Cassar Eduardo Cunha depois do mal que ele fez a democracia brasileira é a mesma coisa que extirpar um tumor maligno (câncer) de um defunto.
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@Ivan Ricardi
Cassar Eduardo Cunha depois do mal que ele fez a democracia brasileira é a mesma coisa que extirpar um tumor maligno (câncer) de um defunto.
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@Ivan Ricardi
Rato morto, rato deposto ou terá sido fechado o grande acordo com a rataiada do MPF, Judiciário e Executivo para livrar o rabo do Cunha?
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Responsável direto pelo golpe que feriu a democracia brasileira e levou Michel Temer ao Planalto, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi cassado por 450 votos, nesta madrugada, e enfrentou a traição de muitos parlamentares que ajudou financeiramente. Na queda, ele apontou o dedo para o governo Temer:
"E aí eu culpo o governo hoje, não porque o governo tenha feito nada para me cassar, mas quando o governo patrocinou a candidatura do presidente que se elegeu em acordo com o PT, o governo, de uma certa forma, aderiu à agenda da minha cassação", afirmou.
Teme-se, em Brasília, que Cunha feche uma delação premiada e delate centenas de deputados, senadores, ministros e até Michel Temer, de quem sempre foi parceiro.
A decisão do Supremo Tribunal Federal que suspendeu o mandato parlamentar de Eduardo Cunha e, consequentemente, de sua função de presidente da Câmara dos Deputados, é o principal argumento usado pela Advocacia-Geral da União (AGU) em nova ação (MS 34193) que questiona a continuidade do procedimento de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Agora, o Supremo novamente deverá arbitrar essa questão, determinando o prosseguimento ou a suspensão da votação a ser realizada no Senado.Lívia Guimarães e Eloísa Machado são pesquisadoras Supremo em Pauta, FGV - Fundação Getúlio Vargas - São Paulo.
O que está em xeque são, ainda, os atos praticados pela Câmara dos Deputados no processo de impeachment. Estes questionamentos, que tomaram fôlego com as idas e vindas da decisão do presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, voltam-se sobretudo à forma pela qual Cunha conduziu o processo, quando ainda era presidente da Casa.
O caso, que está com a relatoria do ministro Teori Zavascki, alega que o recebimento da denúncia de impeachment e os demais atos conduzidos por Cunha devem ser desconsiderados por apresentarem desvio de finalidade e abuso de poder. Para a AGU, Cunha usou o processo de impeachment como chantagem política e como moeda de troca para se livrar de processo no Conselho de Ética e das investigações da Lava Jato, o que demonstrariam o desvio de finalidade. Outros atos de Cunha, como a aceleração do processo de impeachment, teriam sido cometidos com abuso de poder.
A peça da AGU se baseia quase integralmente na decisão proferida pelo plenário do STF. Inúmeros trechos do voto do também então relator, Teori Zavascki, foram citados, lastreando a tese de que Cunha teria cometido desvio de finalidade no comando da presidência daquela Casa legislativa, atendendo seus próprios interesses pessoais e políticos. Se o tribunal reconheceu que essas razões eram insuficientes para suspender excepcionalmente um mandato parlamentar, deverá agora decidir se essa perversão da função pública foi capaz de contaminar o processo de impeachment.
Por outro lado, não se pode esquecer da decisão liminar, ainda em vigor, que suspendeu a nomeação de Lula como ministro da Casa Civil, também por desvio de finalidade, bem como a liminar do ministro Marco Aurélio que determinou que o pedido de impeachment contra Michel Temer não deveria ter sido arquivado por Cunha (MS 34087). Juntas, a decisão que suspende o mandato de Cunha, a liminar que impede a nomeação de Lula e a liminar que determina o prosseguimento do impedimento de Temer, oferecem ao tribunal um pouco de seu próprio veneno.
Com isso, o Supremo se encontra na incômoda posição de ter de apontar, às vésperas da votação do impeachment no Senado Federal, quais são os limites dos malefícios dos atos praticados por Cunha como também de suas próprias decisões.
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A suspensão de Cunha mostra que o tempo do Judiciário é o tempo de exceção
Por Salah H. Khaled Jr.
A novela chegou ao fim: depois de muitos e muitos meses, o STF surpreendentemente determinou a suspensão do mandato de Eduardo Cunha, em "decisão excepcionalíssima". Supostamente a gravidade da situação autoriza a medida, cuja legalidade é – na melhor das hipóteses – indefinida e borrada. Barroso elogiou a decisão de Teori e declarou: "Eu não quero viver em outro país, eu quero viver em outro Brasil".
Fascinante. Pompa e melodrama. Certamente algo propício para mais um capítulo da atual epopeia de salvação nacional: um novo cordeiro é imolado como sacrifício no altar, em clara tentativa de higienização do golpe no imaginário popular. É tentador comemorar a ruína de Cunha. Não deixa de ser irônico que alguém que tenha empregado tantos estratagemas para violar a legalidade finalmente venha a sucumbir diante de uma decisão tão questionável como muitas de suas próprias. O legado de Cunha é de destruição. A história retratará com as devidas cores o que representou sua passagem pela presidência da Câmara dos Deputados. Mas não caia nessa não tão sutil armadilha. O criador se foi, mas a obra permanece: foram os dedos, mas restam os amaldiçoados anéis, em estranho trocadilho golpista.
Não sei qual é o Brasil que Barroso espera viver. Certamente não é o mesmo que eu imagino. Não consigo me entusiasmar com a lenta e gradual derrocada de tudo que foi construído após a restauração democrática. Uma geração inteira de juristas oxigenados constitucionalmente e comprometidos com direitos fundamentais está testemunhando, com pesar, a falência do respeito pelas regras do jogo. Estamos trocando a legalidade democrática pelo velho jeitinho, nossa única norma fundamental. O que importa é alcançar a linha de chegada. A corrida maluca não conhece outra regra, ainda que o decisionismo sempre encontre suas próprias razões, que somente convencem os incautos e coniventes com práticas de exceção.
1 Requerimentos feitos por aliados de Cunha, como a ex-deputada Solange Almeida, para pressionar pagamento de propina da MitsuiEstranhamente o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot esqueceu de incluir nesse rol exatamente a confissão de que ele aceitou o pedido de impeachment contra a presidente Dilma quando o PT informou que os seus três deputados no Conselho de Ética votariam a favor do seu afastamento. Leia mais>>>
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A estratégia do Planalto de apoiar Cunha no Conselho de Ética está sendo descrita como "ceder a chantagem" ou "tentar salvar Cunha", mas ela é mais inteligente do que isso.Dilma e seus principais colaboradores perceberam que, à medida em que o tempo passa, Dilma fica mais forte e Cunha fica mais fraco. Isso porque, à medida em que vêm à tona novas informações da Lava Jato, o nome de Cunha aparece cada vez mais, em situações sempre incômodas, suspeitas, sujeitas a investigações e o nome de Dilma não aparece nunca.Esta é a explicação para o aumento da sua popularidade, ainda que tímido, registrado na última pesquisa. Os brasileiros estão se dando conta de que ela é uma pessoa honesta, os outros é que não são. Os que estão próximos a ela é que não são, mas ela não se contaminou.A conclusão óbvia é que apoiar Cunha agora não significa ceder a chantagem nem fazer acordo com o diabo, significa ter na presidência da Câmara dos Deputados em 2016 não aquele Cunha serelepe de 2015, cheio de gás, mas um Cunha raquítico, franzino, humilde, acuado pela Lava Jato, precisando de ajuda, mas cada vez mais atolado na areia movediça da qual não consegue sair.Para que empurrar um bêbado ladeira abaixo? Basta esperar que ele dê o primeiro passo e caia sozinho. Falando mais claramente: Cunha é um "cabra marcado para morrer", com ou sem ajuda do governo.É melhor para o Planalto ter um presidente da Câmara fraco e negociar com ele por cima do que correr o risco de derrubar Cunha e no lugar dele entrar um presidente forte e disposto a encurralar o governo.Embora esse cenário pareça claro, o presidente do PT insiste em meter o nariz onde não é chamado e escreve notas mandando os deputados votarem contra Cunha no Conselho de Ética. Não é a primeira vez que ele atropela o governo. Não é a primeira vez que em vez de mostrar unidade com o Planalto, que é tudo de que o Planalto precisa, ele opta pela cizânia.O Planalto queria o ajuste fiscal, queria Joaquim Levy no comando da economia, mas Rui Falcão fez barulho contra, como se não bastassem os partidos da oposição para alvejar Dilma.Agora que o governo viu uma luz no fim do túnel, que é um Cunha inofensivo para o ano que vem ele de novo sai na contramão. Somente ele não percebe que, felizmente, ninguém do PT lhe dá ouvidos.Menos mal para o PT e para Dilma, é claro, que o conhece desde os tempos heroicos da VPR em que ele já dava mostras de que estratégia não era o seu forte.