Paulo Coelho




Uma lenda arábe sobre a Criação
"Assim que terminou de construir o mundo, um dos anjos advertiu o Todo-Poderoso que esquecera de colocar areia na Terra; grave defeito, se considerarmos que os seres humanos estariam privados para sempre de caminhar junto aos mares, massageando seus pés cansados e sentindo o contato com o chão.
Além disso, o fundo dos rios seria sempre ríspido e pedregoso, os arquitetos não poderiam usar um material indispensável, as pegadas dos namorados seriam invisíveis; disposto a remediar seu esquecimento, Deus enviou o Arcanjo Gabriel com uma enorme bolsa, para que derramasse areia em todos os lugares que fosse necessário.
Gabriel fez as praias, o leito dos rios, e quando voltava para o céu trazendo o material que havia sobrado, o Inimigo - sempre atento, sempre disposto a estragar a obra do Todo-Poderoso - conseguiu fazer um furo na bolsa, que arrebentou, derramando todo o seu conteúdo. Isso aconteceu no lugar que é hoje a Arábia, e quase toda a região se transformou num imenso deserto.
Gabriel, desolado, foi pedir desculpas ao Senhor, por ter deixado que o Inimigo se aproximasse sem ser visto. E Deus, em Sua infinita sabedoria, resolveu recompensar o povo árabe pelo erro involuntário do seu mensageiro.
Criou para eles um céu cheio de estrelas, como não existe em nenhum outro lugar do mundo, para que sempre olhassem para o alto.
Criou o turbante, que - debaixo do sol do deserto - é muito mais valioso que uma coroa.
Criou a tenda, permitindo que as pessoas se movessem de um lugar para o outro, sempre tendo novas paisagens ao redor, e sem as obrigações aborrecidas de manutenção de palácios.
Ensinou o povo a forjar o melhor aço para a espada. Criou o camelo. Desenvolveu a melhor raça de cavalos.
E lhe deu algo mais precioso que estas e todas as outras coisas juntas: a palavra, o verdadeiro ouro dos árabes. Enquanto os outros povos modelavam os metais e as pedras, os povos da Arábia aprendiam a modelar o verbo.
Ali, o poeta passou a ser sacerdote, juiz, médico, chefe dos beduínos. Seus versos possuem poder: podem trazer alegria, tristeza, saudade. Podem desencadear a vingança e a guerra, unir os amantes, reproduzir o canto dos pássaros.
"Os erros de Deus, como os de grandes artistas, ou dos verdadeiros enamorados, desencadeiam tantas compensações felizes, que às vezes vale a pena desejá-los."
Alejando Dolina - Livro dos Fantasmas



Genial




Valéria Santiago:
Num país conhecido pela corrupção, quem não se alia ao esquema, é expulso pela maioria. Zé Dirceu saiu porque disse:

"Este é um governo que não rouba, nem deixa roubar"


Fuxico, que palavra pobre!




Depois de muito além
Acho que confundi o tempo porque muito pouco liguei para ele. Aquele que sai por aí em busca de limites nunca vai achar que encontrou o seu. Foi assim mesmo. Muitas vezes, acordei de uma canseira exagerada, e as dores espalhadas pelo corpo faziam cobranças... E aí, levantava com preguiça, mas as promessas do novo lugar davam forças e ânimo, e logo fazia delas um bálsamo perfumado ou uma massagem com jeito e logo estava de pé. Em alguns momentos, nem lembrava de onde vinha, onde estava. Só sabia que iria encontrar o que buscava em forma de imagens que me esperaram uma vida inteira e aquele seria o momento do nosso encontro. No ritual de arrumar as mochilas de bagagem pouca, cuidar das lentes, da carga das baterias e das câmaras fiéis, encontrava espaço para lembrar das pessoas queridas e escolher as melhores saudades para sentir. "Ah, se vocês estivessem aqui...!" E ia embora de novo para chegar outra vez lá onde a paisagem fazia suas curvas no meio de cores especiais ou em mil tons de cinza de sensualidade especial. Os rostos que "sequestrava" numa fração de segundo muitas vezes sorriam para mim, aquiesciam e até pediam para fazer uma foto de lembrança. Era sempre muito boa e divertida a sensação de haver ficado, eu também, como recordação para pessoas que possivelmente nunca voltarei a encontrar outra vez. Até parece que foi ontem que deixei o Brasil para trás e saí sem destino. Haviam mil horizontes, mil entradas, mil montanhas, vales e paisagens deslumbrantes... Em várias delas quase morri de frio, nas armadilhas das curvas sem proteção no alto de montanhas selvagens, ou porque na avaliação de talibãs em meio a uma tempestade de neve eu não valia um tiro sem motivo. A sensação de só saber disso depois dá um frio cortante que percorre o corpo sobrevivente sem saber do que podia ter acontecido. Sobreviver sem ter vivido a ameaça não tem graça. E seguia adiante e ria das loucuras procuradas. Um dia, no meio da madrugada, acordei sem saber onde estava, procurando mais calor debaixo de uma coberta pouca para o meu tamanho por conta do frio que entrava curioso pelas frestas e se instalava ao meu redor. Tremer de frio não é bom, não é agradável, não tem graça. A saída era esperar que o sol tivesse pressa e viesse em meu socorro. Foi sentindo frio assim que deixei muita coisa "pra lá"; que refleti sobre os últimos anos da minha vida; sobre o que podia ter feito ou deixado de fazer, mas em nenhum momento provei de arrependimentos maiores que as culpas de tê-los provocado. A vida só tem sentido quando permite erros. Corrigir as rotas permite fazer curvas, desviar das pedras, descobrir atalhos e evitar abismos. Ou cair neles. E depois fazer todo um caminho de volta até o topo. Fiz isso. Fez-me valorizar as escolhas, com poucas exceções. Deixei mágoas em meio às flores selvagens de lugares inesquecíveis. Descobri mil motivos para perdoar as maldades alheias e vi quão pequenas são as pessoas pobres de espírito que se alimentam de fuxico. "Fuxico!" Que palavra pobre! Do alto dessas montanhas as pessoas que vivem disso parecem muito pequenas. Deixei de me preocupar com os nomes dos lugares aonde queria chegar e dos lugares por onde andei. Apenas vivi suas cores, seus sons e seus cheiros. As montanhas me fizeram bem à alma, ao espírito. Menos ao joelho que machuquei... Já passou. Quando me dei conta já estava ficando "tarde" e era hora de fazer a curva, voltar ao ponto de início. Uma viagem nunca termina. Quando ela acaba é apenas o momento de começar outra porque existe muito mais depois de muito além...

por A. Capibaribe Neto


Mudando o PT




Para continuar mudando o Brasil

Esta semana, depois que oMoro Faz Sempre Igual - obedece a mídia -, aprontou mais uma canalhice, o PT mudou a postura e o discurso, partiu para o enfrentamento - deveria ter feito isso desde 2005 -, está absolutamente correto.

Qual o próximo passo que deve ser dado?

Para mim é o óbvio ululante:

Quando o ex-tesoureiro do partido, o Sr. João Vaccari Neto for depor, que o advogado dele faça questão que:

  • O depoimento seja público 
  • E que João Vaccari durante suas respostas, aproveite para perguntar aos intocáveis do MPF e o juiz(?) como eles conseguem separar o dinheiro das empresas que financiaram campanhas eleitorais como propina e como doação legal.
É necessário exigir que quem acuse, prove. Basta Dirceu ter sido condenado baseado na literatura jurídica.

Se é pra ser assim, eu me baseio na literatura - qualquer uma - para afirmar que Rosa Weber é uma puta e Sérgio Fernando Moro, seu cafetão.

Comigo é assim:

Olho por olho. Dente por dente.



Operação lava jato: Bandidos transformam outros em heróis




Criminosos apanhados numa rede de evasão fiscal e lavagem de dinheiro são premiados com privilégios penais e até financeiros, em troca de depoimentos que possam incriminar o PT e o governo.

Isso acontece porque outros criminosos infiltrados no Ministério Público e no Judiciário - pagos com nosso suado dinheirinho -, puxam, babam o ovo da grande mídia para Fazer a Diferença. 





Mudar o PT para continuar mudando o Brasil

Companheiros e companheiras

Este texto é uma contribuição pessoal, de autoria múltipla, mas do qual assumo plena responsabilidade. Ofereço-a a quem queira difundi-la, debatê-la, criticá-la, editá-la parcialmente, aprofundá-la no que tem de superficial. Certamente, não agradará a todos(as), mas espero que sirva para nos ajudar a superar as dificuldades do momento. Sei que o PT é uma rica experiência partidária, construída com sangue, lágrimas, sofrimentos e esperanças de milhões. A ele dedicamos nossas vidas. Por isso mesmo, por suas raízes populares e força transformadora, os que hoje nos atacam não vencerão. Vamos à luta e por um 5 Congresso participativo, criativo e solidário. - Rui Falcão

O PT nasceu para ser diferente. E foi. O PT nasceu para mudar o Brasil. E mudou. Desde o início de nossa trajetória, em 1980, adotamos um novo modo de fazer política que contribuiu de maneira decisiva para ampliar e aprofundar a democracia no país. Crescemos lutando para que os excluídos tivessem voz e vez. Junto com os movimentos mais representativos da sociedade, resistimos ao injusto modelo neoliberal e conseguimos impedir que privatizassem completamente o patrimônio público brasileiro, construído com o sacrifício de gerações. E, a partir de 2003, chegando pelo voto popular ao governo federal, promovemos uma verdadeira – e pacífica – revolução social, que, pela primeira vez, colocou a inclusão dos mais pobres e o combate à desigualdade no centro da agenda nacional, libertando da fome e da miséria 36 milhões de pessoas, e provando que o país podia crescer em benefício de todos.

A contribuição do PT ao país é, pois, concreta, evidente, inegável. Ninguém de boa fé pode deixar de reconhecê-la. Pesquisadores e estudiosos de todo o mundo afirmam que, sem o PT, a história do Brasil pós-ditadura seria incomparavelmente menos democrática e justa. Ao implantar um novo modelo de desenvolvimento, baseado na solidariedade social, e combater com tanto sucesso a pobreza e a exclusão, o PT cumpriu uma notável missão ética e civilizatória, levando a população brasileira a atingir um patamar inédito de dignidade e cidadania.

Por que, então, somos hoje alvo da mais feroz campanha de desmoralização já lançada contra um partido político no Brasil? A quem serve esse verdadeiro massacre político e midiático? Quais são os seus reais objetivos?

É preciso dizer com toda a clareza: o ódio dos conservadores ao PT não é causado por nossos erros políticos, mas por causa dos nossos extraordinários acertos sociais, que contrariaram interesses poderosos e desafiaram preconceitos seculares.

Mas não podemos ignorar que nossas falhas e insuficiências políticas também contribuíram para desgastar a imagem do Partido, que passou a ser visto por muitos como uma legenda igual às outras, em descompasso com a sua história profundamente inovadora e com as expectativas que sempre despertamos na sociedade.

Para corrigir tais falhas, sem abrir mão das enormes conquistas sociais que obtivemos, e continuar impulsionando o país no rumo da prosperidade e da justiça, é preciso fazer uma reflexão autocrítica e enfrentar com humildade e coragem os desafios atuais – como o PT sempre foi capaz de fazer ao longo de sua caminhada.

Essa reflexão deve ser compartilhada não só com a militância petista, mas com os milhões de brasileiros e brasileiras que acreditam na luta por uma sociedade cada vez mais livre, justa e igualitária. Pois, o que está em jogo não é apenas a imagem de um partido, por mais importante que ele seja, mas o direito inalienável que tem o nosso país de continuar avançando no seu projeto de desenvolvimento soberano e sustentável.

A Grande Transformação - Nestes primeiros anos do século XXI, o Brasil despertou a atenção do mundo pela combinação virtuosa de um projeto sustentável de desenvolvimento nacional com um movimento de inclusão social sem precedentes, na vigência da democracia e das liberdades fundamentais. Só muito raramente se consegue que esses três fatores – econômico, social e político – coincidam no tempo das nações, criando oportunidades de progresso material e humano para o conjunto do País, tornando possível realizar sonhos coletivos longamente acalentados.

É, de fato, extraordinário que uma nação marcada secularmente pela desigualdade e concentração de renda, pela dependência econômica e por sistemas políticos autoritários e excludentes, tenha conseguido realizar tudo o que realizamos nos últimos 12 anos. A começar pela mais ética e simbólica de todas as transformações, que foi acabar com a fome em nosso país.

Esse novo Brasil, mais justo e mais democrático, é o resultado de uma grande aliança, liderada pelo PT, que envolveu partidos, movimentos sociais e amplos setores da sociedade num diálogo intenso e permanente.

Pela primeira vez as grandes políticas públicas passaram a ser elaboradas com forte participação cidadã. Os trabalhadores da cidade e do campo, as mulheres, os negros, os indígenas, a intelectualidade, a juventude, os defensores dos direitos humanos e da diversidade sexual e os ambientalistas assumiram um protagonismo efetivo nas definições de governo, por meio de conferências, conselhos e mesas permanentes de negociação. A sociedade civil deixou de ser mero objeto para tornar-se autêntico sujeito das escolhas do país, trazendo um sopro renovador e criativo para a vida pública.

E, sobretudo, os pobres e os assalariados foram instalados no coração de todas as políticas e ações do governo.

O Brasil que saiu do Mapa da Fome das Nações Unidas é o mesmo Brasil que se tornou uma das maiores economias globais; que dobrou a produção agrícola e se tornou um dos maiores exportadores mundiais de alimentos; que está entre os primeiros na indústria aeronáutica, de automóveis, de petróleo, na indústria química, de cimento, celulose, de vestuário, calçados, bebidas, na siderurgia, entre outros setores; que tem uma das mais sólidas posições em termos de reservas internacionais e se tornou um dos cinco maiores destinos de investimento externo direto no mundo.

É o mesmo Brasil que dobrou para 7 milhões as matrículas nas universidades, adotando as cotas para negros, indígenas e alunos de escolas públicas; que democratizou o acesso ao crédito e garantiu aumento real e constante dos salários; que criou 21 milhões de empregos formais, que assentou e criou condições para milhões de famílias produzirem no campo. Que começou a corrigir o injustificável desequilíbrio entre as regiões, levando obras de infraestrutura e grandes investimentos produtivos ao Nordeste e ao Norte do país. E que foi capaz de fazer tudo isso recuperando e garantindo a estabilidade econômica.

É um país que despertou a confiança de seu povo e conquistou o respeito internacional. Que passou a praticar, sem arrogância nem subserviência, uma política externa soberana, voltada para a integração latino-americana e caribenha, a cooperação com os povos da África e a parceria com os BRICS, sem prejuízo das suas tradicionais relações com a Europa e a América do Norte.

O PT Contra a Corrupção – A corrupção, tanto privada como pública, é um problema grave para qualquer país e, por isso, deve ser combatida com o máximo rigor, em caráter permanente. Seja no âmbito municipal, estadual ou federal, ela fere um dos princípios básicos da democracia, que é a igualdade de direitos – a isonomia – entre as empresas, as entidades, os indivíduos. Deturpa a vida econômica e civil, premiando indevidamente a concorrência desleal, os cartéis e monopólios, em prejuízo do legítimo interesse coletivo. A corrupção é um veneno moral, que degrada as pessoas e contamina a sociedade. Nenhum país conseguiu eliminar completamente a corrupção, mas é possível – e necessário – reduzir drasticamente essa prática, punindo duramente os que dela se valem, tornando-a cada vez mais difícil e arriscada.

O PT pode se orgulhar também de ter promovido, nesses 12 anos, os mais significativos avanços na adoção de práticas republicanas, de transparência do Estado e de combate à corrupção na esfera pública. Já no primeiro dia de governo, em janeiro de 2003, criamos a Controladoria Geral da União, institucionalizando em nível ministerial a fiscalização sistemática sobre a aplicação de recursos federais.

Adotamos como regra o pregão eletrônico, reduzindo a possibilidade de fraudes em licitações. Criamos o Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspeitas, excluindo dos contratos públicos fornecedores que cometeram ilícitos. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) passou a monitorar movimentações atípicas envolvendo agentes públicos. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), fortalecido por nova legislação, intensificou a atuação no combate aos cartéis.

Criamos o Portal da Transparência, que recebe mais de 1 milhão de consultas por mês e que foi considerado pela ONU uma das cinco melhores práticas de combate à corrupção em todo o mundo. Aprovamos a Lei de Acesso à Informação, que colocou o Brasil entre os países que praticam os mais avançados princípios de governança. Editamos o Decreto 5.497/2005 que reservou para servidores concursados 50% dos cargos no nível DAS-4 e 75% nos níveis DAS-1, DAS-2 e DAS-3, que antes eram de nomeação totalmente livre. Portanto, ao contrário das mentiras difundidas pelos nossos adversários, o governo do PT foi o primeiro a tomar medidas concretas para combater de fato o aparelhamento partidário do Estado.

O Congresso Nacional aprovou, nesse período, a Lei que regulamenta o conflito de interesses no Executivo Federal, coibindo condutas abusivas de servidores; a Lei Anticorrupção, que estabelece penas para empresas corruptoras, e a nova Lei contra organizações criminosas, que regulamenta a chamada delação premiada.

No último dia 16 de março, consolidando esse esforço de 12 anos, a presidenta Dilma Rousseff enviou ao Congresso, com pedido de urgência na votação, o projeto de Lei que pune enriquecimento ilícito de servidores, o projeto que institui a ação de perda de bens obtidos ilegalmente, a extensão do critério da Ficha Limpa às nomeações para cargos de confiança nos três Poderes e o projeto que criminaliza a prática de caixa dois nas eleições.

Nosso compromisso de combater a corrupção nunca foi abstrato. Afirmamos, na prática, o princípio constitucional da autonomia do Ministério Público, respeitando as indicações para o cargo de Procurador-Geral da República definidas nas eleições da Associação Nacional do Ministério Público. Recorde-se que o Procurador-Geral do governo do PSDB arquivou 217 inquéritos criminais envolvendo autoridades e engavetou outros 242, de um total de 626 denúncias recebidas. Por isso era chamado, com toda razão, de engavetador-geral da República.

Ao contrário do que se fazia anteriormente, passamos a escolher a direção do Departamento de Polícia Federal por critério de mérito. Além de garantir a sua autonomia, nosso governo aumentou significativamente o orçamento da PF, ampliou o quadro de agentes e delegados, investiu em melhores salários e novos equipamentos. Criamos as delegacias especializadas no combate à corrupção e desvio de recursos públicos, que já são 17 em todo o país.

Nenhuma análise objetiva, isenta de sectarismo partidário, deixará de constatar que esse conjunto de medidas de controle e transparência, implantado pelos governos do PT, cria fortes obstáculos para o desvio de recursos públicos.

Mas não podemos deixar de fazer a nós mesmo uma pergunta crucial: se fomos tão ousados e determinados para acabar com a fome, reduzir fortemente a pobreza e as desigualdades sociais e regionais, gerar milhões de empregos, fortalecer de modo tão evidente o controle a transparência na administração pública federal – por que não tivemos a mesma ousadia e determinação para reformar o sistema político brasileiro, como reivindica a maioria da população, e estabelecer novos padrões de conduta na vida pública do país?

Reformar a Política brasileira sempre foi um compromisso programático do PT. Sempre sustentamos que é preciso corrigir antigas e notórias distorções do sistema partidário e eleitoral, para que ele se torne mais ético e representativo da sociedade, e também mais aberto à participação cidadã. Ao longo da sua história, como se sabe, o PT fez diversas tentativas nesse sentido, em parceria com outros partidos progressistas, entidades da sociedade civil e movimentos sociais. Em 2004, por exemplo, apresentamos no Congresso Nacional um conjunto de propostas com este objetivo– entre elas, o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais – que conseguimos levar a votação em 2006, mas foi derrotado pela maioria dos partidos.

A verdade, no entanto, é que, não tendo conseguido mudar o sistema político, acabamos por nos adaptar a ele, passando a reproduzir os comportamentos dos partidos tradicionais que tanto criticamos.

Financiamento empresarial, a raiz do mal - Apesar de previsto na legislação e, portanto, praticado legalmente por todos os partidos, o financiamento empresarial é danoso à independência e à lisura da atividade política.

Não é porque todos os partidos, sem exceção, o praticam que ele se torna menos nocivo, principalmente a partidos como o nosso, que nasceram para lutar não só pela justiça social, mas também por uma política mais limpa e digna.

A Lei 9.504 de 1997, que eliminou todos os limites para as contribuições de empresas, escancarou as portas dos partidos para a influência do poder econômico. Ela foi aprovada num Congresso dominado pela base do governo de então – o PSDB e o atual DEM – na mesma época em que a Constituição foi alterada para permitir a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

O financiamento empresarial propiciou que as campanhas se tornassem cada vez mais caras e sofisticadas, o que por si só é uma distorção antidemocrática. Nesse contexto, o financiamento de campanhas tornou-se elemento central das relações entre partidos, especialmente na formação de acordos e coligações entre as maiores legendas e seus aliados.

A raiz do mal já poderia ter sido extirpada, desde 2014, se tivesse sido respeitada a vontade dos seis ministros do Supremo Tribunal Federal que votaram pela inconstitucionalidade do financiamento empresarial, em ação proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil. O entendimento da maioria, no entanto, foi sobrestado pelo pedido de vistas de um único ministro, que vem manobrando declaradamente há mais de um ano para manter o status quo.

Mesmo combatendo o financiamento empresarial, nos debates públicos e no Congresso, o PT praticou, nos últimos anos, o que a legislação permite. Recebemos contribuições de empresas, dentro da lei, e fizemos campanhas caras, tão caras quanto as dos demais partidos, que nos criticam de maneira hipócrita.

Basta tomar o exemplo das empresas investigadas na chamada Operação Lava-jato. Nas eleições de 2014, o conjunto dessas 16 empresas fez contribuições a 19 partidos diferentes, no valor total de R$ 222 milhões. Os valores destinados ao PT e ao PSDB são muito semelhantes: R$ 56 milhões e R$ 54 milhões, respectivamente.

Um partido diferente, como o PT sempre foi, não pode continuar acomodado a esta situação. Publicamente e no Congresso Nacional, propomos o financiamento público exclusivo das campanhas. Mas, enquanto ele não se viabiliza, ou até que não se vede o financiamento empresarial, temos de agir, mais uma vez, com ousadia e coragem. Trata-se de repudiar concretamente o rebaixamento da política pelo financiamento empresarial. Dar o exemplo, que é o mais forte dos argumentos, na política e na vida. Por isso, estamos propondo que, a partir de agora, as instâncias do PT não mais aceitem contribuições de empresas para sua sustentação.

Essa é uma decisão difícil de ser tomada por um grande partido, especialmente quando ele tem a responsabilidade de defender um projeto histórico de transformação do país. Mas é um passo necessário, que vai nos diferenciar novamente das estruturas viciadas que sempre criticamos, do sistema político que o PT nasceu para modificar. Nós sabemos que só vale a pena fazer política de cabeça erguida, e isso implica em romper com uma prática que a sociedade já condenou.

Por isso propomos ao Diretório Nacional:

- Suspender, imediatamente, o recebimento de qualquer tipo de contribuição de empresas;

- Levar essa proposta a debate e deliberação no V Congresso do PT;

- Conclamar os partidos aliados a se unirem ao PT nessa opção;

- Fortalecer ainda mais a mobilização política e social por uma reforma política que estabeleça o financiamento público exclusivo das campanhas eleitorais.

A partir desse exemplo, estaremos contribuindo para recuperar a credibilidade da Política como agente de mudança social. Estaremos dizendo ao nosso povo que é possível mudar e melhorar a política, ao invés de simplesmente negá-la como fazem os manipuladores e os autoritários.

E estaremos dando um passo importante para revigorar internamente o PT, pois o financiamento empresarial foi a porta de entrada no partido de muitos desvios da política tradicional, que tanto criticamos.

A concentração quase exclusiva da atividade partidária na disputa político-eleitoral-institucional acarretou um duplo desvio. Primeiro, abriu um imenso vazio teórico, de análise, reflexões e iniciativas sobre o que vem acontecendo no Brasil e no mundo. Segundo, porque a conquista de votos não tem se misturado à luta de massas, de tal sorte que se possam criar condições de construir uma força política organizada e estável, um verdadeiro bloco histórico capaz de inverter a correlação desfavorável na sociedade e de impulsionar mudanças estruturais.

É preciso mudar o PT para continuar mudando o Brasil.




A tentativa de criminalizar o PT - Há quase dez anos as elites conservadoras tentam arbitrariamente criminalizar o PT e seus legítimos governos, desrespeitando o que existe de mais sagrado na democracia – o voto popular e o Estado de Direito.

Quando ganhamos pela primeira vez as eleições presidenciais, em 2002, as oligarquias dominantes tentaram inicialmente nos cooptar para a sua fracassada agenda neoliberal. Queriam domesticar o nosso partido para que ele não cumprisse os seus compromissos de vida com os trabalhadores e os pobres, e se limitasse a gerir sem mudar uma das sociedades mais cruéis e injustas do planeta. Queriam fazer conosco o que já tinham feito com governos anteriores, impondo ao país, por meio de seus monopólios de comunicação, a agenda antipopular e antinacional rejeitada nas urnas.

Não puderam deixar de reconhecer, naturalmente, a seriedade e a capacidade de sacrifício com que enfrentamos a crise herdada dos governos tucanos, debelando a inflação de dois dígitos e o descontrole fiscal que havia elevado a dívida pública a 62% do PIB. Mas quando dissemos, no final de 2004, ao livrar o país da tutela do FMI, que o necessário rigor fiscal e monetário não era incompatível com desenvolvimento, geração de empregos, aumentos salariais, distribuição de renda e inclusão social, começaram a voltar-se contra nós.

Quando perceberam que o Estado, sob a nossa liderança, não serviria mais unicamente aos privilegiados, e sim a toda a população, sobretudo aos mais carentes, e que as elites deixariam de se beneficiar com exclusividade dos fundos públicos, desencadearam contra o PT e o governo federal uma verdadeira campanha de cerco e aniquilamento que agora se intensifica.

Incapazes de nos derrotar nas urnas, os eternos “donos do poder” – na expressão lapidar do grande jurista Raymundo Faoro – apelaram para campanhas de desmoralização e intimidação, como haviam feito com Getúlio Vargas, em 1954; em 1955, com Juscelino Kubitschek – de quem diziam: “JK não pode ser candidato; se for, não pode ser eleito; se eleito, não pode tomar posse; se empossado, não pode governar” – e, em 1964, com João Goulart, quando mergulharam o País nas trevas da ditadura civil-militar.

Campanhas urdidas e coordenadas em nível de estado maior pelas classes dominantes tanto foram exitosas no Brasil como lá fora. Seja para destruir governos democráticos, seja para proscrever partidos de esquerda ou para censurar ideias e movimentos progressistas. Ainda de memória recente, embora do século passado, a odiosa praga do macarthismo nos Estados Unidos e o forjado incêndio do Reichstag, na Alemanha dos anos 1930, que abriu caminho para a ascensão de Hitler.

Com método, obstinação e grandes recursos midiáticos, as classes dominantes transformam o boato em notícia, a suspeita em denúncia, a calúnia em verdade. Hierarquizam calculadamente o noticiário, destacando e apresentando de forma escandalosa os desvios imputados a pessoas do nosso partido, não importando que sejam reais ou inventados. Omitem ou escondem, seletivamente, as denúncias contra os partidos que os servem, por mais graves que sejam. Tentam cobrir o PT com a lama de sua hipocrisia.

Aqueles que sempre se beneficiaram das distorções do sistema e que construíram sua riqueza e poder à sombra da ditadura, passaram a nos atribuir todas as mazelas crônicas da política brasileira. Quando descobriam que nosso Partido é sério, mas não é domesticável, colocaram o PT, e só o PT, no banco dos réus. Mesmo que para isso tenha sido necessário torturar os fatos, violar a jurisprudência e afrontar a consciência jurídica do país, como ocorreu em vários momentos da Ação Penal 470.

Nenhum outro partido sofreu uma campanha de desmoralização tão furiosa quanto a que se fez contra o PT ao longo daquela ação penal. Nada se fez, minimamente comparável, em relação a escândalos como a corrupção nas obras do Metrô nos governos do PSDB de São Paulo, ou do desvio de dinheiro público para campanhas eleitorais do PSDB e do DEM na Lista de Furnas e nos chamados mensalões de Minas e do Distrito Federal.

Em 2005, acharam que bastaria fazer-nos “sangrar até morrer” e que, assim, o poder voltaria naturalmente a suas mãos. Estavam convencidos de que o sonho de um governo popular no país seria algo passageiro e irrelevante.

A ação penal 470 foi utilizada, ao longo de quase sete anos, para desgastar a imagem do PT e tentar criminalizá-lo. O julgamento daquela ação ocorreu com inédita pressão da mídia sobre os membros do STF e a prevalência de aberrações jurídicas como a aplicação da tese do “domínio do fato”, repelida pelo seu próprio autor, o jurista alemão Cal Roxin. Desde então, tornou-se desnecessário apresentar provas ou garantir o contraditório, quando se trata de apontar o dedo contra o PT.

Foi nesse ambiente de arbitrariedade que o PT e o nosso governo tornaram-se alvos políticos da chamada Operação Lava-Jato. Conduzida por agentes do Estado que sequer disfarçam seu engajamento partidário, essa operação avançou pela trilha de violência jurídica aberta no julgamento da AP 470. Criminosos apanhados numa rede de evasão fiscal e lavagem de dinheiro – há muito conhecida pelo Judiciário e pelo Ministério Público do Paraná – são premiados com privilégios penais e até financeiros, em troca de depoimentos que possam incriminar o PT e o governo. Bandidos reincidentes são transformados em heróis, fazendo acusações sem provas, bastando que apontem para o PT e o governo.

É essencial para o país investigar desvios na Petrobras – e em qualquer outro setor – e punir com rigor quem os tenha comprovadamente cometido. Mas fica cada dia mais evidente o proveito político-partidário a que a investigação tem servido. Por que razão elas não se estendem às conexões do esquema com políticos e governos da oposição – que são muitas e notórias. Por que o vazamento seletivo de depoimentos capazes de manchar o PT, e tão somente o PT?

A transformação de um processo em espetáculo de mídia, o constrangimento que se tenta impor ao direito de defesa, a abolição do princípio da presunção de inocência e as arbitrariedades cometidas, supostamente em nome do combate à corrupção, constituem uma ameaça não ao PT, mas à consciência jurídica da Nação. Estamos assistindo ao nascimento de um estado de exceção dentro do estado de direito, e contra isso o PT lutará, ao lado das forças democráticas da sociedade.”



O peração Lava Jato e o puxasaquismo

Esta semana o destaque da Operação Lava Jato foi a briga de puxasaquismo entre o Ministério Público do Paraná e a Polícia Federal - a prisão do tesoureiro era mais que esperada -.

O Procurador-Geral da República e Delegado da Polícia Federal brigaram para ver quem mais proteje tucanos e condena petistas.

Babaovismo e justiçamento seletivo é a tônica dessa corja.

Leiam com atenção o texto abaixo:




De O Globo

Delegado da Lava-Jato critica posicionamento de Rodrigo Janot

Órgãos disputam comando de investigação sobre políticos no Supremo Tribunal Federal

Por Eduardo Bresciani, Vinicius Sassine e Thais Skodowski, especial para O Globo

O delegado Eduardo Mauat, um dos integrantes da força tarefa da Operação Lava-Jato, cobrou explicações públicas do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele rebateu as críticas de Janot que esta semana pediu a suspensão dos depoimentos de políticos envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras por entender que a PF estaria “atropelando as investigações”.

Nesta semana, a relação da PF e a Procuradoria Geral da República (PGR) entrou em rota de colisão e tem como pano de fundo a disputa pelo protagonismo nas investigações dos envolvidos com foro privilegiado. Na quarta-feira, o ministro Teori Zavascki suspendeu os depoimentos desta semana atendendo a um pedido do procurador-geral. Em nota, a PF negou condenou a medida.

Na nota, a PF registra que não há determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de qual deve ser a ordem para o cumprimento das fases da investigação e que o MPF tem participado dos trabalhos.

— Nós estamos acompanhando com grande curiosidade qual vai ser a explicação do Ministério Público Federal, do procurador Rodrigo Janot, em relação a suspensão dos depoimentos que estavam marcados. No primeiro momento foi imputado à PF a demora no andamento desses procedimentos no Supremo Tribunal Federal e, agora, por iniciativa do MPF esse procedimento foi paralisado — disse o delegado.

Mauat também reclamou do atraso nos repasses das diárias aos agentes e delegados que participam da Operação Lava Jato. Segundo o delegado, há dois meses, eles não recebem a diária de R$ 200,00, usada para pagar alimentação e hospedagem dos policias que são de outros sedes, mas que estão em Curitiba por causa da operação. O rombo já chegaria a R$ 200 mil.

— Existe um atraso no repasse das diárias e isso pode vir a causar um prejuízo sério na investigação - alertou Mauat.

Nesta semana, a divergência entre a PF e Procuradoria levou a suspensão de sete inquéritos que investigam políticos e operadores do esquema, a pedido de Janot. Para o procurador, a PF está se precipitando. Ele alegou que os delegados estariam intimando e interrogando parlamentares sem a informação necessárias para aprofundar a apuração.

Em geral, depoimentos de investigados, considerados peças de defesa, ocorrem no final de um inquérito. Desta vez, a PF teria invertido essa ordem, ouvindo deputados e senadores antes de ouvir outras pessoas e, assim, levantando dados adicionais para confrontar com respostas dos investigados.

Além disso, dois episódios estão entre os motivos para a decisão da PGR: a pressão de assessores parlamentares junto à Polícia Federal (PF) para agilizar os depoimentos de pelo menos dois investigados e a existência de perguntas e respostas prontas numa dessas oitivas, antes mesmo da chegada de um procurador da República para participar do depoimento. O GLOBO apurou que a pressão partiu de assessores dos senadores Humberto Costa (PT-PE), líder do partido no Senado, e Gleisi Hoffmann (PT-PR).

A queda de braço teria ainda como pano de fundo a tentativa de delegados de botar em pauta a discussão da PEC 412, que transforma a PF em agência autônoma.

“Entre as determinações do STF, não consta uma ordem de preferência a ser observada para os depoimentos. Deve-se ressaltar, inclusive, que todas as oitivas realizadas até o momento contaram com a participação de membros do MPF”, diz trecho da nota.

A Polícia Federal informou ainda que reforçou o número de policiais para poder atender ao cumprimento de todas as diligências e depoimentos de mais de 100 pessoas. E ressaltou ter pedido a prorrogação do prazo para a conclusão das diligências e apontado “outras providências consideradas essenciais para aprofundar as investigações”.

“ Esses pedidos observam o Regimento Interno do próprio STF, especialmente o artigo 230-C, que faculta ao órgão esse procedimento”.

A nota diz ainda que a instituição aguarda a decisão judicial para retomar as investigações e que age “velando por suas prerrogativas e autonomia funcional”.

“A Polícia Federal tem o compromisso em elucidar os fatos investigados e aguarda para retomar a execução das diligências; Como Polícia Judiciária da União, a PF age com o devido respeito a todas as instituições, bem como ao ordenamento jurídico brasileiro, velando por suas prerrogativas e autonomia funcional”, conclui.

Ontem, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, entrou em ação para tentar evitar que um racha entre as cúpulas da PF e do MPF atrapalhe as investigações. No início da noite de quinta-feira, o ministro teve uma longa reunião com o diretor da PF, Leandro Daiello, e iria conversar também com Janot. Mais cedo, Cardozo disse que buscaria um entendimento:

— Não pouparemos esforços para que harmonia continuem acontecendo da melhor forma possível — disse.



José Dirceu: À luta, às ruas de novo

A reforma política é a próxima batalha
Depois da votação do projeto de lei da malfadada terceirização, o PL 4330 – programada para a semana que se inicia – seguramente o PMDB e o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) colocarão a reforma política na pauta da Casa. Uma comissão especial presidida pelo deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), já ouve os presidentes dos partidos e programa ouvir o vice-presidente da República, Michel Temer. O presidente nacional do PT, ex-deputado Rui Falcão, depõe nos próximos dias.

Em audiência especial na última semana na comissão especial, O PSDB e o DEM colocaram suas propostas. Os tucanos pela voz do seu presidente nacional, o senador Aécio Neves (MG) querem o fim da reeleição; o voto distrital misto, mandato de cinco anos com supressão de eleições a cada dois anos e coincidência geral delas; o fim das coligações proporcionais e a vigência da cláusula de desempenho (ou de barreira). Para o financiamento das campanhas eleitorais eles defendem um modelo misto, com tetos para as doações de pessoas físicas e jurídicas para os partidos e não para os candidatos. E nessa questão concordam, também, com a instituição de um fundo público.

E voltam agora, e de novo, com o parlamentarismo. Não sabemos com que intenção e objetivo político Aécio Neves desenterrou essa proposta de parlamentarismo já rejeitada pelo povo duas vezes, em 1963 e em 1993 em plebiscitos no qual o sistema foi derrotado por uma ampla maioria do eleitorado. Aliás, o país já fez, além destes dois plebiscitos, também um referendo, em 2005, sobre a adoção do parlamentarismo e nas três consultas este sistema de governo foi fragorosamente derrotado pela maioria do povo contrária à proposta.

Já o DEM, sem uma posição oficial, pela voz de seu líder, deputado Mendonça Filho (AL) apresentou a posição – segundo ele, da maioria da bancada – contra o fim da reeleição, a favor do sistema distrital misto e contra o voto em lista fechada. Os demos concordam, também, com o financiamento misto (público e de empresas) proposto pelos tucanos e com a cláusula de barreira.

A CNBB, entidade máxima da cúpula católica no Brasil, cobra a reforma

Como vimos no artigo “A CNBB e a reforma política” (leiam aqui http://www.zedirceu.com.br/cnbb-apoia-e-cobra-agilidade-na-aprovacao-da-reforma-politica/), que publicamos nesta 6ª feira, de Dom Raymundo Damasceno Assis – presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB – a Coalizao pela Reforma Política Democrática e Eleições Livres, que conta com a participação, além da entidade máxima da Igreja Católica no país, também da OAB nacional, da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política e do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral defende quatro pontos de substancial importância na mudança política.

Estas organizações e instituições todas querem a proibição do financiamento de campanhas eleitorais por empresas; a adoção do voto proporcional em dois turnos; a alternância de homens e mulheres nas listas de candidatos; e o fortalecimento da democracia via regulamentação do artigo 14 da Constituição Federal, que trata de convocação de plebiscito, referendo e participação popular na gestão publica.

Em sua proposta de reforma política o PMDB, como sabemos, defende o Distritão; o financiamento privado limitado a um candidato por cargo (hoje as empresas financiam todos os candidatos majoritários e vários proporcionais); o fim da reeleição; o término das coligações proporcionais; mandato de 5 anos para deputados e de 10 para senadores com a coincidência das eleições já no ano que vem; e a cláusula de desempenho – a obrigatoriedade de no mínimo 5% dos votos, percentual mínimo distribuído por um determinado número de Estados que os partidos ficariam obrigados a atingir para ter representação no Parlamento.

Atenção: a difícil obtenção de maioria na Câmara

Algumas propostas como o Distritão, a lista fechada pura, o fim do financiamento privado e mesmo a cláusula de desempenho dificilmente terão maioria na Câmara. O Distritão, como sempre alertamos, e o império do dinheiro e da mídia. Só vão se eleger os que tiverem mais dinheiro, gastarem mais, os comumente chamados trens pagadores. Os que tiverem espaço e forem escancaradamente apoiados pela mídia. O Distritão acaba com os partidos já que os mais votados em cada Estado estarão eleitos. Além disso, liquida com as minorias e joga fora mais de 50% dos votos dados pelos eleitores.

Os pequenos partidos e as legendas de aluguel, que resistem ao fim das coligações proporcionais – realmente, uma aberração num sistema proporcional – e à cláusula de desempenho, seguramente se oporão ao Distritão. Com a dispersão dos votos na eleição de 2014 no país hoje eles tem um peso razoável na Câmara, Casa que tem nada menos que 28 partidos representados.

O PT, como sabemos, defende o fim do financiamento empresarial e a implantação do financiamento público exclusivo; o voto em lista fechada; o fim da reeleição e das coligações proporcionais; e a vigência, sim, da cláusula de desempenho. Dessa forma, apoia a proposta da CNBB (e do conjunto de entidades a ela associado) no que diz respeito ao fim do financiamento privado, a participação popular com a regulamentação do artigo 14 da Constituição e a alternância de homens e mulheres nas listas de candidatos.




A mobilização popular e a pressão das ruas mais uma vez podem decidir

Nesse quadro – e como no caso do PL 4330 – quem fará a diferença para aprovar a reforma política que o país quer será a mobilização e a pressão popular das entidades e da sociedade sobre a Câmara. Pressão das ruas, mais o diálogo via redes sociais com os deputados e deputadas em suas bases e cidades. É preciso unir forças em um programa mínimo para enfrentar a maioria que o PMDB procura construir para aprovar o Distritão, seu cavalo de batalha.

O voto distrital misto, sistema pelo qual se elege a metade dos deputados do Estado nos distritos e a outra metade na lista fechada é ruinzinho, mas ainda é a menor pior entre as propostas aí apresentadas. Assim como o financiamento misto (público-privado) com limites para as doações das pessoas físicas e jurídicas. O fim da reeleição, da coligação proporcional, a cláusula de barreira, e até mesmo a coincidência das eleições a cada 5 anos podem acabar sendo consensual entre os maiores partidos.

Mas a batalha crucial mesmo na reforma política será nos três itens principais: no sistema eleitoral – voto em lista fechada, via Distritão, ou sistema misto; o financiamento público exclusivo, o sistema privado com limites e/ou o sistema misto público-privado; e a questão da participação popular. Não nos esqueçamos: nossas elites tem pavor da participação popular nas decisões do país.

Na prática esses três itens definem o caráter do sistema eleitoral a ser adotado e seu financiamento. Definem se o sistema será democrático e independente do poder econômico ou não e se será popular ou elitista. A adoção do Distritão com eleições a cada 5 anos além de afastar o povo das decisões nacionais, liquidará com os partidos e abrirá ainda mais espaço para o poder econômico comandar as eleições. Na prática, elitizará nosso sistema político.



Dossiê * Eduardo Cunha

Eduardo Cunha formava rede de captadores com PC Farias, publica jornal

Jornal GGN - Em ação por danos morais contra o Blog, o deputado federal e atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), contesta um artigo de Luis Nassif que cita seu envolvimento com o chamado esquema PC Farias. Diz a defesa de Cunha que o texto, de maio de 2013 (leia aqui), "imputou-lhe falsamente fato ofensivo à sua reputação, uma vez que é público e notório que o 'esquema PC Farias' dedicava-se à corrupção e à sonegação fiscal, sendo o próprio PC lembrado como um malfeitor e inimigo público." Ele quer indenização por constar ao lado do homem que levou Collor ao impeachment.
O envolvimento a nível nacional de Eduardo Cunha nos escândalos que orbitaram em torno de PC Farias, no início da década de 1990, é registrado em reportagens do jornal O Globo. Em uma delas, de 14 de junho de 1992, o periódico publicou com exclusividade o nomes de "10 captadores de dinheiro" que formavam a rede montada por PC para alimentar a campanha presidencial de Collor em 1989.
"Segundo relatos, a rede de PC era formada pelos ex-secretários de Assuntos Estratégico Pedro Paulo Leoni Ramos (Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso), Paulo Octávio Pereira e Luís Estevão de Oliveira (Brasília), o ex-ministro de Educação Carlos Chiarelli (Rio Grande do Sul), o ex-deputado José Carlos Martinez (Paraná), o ex-governador João Castelo (Norte do País), o ex-presidente da TVE Leleco Barbosa, o publicitário Juca Colagrossi e o atual presidente da Telerj, Eduardo Cunha, do Rio", afirmou o jornal [imagem acima].
O esquema consistia em escalar um operador em cada região do país, com exceção de São Paulo, região coordenada única e exclusivamente pelo irmão de Collor, Leopoldo. No Rio de Janeiro, Cunha era um dos captadores da rede de PC. Segundo O Globo, à época, informantes relataram que uma parte dos recursos angariados pela rede de PC não foi usada na campanha de Collor.
"Os três informantes do Globo concordam com a avaliação feita por Pedro Collor de Mello, irmão do presidente [que entregou à Veja um dossiê contra PC Farias, quando este ameaçou entrar no mercado editorial de Alagoas e concorrer com a família Collor], de que teriam sido gastos apenas 60% ou 70% do dinheiro captado na campanha. Por essas contas, o saldo ao final do segundo turno teria sido de mais de US$ 30 milhões", apurou o jornal. Os captadores da rede de PC aceitavam doações de empresários "preferencialmente em dólares ou em Certificados de Depósitos Bancário (CDB)".
No dia seguinte, 15 de junho de 1992, o jornal dedicou uma página inteira para repercutir a notícia com governadores que passaram a exigir de Collor uma explicação sobre seu envolvimento com PC, acusado de tráfico de influência, enriquecimento ilícito, desvio de recursos de campanha, entre outros crimes.
A manchete principal era "Governadores exigem ação no caso PC" [anexo]. Na mesma página, Cunha, então presidente da Telerj (companhia de telefonia do Estado), ganhou espaço para se defender. Além de negar todas as informações sobre ter participado da rede de captadores de PC Farias, Cunha disse ameaçou processar o repórter que assinou a matéria sem consultá-lo antes.
No início dos anos 1990, os problemas envolvendo PC Farias não eram os únicos com os quais Cunha tinha de lidar. Ele também sofreu desgaste com uma série de reportagens da Folha de S. Paulo sobre sua atuação na Telerj. No período, ele foi acusado de lançar editais para a contratação de empresa que seria responsável pela elaboração e comercialização das listas telefônicas do Rio. À época, o jornalista Janio de Freitas escreveu que Cunha, com as licitações enviesadas, estava a favorecer empresas como a Listel, do Grupo Abril. Outra favorecida em decisões de Cunha seria a NEC, do Grupo Globo.
Janio também é autor de um artigo chamado "Os representantes" [anexo]. No texto, ele aborda os homens indicados por PC Farias para cargos importantes em diversos governos. O caso destacado como o mais "espantoso" é o de Eduardo Cunha, que com dificuldade foi removido da Telerj. Janio cravou que Cunha foi "escolhido a dedo" por PC para o cargo.
A VOLTA COM JORGE LA SALVIA
Quem defendia PC Farias no escândalo que pipocou no início do governo Collor e rendeu o impeachment do ex-presidente era advogado argentino Jorge La Salvia, que também comandava a Secretaria Geral do PRN na campanha de Collor, em 1989. 
La Salvia e Cunha retornaram com força às páginas de Folha de S. Paulo quando o hoje presidente da Câmara estava na chefia da Cehab (Companhia de Habitação do Rio de Janeiro), por indicação do deputado evangélico Francisco Silva (PRN). O jornal fez uma série de denúncias sobre a relação suspeita de Cunha e La Salvia, e isso custou a cabeça do hoje peemedebista, em 13 de abril de 2000 - sua mulher, então jornalista da Globo, viveu o constrangimento de noticiar a demissão da Cehab.
Em fevereiro de 2000, a Folha publicou a reportagem "Governo do Rio abriga ex-colloridos" [anexo], na qual sustenta que "Dois personagens do período Collor voltam a se encontrar, desta vez na Companhia Estadual de Habitação (Cehab) do governo Garotinho: Eduardo Cunha, tesoureiro no Rio de Janeiro da campanha presidencial de 89 e ex-presidente da Telerj (91 a 93), e Jorge La Salvia, ex-procurador de Paulo César Farias e que o teria ajudado quando fugiu do Brasil para a Tailândia. Eduardo Cunha assumiu a presidência da Cehab em setembro. Desde então, Jorge La Salvia frequenta o prédio da companhia, no centro do Rio."
Continua o jornal: "Ele [Cunha] dirigiu a Telerj de fevereiro de 91 a abril de 93, quando foi substituído, já no governo Itamar, por José de Castro. Era considerado, então, do esquema PC, mas sempre negou que tivesse participado do esquema. Cunha chegou a ser réu em um dos maiores processos do caso PC, acusado, assim como Jorge La Salvia e outras 39 pessoas, de envolvimento com Jorge Luiz Conceição, que operava contas fantasmas do chamado esquema PC.”
RELAÇÃO CUNHA-LA SALVIA É INVESTIGADA
Em março do mesmo ano, na matéria "Governo do Rio abre sindicância" [anexo], publicou a Folha: “O governador do Rio, Anthony Garotinho, abriu ontem sindicância para esclarecer a presença de Jorge La Salvia na Cehab. La Salvia é acusado de ter participado do chamado esquema PC durante o governo Collor e responde a vários processos por sonegação fiscal. A Folha informou domingo que Jorge La Salvia frequentava a Cehab. O presidente da empresa, Eduardo Cunha, explicou, então, que La Salvia representava os interesses de uma empresa de administração de crédito imobiliário, a Caci, em uma licitação. Disse ainda que nunca tinha se encontrado com La Salvia na Cehab e que nunca o recebera em seu gabinete. Essa informação foi desmentida por um diretor da própria Caci, Sérgio Mauro Gomes, que informou que foi apresentado a La Salvia no gabinete de Eduardo Cunha.”

Em abril de 2000, no texto "Collorido ressurge em duas novas crises" [anexo]: "O argentino Jorge La Salvia é o ponto comum de três grandes crises recentes na política brasileira. Ele foi o procurador de Paulo César Farias, o PC, durante todo o governo Collor. É o estopim das investigações na Cehab/RJ, pela amizade com outro collorido, Eduardo Cunha. E aparece agora nas investigações que apuram a autoria dos grampos no BNDES. A Folha apurou que foram detectadas várias ligações telefônicas entre Temílson Antônio Barreto de Resende, o Telmo, indiciado como um dos autores do grampo, e Jorge La Salvia."
Francisco Silva foi, na época, o deputado evangélico responsável por abrir as portas do governo Garotinho para Eduardo Cunha. "Eles [Cunha e Francisco Silva] têm um outro fator em comum: o advogado Carlos Kenigsberg. Foi Kenigsberg quem representou, em janeiro, [Francisco] Silva no leilão em que o deputado arrematou [por menos de 20% do valor de mercado] a casa onde Cunha mora, na Gávea (zona sul).” O escândalo da casa também foi entendido como ocultação de patrimônio.
Na ação por danos morais, a defesa de Cunha reclama que o Blog "deixou de informar que o inquérito [instaurado contra Cunha e La Salvia] desobordou em ação penal trancada pelo Tribunal Regional Federal em sede de habeas corpus, por aticipicidade do fato denunciado."
Apelidado de "Trombadinha da Telej"


por PC Farias

Barbara Gancia detona blogueiro implicante que recebe 70 mil por mês de tucano

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