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Angels in brazilian brothel

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Por qual motivo não ouvimos, lemos ou vemos charges com criticas deste tipo sobre os chefões das grandes mídias e dos bancos brasileiros, será essa gente anjos em pleno bordel?

Sei não, mas tenho a impressão que sei lá...

Por trás do golpe está um poder colossal, por *Pedro Augusto Pinho

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É um motivo de perplexidade e inquietação o desplante com que o governo golpista de 2016 vem atuando. Retira direitos consagrados há quase cem anos, doa a estrangeiros bens e riquezas naturais brasileiras, provoca a humilhação da nossa nacionalidade no exterior, enfim, é um verdadeiro provocador que não encontra quem o revide com efetividade.
Aqui e ali, um discurso, uma artigo, mais ou menos veemente, uma denúncia, muitas vezes cheia de ressalvas, parece que a ameaça de Aécio Neves, gravada pelo corruptor, de matar o denunciante, intimidou todo mundo.
Tenho plena consciência que não são os arrogantes e imbecis parlamentares, os magistrados, nem mesmo os ruralistas, exportadores, banqueiros e outros sanguessugas da nação, desde o período colonial, quem está mantendo este governo. Também não são os Estados Unidos da América (EUA) ou qualquer outro império de algum estado nacional.
Por trás dos golpistas está um poder colossal, mas não invencível: o sistema financeiro internacional, que denomino "banca".
Como age a banca para neutralizar reações e obter um apoio suicida de parte do povo? Há várias técnicas no domínio das corrupções, afinal é a banca a maior corruptora de todos os tempos, também no domínio das estratégias de administração e no campo da comunicação de massa.
Neste último, o Brasil talvez tenha sido o mais fácil país para a banca exercer sua ação. Encontrou um sistema quase totalmente privado, dominado por meia dúzia de famílias, mas sendo um monopólio efetivo de uma delas: a proprietária do Sistema Globo.
A banca não tem argumento. Como defender o propósito de criar uma dívida permanente, de preferência crescente, que escravize o devedor? Afinal a banca só faz, rigorosamente, isso: promover a dívida. Tenho a convicção – expressão tão em voga – que esta face da banca se originou com a Revolução Francesa e o "passeio" de Napoleão pelas terras aristocráticas do continente europeu. Deve ter sido um susto, para quem sempre teve na propriedade fundiária seu poder e riqueza, se encontrar, subitamente, despojado de ambos.
Os financistas ingleses, que já haviam se apropriado da revolução industrial, viram um modo de responder a esta inquietante situação da aristocracia e seus apaniguados: a geração de dívida. E, a partir daí, pela dívida, a Inglaterra criou um império colonial. Você, por acaso, está pensando que as ferrovias na Índia objetivavam o progresso daquele país? Triste e ledo engano. Além de facilitar a comercialização das companhias inglesas (precursoras, com as holandesas faça-se justiça, da simbiose público-privada: o público arca com os investimentos e os prejuízos; o privado com os lucros) gerava a dívida da Índia com os bancos ingleses. Aqui, no Brasil, a independência carregou uma enorme dívida com a Inglaterra, que o Império multiplicou, e somos apenas um exemplo entre tantos outros. Nenhuma jabuticaba.
Voltando à estratégia da banca. A forma mais fácil de conduzir uma multidão é colocando-a numa situação de dualidade: ou isso ou aquilo, ou preto ou branco, ou comunista ou democrata e assim, sem outra resposta, você vira um boi no estouro da boiada. Não pode ficar atrás da árvore ou correr em outra direção, segue a boiada ou a enfrenta.
O caminho para o golpe de 2016 foi a corrupção. Nunca tantos corruptos se apresentaram contra uma única corrupção, a do Partido dos Trabalhadores. Dia e noite as redes de televisão e a imprensa martelavam: corruptos, corruptos, corruptos.
E, os próprios tribunais de exceção, constituídos por agentes da banca e corrompidos diversos, para condenar os "petralhas", chegaram aos denunciantes, aos golpistas de todos os poderes. Era, então, necessário mudar a tônica. Como por milagre, a corrupção sai das manchetes. Entra a violência. Sim, você deve ser a favor do uso policial das forças armadas ou então é um terrorista, um amigo dos marginais. Exceto se for um magistrado conhecido por conceder noturnos habeas corpus.
Assim, a banca prepara a repressão, que um governo provocador, inimigo da Nação terá, mais dia menos dia, que enfrentar. E a pauta da violência, do desastre substitui a da corrupção. Nem importa se é o assalto com vítima no seu bairro ou uma avalanche na Suíça. Você precisa ter medo, como antes tinha revolta. Já prepara, pelo medo, uma grande arma, as prisões e torturas dos opositores. Há até um pré-candidato a qualquer coisa que tem no discurso da agressão seu mote político.
E a banca vai destruindo, dentro de seu plano, mais um país, como o fez com o Iraque, a Líbia, tentou na Síria e insiste na Venezuela. É um projeto nefasto de poder, cujo enfrentamento exige a consciência e a reflexão de quem não se ilude com dicotomias e sofismas. Pense e salve sua Pátria, saia do rebanho ou se tornará um pária.



*Pedro Augusto Pinho -
Avô, administrador aposentado

Os homens que mandam no Brasil

Em sua coluna de hoje (19/06) na Folha de São Paulo, Gustavo Patu, resume, com perfeição, as duas forças que realmente mandam e governam o Brasil.
Uma é o consórcio de policiais, procuradores e juízes reunidos em torno da Lava Jato. A outra são os economistas e tecnocratas, do Executivo, da academia e do mercado, empenhados na formulação e defesa das reformas.

A primeira conta com amplo apoio da população e a licença para matar —reputações— ao arrepio das garantias jurídicas dos suspeitos.
O poder da segunda emana da recessão devastadora, ainda por ser vencida.

“Nenhuma delas eleita pelo voto popular”, frisa ele, e eu acrescento que toda a legitimidade de que elas dispõem é o complexo de mídia e uma parcela da inteligência nacional que atira ao lixo séculos de esforço de compreensão dos processos políticos e sociais e, como num destes cultos fanáticos, brada contra o Satã da corrupção, que nos desvia do reino dos céus.
Ou os males do Brasil se reduziram à corrupção – sem dúvida, um deles – e  se anuncia, como fez ontem o Estadão, um “rombo” por ela causado de R$124 bilhões em cinco anos, mais ou menos o que os cofres públicos sangram em apenas três meses para alimentar o rentismo?
Claro que nenhum dos dois tem poder absoluto: Meirelles tem de ceder às distribuições de valores que Temer promove para ter sua maioria fisiológica; Janot precisa conter os seus mastins curitibanos, que pouco ou nada faltam para gritar “anauê”. Mas, no essencial, as maldições se resume em duas palavras malsãs: corrupção e gasto público.

Charge do dia

Abutre
Sinônimo:
Banqueiros, Agiotas, Rentistas
Tradução:
"Mercado"




Os oráculos da pilantragem, por Mauro Santayana

A Comissão Européia acusou, formalmente, na semana passada, os bancos HSBC, Crédit Agricole e JP Morgan, de promover acordos, por debaixo do pano, para manipular a taxa interbancária EURIBOR – que afeta diretamente o custo dos empréstimos para os tomadores.

Do golpe, participavam também o Barclays, o Societé Generále, o Royal Bank of Scotland, e o Deutsche Bank, já condenados, pelo mesmo crime, em dezembro, a pagar multa de mais de um bilhão de euros.

O Deutsche, maior banco da Alemanha, teve de ser capitalizado em 8 bilhões de euros, esta semana, para para não quebrar. O Banco Espírito Santo, de Portugal, também a ponto de quebra, foi acusado, pela KPMG, de graves irregularidades em suas contas. E o Crédit Suisse foi condenado a pagar 2,6 bilhões de dólares à justiça dos EUA, por favorecimento ao desvio de divisas e à sonegação de impostos.

Para Bertold Brecht, era melhor fundar um banco que assaltá-lo. E Bernard Shaw lembrava que não há diferença entre o pecado de um ladrão e as virtudes de um banqueiro.

O mundo muda. Hoje, uma diferença de menos de 2% separa o peso das seis maiores economias emergentes das seis maiores economias “desenvolvidas” e as reservas em mãos do primeiro grupo quase triplicam as do segundo.

Mas, no Brasil, continuamos ouvindo, como se fossem oráculos, a opinião dos banqueiros estrangeiros, que só estão em nosso país para organizar a espoliação sistemática de nossas riquezas e do nosso mercado.

Lá fora, a opinião pública chama essa gente de banksters (foto acima) unindo em uma só palavra o termo bankers (banqueiro) e gangsters (bandidos).

Aqui, o que diz um representante deles – que estão quebrando ou são acusados de crimes em seus países de origem – é sagrado.

Independente de quem estiver no poder no governo, o Brasil, se quiser continuar atraindo dinheiro externo, precisa estabelecer instrumentos próprios de defesa da imagem do país lá fora, criando, como se está projetando fazer com os BRICS, agências próprias de qualificação, bancos de fomento, fundos de reserva, etc.

Até mesmo porque a credibilidade das principais agências de qualificação que existem hoje está tão baixa, no exterior, quanto a dos bancos, aos quais tantas vezes se aliam e protegem, para enganar e pilhar países e correntistas.

É preciso que aprendamos a não dar ouvidos aos enganosos oráculos da pilantragem.

Assim como no Brasil, na China os maiores bancos são estatais, e a dependência de capital externo no mercado financeiro é – até por uma questão estratégica – marginal e quase irrelevante.

A diferença que existe entre nós e eles – prestes a se transformar na maior economia do planeta – é que, no Brasil, a opinião de instituições externas, acusadas de envolvimento em duvidosos episódios e nas últimas crises internacionais, orienta e pauta as ações do governo, e vai para a primeira página dos jornais.

Em lugares como Pequim e Xangai, o país, os empreendedores e os consumidores, estão se lixando, redondamente, para a opinião dos bancos ocidentais.

Empreiteiros - os verdadeiros poderosos e ladrões do País

Desconstruindo o Brasil
por Nelson Mota no O Globo

Parece simbólico e vai além do metafórico, é quase poético. São elas que constroem o país, as cidades, fábricas, estradas, usinas e aeroportos, mas também o corroem por dentro, como as maiores doadoras de campanhas eleitorais e maiores beneficiárias das obras públicas.
Mesmo envolvidas com frequência em escândalos de corrupção, são como forças armadas de concreto: grandes empreiteiras ou seus donos e executivos nunca foram condenados em processos relevantes, embora até políticos importantes e banqueiros estejam presos.
Sem contar o caixa dois, só as doações legais das empreiteiras já bastariam para financiar com sobras as campanhas de todos os partidos, embora não devessem ser chamadas de doações, mas de investimentos, porque a conta é cobrada depois, com superfaturamentos e aditivos. No fim, elas acabam agindo como intermediárias, repassando aos partidos e candidatos parte de seus ganhos não contabilizados às custas dos contribuintes. Uma forma bem brasileira de financiamento público das campanhas… rsrs.
Nas concorrências, os preços na prática são simbólicos: o que vale são os aditivos. Ganha-se uma licitação com um preço menor que o dos concorrentes, as vezes com informações privilegiadas ou preços combinados, mas ao longo do contrato vão sendo feitos incontáveis aditivos que tornam a obra muito mais cara e fazem da concorrência uma farsa que todos aceitam como legitima. É um jogo, mas quem perde sempre é o contribuinte.
Se forem mesmo proibidas as doações de empresas, as maiores prejudicadas serão as empreiteiras, que economizarão nas doações, mas perderão influencia sobre seus representantes no poder, e vão ter que gastar mais em subornos, mordidas e comissões no varejo para manter a bola rolando. No fim das contas, vai sair mais caro.
Claro, há empreiteiros vitoriosos e honestos, muitos até gostariam de ser, mas não sobreviveriam à concorrência desleal institucionalizada. O irônico é que os que constroem tantas obras úteis e grandiosas são os que mais geram entulho ético e político para o país. Mas, ao contrário dos políticos, eles roubam, mas, ao menos, fazem.

O sistema financeiro tem candidata


Marina só embroma com seu vocabulário peculiar quando fala para o povo. Aos que mandam na economia suas declarações são, agora, cristalinas.

O linguajar da pré-candidata Marina Silva não usa xale. 


O chega prá lá que deu em Ronaldo Caiado surgiu meio extemporâneo e truculento, mas foi esperto. Quem se abalaria a defender o conhecido ícone do reacionarismo? Ocorre que o senador expulso do noivado Rede-PSB é também um dos representantes parlamentares do agronegócio e foi a este que Marina enviou claro e duro recado. Contribuinte importante do PIB brasileiro por intermédio da produção de alimentos para o mercado interno, o agronegócio responde ainda por enorme fatia das exportações do País.

Banqueiros babam com disruptura da "Tucarina"

Blablarina sentou-se à direita da santíssima trindade dos mercados e de repente, não mais que de repente transformou-se na Tucarina 


 Em amigável  périplo pela mídia, a ex-senadora se declara uma convicta defensora do sacrossanto  ‘tripé’. Que vem a ser uma  espécie de enforcador  à distância. Sendo o pescoço, a sociedade. E os mercados, a mão que controla a correia.

A coleira dentada  permite que o dinheiro grosso submeta  governos, partidos  e demais instâncias sociais  a um comando de desempenho  monitorado por três variáveis.

A saber:

I)  regime de metas de inflação, ancorado no chicote dos  juros ‘teatrais’, se necessários, assevera Marina em flerte com o ‘choque’ monetarista; 
 
II) câmbio livre, leia-se, nenhum aroma de controle de capitais;  vivemos, afinal,  em um período de pouca volatilidade e incerteza global...  e
 
III) o superávit  ‘cheio’ – o nome honesto disso, convenhamos,  é arrocho fiscal: corte de investimentos  públicos estratégicos  para garantir  o prato de lentilhas  dos rentistas.
 
Marina descobriu que quando abre a boca  encanta  os banqueiros. Mas começa a ter dificuldade  com o vocabulário.
 
Como exprimir o que se propõe a fazer no Brasil sem colidir com as boas intenções de seus apoiadores? 
 
Ao  jornal Valor Econômico, que lhe ofereceu uma página nesta 2ª feira, a parceira de Eduardo Campos defende uma ‘disruptura’. Que diabo ela quer dizer  com isso?
Marina quer dizer a mesma coisa que o Globo disse sábado, em manchete garrafal: ‘PSDB melhorou serviços e PT reduziu desigualdade’.  Ou seja, o passado passou. Cada um fez o que pode.

Agora é olhar para frente, juntar o que presta e descartar o resto. O nome  da travessia, ensaia o Globo, é Campos/Marina. Ou ‘disruptura’, arrisca a sedutora ex-senadora.

Vamos abstrair  do interior da palavra ‘serviços’  detalhes que agridem a apaziguadora manchete  do Globo. Por exemplo,  o ‘apagão’ de 2001. Ao custo de 2% do PIB, ele promoveria um corte de  20% do serviço de energia elétrica  oferecido aos brasileiros. Que, todavia, pagaram pelo serviço não prestado.

Outra dissonância entre a história vivida pela população e o jornalismo Globo: a área sofrível do saneamento  básico. No ano passado, o Brasil aplicou  R$ 8,3 bi na expansão desse serviço . É pouco. A média necessária para universalizar  o acesso em 20 anos  seria da ordem de R$ 20 bi ao ano.

Ainda assim representa  dez vezes mais o valor destinado  há uma década, quando, segundo o Globo, tivemos  um ciclo de fastígio nos serviços.
 
Marina passa ao largo dessas miudezas.
 
“ Como eu e Eduardo reconhecemos tanto as coisas boas do governo do PT e do PSDB, talvez sejamos a esperança de provocar uma "disruptura".
 
Ei-la, nesta  2ª feira, em bate bola afinado com a  manchete do domingo. Nas palavras da ex-senadora, trata-se agora de buscar  ‘uma  agenda que não mude porque mudou o governo’. Escavar  um fosso entre a representação política da sociedade  e o poder efetivo sobre o seu destino ,  é tudo o que as plutocracias almejam, urbi et orbi.

Se alguém  trata  isso com leveza e  sedução,  como resistir?

‘Impressionante’ ; ‘cativante’, disseram clientes  endinheirados do  Credit  Suisse , banco  que patrocinou um encontro a portas-fechadas  com a ex-ministra na 6ª feira.
 
Há notável  coerência entre desdenhar  dos partidos e entregar o destino da sociedade a uma lógica  que se avoca autossuficiente e  autorregulável. Marina passeia por um Brasil  plano.  Mas o mundo não é plano.  E o relevo econômico do Brasil inclui-se entre  as encostas  mais acidentadas pela ação secular de predadores, ora  cativados pela  ex-ministra.

Os ouvidos para os quais as vozes de  Marina, Campos e Aécio  soam como música  –assim como soava a de Palocci, em 2003--  sabem  que  drenar  R$ 223 bilhões  em juros de um organismo social marcado por carências latejantes  de serviços e infraestrutura não é sustentável.
 
O valor refere-se ao total das despesas com juros da dívida pública (nas três esferas da federação) pagos em 12 meses até outubro. Representa uns 5% do PIB. Mais de dez vezes o custo do  Bolsa Família, programa  que beneficias 14 milhões de famílias, 55 milhões de pessoas.

Ou quatro vezes o que supostamente custaria a implantação da tarifa zero no transporte coletivo das grandes cidades brasileiras. Ou ainda dezoito vezes mais o que o programa  ‘Mais Médicos’ deve investir até 2014, sendo: R$ 2,8 bilhões para construir 16 mil Unidades Básicas de Saúde e equipar 5 mil unidades; ademais de R$ 3,2 bilhões para obras em 818 hospitais e aquisição de equipamentos para outros  2,5 mil, além de R$ 1,4 bilhão para obras em 877 Unidades de Pronto Atendimento.

Repita-se: daria para fazer isso 18 vezes com o valor destinado ao rentismo em um ano.

Não serve de consolo dizer que no final do governo FHC  gastava-se quase 10% do PIB com juros. O investimento público direto da União em logística e  infraestrutura social era um traço. Agora oscila em torno de 1% (descontado o Minha Casa).

Muito distante do desejável para uma sociedade que atingiu o ponto de saturação na convivência com  serviços  insuficientes e de baixa qualidade. O ponto é: como Marina que supostamente herdou os votos dessa insatisfação, pretende lidar com assimetrias descomunais, apoiada na defesa algo deslumbrada,  tosca e jejuna, do ‘tripé’?

“Se o tripé ficou comprometido, é preciso restaurá-lo”, sentenciou quase blasé  aos clientes embasbacados do Credit Suisse. Ao abraçar a utopia neoliberal Marina aspira ser uma pluma imune ao atrito que contrapõe os interesses populares aos da elite brasileira. Exerce na verdade o surrado papel da bigorna histórica, sobre a qual amplos interesses são submetidos  aos golpes da marreta impiedosa do dinheiro.

Para isso está sendo cevada. Ao que parece, tomou gosto pela ração. E já ensaia comer sozinha.

Banqueiros agiotas e sonegadores intensifica campanha por mais juros

Apesar da decisão do FED (Federal Reserve, o banco central dos EUA) clara e direta – embora cautelosa – de não retirar os estímulos e não subir os juros, aqui no Brasil continua a campanha alarmista sobre uma fuga de capitais para os mercados norte-americanos, mesmo com a subida da Selic e as medidas adotadas para atrair investidores.


A ata da última reunião do FED, divulgada ontem, mostra que quase todos os integrantes do banco ainda dizem que retirar os estímulos monetários não é apropriado, Apenas alguns poucos integrantes avaliaram que em breve será o momento de reduzir um pouco a compra de títulos.



Portanto, não faz sentido essa campanha alarmista por aqui. O objetivo é aumentar o pessimismo e obrigar o Banco Central a uma nova rodada de aumento nos juros. Na prática, promove uma campanha para um locaute de investimentos. 

Fora a escandalosa gritaria contra a desvalorização do real pelos mesmo que clamavam contra a sua valorização. Quando o erro, na verdade, foi não termos desvalorizado o real antes, perdendo a oportunidade de evitarmos o quadro atual nas contas externas.
Os nosso comentaristas e a mídia continuam usando esses falsos argumentos sem nenhum pudor. E ainda se espantam ou fingem espanto com a queda da criação de emprego nas regiões metropolitanas e o baixo crescimento em todo o país.
Texto de José Dirceu Título do Briguilino

Enterro de banqueiro

Devemos enterrar os banqueiros a 3,6 metros de profundidade... 

É que no fundo eles são gente boa.
baseada no que disse John Levy

Presente para banqueiros

A austeridade e os banqueiros
por Simon Jonhson

Papai Noel chegou mais cedo, neste ano, para quatro ex-executivos da Washington Mutual (WaMu), um grande banco americano que faliu em 2008. A Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, que garante os depósitos nos bancos americanos) tinha iniciado ações judiciais contra os quatro, centradas nos enorme riscos financeiros assumidos porque “sabiam que o mercado imobiliário caracterizava uma bolha”. A FDIC queria recuperar US$ 900 milhões, mas os executivos acabaram fechando acordo por US$ 64 milhões, dos quais arcarão com apenas US$ 400 mil, sendo o restante pago por suas seguradoras.
Sem dúvida, os executivos perderam seus empregos e agora precisam abir mão de suas reivindicações adicionais de indenização. Mas, de acordo com a FDIC, apesar disso, os quatro embolsaram mais de US$ 95 mil de janeiro de 2005 a setembro de 2008. Assim, eles se safaram com grande quantidade de dinheiro. Isso é o que acontece quando executivos financeiros são remunerados por “retorno sobre o patrimônio” não ajustado por riscos. Os executivos levam a melhor quando as coisas vão bem e quando riscos se concretizam eles nada (ou quase nada) perdem.
Ao mesmo tempo, suas atividades – e atividades similares de outros banqueiros – são diretamente responsáveis, tanto pela alta dos preços das casas com por seu colapso danoso que se seguiu. Esse colapso impactou os não banqueiros de muitas maneiras negativas, especialmente através da perda de mais de 8 milhões de empregos.
O colapso também provou austeridade – os impostos estão sendo elevados e os gastos do governo estão caindo em nível local e estadual em todo o país. Há uma difícil negociação fiscal em nível federal pela frente, mas cortes e contrações de vários tipos parecem prováveis.
Algumas pessoas argumentam que os americanos precisam apertar os cintos. Essa é uma discussão interessante, especialmente num momento em que o desemprego está acima de 8% (com recentes declínios em grande parte resultantes da decisão de muitos trabalhadores desempregados de parar de buscar emprego e abandonar inteiramente a força de trabalho total). É pouco provável que precipitar uma onda de austeridade ajude a economia americana a encontrar seu caminho de volta para níveis mais elevados de emprego.
Mas o que dizer do apoio do governo aos grandes bancos? Será que isso está diminuindo, tendo em vista nossas atuais pressões fiscais? Infelizmente, não; persiste muito apoio governamental, implicitamente mantido mediante a política de não permitir o colapso de bancos “grandes demais para falir” e explicitamente por meio de diversos tipos de apoio proporcionado pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).
A lógica – ou, talvez devêssemos denominá-la ideologia – por trás do apoio aos grandes bancos é que eles são necessários para que a economia se recupere. Mas essa posição parece cada vez mais duvidosa, quando os bancos estão sentados em cima de uma pilha de dinheiro, enquanto consumidores e empresas merecedores de crédito estão relutantes em tomar empréstimos.
A mesma situação existe hoje na Europa, onde a realidade é ainda mais dura. Os bancos estão recebendo cada vez mais socorro, ao passo que, como resultado, os países que tomaram empréstimos estão cortando programas sociais e enfrentando crescentes tensões sociais e instabilidade política. Países como a Grécia, Itália, e, possivelmente, Portugal, estão superendividados, e agora seus cidadãos enfrentam graves consequências. Mas os banqueiros não sofrem nada por terem emprestado demais.
Sem dúvida, algumas das principais instituições financeiras europeias poderão agora enfrentar dificuldades, e – quem sabe – talvez alguns de seus executivos acabem sendo demitidos. Mas será que alguém acredita que as pessoas que afundaram os bancos europeus deixarão seus cargos com nada menos do que considerável fortuna?
Os manifestantes do movimento “Ocupar Albany” proclamaram recentemente uma firme declaração consensual, dizendo, em parte: “Os interesses daqueles que compram influência são recompensados à custa do povo, do qual deriva o poder do governo justo. Acreditamos que essa falha em nosso sistema está no cerne de muitas questões interligadas com que nos defrontamos, como sociedade, e que sua resolução é a chave para um futuro justo. Por isso exigimos democracia verdadeira, dissociada da influência corrosiva do poder econômico concentrado e conclamamos todos aqueles que compartilham esse objetivo comum a aliarem-se a nós e atuar nesse sentido”.
Os grandes bancos representam a última palavra em poder econômico concentrado nas economias contemporâneas. Eles são capazes de resistir a toda reforma significativa capaz de efetivamente mudar seus esquemas de remuneração. Seus executivos querem ficar com todo o lucro e, ao mesmo tempo, blindar-se contra todo e qualquer prejuízo real.
Mas um capitalismo sem a perspectiva de insucesso não merece a designação de economia de mercado. Estamos colhendo consequências um regime de subsídios em larga escala não transparentes e perigosos concedidos pelo governo em benefício de um punhado de gente extremamente rica.
Jon Huntsman, um candidato republicano à indicação para disputar a presidência, está abordando diretamente essa questão – insistindo em que deveríamos obrigar os maiores bancos a se desmembrar e tornar-se mais seguros. Nenhum outro candidato à presidência está encarando seriamente esse problema: simplesmente dizer “vamos deixá-los falir” não é uma resposta séria, quando o colapso de megabancos causaria tanto dano.
Devemos aprender tanto com o Washington Mutual como com o movimento “Ocupar”. Nos dois casos, a lição é a mesma: o poder financeiro concentrado é um presente que continua sendo dado – mas não para você.
Simon Johnson é ex-economista chefe do FMI, é cofundador do blog de economia, BaselineScenario.com, professor da MIT Sloan, membro sênior do Peterson Institute for International Economics, e coautor, com James Kwak, de “13 Bankers” (13 banqueiros).

por Elio Gaspari

O ministro Cezar Peluso anunciou que o Supremo Tribunal Federal deverá decidir nas próximas semanas o destino das causas em que a patuleia tungada em 1987, 1989 e 1990 nos Planos Bresser, Verão e Collor pede de volta a correção monetária de uma parte de suas aplicações.
Uma pessoa que tivesse uma poupança de 1.000 cruzados novos (a moeda da época) teria direito hoje a um ressarcimento equivalente, na média a R$ 610.
Esse é o maior litígio em tramitação no Judiciário nacional. De um lado estão os banqueiros públicos e privados, bem como o Banco Central. Do outro, entidades de defesa do consumidor. A banca luta há 23 anos para não pagar coisa alguma e tem dois argumentos.
O primeiro é lógico: não foi ela quem tungou o rendimento da poupança, foi o governo quem impôs um novo índice, obrigando-a a respeitá-lo.
O segundo é apocalíptico: um estudo de 2009 do Banco Central informa que a fatura custaria R$ 105,9 bilhões, ervanário equivalente a 65% dos patrimônio líquido dos bancos, 3,6% do PIB.
As vítimas argumentam que os bancos ganharam dinheiro com o truque imposto pelo governo. Ademais, segundo um estudo de Roberto Luís Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos, a Febraban, a pancada é bem menor, ficando em R$ 29 bilhões, que não seriam sacados simultaneamente.
Os depositantes ganharam centenas de causas e, em agosto passado, o Superior Tribunal de Justiça mandou pagar milhares de pleitos. No dia seguinte, o ministro José Antonio Dias Toffoli, do STF, suspendeu os pagamentos, à espera de um pronunciamento da corte.
Noves fora dois golpes de joão sem braço da banca, que tentou obter liminares no escurinho do recesso (ambas prontamente negadas pelo ministro Gilmar Mendes), o plenário do Supremo acabará com a pendenga. O ministro Toffoli relatará dois processos e seus pares fecharão o caso.
Em decisões avulsas, diversas entre si, e sem entrar no mérito da repercussão geral do caso, pelo menos sete ministros já deram razão aos depositantes que bateram à porta do STF, mais o ministro Luiz Fux, quando estava no STJ, onde a banca foi derrotada. Pela aritmética, o desfecho do litígio poderia ser previsível.
Toffoli chegou ao Supremo em 2009 e nunca julgou essa matéria. Como advogado-geral da União, contudo, pronunciou-se a favor dos bancos, em declaração à imprensa:
‘Os correntistas alegam que tinham direito adquirido, mas as novas regras dos planos valiam para toda a sociedade. (...) É aquela discussão referente à possibilidade de o Estado interferir nos contratos’. Até onde sua decisão seguirá esse raciocínio nos seus votos, não se sabe.
No caso de Cesare Battisti, tendo defendido, no exercício de sua função, a concessão do refúgio ao cidadão condenado pela Justiça italiana, Toffoli declarou sua ‘suspeição, por motivo de foro íntimo’.
Para que prevaleça a linha de raciocínio segundo a qual o Estado tem o direito de interferir nos contratos, a despeito dos votos avulsos já conhecidos, será necessária uma nova construção.
Nela, a defesa do patrimônio é um direito individual do cidadão, mas, quando do outro lado estão o governo e a banca, o direito coletivo não existe. Cada um tem direito a tudo. Todos não têm direito nenhum.