Aos nossos leitores
1 – A imprensa está dando acolhida a uma petição que corre na internet tentando constranger Chico Buarque a devolver o Jabuti de Melhor Livro do Ano — prêmio conquistado de maneira legal e legítima, escolhido por um amplo corpo de jurados ligados à indústria do livro no Brasil.
2 – A petição tem, entre uma infinidade de nomes duvidosos e repetidos, as assinaturas de Dom Quixote de la Mancha, Jesus Cristo e Pedro Álvares Cabral. Até o nome do próprio Chico Buarque assina o documento.Como a imprensa pode precisar o número correto de assinantes, se a lista foi propositalmente inflada por uma parcela imensa de nomes falsos e repetidos? Quais critérios teriam os jornais e as revistas para verificar, entre milhares de assinaturas, quais são as autênticas e quais são as falsas? Não é preciso muito para se concluir que esta é mais uma daquelas ações de baixa credibilidade tão comuns na internet.
4 – A ombudsman da Folha, Suzana Singer, e o jornalista Clóvis Rossi fizeram esta semana importante alerta sobre a necessidade de o jornalismo desenvolver mecanismos eficientes para separar informação fidedigna e verdadeira da avalanche de insultos, boatos, falsificações e mensagens apócrifas que a internet despeja todos os dias. O debate cultural sério não pode ser pautado por aqueles que se dedicam à difamação em tempo integral.
5 – Nos dezoito anos de vigência deste regulamento, o prêmio de Melhor Livro do Ano foi concedido por dezessete vezes a um livro que não estava em primeiro lugar nas categorias do Jabuti. A reação ao prêmio deste ano revela tanto desconhecimento da obra do escritor quanto das regras e histórico do prêmio Jabuti.
6 – A Companhia das Letras agradece a manifestação de solidariedade que vem recebendo de leitores, autores, editores, livreiros, jornalistas e agentes literários. Mantemos a nossa convicção de que a obra de Chico Buarque é maior do que este lamentável episódio e que ela ficará — assim como a nossa política editorial criteriosa e de sempre renovado compromisso com a qualidade.
Comentário: de Luis Nassif
O caso Chico Buarque expõe de maneira nítida os pactos espúrios envolvendo a Editora Record e a estrutura barra pesada da revista Veja.
A pretensão do presidente da Record Sérgio Machado – de tirar a premiação de Chico Buarque do Prêmio principal do Jabuti – era tão absurda que até julguei que tivesse havido mudança no regulamento. Só isso justificaria a virulência de Machado, acionando os assassinos de reputação abrigados no portal da revista.
Nada ocorreu. Chico foi premiado com os regulamentos sendo estritamente obedecidos. Restou apenas o esperneio e os esbirros autoritários da Record, tendo como arma o modelo de macartismo e de assassinato de reputação criado pela revista e que ela ainda permite que seja praticado por funcionários de segundo escalão.
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