Um dos questionamentos feitos a Dilma, na entrevista do JN, foi a comparação do crescimento econômico do Brasil com o dos outros países do Bric.
Uma discussão realmente curiosa.
Por acaso o julgamento que a população brasileira fará sobre o crescimento econômico aqui, será equiparado ao da Rússia?
Evidentemente que não. O que empresários e trabalhadores querem saber é se esse crescimento é real, gerando emprego e renda, e não se é relativo ao crescimento dos outros países.
Nem tinha secado a tinta ainda, sobre o suposto superaquecimento que o crescimento “chinês” do primeiro trimestre -”incompatível com a capacidade da economia e com as metas de inflação”, diziam – que estranhamente o argumento de não crescer mais é esgrimido contra o governo.
Na verdade, procurasse esconder com esse falso debate, a realidade vivenciada pelos brasileiros.
O governo Lula soube enfrentar a maior crise mundial do capitalismo e o Brasil cresce hoje assegurando emprego e consumo.
Se é para comparar, deveria ser com a situação anterior. Mas disso o JN prefere correr como o diabo foge da cruz.
Miriam Leitão, na sua coluna de hoje, insiste na mesma comparação com os países do Bric.
Porque do Bric e não do crescimento mundial? Não era esse o parâmetro para afirmar no passado que o pífio crescimento da era FHC não era tão ruim, porque a economia mundial não tinha crescido muito?
Miriam leitão vai além dessa comparação com os outros. Ela parte para a defesa de FHC, supostamente injustiçado pelas crítica de Dilma à situação herdada em 2003. Após repetir que o PT foi contra o Plano Real e louvar o esforço feito por FHC para domar a inflação, a jornalista afirma que o repique inflacionário em 2002 foi culpa do Lula e do seu radicalismo, que criou temores no mercado.
Nem uma menção sequer a campanha para promover esse temor feita por FHC, Serra e os tucanos.
Como tanto Míriam, como o mercado puderam constatar depois, a campanha do “medo” realizada na época era infundada, mas o eleitoralismo pesou mais, na atitude do PSDB, que os interesses do país. O país quebraria, vaticinaram os abutres com bico de oro, viraríamos uma Argentina, cantavam os do “bem”. Promoveram assim uma fuga de capitais que adquiriu ainda mais força, devido a dívida pública deixada pelo governo FHC, superior a 60% em relação ao PIB.
Como Miriam Leitão não pode fingir ignorar essa dívida e o papel do FMI durante os 8 anos do governo FHC, ela afirma que o empréstimo com o Fundo também foi produto dos temores com Lula, ignorando o grau atingido pela insolvência brasileira acumulado em anos de farra fiscal, populismo cambial e manipulação eleitoral. Ou em 1998 foi também o medo de Lula que levou à fuga, e após a eleição, à devaluação do Real?
Invocando a história, do jeito global, Míriam Leitão oculta a realidade da economia brasileira durante o mandato tucano. As crises internacionais batiam aqui com força em primeríssimo lugar, por esse motivo e não por Lula. O mercado mundial de capitais vivia apavorado com FHC, em pânico que o Brasil quebrasse e teve que impôr uma política de maior responsabilidade que reduzisse a relação dívida/PIB, gerando superávit primário. Introduzida por Malan, o superávit primário só começou a reduzir esse endividamento com o governo Lula, com a conseguinte queda do risco Brasil. De sorte que quando a crise mundial estorou, virou “marolinha” nas portas do país.
Não era o que Míriam Leitão prognosticava na época, nem o José Serra, diga-se de passagem.
Mas essa história Miriam não conta. O povo, porem a conhece bem, pelo que indicam os índices de aprovação do governo Lula, mais ainda quando comparados aos de FHC.
Mas talvez devamos comparar esses índices aos de Roosevelt após o New Deal, para tentar diminuir os resultados do metalúrgico barbudo e esconder os de FHC. O desejo de Míriam receio não será exorcizado.
As urnas voltarão a emitir seu veredicto, relegando a restauração tucana a uma veleidade fantasiosa de jornalistas nostálgicos do espaço de outrora, nos bastidores do palácio.
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