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Miriam Leitão: Bolsonaro pode transformar o Brasil na Venezuela de Chávez



 Miriam Leitão publicou hoje (23) em O Globo, artigo alertando os leitores que a eleição de Jair Bolsonaro é o "início de um processo de cerco à democracia, que na Venezuela do coronel Hugo Chávez começou pelo enfraquecimento do Judiciário".

A jornalista escreveu que além dos filhos terem ameaça do STF, o próprio Bolsonaro "sempre foi associado ao pouco apreço às instituições democráticas."

Segundo Miriam, o PT, sempre foi associado ao "risco Venezuela", mas por outro motivo: o partido poupava críticas e até elogiava quando Chávez prometeu, depois de eleito, fazer uma "revolução socialista" no País.
Bolsonaro, por sua vez, também já elogiou Hugo Chávez no passado, mas por motivo oposto: porque o ditador usou apoio de parte das Forças Armadas para tentar um golpe de Estado.
"Hugo Chávez tentou um golpe no estilo clássico, em fevereiro de 1992. Alegava ser contra a corrupção. Conseguiu o apoio de uma parte das Forças Armadas, mas fracassou. Esse Chávez é que recebeu elogios de Jair Bolsonaro." 

"O coronel foi preso, indultado, mas, em 1998, chegou ao Miraflores pelo voto, dizendo que faria uma revolução socialista. E foi esse Chávez que recebeu o apoio do PT."
Miriam ainda anotou que "não existe ditadura do bem" e que o medo, com Bolsonaro, não é de um golpe aberto como aconteceu no Brasil dos anos 1960, mas de ver os pilares da democracia serem minados por um governo "populista e autoritário". A ditadura seria por aproximação dos ideais autoritários.
"A inaceitável fala do deputado Eduardo Bolsonaro não surge do nada. Ela reflete o ambiente político no qual seu pai sempre esteve imerso, de defesa do regime militar. Era ele atrás do pai, repetindo em mímica, o nome do torturador homenageado durante o voto do impeachment. Essa é a sua formação", enfatizou.
Leia a coluna completa aqui.

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Zuenir Ventura: Chávez, o conselho de Fidel e as lições de Lula


As cenas de histeria e culto à personalidade, de idolatria e fanatismo provocadas pela morte de Hugo Chávez lembram sentimentos experimentados aqui por ocasião do suicídio de Getúlio Vargas em 1954: o mesmo espanto e o mesmo medo de uma multidão enfurecida pela dor da perda do timoneiro e capaz de explodir numa convulsão social a qualquer momento e por qualquer coisa.

As personalidades e o momento histórico são distintos, claro, mas há qualquer coisa em comum nessas duas figuras, que pertencem à fauna dos que na história mundial se especializaram em manipular a vontade de seus comandados — os “déspotas esclarecidos”.
Os dois tiveram como inimigos o “imperialismo americano”, mas a forma de enfrentá-lo foi oposta. Hábil, Getúlio negociou e tirou vantagens do antagonismo, como fez para entrar na II Guerra ao lado dos Aliados. Já Chávez, impulsivo, preferiu o confronto, aliando-se a países como Irã, Síria, Líbia, Coreia do Norte, ou seja, o que Bush chamou de “Eixo do Mal”.
A inspiração brasileira de Chávez, porém, não foi Getúlio, mas Lula, que teria funcionado como bombeiro para debelar as chamas do explosivo líder venezuelano. Segundo contou em uma entrevista, nove meses depois de deixar a prisão em 1994, por causa de uma tentativa de golpe, ele visitou Fidel Castro, que o aconselhou: “Se você quer fazer política, siga Lula. Esse é o homem” (ou “o cara”, como diria mais tarde Barack Obama).
Dois anos depois, Chávez encontrou-se pela primeira vez com o ainda não presidente do Brasil e não precisou de muito tempo para concluir: 
“Fidel tinha razão. Lula era o homem.”

José Dirceu: Chávez e seus ideais


A notícia mais temida pelo povo venezuelano infelizmente se concretizou. A morte do presidente Hugo Chávez, anunciada na tarde de terça-feira pelo vice-presidente do país, Nicolás Maduro, deixou de luto uma nação que, sob a condução de uma das maiores lideranças políticas recentes, viu uma verdadeira revolução social acontecer.
Tido por muitos como o maior fenômeno político da América Latina dos dias atuais, esse homem de fibra inigualável chegou ao palácio de Miraflores em janeiro de 1999, em um momento em que o socialismo encontrava-se desacreditado devido à dissolução da União Soviética e à hegemonia do modelo neoliberal em quase todo o mundo.
Nesse contexto, avesso ao surgimento de governos socialistas e às ideias de esquerda, Chávez surgiu como uma voz dissonante a antecipar a necessidade de fazermos uma inflexão nos governos do continente, resgatando os princípios de soberania, igualdade e enfrentamento das desigualdades históricas - suportadas pelas mesmas elites combatidas por Chávez.
Sem temer as barreiras impostas pelas forças dominantes, não só na Venezuela, mas em boa parte do mundo, Chávez mostrou que seria possível, sim, fazer uma revolução socialista no Século 21, fundamentada no resgate da dignidade de milhares de cidadãos há séculos oprimidos e marginalizados.
Encarnando sentimentos profundos de insatisfação e inconformismo, Chávez conseguiu falar ao povo venezuelano como um irmão que entende sua dor e seu sofrimento. Ao exercer, desde o início, uma liderança genuína, o presidente tornou-se personagem fundamental para ajudar a entender como o povo se relaciona com a política.
Sua capacidade de mobilização popular não só derrotou nas urnas e nas ruas a política aristocrática representada por governos conservadores, mas também fez surgir na Venezuela um governo soberano, popular, democrático e transformador.
Depois de retomar o controle da PDVSA, petrolífera que sempre foi a principal fonte de riquezas do país, direcionando a maior parte da renda do petróleo para retirar da extrema pobreza milhares de venezuelanos, e enfrentar a dependência político-econômica da Venezuela em relação aos EUA, Chávez se tornou odiado pelas elites de dentro e fora do seu país.
Demonizado pela imprensa local e internacional, que estão sob controle dos interesses dos grupos dominantes, ridicularizado e caracterizado como um líder populista exótico, afeito a arroubos exagerados, Chávez, na verdade, era a expressão viva de uma crença inabalável na justiça e na igualdade social.
Mesmo sob oposição brutal da mídia monopolista, da direita conservadora, seguiu adiante e mostrou-se um administrador habilidoso, um homem não só de sonhos, mas de ideias e projetos, capaz de enfrentar problemas sociais graves como o analfabetismo, a insegurança alimentar, a precariedade da saúde pública e o déficit habitacional da Venezuela.
Com as chamadas missões, os programas sociais realizados em parceria com Cuba, o comandante fez chegar à população serviços essenciais como água potável, atendimento médico e vacinação. As missões de alfabetização, segundo a Unesco, em três anos livraram a Venezuela do analfabetismo. A mortalidade infantil foi reduzida quase pela metade e o consumo de alimentos mais que dobrou durante o governo chavista.
Inspirado na memória e na luta de Simon Bolívar, o herói da independência da América Espanhola, Chávez foi um dos protagonistas do esforço para um projeto de afirmação e integração regional, enxergando na união dos governos populares, progressistas e democráticos da América Latina um caminho para o desenvolvimento do continente.
É extensa a lista de conquistas obtidas sob os governos de Chávez. O seu legado, compartilhado pelos venezuelanos e por todos aqueles que se sensibilizam com a ascensão democrática das forças populares na América, deve ser preservado e continuado.
A oposição venezuelana, que jamais apresentou alguém minimamente capaz de disputar com Chávez de igual para igual, é vazia de ideias e dependente da estratégia norte-americana para o país. Sem um líder popular e uma proposta alternativa que a justifique, não será capaz de derrotar o chavismo, que certamente perdurará como força maior, libertadora e progressista.
Depois de vencer tantas batalhas, o comandante sucumbiu à doença que enfrentava como grande combatente que foi diante de todas as causas de sua vida. Porém, jamais se poderá dizer que perdeu essa ou qualquer outra contenda.
Das muitas vitórias deste grande homem, a maior delas talvez seja, após a sua morte e a exemplo dos verdadeiros heróis, continuar vivo e vibrante no coração de seu povo. Assim, Chávez e seus ideias permanecerão vivos.

Hugo Chávez, um capítulo generoso da História


“Os elementos que compunham o seu ser de tal forma nele se  conjugavam, que a Natureza inteira poderia levantar-se e bradar ao universo: aqui está um Homem!
(Shakespeare)

Nos anos 70, despejados desde Caracas por voos do Concorde, os potentados da aristocracia venezuelana invadiam as mais caras lojas de grifes de Paris. E com inimaginável volúpia consumista compravam tudo o que encontravam pela frente. Rigorosamente tudo. Indiferentes aos preços astronômicos e ainda não saciados plenamente no autêntico fetiche a que se entregavam, pediam um segundo exemplar absolutamente igual a cada peça comprada. Um segundo relógio de ouro, um segundo bracelete de diamantes... A ironia impiedosa e certeira do semanário parisiense “Le Canard Enchainé” os batizou com o eternizado “dame dos”.

Impulsionados pela impressionante riqueza do petróleo e favorecidos por uma das mais desiguais distribuições de renda do planeta, aqueles emires sem tendas ou camelos, estavam montados nas costas de dezenas de milhões de venezuelanos famintos que assistiam o teatro da contrafação democrática: a cada quatriênio dois partidos conservadores se revezavam no Palácio de Miraflores, o COPEI e a Acción Democrática (AD). E nos morros que circundam Caracas, e nas periferias de Maracaibo, Cachao, Barquisimeto, Valência, Barcelona, Maturin, Ciudad Bolívar ou outras grandes cidades, a pobreza adquiria dimensões que contrastavam de forma gritante com a “Venezuela grande” vendida pela farta propaganda oficial, pela poderosa Nação integrante da OPEP e a decantada “sólida democracia” num continente prenhe de ditaduras militares atentados ao Estado de Direito.


Existia por detrás do país rico e belo, do povo alegre e hospitaleiro, da democracia sem arranhões desde a queda da ditadura do general Perez Jiménez no final da década dos 50, um acordo tácito entre as elites política, econômica e social: o petróleo financiaria um simulacro de “democracia”, um mínimo de direitos sociais e um máximo de favorecimentos espúrios à classe dominante. Uma cleptocracia estabeleceu-se, renovando-se a cada quatro anos sob o manto da alternância partidária, da fortaleza constitucional e das liberdades civis. O petróleo, única fonte, absolutamente única fonte, de recursos do país, financiava algumas grandes obras públicas e a manutenção de uma máquina estatal caríssim. E, como medida “popular”, a gasolina barata, o único e aparente ganho democratizado também para as classes menos favorecidas.


No início dos anos 90 a panela de pressão explodiu. Carlos Andrés Perez, voltando em um segundo mandato e cumprindo à risca o figurino genocida do FMI (o mesmo que seria o breviário de FHC poucos anos após no Brasil), enfrenta impopularidade jamais vista para quem, no primeiro mandato (na década de 70) havia sido um dos mais respeitados líderes democráticos de um continente coalhado de ditaduras militares forjadas pela CIA. Desemprego, fome, condições miseráveis de habitação na periferia de Caracas, crise generalizada nos mais diversos setores da sociedade civil. E tanto Andrés Perez quanto a elite “dame dos”, muito bem representada pela implacável e tenebrosa imprensa venezuelana, sempre alinhada aos piores interesses e disposta a conspirar contra o país e o povo, absolutamente indiferentes ao cenário de graves consequências que se apresentava no horizonte.

Em meio à balbúrdia de um país riquíssimo condenado à hecatombe, surge o jovem e corajoso coronel paraquedista, filho de um professor e de uma dona-de-casa, natural de Barinas, província sem maior expressão política ou econômica, mas querido por seus companheiros de farda e famoso pelo brilho de seu curriculum no Colégio Militar. O levante que Hugo Chávez e algumas poucas dezenas de outros jovens oficiais tentam contra o governo moribundo de Andrés Perez fracassa, levando-o a dois anos de prisão. Ainda na cadeia, antes de ser anistiado, o desconhecido revoltoso aparecia em primeiro lugar em todas as pesquisas para a presidência da República!

O restante da história já conhecemos. A epopeia de sua chegada ao poder no bojo de uma votação consagradora, a fundação da República Bolivariana, o sonho generoso de um continente unido e de uma “Pátria Grande” como queria Simon Bolívar séculos atrás, libertando países e povos, o golpe fascista contra Chávez em 2002, sua prisão e volta ao poder nos braços do povo em menos de 48 horas.

Há histórias e feitos que marcaram o tempo desse homem invulgar, profundamente corajoso e de inteligência espantosa. Sobreviverão a ele e a todos nós. Alguns foram omitidos pela imprensa brasileira, que o combateu com a ferocidade conhecida que a nós, petistas e aliados dos presidentes Lula e Dilma, sempre combateu. Um deles: os maiores navios petroleiros da PDVSA, a poderosa estatal petroleira local, eram tradicionalmente batizados com os nomes das venezuelanas que venceram o concurso de Miss Universo (Irene Saenz, Maritza Sayalero, e outras). Chávez mudou essa ridicularia, escolhendo nomes de mulheres do povo, operárias, camponesas, ou simples e anônimas mães-de-família, para substituírem tais beldades. Uma delas, “Negra” Hipólita, justamente a que batiza o maior e mais moderno dos superpetroleiros, foi escrava da família de Bolívar, o amamentou e a ela o Libertador das Américas devotava respeito filial e carinho absoluto. Outro fato omitido aos brasileiros: o bilionário militante de extrema-direita Juan Carlos Escotet, banqueiro e íntimo amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dono do Banesco (um dos maiores bancos venezuelanos), tornou-se um contumaz “plantador” de informações contra Chávez e a política econômica de seu governo na imprensa local. Ao vivo, via satélite e em rede nacional de TV, Chávez o chamou em seu próprio celular, calmamente deu-lhe explicações sobre as questões econômicas e lhe disse “meu caro, se você não der conta de tocar o seu banco, me avise, ok? Nós o levaremos adiante”.

Chávez morreu. Sua herança não está nos livros dos cartórios ou no bolso de seus filhos. Ela está na vida de milhões de venezuelanos. Metade deles era formada por pobres. Essa cifra maldita caiu pela metade. Eles não tinham casa, escola ou saúde. Agora tem. Eles eram massa de manobra, vista do alto do palanque, em época eleitoral por candidatos da elite branca, racista, aristocrática. Chávez, um deles, chegou lá: no poder e no coração deles.

Os “dame dos” odeiam Chávez mais ainda: já há estação de metrô nos morros de Caracas, o equivalente a nossas favelas. Mas, hoje, são menos favelas. E a herança de Chávez está na barriga de milhões de crianças de seu país que dormirão sem fome na noite em que ele já descansará sob a terra. A herança do coronel atrevido está em seu fabuloso desafio à impiedosa oligarquia caraqueña, cassando a concessão da RCTV, do aristocrático Dr. Marcel Granier e pondo fim ao Banco Federal, do biliardário Nélson Mezerhane (ambos acostumados a darem ordens aos que antecederam Chavez no Palácio de Miraflores).

Chávez viverá na memória dos que o admiram e foram por ele amados. Milhões de venezuelanos nele votaram em uma eleição dramática, guardando um autêntico segredo mútuo, de polichinelo, sabendo que ele dificilmente sobreviveria para cumprir o mandato, talvez sequer tomar posse. Mas, deram-lhe o voto como quem cumpre um dever para com sua própria consciência. Os venezuelanos votaram em um Chávez doente, depauperado, que mal caminhava, entronizado no alto de um caminhão avermelhado, não podendo fazer um contraponto efetivo ao jovenzinho, reacionário e oligarca, escolhido para enfrenta-lo e perder a peso de ouro. Mas é que Chávez sabia e seu povo também sabia. Ao votarem no líder já moribundo, votavam também na história que juntos protagonizaram. Era uma história só deles, dispensando a intermediação antipática e nefasta de marqueteiros, chefetes, partidos, dinheiro, governos. Era Chávez e o povo. Só os dois. Num grande, monumental e definitivo encontro. O último.

O câncer conseguiu o que os inimigos de Hugo Chávez tentaram em vão. Mas as obras de Cárdenas, de Bolívar, de Sucre, de San Martin, de Allende, de Torrijos, de José Martí, de Getúlio, de Artigas, de Haya de La Torre, de Perón, se foram com eles? Seus legados, ensinamentos, doutrinas e pensamentos sucumbiram com a extinção física de tais estadistas? Não, mil vezes não.

A Hugo Rafael Chávez Frias não o derrotaram no voto e nem nas idéias. Alegram-se agora, como abutres, por seu determinismo biológico.  Aos que não derrotaram o grande líder da Venezuela, ao que mudou os rumos da história de seu povo e de seu país, sobrou a mixórdia das notinhas maldosas, dos trocadilhos cretinos, dos comentários irônicos, dos risinhos mal disfarçados nos enfadonhos painéis das TVs a cabo, onde especialistas mais que desconhecidos, saídos das catacumbas do nada, preveem o fim dos tempos, a vitória dos que sempre perdem, brigam tenazmente contra a verdade dos fatos, abrem vírgulas sem consegui-las fechar no tempo certo, e – fazendo muito sofrer o vernáculo – mal conseguem apontam no mapa-mundi onde fica a Venezuela, o que, todavia, nos os impedem de já prognosticar o final do chavismo. Como o fazem desde antes de se empanturrarem de botox...

Hugo Chávez já não pertence ao mundo dos vivos. Aos seus familiares, partidários ou amigos. Pertence à posteridade, com suas luzes e sombras. Pertence à nobre estirpe dos que escreveram a história de seu tempo, com sua alegria ‘criolla’, com sua ‘alma llanera’, com a imensa audácia de sonhar seu país rico com um povo também rico, com sua surpreendente força em tentar reviver o sonho generoso do seu tão admirado libertador Bolívar.

Que desafio estupendo o de continuar a sonhar os sonhos revolucionários de um homem que os transformava em realidade. Que orgulho imenso o de ter sido seu contemporâneo.
Delúbio Soares 

Frase do dia


Em muitas ocasiões, o governo brasileiro não concordou integralmente com o presidente Hugo Chávez. Porém, hoje, como sempre, nós reconhecemos nele uma grande liderança, uma perda irreparável e, sobretudo, um amigo do Brasil, um amigo do povo brasileiro. O presidente Hugo Chávez deixará no coração, na história e nas lutas da América Latina um vazio.
Presidente Dilma Rousseff

A caravana dos entreguistas vai a Venezuela



Os fantasmas do passado visitam a Venezuela 

por 

A América Latina foi a região do mundo que teve mais governos neoliberais e nas suas modalidades mais radicais. Praticamente nenhum país foi poupado desses governos – com exceção de Cuba – que devastaram os direitos sociais, o potencial de desenvolvimento econômico, a soberania nacional, os Estados latino-americanos.
O neoliberalismo começou pela extrema direita – com Pinochet e sua ditadura -, mas depois se alastrou para correntes originariamente nacionalistas – como o PRI mexicano e o peronismo de Carlos Menem. Para posteriormente ser incorporado por partidos social democratas – como o Partido Socialista do Chile, a Ação Democrática da Venezuela, o PSDB do Brasil.

Todos foram ao governo e colocaram em prática políticas neoliberais muito similares: privatização do patrimônio publico, abertura das economias ao mercado externo, desarticulação dos Estados em favor da centralidade dos mercados, alienação das soberanias nacionais, expropriação dos direitos sociais, precarização das relações de trabalho. Todos tem em comum outro traço: todos fracassaram estrepitosamente, saíram do governo expulsos pelo povo, não puderam eleger seus sucessores e vários deles foram processados, condenados e presos; alguns outros fugiram dos seus países.

Vladimir Putin: Chávez é um verdadeiro combatente


Chávez e Putin
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressou estar convencido de que o líder da Revolução Bolivariana, Hugo Chávez, superará com êxito seu processo de recuperação em Cuba e voltará para continuar construindo “uma Venezuela próspera e forte”.

Hugo Chávez e Vladimir Putin
“Mais de uma vez me convenci de que é um verdadeiro combatente, uma valente, um homem de firme vontade”, escreveu Putin em uma carta que foi lida, nesta quarta-feira (30), pelo vice-presidente da república, Nicolás Maduro. Leia a íntegra da carta.
 Estimado senhor Presidente,
Querido amigo Hugo,

Estou grato em aproveitar
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EUA é a praga

O NYT distorce a Venezuela, outra vez

Imagine que você foi ver o filme de Steven Spielberg, “Lincoln”, e tudo o que aparece nele é  o ponto-de-vista dos senhores de escravos brancos do Sul dos Estados Unidos, durante a Guerra Civil. Isso é análogo ao que você está recebendo em quase toda a cobertura da grande mídia sobre a Venezuela.

Na semana passada, o New York Times fez algo que nunca fez antes —  em seu “espaço para o debate” ofereceu pontos-de-vista diferentes sobre a Venezuela. Nos 14 anos desde que Hugo Chávez foi eleito presidente da Venezuela, o Times tem oferecido muitos artigos de opinião e editoriais contra a Venezuela — incluindo seu próprio editorial de apoio ao golpe militar de 2002 (do qual mais tarde recuou, sem pedir desculpas).

Mas o Times nunca se deu ao trabalho de publicar mesmo um único artigo de opinião (ou reportagem) que contraste com a sua linha editorial sobre este país rico em petróleo. Isto contrasta com quase todos os jornais de tamanho médio ou grande, nos Estados Unidos — desde o LA TimesBoston Globe, ou Miami Herald, até mesmo o neoconservador Washington Post, além de dezenas de jornais de outras cidades  que publicaram ao menos algum artigo oferecendo o outro lado da história.

Vale a pena revisitar o debate que apareceu na edição do Times online, porque lança luz sobre alguns dos problemas sobre  o que lemos e ouvimos sobre a Venezuela.

Moisés Naím afirma que a Venezuela, cuja economia cresceu cerca de 5,5 por cento em 2012,  está a caminho de “uma crise econômica de proporções históricas.” (Bem, pelo menos ele disse que “está a caminho” de uma crise. Anita Issacs, cientista política que participou do debate , curiosamente se refere ao  ”colapso da economia da Venezuela” — como em “o colapso da economia dos Estados Unidos” em 2004).

Jânio de Freitas: À brasileira


A decisão, adotada na Venezuela, de adiar indefinidamente a posse do hospitalizado Hugo Chávez tem um precedente: é milimetricamente igual à decisão que adiou indefinidamente a posse do hospitalizado Tancredo Neves. O que faz com que a decisão no caso de Chávez receba exaltada condenação moral no Brasil e no caso de Tancredo Neves fosse louvada, com alívio e emoção, pode ser muito interessante. Mas não é para um artiguinho. E não é tão difícil de intuir, ao menos na superfície.

Convém lembrar que a crítica à solução brasileira só veio, e muito forte, no segundo passo daquele veloz processo. Foi quando a decisão à brasileira avançou muito mais do que a Venezuela: morto Tancredo, o mandato que não recebeu e a Presidência foram transferidos ao vice, sob muita contestação jurídica e ética.

As circunstâncias venezuelana e brasileira são diferentes? Sim, claro. As circunstâncias são sempre diferentes. Mas sem essa de que a oposição Venezuela está lutando pela democracia, e o chavismo é um sistema contrário à liberdade, e coisa e tal. Seja o que for o chavismo e o que pretenda a "revolução bolivariana", o que a oposição quer é restaurar o sistema de poder anterior: um dos mais corruptos e socialmente opressores da América Latina, de menor e mais imoral "liberdade de imprensa" e de pensamento.

Ao longo do século passado, a Venezuela dos hoje saudosistas deixou exemplos de barbaridade ditatorial escandalosos mesmo para o padrão latino-americano, caso do ditador-bandido Perez Jimenez, entre outros; e uns dois governos decentes, digo dois só para não deixar o romancista e presidente Romulo Bittencourt sem companhia em meio a cem anos.

Mas, a não ser muito eventuais obviedades "de esquerda", nunca li ou ouvi críticas no Brasil aos donos daquela Venezuela e seu sistema de domínio e exploração.

Supremo da Venezuela decide que presidente continua no cargo sem posse e por tempo indeterminado

Vice-presidente Nicolás Maduro poderá permanecer à frente do governo após decisão de juízes; oposição, que queria decretação de ausência temporária, denuncia inconstitucionalidade da medida.

O TSJ - Tribunal Supremo de Justiça - da Venezuela, considerou que a posse de Hugo Chávez, prevista para hoje, é um “formalismo que deve ser cumprido, mas não é obrigatório para a continuidade do governo”. 

Para os magistrados, não é necessário decretar a ausência temporária do presidente porque a Assembleia Nacional autorizou que ele viajasse para se tratar do câncer.

Ricardo Noblat sofre de anorexia política ou é semvergonhice mesmo?

Leia o texto dele abaixo e deixe sua opinião nos comentários
Tem golpe em marcha na Venezuela, por Ricardo Noblat

Ameaçado por um câncer de pélvis, entregue aos cuidados de médicos cubanos e russos em um hospital de Havana, Hugo Chávez, presidente da Venezuela reeleito pela terceira vez no ano passado, deverá reassumir o cargo na próxima quinta-feira, dia 10. É o que manda a Constituição do seu país.
Se não o fizer, a vaga dele caberá ao presidente do Congresso. Que num prazo de 30 dias convocará nova eleição para a escolha em definitivo do sucessor de Chávez.
Na madrugada da última sexta-feira, em cadeia nacional de rádio e de televisão, Nicolás Maduro, vice de Chávez, anunciou que não será bem assim.
Digo eu: Chávez carece das mínimas condições para assumir o cargo em sessão da Assembleia Nacional (Congresso) ou do Supremo Tribunal de Justiça como determina a lei. São aparelhos que ainda o mantém vivo.
A hipótese de sua recuperação é remota. Só cogitam dela os que acreditam em milagres.

Hugo Chávez anuncia 4ª cirurgia e indica vice como sucessor

Depois de relatar piora da doença - câncer - Chávez admite que pode não concluir o mandato.

Presidente venezuelano retorna a Cuba para nova operação, e apela aos partidários para que votem em Nicolás Maduro caso seu estado de saúde o obrigue a deixar o comando do país e seja marcada nova eleição

Dois dias após voltar de Cuba, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, surpreendeu o país ao anunciar, que fará nova cirurgia — a 4ª desde que adoeceu em junho de 2011 — para tratar de uma recidiva do câncer. 


Chávez admitiu pela 1ª vez que pode ter de deixar o comando da Venezuela e não cumprir o atual mandato, que termina em janeiro. Há dois meses, ele foi reeleito para mais seis anos. Ontem, nomeou como sucessor o vice-presidente e chanceler, Nicolás Maduro. Emocionado, apelou aos venezuelanos: 

"Em um cenário em que sejamos obrigados a fazer uma nova eleição presidencial, vocês devem escolher Maduro.” 

Caso seja impossibilitado de concluir o mandato, Chávez, que viajaria ontem para Cuba, disse que o vice assumiria e convocaria novas eleições.

Meu ditador preferido


Interessante essa sanguinária ditadura comunista do coronel Hugo Chávez, que tanto desarranjo provoca na sensível barriga da direita latino-americana.

Ao todo, 80% dos eleitores venezuelanos compareceram às urnas, na última eleição presidencial. Detalhe: o voto, na Venezuela, não é obrigatório.

Estranha ditadura esta em que o terrível ditador é escolhido em eleições livres, monitoradas por diversos organismos internacionais, sem falar em todos os urubus da imprensa latino-americana que em Caracas pousaram para agourar a revolução bolivariana.

Para uma elite acostumada a comprar xampu em Miami para dar banho nos cães, Capriles chegou mesmo a ser um sonho de revanche.
Explica-se: a família de Henrique Capriles, assim como as de Fernando Collor e ACM Neto, por exemplo, é dona de uma cadeia de comunicação.

Nas redes privadas, o candidato da direita ocupou 88% do tempo disponível para propagada eleitoral, além de ter o apoio monolítico da mídia local.

A Chávez, sobraram os 12% restantes. Num quadro desses, não é de se admirar a sensação generalizada entre os ricos e remediados de que Capriles seria a nova revolução.

Chávez venceu por 1,5 milhão de votos.
por Leandro Fortes