Antes de tirar conclusões precipitadas sobre as razões da tragédia na escola de Realengo (RJ), muitas questões precisam ser respondidas. Talvez algumas delas já tenham sido quando você ler este questionário:
1) Quais as armas usadas pelo atirador? Dois revólveres calibre 38? Quais suas marcas?
Isso é importante para saber se são importadas ou, como a maioria das em uso no Brasil, fabricadas no próprio País. Se forem da Taurus ou da Rossi, podem jogar no lixo a culpabilidade pela falta de fiscalização das fronteiras. Se forem importadas, a questão é saber se entraram legalmente ou ilegalmente.
2) Onde o atirador comprou suas armas? Tinha porte de arma?
No debate sobre desarmamento que este caso vai despertar, é fundamental saber se as armas eram legais ou não.
3) Se tiverem sido adquiridas legalmente, inclusive o municiador rápido que ele parecia usar, como ele conseguiu autorização para comprá-las? Quão fácil é comprar esses equipamentos em uma loja ou nas ruas?
4) Quantos tiros o assassino disparou dentro da escola?
Pela quantidade de vítimas e pelo número de tiros que os feridos receberam, o atirador parece ter disparado mais de 25 vezes. Se cada revólver tinha capacidade para seis balas, significa que recarregou as armas mais de uma vez cada uma. Alguém tentou desarmá-lo antes da chegada dos policiais?
5) Quanto tempo demorou entre o início da matança e chegada do sargento que o conteve?
6) A chegada da polícia foi casual, com o sargento sendo alertado por um dos feridos que conseguiu chegar à rua, ou a direção da escola também chamou a polícia?
7) Há alguma conduta de segurança pré-estabelecida nas escolas do Rio e do Brasil para casos de invasão? Há algum procedimento que deve ser seguido? Em caso positivo, foi?
8 ) É uma hora propícia para vendedores de equipamentos de segurança venderem seu peixe. Por isso, quão eficiente e custoso seria instalar detectores de metal na entrada de todas as escolas públicas do País?
9) Há estudos que provam ter diminuído as ocorrências criminais nas escolas dos EUA onde foram instalados detectores de metais?
10) A polícia já encontrou e começou a periciar o computador pessoal do atirador? Encontrou algo de revelador nele? Se ele não tinha computador, sabe-se se frequentava alguma lan-house?
11) Ele participava de alguma rede social? Quem eram seus “amigos” e “seguidores”?
12) É correto tachar o atirador de islâmico ou muçulmano?
É fundamental reconhecer que ele era antes de mais nada uma pessoa confusa, para dizer o mínimo, e que na sua carta-testamento ele escreve literalmente: “(…) que jesus me desperte do sono da morte para a vida”. Muçulmanos não citam Jesus, mas Alá.
13) Obviamente o assassinato em massa foi planejado com muita antecedência: ele comprou as armas, os carregadores rápidos, escreveu a(s) carta(s) testamento. Em alguma fase dessa preparação teria sido possível que alguém desconfiasse de suas intenções? O crime poderia, assim, ter sido evitado? Ou, por ser recluso, não deu pistas a ninguém?
14) Retomar a campanha de desarmamento, que fez cair drasticamente os assassinatos no Brasil entre 2003 e 2005, pode ajudar a evitar que casos como esse se repitam?
15) Nos EUA, onde se tornaram comuns, casos assim costumam estimular outros potenciais atiradores a “sair do armário” e copiar o assassino de Realengo?