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por Zé Dirceu


Murdoch e Merval

O jornalista e membro da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira, resolveu colocar a carapuça. Como o seu forte não é a política, para não dizer outra coisa, assumiu abertamente neste final de semana, em seu artigo “Obsessão”, que a mídia - depois de ofender Lula com uma série de adjetivos e tentar me desqualificar, e depois que os jornais perderam a centralidade na formação da opinião pública – continua sendo um “contra poder”, citando um conhecido jornalista espanhol, José Luis Cebrian, diretor do El País.

A questão é exatamente essa: a fusão do controle da opinião pública com o poder, a busca desenfreada da mídia em agir sobre os governos, substituindo o Parlamento e os partidos. Os jornais têm procurado desmoralizá-los de todas as formas. Assim, quando Merval fala em “contra poder”, ele sabe do que está falando. E quando coloca a carapuça no caso Murdoch, sabe mais.

No Brasil, a mídia – em particular, as Organizações Globo - atua a pretexto de combater a corrupção no estilo do velho udenismo, para mudar as políticas dos governos eleitos de forma legítima e democrática. No entanto, quando não alcançam seus objetivos, tentam derrubar os governos e o fazem abertamente.

Ação política

Não se trata somente de métodos ilegais na busca de informações, como estamos assistindo na Grã Bretanha e, tudo indica, em todo império de Murdoch. Mas nos referimos à ação política - pública e secreta - dos donos de jornais e de seus principais articulistas, que operam e articulam ações políticas de oposição contra governos, pressionam os poderes da República, particularmente os do judiciário.

Isso, sem falar em seus métodos ilegais, como a violação do sigilo e segredo de justiça; o acesso a informações de investigações e a inquéritos, por meio de policiais a serviço desses jornais; a busca de informações junto a servidores públicos e funcionários de empresas privadas, por lei proibidos de prestar essas informações, resguardadas pelo sigilo bancário, fiscal e, o mais violado, telefônico.

Mas a violência maior que a mídia pratica é a política, como agora fica evidente no papel da cadeia FOX de Murdoch, a favor do partido Republicano dos Estados Unidos, e cuja ação e operação nos Estados Unidos também começam a ser investigada pelas autoridades federais norte-americanas.

O outro lado da moeda

A atuação e a ação dos jornais, rádios e TVs, além da manipulação da informação - abertamente a favor de determinados partidos e lideranças -, resumem o outro lado das atividades ilegais do grupo Murdoch, que Merval procura esconder atrás da acusação de que queremos controlar a mídia ao propor sua regulação.

Essa mesma regulação temida por Merval existe na Grã Bretanha e nos Estados Unidos - daí a facilidade com que as autoridades locais passaram a investigar o grupo Murdoch, sem que fossem acusadas de querer controlar a imprensa ou de violar a liberdade de expressão. Pelo contrário, a intervenção da polícia e da Justiça foi exigida em nome da manutenção da credibilidade da regulação e das fiscalização dos códigos de conduta e de ética do jornalismo na Grã Bretanha.

Lápide high-tech


Reprodução
Lápide com código QR
A tecnologia está quebrando barreiras, e está presente até mesmo em lugares inusitados - neste caso, em um cemitério de Haifa, em Israel. Yoav Medan perdeu sua mãe em junho do ano passado. Na dúvida do que colocar na lápide, Yoav decidiu implementar um elemento high-tech aos dizeres: um código QR protegido por uma pequena placa de vidro.

Ao escanear o código QR, o software leitor faz o redirecionamento para um site que serve como tributo a Judith, mão de Yoav. Ele pretende rechear a página com histórias, curiosidades e fotos dela: "Eu não sabia o que escrever na lápide e nunca agradaria a todos. Mas o código é totalmente dinâmico e pode estender-se além do tempo", disse Yoav ao TED Global.

O israelense acredita que o memorial na web, junto ao código QR, vai ajudar a criar uma história duradoura sobre sua mãe e que isso vai durar por muitas gerações. Ele disse que está preocupado em como ela será lembrada daqui a 20 ou 40 anos e que queria colocar o que está em sua memória em um lugar que ninguém esquecesse.

do Olhar Digital

por Leonardo Boff

O "complexo Deus" da modernidade

A crise atual não é apenas de escassez crescente de recursos e de serviços naturais. É fundamentalmente a crise de um tipo de civilização que colocou o ser humano como "senhor e dono" da natureza (Descartes). Esta, para ele, é sem espírito e sem propósito e por isso pode fazer com ela o que quiser.

Segundo o fundador do paradigma moderno da tecnociência, Francis Bacon, cabe ao ser humano torturá-la, como o fazem os esbirros da Inquisição, até que ela entregue todos os seus segredos.

Desta atitude se derivou uma relação de agressão e de verdadeira guerra contra a natureza selvagem que devia ser dominada e "civilizada". Surgiu também a projeção arrogante do ser humano como o "Deus" que tudo domina e organiza.

Devemos reconhecer que o Cristianismo ajudou a legitimar e a reforçar esta compreensão. O Gênesis diz claramente: "enchei a Terra e sujeitai-a e dominai sobre tudo o que vive e se move sobre ela"(1,28). Depois se afirma que o ser humano foi feito "à imagem e semelhança de Deus" (Gn 1,26).

O sentido bíblico desta expressão é: o ser humano é lugar-tenente de Deus e como Este é o senhor do universo, o ser humano é senhor da Terra. Ele goza de uma dignidade que é só dele, o de estar acima dos demais seres.

Dai se gerou o antropocentrismo, uma das causas da crise ecológica. Por fim, o estrito monoteísmo retirou o caráter sagrado de todas as coisas e o concentrou só em Deus. O mundo, não possuindo nada de sagrado, não precisa ser respeitado. Podemos moldá-lo a nosso bel-prazer.

A moderna civilização da tecnociência encheu todos os espaços com seus aparatos e pôde penetrar no coração da matéria, da vida e do universo. Tudo vinha envolto pela aura do "progresso", uma espécie de resgate do paraíso das delícias, outrora perdido, mas agora reconstruído e oferecido a todos.

Esta visão gloriosa começou a ruir no século XX com as duas guerras mundiais e outras coloniais que vitimaram duzentos milhões de pessoas. Quando se perpetrou o maior ato terrorista da história, as bombas atômicas lançadas sobre o Japão pelo exército norte americano, que matou milhares de pessoas e devastou a natureza, a humanidade levou um susto do qual não se refez até hoje.

Com as armas atômicas, biológicas e químicas construídas depois, nos demos conta de que não precisamos de Deus para concretizar o Apocalipse.

Não somos Deus e querer ser "Deus" nos leva à loucura. A ideia do homem como "Deus" se transformou num pesadelo. Mas ele se esconde ainda atrás do "tina" (there is no alternative) neoliberal: "não há alternativa, este mundo é definitivo." Ridículo. Demo-nos conta de que "o saber como poder" (Bacon) quando feito sem consciência e sem limites éticos, pode nos autodestruir.

Que poder temos sobre a natureza? Quem domina um tsunami? Quem controla o vulcão chileno Puyehe? Quem freia a fúria das enchentes nas cidades serranas do Rio? Quem impede o efeito letal das partículas atômicas do urânio, do césio e de outras liberadas pelas catástrofes de Chernobyl e de Fukushima?

Como disse Heidegger em sua última entrevista ao Der Spiegel: "só um Deus nos poderá salvar".

Temos que nos aceitar como simples criaturas junto com todas as demais da comunidade de vida. Temos a mesma origem comum: o pó da Terra. Não somos a coroa da criação, mas um elo da corrente da vida, com uma diferença, a de sermos conscientes e com a missão de "guardar e de cuidar do jardim do Eden" (Gn 2,15), quer dizer, de manter a condições de sustentabilidade de todos os ecossistemas que compõem a Terra.

Se partimos da Bíblia para legitimar a dominação da Terra, temos que voltar a ela para aprender a respeitá-la e a cuidá-la. A Terra gerou a todos. Deus ordenou: "Que a Terra produza seres vivos, segundo sua espécie" (Gn 1,24).

Ela, portanto, não é inerte, é geradora e é mãe. A aliança de Deus não é apenas com os seres humanos. Depois do tsunami do dilúvio, Deus refez a aliança "com a nossa descendência e com todos os seres vivos" (Gn 9,10). Sem eles, somos uma família desfalcada.

A história mostra que a arrogância de "ser Deus", sem nunca poder sê-lo, só nos traz desgraças. Baste-nos ser simples criaturas com a missão de cuidar e respeitar a Mãe Terra.



ORAÇÃO A CHÁVEZ NOSSO

Chávez nosso, que estás na prisão,
Santificado seja teu golpe,
Vinga a todos nós, teu povo,
Faça-se a tua vontade
E a de teu Exército.
Dá-nos hoje a confiança já perdida
E não perdoes aos traidores.
Assim como também não perdoaremos
Aos que te prenderam.
Salva-nos de tanta corrupção
E livra-nos de Carlos Andrés Pérez.
Amém.

Escrita por um anônimo, a oração, além de emblemática, sintetiza de forma significativa, uma das principais, senão a principal, base de sustentação da Revolução Bolivariana: a integração cívico-militar.

Rede social para traição chega ao Brasil


Ohhtel
Stephanie Kohn

Quando Michael Williams descobriu que 40 milhões de americanos viviam casamentos sem sexo, ele teve uma ideia: criar um site de relacionamento que fosse uma alternativa para mulheres e homens que precisavam satisfazer seus desejos sexuais. A partir daí, nasceu o Ohhtel, uma rede social de encontros para pessoas casadas. O site já funcionava nos Estados Unidos desde janeiro de 2009 e na semana passada chegou ao Brasil, onde reuniu 10.400 usuários nas primeiras 48 horas, com uma pessoa nova se inscrevendo a cada 16 segundos.

No Ohhtel as mulheres não pagam pelo serviço, apenas os homens. Isso porque, segundo Lais Ranna, vice-presidente de operações do Ohhtel para o Brasil, os homens têm mais facilidade em encontrar parceiras sem a ajuda do site, enquanto as mulheres costumam se envolver com pessoas em seu círculo de amizades e essas relações de adultérios se tornam mais arriscadas. Dessa forma, o site auxilia mulheres a procurar por parceiros que topem uma aventura sexual fora do casamento com total discrição."Homens e mulheres podem se cadastrar e ver perfis gratuitamente, mas somente as mulheres podem enviar email para os pretendentes sem pagar nada. Os homens precisam pagar uma taxa de R$ 60 para enviar mensagens para até 20 mulheres diferentes", explica a executiva.

De acordo com Lais, a rede só chegou ao Brasil, porque a empresa recebeu mais de 3 mil e-mails de brasileiros que haviam se interessado pelo serviço. Além disso, a equipe descobriu que o país está na lista dos cinco lugares que mais acessaram o site nos últimos dois anos, mesmo sem poder usá-lo. Com a alta demanda, o Ohhtel realizou uma pesquisa no fim de 2010 e descobriu que, em um grupo de 2.500 entrevistados, 19,2% vivem um casamento com menos de uma relação sexual por mês e que 51% estão insatisfeitos com suas vidas sexuais. Em uma projeção nacional, os dados indicaram, então, que cerca de 14 milhões de brasileiros vivem casamentos sem sexo. "Não vemos o site como incentivo à traição. As pessoas cometem adultério mesmo em países em que a traição gera pena de morte. Ou seja, as pessoas trairiam com ou sem o Ohhtel, nós apenas somos uma ferramenta para facilitar o encontro com discrição", comenta.

No total 1,4 milhão de pessoas entre Estados Unidos, Canadá, Brasil, Chile e Argentina estão cadastrados no site, mas não necessariamente tiveram relações sexuais com outras pessoas. Lais explica que no site é possível identificar qual é o seu objetivo na rede. Entre as opções estão conversas eróticas, encontro de curto prazo, longo prazo e vale tudo. "Solteiros também podem se cadastrar. Algumas pessoas casadas preferem o relacionamento com alguém que seja desimpedido, assim facilita os encontros", diz. As buscas pelos pretendentes podem ser feitas por meio de diversos filtros como tipo físico, altura, cor dos cabelos, cidade ou idade. Os perfis ainda permitem enviar mensagens privativas e fazer o upload de fotos, que só serão acessadas por pessoas que o usuário autorizar.

Segundo a executiva, umas das vantagens da rede é que o perfil excluído não deixa vestígios da presença do usuário, porque as mensagens são apagadas até da caixa de entrada do antigo parceiro. "Nós recebemos muitos emails de pessoas elogiando o site e, claro, de pessoas que não concordam com isso. Nós não inventamos a infidelidade. Ela existe há milhares de anos. O nosso slogan diz: 'O verdadeiro segredo para um casamento duradouro é a infidelidade'", conclui. A própria vice-presidente, casada há seis anos, confessa que tem seu perfil cadastrado, mas nunca chegou a ter relações sexuais com outras pessoas. Em seu cadastro ela optou por se limitar apenas a conversas eróticas.

O criador do Ohhtel, agora, tem planos de lançar um novo serviço em 2012. Mas, desta vez, a ideia é capitalizar a crescente legalização do uso medicinal da maconha nos Estados Unidos. Já o plano para Brasil é atingir 200 mil usuários até o fim de 2011.

Para quem se interessou em conhecer a rede social, clique aqui.
pinçado do Olhar Digital

Doode - Sua nova rede linux de amigos


Os amantes da liberdade que colaboram de alguma forma com o Software Livre a participarem do Doode, a primeira rede social Linux do Brasil dedicada 100% ao Linux.
O link para cadastro é: www.doode.com.br
Seu criador, Vitor Micillo, espera que gostem da rede e que ela ajude muitas pessoas assim como fóruns e sites de Linux da vida o ajudaram a ter o conhecimento. Viva o Linux.
Colaboração: Vitor Micillo Junoir

Ricardo Noblat pensa que engana quem?

Os penas pagas tucademospiganalhas tão oriçados porque o governo federal através das estatais financiam entidades civis.  

Se dependesse da vontade da corja todo dinheiro público gasto com publicidade iria parar nos bolsos das famílias e seus sabujos.

Contraditório é o argumento usado pelo sr. Ricardo Noblat: "Um veículo de comunicação só pode se comportar com independência, exercendo seu papel de fiscal rigoroso dos poderes públicos e privados, se for economicamente independente"... 

Traduzindo: 
A imprensa é independente se tiver com os cofres cheios. Agora, as entidades sociais são "cooptadas" se tiverem algum $.

Certa está a velhinha Briguilina e o ditado popular:
 Farinha pouca, meu pirão primeiro.

O resto é resto.

10 coisas que incomodam


  1. Ler, ouvir e ver nos jornalecos e telejornais denúncias de corrupção que divulgam apenas os nomes dos acusados de terem sidos corrompidos e jamais publicam os nomes dos corruptores.
  2. Quem não se irrita, em especial aos sábados e domingos, quando vamos à banca da esquina comprar um desses jornalões e verificamos que, em cima da primeira página, estão páginas falsas de publicidade, obrigando-nos a separá-las e a jogá-las no lixo, na  maior parte das vezes sem ler o que estão promovendo?
  3. Outra fonte de irritação, no caso, para os fumantes, é comprar um maço de cigarros  no botequim e ver que numa de suas faces encontram-se abomináveis fotografias de gente sem perna, de pulmões de cor negra e até de sugestões de impotência explícita? Afinal, fomos comprar cigarros, que se matam, deveriam ter sua fabricação proibida, mas jamais produzidos de forma a chocar os usuários de forma obrigatória.
  4. O cidadão chega em casa depois de um duro  dia de trabalho, começa a buscar nos canais a cabo algo que o interesse, à margem da baixaria dos canais abertos, mas é obrigado a assistir incontáveis minutos de publicidade barata, mesmo depois que os contratos apregoam programação sem anúncios?
  5. Na mesma linha, incomoda sobremaneira a propaganda de serviços e de produtos  mentirosos, como o implante dentário a ser feito em três dias, o carro miraculoso que foge dos bichos ou a promessa de devolução do dinheiro se aparecer produto mais barato  num concorrente.
  6. Quem se acomoda ao verificar que num desses engarrafamentos de dezenas de quilômetros não aparece um mísero guarda de transito para ordenar o fluxo de veículos?
  7. O que dizer da avalancha de notícias referentes ao crescimento espetacular da economia, do emprego e da queda da inflação, mas, quando vai ao supermercado ou à feira, verifica estar subindo o preço de tudo? Ou espanta-se quando, na esquina ou num semáforo, aumentou o número de marmanjos vendendo óculos, bolas de vôlei ou panos de prato.
  8. Assistir à sessões do Congresso dá náusea quando deputados e senadores dizem o diabo contra as medidas provisórias, mas, logo depois, aprovam todas sem ao menos conhecer seu conteúdo.
  9. Quando chega a hora de cumprir suas finalidades, a maior das quais é telefonar, falham telefones celulares anunciados aos montes como capazes de calcular a raiz quadrada da Terra a Marte, tirar fotografias e captar canais de televisão, além de despachar torpedos para as amigas.
  10. Incomoda como o diabo  ouvir patriotadas de locutores e comentaristas de rádio e televisão que, às vésperas das competições, apregoam a iminente conquista de mais medalhas e, pior ainda, depois das derrotas, justificam os derrotados como se tivessem todos sido imolados aos pés de Tiradentes, ou garfados pelos diabólicos e solertes inimigos do Brasil.
Mas tem  mais. Muito mais. Basta que cada um se indague porque sobe sua pressão sanguínea diante de cada desilusão ou indignação sofrida, mesmo apenas em horas supostas de lazer e descanso. Mais do que todas, a sociedade brasileira é ludibriada a cada passo dado. Será a culpa  das elites, dos malandros, dos políticos ou dos  banqueiros?  Nem pensar. A responsabilidade é nossa, acima de tudo. Quem manda acreditar em tudo o que se ouve, se vê ou se lê?

Alguém  nos defenderá?  De jeito nenhum.

No dia em que nos compenetramos de que depende exclusivamente de nós livrarmo-nos de tanta enganação, quem sabe a vida comece a mudar? Como foi escrito acima, pode ser que dentro de 100, talvez 200 anos…

9 coisas que incomodam foram escolhidas por Carlos Chagas. A número 1 foi escolhida pela velhinha Briguilina.

A equação dos profissionais

A última moda são manifestações ditas espontâneas, organizadas por cidadãos indignados ou apenas inspirados pela causa genérica comum. Do Cairo a São Paulo, de Madri a Damasco, a receita parece semelhante.

Lança-se a semente nas redes sociais e o fermento da insatisfação, temperado pelo anseio, cumpre a tarefa de fazer o bolo crescer.

Será? Quanto se transformou mesmo a política após a massificação do uso da internet? O meio já cumpre o papel de substituir as organizações partidárias? O indivíduo passou a ocupar o lugar do grupo organizado?

O senso comum diz que sim, que a coisa mudou muito de uns tempos para cá, mas é melhor guardar prudência, para o caso de necessidade, para o caso de não ser bem desse jeito.

Política é política e comunicação é comunicação. Parece acaciano, mas não custa relembrar.

Quando o período dos presidentes militares entrou em declínio não existia ainda nem o fax, hoje obsoleto, e conversar por telefone a respeito de como derrubar o regime era impensável.

Corriam os anos do mimeógrafo a álcool, das gráficas clandestinas e da possibilidade, aqui e ali, de emplacar um texto na imprensa que conseguira sobreviver. E cuja circulação era restritíssima.

Mesmo assim o movimento político e social organizou-se, com os resultados conhecidos. O rio sempre encontra um caminho para o mar. A insatisfação com a economia foi o caldo de cultura para a proliferação.

Nem toda a modernidade, ou pós, conseguiu até agora alterar a receita clássica na disputa política. Ela é missão para profissionais. Da política.

O cidadão comum vive atarefado demais no dia a dia, empenhado demais em sobreviver, em pagar as contas. Pode haver exceções, mas, como o nome diz, elas não são a regra.

Uma andorinha não faz verão sozinha. De vez em quando ela pode até gorjear pela internet, mas é só.

O tempo é um bem escasso. Há uma diferença entre apoiar determinada iniciativa no Facebook e engrossar a militância real.

E essa diferença costuma expressar-se em números. Basta checar.

Os movimentos democráticos no mundo árabe, por exemplo, beneficiam-se da massa crítica reunida no segundo plano da política por organizações islâmicas. Não significa que elas tenham desencadeado ou liderado a emergência dos protestos, mas são fundamentais para a ação adquirir massa crítica.

Todas as revoluções começam mais ou menos de um modo parecido. Resultam da combinação de desarranjos graves na cúpula do poder e fortes insatisfações na base da sociedade, invariavelmente provocadas por dificuldades econômicas e aspirações materiais não atendidas.

Mas nem toda fagulha tem o poder de incendiar a pradaria. É preciso quem se ocupe do trabalho de espalhar o fogo, e de impedir que seja apagado. Nem é indispensável que os espalha-brasas sejam a maioria, eles apenas precisam estar em número suficiente.

Quanto porcento da população egípcia participou dos protestos na Praça Tahrir? Uma porcentagem pequena, bem pequena. E nem vou tão longe. Quantos brasileiros, na ponta do lápis, foram às ruas para exigir as diretas já para presidente naquele hoje algo distante 1984?

Sobre essa última contabilidade, aliás, as mistificações da época vem sendo derrubadas desde que se resolveu lançar sobre elas um olhar de mais precisão matemática.

Dia destes um jornalista espanhol esceveu artigo perguntando por que as acusações de malfeitos não provocam uma reação social e popular no Brasil. A resposta é óbvia.

Não há, no fundo, forças ponderáveis que desejem mudar o status quo, já que todos estão atendidos, de uma maneira ou de outra. No topo e na base, na situação e na oposição, em Brasília ou nos estados e nas cidades.

Ninguém social ou politicamente expressivo deu sinais até o momento de estar vivamente interessado em mudar a equação dominante.

A coisa pode mudar? Sempre pode, mas entre nós seria preciso mobilizar o único foco potencial de insatifação: a classe média que julga sustentar com seu trabalho e seus impostos o bem-estar alheio.

Mas a classe média é uma camada social produzida e cultivada na base do cada um por si. Pode no máximo ajudar a engrossar o caldo quando a onda vem de cima, ou de baixo.
por Alon Feurwerker