esquema de corrupção no caso do trem da alegria tucano paulista. Nesta semana, ele havia dito que “não apareceu o PSDB recebendo dinheiro, não comprou ninguém com esse dinheiro. Pode ter havido corrupção, mas é pessoal".

A IstoÉ que chegou às bancas hoje desmente essa declaração. A reportagem de capa resume: “Todos os homens do propinoduto tucano”.

“O escândalo do Metrô em São Paulo já tem identificada a participação de agentes públicos ligados ao partido instalado no poder. Em troca do aval para deixar as falcatruas correrem soltas e multiplicarem os lucros do cartel, quadros importantes do PSDB levaram propina e azeitaram um propinoduto que desviou recursos públicos para alimentar campanhas eleitorais”, diz a revista.

“Ao contrário do que afirmaram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra na quinta-feira 15, servidores de primeiro e segundo escalões da administração paulista envolvidos no escândalo são ligados aos principais líderes tucanos no Estado. Isso já está claro nas investigações.”

20 maneiras simples e práticas de alongar a silhueta sem ter que subir no salto

LOOKS MONOCROMÁTICOS
Este tipo de produção é uma boa pedidas para crescer alguns centímetros. Além do clássico preto total, cores saturadas como vermelho, ou tons neutros como o branco, também funcionam. Sempre escolha peças mais retas para manter a silhueta proporcional. Leia mais>>>

Joaquim Barbosa: o barraqueiro

O destemperado presidente do STF foi, em tese, autor de crime de honra ao chamar Lewandowski de chicaneiro

por Wálter Maierovitch 
Os supremos ministros do órgão de cúpula do Poder Judiciário preferiram manter a tradição da rotatividade e observada a antiguidade e elegeram, para assumir as elevadas funções de presidente do Pretório excelso, o ministro Joaquim Barbosa.
À época, não faltavam indicativos, prova-provada e até domínio do fato, reveladores de Babosa não possuir a serenidade e a compostura exigíveis para esse difícil e delicado encargo.
Trocando em miúdos, Barbosa poderia, com o seu comportamento mercurial e desgaste nos freios inibitórios, comprometer a imagem do Judiciário (não do Supremo Tribunal Federal). Em resumo, Barbosa não detinha, e era público e notório, condições nem para mediar, com urbanidade, temperança e aceitação de dissensos, jogos de xadrez de velhinhos reunidos em praça pública de pequena cidade interiorana.
Na antevéspera da eleição, Barbosa havia protagonizado um bate-boca em que ofendera a honra do ministro Ricardo Lewandowski, em função judicante e como revisor da ação penal 470, apelidada de "mensalão". O pacífico ministro Ayres Brito, então na presidência, exercitou com sucesso o papel de bombeiro-togado e a boa-vontade de Lewandowski permitiu o encerramento do primeiro grande "barraco" promovido por Barbosa, que não gosta de ser contrariado como relator de processos. Esse "barraco" o colocou, perante a população, como herói inflexível e Barbosa passou a pontuar nas pesquisas eleitorais para a presidência da República. Coisas de república bananeira, ou seja, de presidente trapalhão do STF para a presidência da nação.
Na quinta-feira 15 e quando do julgamento de embargos de declaração apresentados pelo ex-deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ), conhecido por bispo Rodrigues, o ministro Barbosa, na presidência da sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF), não aceitou ter o ministro Ricardo Lewandowski admitido um erro no seu voto condenatório.
Só para recordar, no chamado "mensalão", o bispo Rodrigues, por unanimidade, havia sido condenado, além da sanção pecuniária fixada em R$ 754 mil, às penas de seis anos e três meses de prisão, com cumprimento em regime aberto, por crimes de corrupção passiva e lavagem do dinheiro recebido, no importe de R$ 150 mil.
Segundo Lewandowski, o crime de corrupção passiva tinha se consumado em 2002 e, portanto, antes da Lei 10763, de 12 de novembro de 2003. Uma lei nova e que elevou as penas. Assim, Lewandowski concluiu ter ocorrido fixação retroativa (vedada pela Constituição da República) e equivocada, por toda a Corte, de lei nova e menos benigna. Diante do colocado, Barbosa, que havia sido relator, e os demais ministros passaram a discutir a questão. Para Barbosa e Gilmar Mendes, por exemplo, o crime se consumara em 17 de dezembro de 2013 quando o bispo Rodrigues, líder regional do seu partido político, recebera, de surpresa e sem acordo prévio com o corruptor, os R$ 150 mil. De surpresa porque o bispo Rodrigues não havia apoiado o candidato do partido dos trabalhadores (PT) no primeiro turno das eleições presidenciais.
Como se sabe, situações teratológicas e a envolver a liberdade das pessoas, podem e devem ser resolvidas, nos tribunais, até por habeas-corpus de ofício, ou seja, sem anterior requerimento do paciente ou de um cidadão do povo (qualquer pessoas por impetrar um habeas-corpus e não precisa de advogado).
O próprio Supremo, na sessão de julgamento do dia anterior, havia concedido habeas-corpus de ofício ao réu-embargante Quaglia e para absolvê-lo por atipicidade penal.
Barbosa insistiu que a matéria levantada por Lewandowski não era pertinente a embargos, que são admitidos para correção de contradições, obscuridades, dúvidas e omissões. Ou seja, como regra, os embargos declaratórios não substituem as apelações e não têm natureza de infringentes.
Diante do nervosismo de Barbosa em querer encerrar o debate, Lewandowski propôs a suspensão dos trabalhos (era o último da pauta) para que todos refletissem melhor e à luz de um exame mais apurado da correlação entre a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República e o acórdão. Em razão da proposta, que teve receptividade entre alguns ministros, o presidente Barbosa partiu para o ‘barraco’. Quis ganhar no grito e foi autor, em tese, de crime contra a honra ao chamar o ministro Lewandowski de chicaneiro. Pior, Barbosa não quis se retratar. No mundo judiciário, atribuir a um advogado a chicana representa uma das piores ofensas. Agora, a um juiz, vira prevaricação, no mínimo.
Além da ofensa ao Código Penal e no capítulo que trata dos crimes de injúria, difamação e calúnia, o ministro Barbosa maculou o Poder Judiciário, que o elegeu e mantém na função de presidente um destemperado, para se dizer o mínimo.
Pano rápido O presidente Barbosa, que promoveu um espetáculo de gerais de um clássico futebolístico, deveria seguir o exemplo do presidente do Santos Futebol Clube, ou seja, pedir um afastamento, sine die, das funções

Isso é que é um beijo de responsa

Fazer sexo também faz bem a vida profissional

Estudo comprova que fazer sexo mais de quatro vezes por semana melhora vida profissional
Pessoas sexualmente ativas ganham 5% a mais do que as que não tem relação regulamente 
Um estudo realizado no Reino Unido com 7.500 pessoas com idade entre 26 e 50 anos revelou que pessoas que fazem sexo pelo menos quatro vezes por semana ganham 5% a mais do que aquelas que não têm uma vida sexualmente ativa. A pesquisa também apontou que falta de relação sexual pode causar ansiedade e depressão. As informações são do jornal Daily Mail desta sexta-feira (16).
Coordenado pelo professor Nick Drydakis, da Anglia Ruskin University, o estudo mostrou que a falta de sexo pode afetar a vida profissional. Segundo ele, as pessoas precisam satisfazer suas necessidades básicas para ter sucesso na vida: comer, beber, dormir e ter relações sexuais.

Itaú é desmascarado

Revelada a sonegação de impostos feitas por grandes empresas - Globo e agora Itaú - fica claro um dos meios que a iniciativa privada utiliza para se apossar do dinheiro público. Em vez de pagar os impostos devidos - que serviriam para muitos -, sonegam - transferem para poucos -. Assim caminha os liberais de araque.
A Receita Federal cobra do Itaú Unibanco mais de R$ 18,7 bilhões em impostos relacionados à unificação das operações que formaram o maior banco privado do País, em 2008. 

O valor é maior que o lucro obtido pela instituição ano passado. 

0 Itaú contesta a decisão e afirma que as operações de fusão atenderam aos requisitos legais. Por causa da cobrança, as ações do banco fecharam em baixa de 2% ontem.

Bom dia

Vargas estará hoje em Cambé para inauguração da UPA




O vice-presidente da Câmara, deputado federal André Vargas, participa nesta sexta-feira, 16/08, às 16h, da inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas do Jardim Tupi, em Cambé. 

A unidade teve investimento de R$ 1.648.211,73 do governo federal e repasse mensal de R$ 175.000,00 mensal, podendo subir para R$ 300,0.0,00 após avaliação do Ministério da Saúde no mês de setembro.

Lei a matéria na íntegra em www.andrevargas.com.br

Brasil ganha reconhecimento internacional na promoção da agricultura familiar
Dados recentes divulgados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) apontam que quase 870 milhões de pessoas no mundo passam fome. O número equivale a 12,5% da população do planeta. No Brasil, até 2011, ano de criação do Plano Brasil Sem Miséria, 16 milhões de pessoas estavam em situação de extrema pobreza. Desse total, quase a metade (47%) encontrava-se no campo. Cenário que começou a mudar. Em março deste ano, famílias nessas condições receberam complementação de renda do Bolsa Família para alcançar renda mensal de até R$ 70 por pessoa – condição socioeconômica para ser considerado extremamente pobre. Contudo, estima-se que 700 mil brasileiros ainda estejam em situação de miséria.

O 25º artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Organização das Nações Unidas (ONU) há quase 65 anos, afirma que toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar saúde e bem estar a si e a sua família. Nesse quesito, a diretriz mundial inclui a alimentação como um dos pilares fundamentais resguardados. Não por menos, o desafio da erradicação da miséria e a segurança alimentar são assuntos presentes e constantes na agenda dos líderes mundiais. No Brasil, a preocupação não é diferente. Por aqui, o enfrentamento à fome segue alinhado às ações que priorizam a inclusão produtiva no meio rural, estratégia estabelecida pelo Plano Brasil Sem Miséria, ação interministerial do Governo Federal para erradicar a fome e a extrema pobreza. Entre as iniciativas que se destacam nessa área, está o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA), articulado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).

Com dez anos de existência, o PAA já comercializou mais de quatro milhões de toneladas de alimentos oriundos de empreendimentos da agricultura familiar. O montante deve movimentar, até o fim de 2013, quase R$ 5 bilhões. Na avaliação do representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, a agricultura familiar já é percebida no País como uma solução para desenvolver e manter a segurança alimentar e a erradicação da pobreza. "A agricultura familiar é um setor muito estratégico para o governo brasileiro. O Brasil, no contexto da América Latina, é o país que mais apresenta tecnologia social e instrumentos econômicos para fortalecer e, assim, sobreviver [dessa área]."

A operacionalização do programa consiste em comprar alimentos diretamente dos agricultores familiares, sem processo licitatório e com preços compatíveis aos praticados nos mercados regionais. Os produtos adquiridos com recursos do Governo Federal são encaminhados para entidades pertencentes às redes socioassistenciais – restaurantes populares, cozinhas comunitárias, bancos de alimentos – e para famílias em situação de vulnerabilidade social. Além disso, o PAA funciona como um instrumento garantidor de maior estabilidade financeira às organizações de agricultores familiares por meio da modalidade de Apoio à Formação de Estoques. Essa modalidade permite que cooperativas e associações comprem alimentos dos seus agricultores, agreguem valor a esses produtos e os comercializem no momento mais propício em termos de preço, para mercados públicos ou privados. O programa é executado com recursos do MDA e do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em parceria com estados, municípios e com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A mudança na concepção do conceito de agricultura familiar e a construção de políticas estruturantes específicas para o desenvolvimento sustentável do setor no Brasil despertaram o interesse de países vizinhos. "A agricultura familiar precisa ser preservada, precisa ter sustentabilidade, não somente ecológica, mas, também, social. Por isso, as políticas desenvolvidas no Brasil servem de modelo para outros países da América Latina e para a África. O PAA e o Pnae [Programa Nacional de Alimentação Escolar], por exemplo, também estão sendo aplicados na África baseados nas políticas desenvolvidas no Brasil", pontua Bojanic.

Incentivo à agricultura familiar

Além dos mercados de compras institucionais, o Brasil lança, a cada ano, um conjunto de políticas públicas simultâneas e permanentes para fomentar a organização econômica e a sustentabilidade no meio agrícola. Essa divulgação é conhecida como Plano Safra da Agricultura Familiar. Somente no último Plano, com vigência entre junho de 2012 a maio de 2013, a agricultura familiar contratou mais de R$ 19,2 bilhões em crédito rural por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), do MDA. O valor ultrapassou, pela primeira vez na história do programa, o montante disponibilizado inicialmente pelo Governo Federal para financiar as operações de custeio e investimento, que na safra 2012/2013 foi de R$ 18 bilhões.

As medidas do Plano incluem, ainda, recursos para apoiar o cumprimento dos serviços de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), do Seguro da Agricultura Familiar (Seaf), do Programa de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF), do Garantia-Safra e, em especial, das atividades produtivas rurais das famílias incluídas no Plano Brasil Sem Miséria.

O esforço do governo brasileiro para desenvolver a produção familiar rural foi reconhecido internacionalmente. Em dezembro passado, a FAO afirmou, em seu boletim, que o Brasil se destaca por ser um dos países da América Latina e Caribe que mais apoiam a agricultura familiar por meio de programas públicos. Para Alan Bojanic, as políticas públicas implementadas no País caminham para desenvolver e manter a segurança alimentar. "Esse objetivo, sem dúvida, é o coração dessas propostas. O fortalecimento da agricultura familiar também tem uma conotação social muito importante, ele está associado a um tema cultural. Logo, fortalecer a agricultura também é uma forma de preservar a cultura, tem uma dimensão além da econômica. O dinheiro está sendo canalizado para proteger, também socialmente, os cidadãos das áreas rurais, que estão vulneráveis. E os exemplos do Nordeste brasileiro são muito visíveis desses círculos virtuosos quando se tem políticas sociais", finaliza.

Aliança latina

Em fevereiro de 2013, a FAO anunciou a parceria com os países do Mercosul para promover a agricultura familiar. A cooperação foi firmada durante a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar do Mercosul (Reaf), em Santiago, no Chile. A união das organizações vai apoiar agricultores familiares da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, Uruguai e Venezuela – responsáveis por gerar mais de 70% do emprego na área agrícola na América Latina e Caribe.

"Os processos de integração no Mercosul estão ocorrendo cada vez com mais força. A aliança vai estruturar, justamente, como ter políticas harmonizadas e conjuntas para atender os agricultores familiares de todo o Mercosul. Serão iniciativas com repercussão nas economias nacionais, como nos processos de integração na área agrícola, facilitação do comércio e o controle das doenças, em uma perspectiva regional", explica Alan Bojanic.

A cooperação será realizada no âmbito do Fundo de Agricultura Familiar do Mercosul, uma ferramenta criada pelos países do bloco.

PAA e a alimentação animal
O lançamento do Plano Safra Semiárido, anunciado em julho deste ano, trouxe mais um novidade para os agricultores familiares que acessam o PAA. A partir de agora, as modalidades de compras do programa incluem a aquisição de forrageiras, mudas e sementes – uma alternativa para preparar os agricultores para enfrentar os efeitos da estiagem no Semiárido brasileiro. Com isso, os produtores que tenham excedente de forragem (como a palma forrageira) poderão vendê-lo por meio do PAA. O limite de venda por agricultor é de R$ 8 mil por ano.


Fonte: MDA