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Fardos inúteis

conta uma lenda,que dois monges que atravessavam uma área deserta quando diante de um rio violento, avistaram uma linda jovem que tentava atravessá-lo sem sucesso um dos monges, não sem dificuldades, atravessou o rio e colocando a mulher em suas costas conseguiu atravessar o rio em segurança. a jovem abraçou-o agradecida, comovida com o seu gesto e seguiu seu caminho  

retomando a jornada,

o outro monge que assistiu a tudo calado, repreendeu o amigo,

falando do contato carnal

que houve com aquela jovem,

da tentação de ter aquele contato

mais direto com uma mulher,

o que era proibido pelas suas leis

 e durante um bom trecho do caminho,

esse monge falou sobre a mulher

e sobre o pecado cometido

até que aquele que ajudou a jovem na travessia falou: 
querido amigo, eu atravessei o rio com a jovem

e lá eu a deixei, mas você ainda continua

carregando-a em seus pensamentos 

assim, todos sabem que Deus

não nos dá fardos maiores

que aqueles que podemos suportar,

e muitos dos nossos fardos

já poderiam estar abandonados

em outras curvas da vida,

mas nós insistimos em carregá-los 

levamos nossas dores

e frustrações ao extremo.

dramatizamos demais,

elevamos ao cubo cada dor,

cada ofensa, cada contrariedade

e por isso, não conseguimos relaxar,

perdoar ou mesmo ser feliz,

pois o peso que vamos acumulando em nossas costas

são demais para qualquer cristão 

neste dia especial, eu lhe convido a uma reflexão.

quais são os fardos que você continua carregando

e que já não estão mais com você?

qual é a dor que você anda revivendo

e fazendo com que velhas feridas voltem a sangrar?

por que você não consegue perdoar quem lhe magoou? quantas oportunidades você anda deixando para trás

por estar amarrado ao passado? 

desarme-se.

dos velhos pensamentos,

do espírito da revolta, da tristeza.

hoje é  dia de desmontar

o velho acampamento do comodismo

e seguir adiante na longa jornada que a vida apresenta.

quanto mais leve a sua mochila,

mais fácil a subida rumo a felicidade. 

texto

paulo roberto gaefke 


Vencedor moral

O Senado e a Câmara dos Deputados escolhem hoje os seus presidentes, e a esta altura o mais prudente é esperar o resultado aparecer em cada um dos dois painéis eletrônicos. Já existe porém um vitorioso no terreno moral -o que em política não é pouco. Isto de “campeão moral” ficou meio estigmatizado desde a derrota do Brasil na Copa do Mundo de 1978, na Argentina. Na política, de todo modo, pessoas ou partidos capazes de ostentar o trunfo moral obtêm uma vantagem competitiva e tanto.

O campeão moral desta eleição é o Partido dos Trabalhadores. O PT arrebatou o troféu com a participação decisiva do seu suposto arqui-adversário, o PSDB. E graças ao competente trabalho de articulação política do senador Tião Viana (PT-AC). Partamos da premissa de que é sincera a versão tucana sobre o apoio ao petista no Senado. A adesão se explicaria não por apetites fisiológicos desatendidos, mas pela necessidade imperiosa e inadiável de “limpar” a Casa. Assim, em resumo, o PSDB acha que a questão central da hora é “varrer a sujeira” do Salão Azul -e que o mais apto para a tarefa é um candidato indicado pelo Partido dos Trabalhadores.

É uma mudança e tanto para quem até outro dia catalogava o PT no índex dos “quadrilheiros”, “mensaleiros”, entre outras qualificações pouco amigas. O que mudou? É possível que nem o PSDB acreditasse no que dizia do PT nos tempos duros, em que os tucanos afirmavam ver nos petistas a personificação do mal. Ou pode ser que, para os tucanos, o PT de hoje seja essencialmente diferente da sigla abalada anos atrás no escândalo desencadeado pelas acusações de Roberto Jefferson. Teria havido portanto uma “refundação”. Se aconteceu a tal “refundação”, o jornalismo comeu mosca, pois ninguém noticiou o fato relevante.

Há também a explicação mais confortável. De que Tião Viana é do PT, mas não é “do PT”. Um estranho no ninho. Um ponto fora da curva. É uma explicação fraquinha. A análise política é como o futebol. O sucesso na maior parte das vezes está em não fazer firula, em buscar o mais simples. O PSDB, na sua autonomeada e recém-proclamada missão de realizar uma “faxina ética” no Senado, escolheu um senador do PT para comandar os exércitos na guerra. E não se trata de um dissidente. É alguém indicado pelo PT, um quadro orgânico do partido. Ainda que o PSDB tenha desejado homenagear o indivíduo, não há como a homenagem não se estender à agremiação. Parabéns ao PT.

Os acadêmicos deveriam estudar a sério o fascínio que o PT exerce sobre o PSDB. Já há massa crítica para a análise de cientistas políticos. Ou de psicólogos políticos. O apoio a Tião não é inédito. Dois anos atrás, vieram da bancada tucana os votos que deram a Presidência da Câmara dos Deputados ao PT. Talvez o tucanato veja o petismo como o que ele próprio desejaria ser, mas não consegue: uma social-democracia com base popular. Talvez o PSDB tenha se proposto como meta “catequizar” o PT, expurgá-lo de seus supostos excessos jacobinos. Ou bolcheviques. Sei lá. Gente estranha.

Enquanto os especialistas tentam decifrar a alma tucana, eu vou aproveitar melhor o meu tempo, seguir o meu próprio conselho e fazer o simples. O arroz com feijão. Não vou fugir da raia, vou dizer ao leitor o que acho mais adequado. Pronto. Talvez os jornalistas e os consumidores de informação devêssemos fazer um pacto. Todos nos recusaríamos a gastar tempo, intelecto e energia com o que tucanos e petistas dizem uns dos outros. Desconsiderar esse aspecto da realidade. Olhar apenas os fatos. Desprezar as declarações.

É isto: está na hora de uma moratória jornalística do lero-lero tucano-petista. Para não ser radical, e não sonegar notícias ao consumidor, talvez fosse o caso de criar uma seção específica nos diários. Algo como “o que eles falaram ontem uns dos outros mas que não tem nenhuma importância”. Seriam notinhas curtas, sem encheção de linguiça. Aí, petistas e tucanos trocariam recados, mas poupando o preciosíssimo tempo do cidadão. A imprensa não está permanentemente em busca de novas maneiras de ser útil ao público? Eis uma.

Sarney vence Tião

José Sarney (PMDB-AP) é o novo presidente do Senado. Prevaleceu sobre Tião Viana (PT-AC).

Numa manhã de Casa cheia, Sarney precisava de 41 votos. Obteve 49. Com Contra 32 dados ao seu adversário. Vai ao comando do Senado pela terceira vez.

O êxito de Sarney sacramenta a ressurreição política de Renan Calheiros (PMDB-AL), patrono da candidatura dele.

Ao término de uma gestão em que teve de renunciar ao comando do Senado para salvar o próprio mandato, Renan volta ao centro do palco.

Estava ao lado de Sarney, há pouco, no beija-mão que se seguiu à proclamação do resultado. Difícil saber qual dos dois se sente mais vitorioso.

Sarney não obteve a unanimidade que gostaria. Tampouco ultrapassou a fronteira dos 50 votos, como previra sua equipe.

Mas os 49 votos que o morubuxaba do PMDB arrancou do plenário seriam suficientes para aprovar uma emenda à Constituição.

É, no jargão parlamentar, quorum qualificado. O rival Tião Viana obteve 11 votos a menos do que os 43 que dizia ter na véspera.

Tião desce à crônica da disputa como vítima de traição. Traíram-no alguns colegas. Traiu-o também o otimismo de candidato.

Graças ao apoio da maioria do PSDB, o candidato do PT livrou-se do vexame. A última disputa que eletrizara o Senado dera-se entre Renan Calheiros e José Agripino Maia.

Agripino, o derrotado de então, amealhara 28 votos. Tião, o vencido de agora, colecionou quatro a mais: 32.

Ironicamente, além da dívida política que contraiu com Renan, Sarney deve o seu triunfo ao apoio de Agripino Maia, que arrastou consigo a bancada do DEM.

Todos os olhares se voltam agora para a Câmara. Ali, a menos que ocorra uma torrente de traições, deve ser eleito Michel Temer (PMDB-SP).

Algo que, se for confirmado, imporá a Lula o convívio com um Legislativo submetido à hegemonia do PMDB.
Josias de Souza