Segue-se uma reprodução livre do depoimento de Lula:
Lula conta que não conhecia o presidente do Irã, Ahmadinejad.
Encontrou com ele em Nova York e perguntou: você não acredita no Holocausto ?
Se for isso, você é o único que não acredita !
Ahmadinejad respondeu: não foi isso o que eu quis dizer.
O que eu quis dizer é que morreram 70 milhões na Segunda Guerra e fica parecendo que só morreram os judeus.
Então, disse o Lula: a pior coisa num político é não se fazer entender.
Então vá lá e diga. Mas, reconheça que os judeus não morreram na Guerra ! Foi um genocídio !
Aí, Lula disse a Ahmadinejad que queria para o Irã o mesmo que quer para o Brasil: enriquecer urânio e usar para fins científicos e para a energia nuclear. Fora disso, não tem o meu apoio.
Aí, Lula chegou e perguntou ao Obama: você já conversou com o Ahmadinejad ? Não, ele respondeu.
À Merkel: você já conversou ? Não.
Ao Sarkozy: você já conversou com Ahmadinejad ? Não.
Ao Gordon Brown. Não !
Ao Berlusconi: não !
Como é possível que dois chefes de Estado não possam conversar sobre um problema ?, se perguntou Lula.
Aí, Lula achou era possível tentar um acordo.
E se comprometeu a ir a Teerã para que Ahmadinejad deixasse a Agência Internacional de Energia Atômica (da ONU) ir inspecionar as instalações nucleares iranianas.
Lula cansou de ouvir da Hillary Clinton para não ir – imita a voz fanhosa de Hillary – , porque seria uma ingenuidade.
Lula estava em Moscou, com o presidente Mevdev, e ligaram dos Estados Unidos: você é um ingênuo, não vá lá.
Lula passou dois dias no Irã com o ministro Celso Amorim.
Esteve com o presidente do Congresso, com o grande líder Khamenei e com Ahmadinejad.
Eu disse pra ele: perdi todos os meus amigos.
A minha querida imprensa democrática me bate pra cacete.
Eu não saio daqui sem um compromisso.
Negociamos até meia noite.
Combinamos que no dia seguinte, às 9h da manhã, assinaríamos um acordo.
Aí, o Sarkozy telefonou: o Ahmadinejad não cumpre o que promete. Tem que fazer ele assinar.
Às 9h da manha, o Ahamadinejad pergunta se não dava para ser só de boca.
Sabe o que todo mundo diz de você ?, Lula pergunta. Sabe ? Que você não cumpre o que promete.
Só saio daqui com papel escrito !
Dez dias antes de viajar, o Obama tinha mandado uma carta ao Lula com os pontos que achava inegociáveis na questão nuclear iraniana. O que o Ahmadinejad tinha que topar fazer.
A carta-compromisso que o Ahmadinejad assinou cumpria tudo o que o Obama pediu !
Dias depois, a agência Reuters publicou a carta de Obama e estava tudo lá: na carta que o Ahmadinejad assinou.
Eu achei, disse o Lula, que, quando o Celso Amorim – e Lula elogiou muito o trabalho de Amorim – anunciasse a próxima ida da Agência Internacional de Energia Nuclear a Teerã, e divulgasse a carta, a crise amainasse.
Mas, não !
Os países ricos aumentaram a pressão sobre Ahmadinejad.
Que aquela carta não valia !
Sabe qual é a minha conclusão ?, perguntou Lula.
Que eles (os ricos) não querem que exista um novo ator !
O Brasil ? Não ! Não se meta ! O Oriente Médio não é coisa pra você !
É coisa nossa !
Ah, é ?
Então, se a ONU foi capaz de criar o Estado de Israel, por que não cria o Estado Palestino ?
(Essa é uma reprodução não literal de um trecho da palestra de Lula, feita por Paulo Henrique Amorim, que a assistiu, ao vivo, no Conversa Afiada)
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10 previsões previsíveis para 2011
(*) Nelito Fernandes facilita a vida de pais de santos, cartomantes e videntes e apresenta as previsões infalíveis para o novo ano.
Todo fim de ano, pais de santos, cartomantes e videntes em geral tentam, em vão, adivinhar o futuro. Mas não é tão difícil assim prever o que vem por aí. Para facilitar o trabalho dessa turma, apresento as previsões infalíveis para 2011. No ano passado eu acertei todas.
1) Uma estrela mirim ou teen americana vai entrar em clínica de reabilitação.
2) São Paulo ou Rio será alagada por um temporal e a prefeitura dirá que caiu num só dia toda a chuva prevista para os próximos seis meses.
3) Um crime hediondo chocará o Rio, o governador dirá que basta, uma multidão fará uma passeata vestida de branco e o Congresso vai aprovar leis mais duras para o tráfico.
4) O PSDB não saberá fazer oposição e não encontrará uma bandeira.
5) Ahmadinejad vai dizer que é perseguido e que seus fins são pacíficos.
6) Dado Dolabella vai dizer que é perseguido e que seus fins são pacíficos.
7) Chavez aprovará mais 10 anos de mandato "a pedido do povo".
8) A Rede TV divulgará que o Pânico marcou 4 pontos no Ibope.
9) Três ex-BBBs serão capa da Playboy. Talvez juntas.
10) As previsões para 2011 valerão para 2012. E para 2013, 2014, 2015...
* Repórter da sucursal Rio de ÉPOCA, escritor, autor teatral e redator de humor do Multishow. Nesta coluna tenta misturar humor e opinião comentando o noticiário, embora admita que na maioria das vezes é difícil manter o humor.
ASSIM COMO NO IRAQUE...
por Carlos Chagas
A comunidade internacional dispõe de todos os motivos para desconfiar das intenções do Irã, que apesar de haver assinado acordo com o Brasil e a Turquia, continuará enriquecendo urânio a 20% ou mais em seu território. Desconfia-se, também, que o presidente Ahmadinejah permanece disposto a fazer a bomba atômica. É preciso cuidado e vigilância, apesar de nenhuma reação registrar-se diante da evidência de que Israel possui artefatos nucleares.
Agora tem um problema: não fosse o país dos aiatolás um dos maiores produtores de petróleo do mundo, seria tão grande assim a má vontade das potências nucleares, com os Estados Unidos à frente? Afinal, de verdade ou de mentirinha, o governo de Teerã assinou um tratado comprometendo-se a enviar 1.200 quilos de urânio pouco enriquecido para a Turquia e a receber, dentro de um ano, 120 quilos enriquecidos a 20%, de uso limitado a atividades energéticas e de medicina.
Estariam os gaviões atômicos empenhados apenas em impedir o Irã de ingressar no seu clubinho? Ou andam de olho no petróleo do país, hoje exportado para o mundo inteiro, mas pode ser que amanhã, não, por iniciativa de um dirigente radical qualquer?
É bom não esquecer o que aconteceu no Iraque. Saddam Hussein teria sido deposto e condenado à morte por possuir armas de destruição em massa, que afinal não possuía, ou por haver prometido trocar o dólar pelo euro, nos negócios petrolíferos sob sua supervisão? Hoje, quem comanda as operações de extração e comercialização do petróleo iraquiano, senão as grandes empresas americanas e inglesas?
Não cogitam, por enquanto, da invasão armada do Irã, mas que ela se encontra minuciosamente planejada, não há que duvidar. Assim como no caso da invasão do Iraque, argumentos e pretextos não faltam. Saddam invadiu os poços de petróleo do Kwait, foi posto para fora e ficou marcado para morrer. Ahmadinejah que se cuide.
UMA VITÓRIA INEGÁVEL
por Carlos Chagas
Depois de estar perdendo no primeiro tempo, o presidente Lula virou o jogo e ganhou a partida, nas planícies do Irã. Se vai conquistar o campeonato, fica para depois, mas a vitória foi tão promissora quanto surpreendente.
O país dos aiatolás negou mas acabou aceitando fazer na Turquia a troca de combustível nuclear. Mandará 1.200 quilos de urânio de baixo enriquecimento e receberá, no prazo máximo de um ano, 120 quilos enriquecidos a 20%, sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica.
Resta saber se a comunidade das potências nucleares abandonará a postura de má-vontade, aceitando o acordo capaz de evitar sanções econômicas já preparadas há meses. Em uma semana o Conselho de Segurança das Nações Unidas decidirá.
Indaga-se qual a tática utilizada pelo presidente brasileiro para dobrar a intransigência do presidente Ahmadinejad. Não terá sido pela promessa de financiar um bilhão de euros para o Irã importar nossos alimentos. Nem soja, nem arroz, nem jaboticabas conseguiriam tanto. Mais provável é que o Lula tenha lembrado ao anfitrião a sombra iminente de uma conflagração que o Brasil não teria condições de evitar. De qualquer forma, registrou-se sucesso onde o fracasso parecia certo, depois de 18 horas de diálogo ininterrupto em Teerã, de domingo para segunda-feira.
Há quem desconfie que os iranianos conseguiram ganhar tempo, persistindo na intenção de fazer a sua bomba atômica, pois mantiveram a disposição de não aceitar que suas usinas nucleares sejam fiscalizadas.
O episódio revela algumas novidades, além da evidência de que o Brasil entrou com sucesso nas negociações do clube das nações influentes do planeta. Não fosse a ação do presidente Lula e o impasse continuaria, próximo até de uma ação militar dos Estados Unidos contra o Irã.
Mas tem mais. Ficou claro que a Turquia, aceitando enriquecer urânio iraniano, também dispõe de condições para fazer sua bomba atômica, ainda que seu governo tenha assinado todos os tratados de não proliferação de armas nucleares e não demonstre estar trabalhando em silêncio.
Também é óbvio que o Irã, podendo dispor de 1.200 quilos de urânio para enviar à Turquia, terá muito mais do que o dobro em seus arsenais.
Outra conclusão a tirar refere-se à postura das potências nucleares: continuarão arreganhando os dentes para o governo de Ahmadinejad, lembrando a fábula do lobo e do cordeiro, ou descobrirão que debaixo da pele deste permanecem garras e presas daquele?
Em suma, tratou-se do mais arriscado lance de nossa política externa, nas últimas décadas. Desde que o general Ernesto Geisel assinou o acordo nuclear com a Alemanha e rompeu tratados militares com os Estados Unidos que não se via coisa igual. E permanece, no fim das contas, aquela velha pergunta: se eles podem, porque não podemos nós?
Lula consegue convencer o Irã a assinar acordo nuclear, com apoio da Turquia
O mundo amanhece sob o impacto de uma notícia vinda de Teerã. Uma novidade que traz as digitais de Lula.
Os brasileiros ainda dormiam quando Lula foi ao café da manhã, nesta segunda (17).
Dividiu a mesa com o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, e o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.
Depois de se alimentar, os três foram ao encontro dos jornalistas. Trouxeram à luz um acerto esboçado na véspera.
Sob a mediação do Brasil e com a participação da Turquia, o Irã concordou em assinar um acordo para a troca de urânio por combustível nuclear.
Ao lado dos chefes e sob olhares dos repórteres, os ministros das Relações Exteriores dos três países assinaram o acordo.
Coube ao porta-voz da chancelaria iraniana, Ramin Mehmanparast, esmiuçar os termos do entendimento.
Pretende-se que a coisa funcione assim: O Irã enviará à Turquia 1.200 kg de urânio de baixo enriquecimento (3,5%).
O urânio ficará guardado na Turquia, sob vigilância turca e iraniana, pelo período de um ano.
Decorridos os 12 meses, o Irã receberia em troca 120 quilos de urânio enriquecido a 20% da Rússia e da França. Material destinado a pesquisas médicas.
Trata-se de uma fórmula parecida com a que havia sido sugerida, no final do ano passado, pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica da ONU).
A diferença é a presença da Turquia como fiel depositária do urânio do Irã. O governo turco mantém boas relações com Teerã e também com o Ocidente.
Comprometeu-se a devolver o urânio a Teerã caso os russos e os franceses não cumpram com a sua parte no acordo.
O acerto será submetido agora à AIEA. Só vai ser implementado se obtiver o aval da agência da ONU.
Imagina-se que o novo cenário pode esvaziar o balão das retaliações ao Irã, soprado pelos EUA, com a ajuda da comunidade Européia.
Se tudo correr como planejado, Lula voltará para o Brasil como sempre. Vencendor.
Será difícil para a oposição aturá-lo.
Muita gente no Brasil e no mundo já fala em articular a candidatura de Lula ao Nobel da Paz.
O confronto entre duas visões de mundo e soberania
Rússia apoia esforço do Brasil pela paz no Irã; Sarkozy endossa tentativa brasileira de um acordo que evite sanções contra o Irã; alto funcionário do Departamento de Estado norte-americano reconhece: 'Lula é a última chance para que o Irã retorne negociações". O embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, ao Financial Times: ' À medida que o Brasil se torna mais afirmativo globalmente e começa a afirmar sua influência, vamos trombar com o Brasil em novos temas - como o Irã, o Oriente Médio, o Haiti; embora positiva de uma maneira geral esta postura brasileira está nos desafiando porque significa que temos de repensar a forma como entendemos nosso relacionamento". E Serra? Aspas para sua declaração em entrevista à RBS essa semana: 'Como presidente, não receberia nem visitaria Ahmadinejad'.
Osama Bin Laden está em...
Ao ser questionado se Bin Laden estava escondido no Irã, Ahmadinejad riu e respondeu:
“Fiquei sabendo que está em Washington”, disse.
“Sim fiquei sabendo. Ele está lá. Porque era um antigo parceiro do sr. Bush. Eles eram colegas, de fato, nos bons tempos. Você sabe disso. Eles estavam juntos no negócio do petróleo. Eles trabalharam juntos. Bin Laden nunca cooperou com o Irã, mas cooperou com o sr. Bush”, afirmou Ahmadinejad, sem explicar se a referência era ao ex-presidente George Bush (1989-93) ou ao filho deste, o também ex-presidente George W. Bush (2001-2009).
“Pode ter certeza de que está em Washington”, completou, sem perder a seriedade.
“O governo americano invadiu o Afeganistão para prender Bin Laden. Eles provavelmente sabiam onde Bin Laden estava. Se não sabiam, por quê invadiram? Podemos conhecer as informações de inteligência?”, questionou à ABC.
“Primeiro, eles deveriam tentar descobrir a localização dele e, então, invadir. Não conhecer a localização, invadir e tentar descobrir onde ele está, isto faz sentido?”.
NÃO É NECESSÁRIO CONCORDAR SEMPRE
Na véspera da visita do chefe do Estado iraniano, Mahmoud Ahmadinejad ao Brasil, Barack Obama enviou uma carta ao Presidente Lula.
Ninguém viu nem leu tal carta.
Mas o jornal americano New York Times revela em reportagem que nela Obama discorda da posição brasileira em relação ao Irã, à Venezuela e Honduras entre outros temas.
Sabe-se que Lula respondeu pontualmente, através de outra carta, ao presidente norteamericano.
O Ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que a carta de Lula é franca e amistosa.
Ninguém, igualmente, viu nem leu a carta do presidente brasileiro.
É sabido por todos que a grande imprensa não tem poupado esforços para demonstrar uma tensão que inexiste na relação Brasil-Estados Unidos.
No que diz respeito ao Irã, Obama se opõe psicoticamente ao seu programa nuclear. Mas não faz o mesmo, por exemplo, em relação à Israel.
Os EUA mataram Sadam Russen e destruíram um país por causa de suas suposições, jamais comprovadas,de que o Iraque tinha um arsenal nuclear atômico.
E a mídia não somente aplaudiu como transmitiu o assasinato de um presidente que antes – quando era economicamente conveniente – havia sido aliado dos americanos na guerra com o Kuwait.
Não espanta que essa mídia, em especial a Globo, relacione o Irã como sendo o pior dos males para a humanidade e a visita de seu presidente ao Brasil como um fenômeno que trará o fim do mundo e, antes disso, a desmoralização de Lula, que, segundo o Wilian Vaque, fez “afagos” num ditador e criminoso em potencial.
A Globo, com o despudor que lhe é habitual, se esforça para dizer que Obama repreende o Presidente Lula porque esse “apóia” o maior inimigo dos americanos.
"O Brasil tem essa obsessão de que se ele não concorda com os EUA vai cair um raio na nossa cabeça. Não é assim", disse Amorim a jornalistas.
Ele poderia muito bem ter trocado a expressão “o Brasil” por “a imprensa”.
O Brasil não é obrigado a concordar em nada nem ter medo de defender soberanamente sua posições dos Estados Unidos.
Nós não somos uma colônia americana.
Concordar ou não do que faz ou deixa de fazer um país é um direito de todo e qualquer outro país.
Inclusive os Estados Unidos.
Eles só precisam saber que o Brasil tem um governo, e que esse governo respeita, mas não se curva – porque não teme – aos caprichos de quem quer que seja.
Inclusivedos dos Estados Unidos.
Basta ver a posição brasileira sobre o golpe de estado hondurenho e a americana para ver que não andamos implorando concordâncias e assentimentos de ninguém às nossas atitudes.
Ninguém viu nem leu tal carta.
Mas o jornal americano New York Times revela em reportagem que nela Obama discorda da posição brasileira em relação ao Irã, à Venezuela e Honduras entre outros temas.
Sabe-se que Lula respondeu pontualmente, através de outra carta, ao presidente norteamericano.
O Ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que a carta de Lula é franca e amistosa.
Ninguém, igualmente, viu nem leu a carta do presidente brasileiro.
É sabido por todos que a grande imprensa não tem poupado esforços para demonstrar uma tensão que inexiste na relação Brasil-Estados Unidos.
No que diz respeito ao Irã, Obama se opõe psicoticamente ao seu programa nuclear. Mas não faz o mesmo, por exemplo, em relação à Israel.
Os EUA mataram Sadam Russen e destruíram um país por causa de suas suposições, jamais comprovadas,de que o Iraque tinha um arsenal nuclear atômico.
E a mídia não somente aplaudiu como transmitiu o assasinato de um presidente que antes – quando era economicamente conveniente – havia sido aliado dos americanos na guerra com o Kuwait.
Não espanta que essa mídia, em especial a Globo, relacione o Irã como sendo o pior dos males para a humanidade e a visita de seu presidente ao Brasil como um fenômeno que trará o fim do mundo e, antes disso, a desmoralização de Lula, que, segundo o Wilian Vaque, fez “afagos” num ditador e criminoso em potencial.
A Globo, com o despudor que lhe é habitual, se esforça para dizer que Obama repreende o Presidente Lula porque esse “apóia” o maior inimigo dos americanos.
"O Brasil tem essa obsessão de que se ele não concorda com os EUA vai cair um raio na nossa cabeça. Não é assim", disse Amorim a jornalistas.
Ele poderia muito bem ter trocado a expressão “o Brasil” por “a imprensa”.
O Brasil não é obrigado a concordar em nada nem ter medo de defender soberanamente sua posições dos Estados Unidos.
Nós não somos uma colônia americana.
Concordar ou não do que faz ou deixa de fazer um país é um direito de todo e qualquer outro país.
Inclusive os Estados Unidos.
Eles só precisam saber que o Brasil tem um governo, e que esse governo respeita, mas não se curva – porque não teme – aos caprichos de quem quer que seja.
Inclusivedos dos Estados Unidos.
Basta ver a posição brasileira sobre o golpe de estado hondurenho e a americana para ver que não andamos implorando concordâncias e assentimentos de ninguém às nossas atitudes.
Quem é o louco?
Quem deu estas respostas abaixo a Empresa Brasileira de Comunicação é um *louco, qual tua opinião?
EBC: O que ficou decidido sobre a atuação dos dois países nos conflitos do Oriente Médio?
As causas dos conflitos do Oriente Médio constituem uma das questões mais complexas do mundo. Temos que identificar as raízes e assim tratá-las. Vamos continuar nossas conversas com o presidente Lula nesse sentido. E espero que, baseados na Justiça, possamos chegar a uma solução, porque o presidente Lula deseja Justiça e nós, também. Pode ser que nossas informações sejam diferentes e até nossas atitudes e nossos comportamentos. Se intercambiamos nossas opiniões e ideias, pode ser que isso coincida e criaremos uma opinião. Estou muito “esperançado” e espero que Deus ajude nisso.
EBC: Com o conjunto dos acordos assinados hoje o que vai representar em termos de balança comercial entre Brasil e Irã?
O Produto Interno Bruto (PIB) iraniano é da ordem de US$ 800 bilhões (paridade de poder de compra), isso num momento em que os preços no país estão muito baixos em termos internacionais. É muito natural que as relações entre os dois países sejam feitas em torno do desenvolvimento econômico – nós temos potencialidades e também necessidades. E Brasil, o mesmo. Podemos trabalhar em um sistema de complementaridade na atividade produtiva e comercial para que os dois países se desenvolvam economicamente com mais aceleração.
EBC: O presidente Lula conseguiu mudar a sua visão sobre a questão nuclear?
Será que ele queria fazer isso?
ABr: Havia uma expectativa de que o Brasil e o Irã poderiam estabelecer um caminho comum na questão nuclear?
O caminho comum não significa alteração das visões. Nós estamos caminhando por um caminho e isso quer dizer que também estamos fazendo cooperações naquilo que é semelhante entre os dois países.
EBC: O Irã assinou o tratado de não proliferação, e existe inclusive uma lei rigorosa religiosa que proíbe armas nucleares. Por que o resto do mundo tem dificuldade de acreditar no Irã?
Não é o mundo, são alguns países que tem hostilidade conosco, eles querem monopolizar a energia nuclear. Até são contra o desenvolvimento do Brasil e também são contra o desenvolvimento do Irã. Inspecionaram atividades [nucleares] iranianas e foi divulgado pela Agência Internacional de Energia Nuclear que não houve desvio no programa nuclear iraniano.
EBC: De onde vêm os fundamentos das críticas?
Aqueles que estão contra o Irã não são pessoas que estão contra os armamentos nucleares; porque eles têm. Se alguém está contra um ato ilegal, inaceitável, em primeiro lugar, não tem que fazer isso. Como eles estão praticando isso e querem que outros não pratiquem? Nós pensamos que a era dos armamentos nucleares já chegou ao fim. Se esses armamentos nucleares fossem úteis, teriam ajudado a União Soviética e também o governo norte-americano a vencer no Afeganistão e no Iraque. O regime ocupacionista de Israel também poderia ganhar algo em Gaza. Sabemos que isso não ajuda. Tanto pelos regulamentos como pelos pensamentos sobre o uso desses armamentos. Pela religião, é proibido, e no pensamento lógico isso também não funciona. Nós achamos que aqueles que estão à procura de armamentos nucleares são pessoas politicamente atrasadas. A era dos armamentos já acabou. Começou a era da humanidade, do pensamento: o poder dos povos é o pensamento e não os armamentos nucleares.
EBC: O Irã vai continuar sua experiência com enriquecimento de urânio ou vai comprar no exterior o urânio enriquecido de que precisa?
Continuamos o enriquecimentos de urânio para combustível em nossas usinas. O que nós queremos comprar é combustível para um reator que ajuda na produção de medicamentos. Nós propomos isso para que se desenvolva a cooperação em nível internacional. E deixamos uma oportunidade para que aqueles que estavam contra o Irã possam estabelecer uma cooperação com o programa nuclear iraniano.
EBC: Há uma minoria judia no Irã que relata ser muito bem tratada, acolhida, respeitada pelos iranianos, mas há outras minorias que enfrentam certas dificuldades, como, por exemplo, 18 líderes Baha'is presos recentemente e outras pequenas minorias que reclamam por direitos humanos. O Irã, que sofreu com o autoritarismo de outros países, pode se permitir condições autoritárias para parte de sua população?
Pela Constituição iraniana, todas as religiões divinas são livres para praticar suas tradições, como judeus, cristãos, muçulmanos. Essas religiões podem praticar seus costumes e cultos e ter representação no governo e no Parlamento. A nossa Constituição não considera Baha'is como religião. Não é uma religião, é um grupo político e, por isso, não é reconhecido pela Constituição. No Irã, na convivência pessoal, eles (Baha'is) estão livres, mas não podem estar presentes na governança do país ou ter um centro para seus cultos. Isso é lei.
EBC: Essa resposta provocou uma dúvida: O que é democracia para o senhor?
Hoje democracia tem mais de 50 aspectos diferentes. Um conceito e uma definição, por exemplo, é o governo do povo para o povo. E os meios para atingir isso são diferentes, mas só sabemos que o grau de democracia no Irã é muito alto. Cerca de 70% das pessoas participaram das eleições, isso mostra alta participação e alta liberdade, podemos dizer. É que no Irã não existe obrigatoriedade de voto nas eleições. Isso acontece em plena liberdade. Os candidatos também estão livres para expressar suas ideias, uma liberdade plena, em todas as instituições do Irã.
EBC: E qual é o melhor exemplo?
Nós achamos que a democracia que terá sucesso é a que for baseada em aspectos bons. A democracia que está sustentada no domínio do poder e da riqueza, essa não é democracia. Basta olhar para Estados Unidos – são dois partidos que participam. Será que toda a população americana se divide entre esses dois partidos? E eles estão obrigados a votar nesses dois grupos, não têm outra opção. Porque tanto a mídia quanto a riqueza estão nas mãos desses grupos, se aparece um independente, certamente não vai ganhar, porque o sistema eleitoral lá é muito custoso. Quem pode ganhar é o que gasta muito, milhares... E o resto da população? Qual é a sua posição? E na Europa também é o mesmo. Só dois partidos que normalmente ganham mais votos. Certamente a democracia aqui no Brasil e no Irã é mais avançada quando comparada com o resto do mundo.
EBC: O senhor acha que democracia do Brasil pode servir de modelo?
Acho. Acho que existe liberdade no Brasil, existem muitos partido,s e o poder não está dividido em grupos específicos. Nos Estados Unidos, o poder durante os últimos 100 anos está dividido entre dois partidos apenas. Como isso pode acontecer? Isso quer dizer que a democracia lá é muito limitada, mas, no Irã, até as pessoas independentes, sem filiação partidária, podem participar das eleições. O dinheiro não é definição para participação. Mas nos lugares em que o dinheiro define a participação, onde está o lugar do povo? Desejamos que chegue um dia em que possamos aplicar a vontade dos povos. Desejo mais uma vez prosperidade e desenvolvimento para a nação brasileira e para todas as nações.
* Quem deu estas respostas a EBC foi Mahmoud Ahmadinejad, o presidente do Irã.
Ahmadinejad no Brasil: O que de fato está em jogo
VALTER POMAR
VALTER POMAR
Secretário de Relações Internacionais do PT
Secretário de Relações Internacionais do PT
Vivemos uma situação mundial de crise & transição:
a) crise do ideário neoliberal, num momento em que o pensamento crítico ainda se recupera de duas décadas de defensiva político-ideológica;
b) crise da hegemonia estadunidense, sem que haja um hegemon substituto, o que estimula a formação de blocos regionais e alianças transversais;
c) crise do atual padrão de acumulação capitalista, sem que esteja visível qual será a alternativa sistêmica;
d) crise do modelo de desenvolvimento conservador & neoliberal na América Latina e no Brasil, estando em curso a transição para um pós-neoliberalismo cujos traços serão definidos ao longo da própria caminhada.
a) crise do ideário neoliberal, num momento em que o pensamento crítico ainda se recupera de duas décadas de defensiva político-ideológica;
b) crise da hegemonia estadunidense, sem que haja um hegemon substituto, o que estimula a formação de blocos regionais e alianças transversais;
c) crise do atual padrão de acumulação capitalista, sem que esteja visível qual será a alternativa sistêmica;
d) crise do modelo de desenvolvimento conservador & neoliberal na América Latina e no Brasil, estando em curso a transição para um pós-neoliberalismo cujos traços serão definidos ao longo da própria caminhada.
Uma situação em que os modelos antes hegemônicos estão em crise, sem que tenham emergido modelos substitutos. O que sugere um período mais ou menos prolongado de instabilidade internacional.
É nesses marcos que se desenvolve a política externa do governo Lula, respeitando em primeiro lugar a Constituição aprovada em 1988, cujo artigo 4º afirma que a “República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios”: “independência nacional; prevalência dos direitos humanos; autodeterminação dos povos; não-intervenção; igualdade entre os Estados; defesa da paz; solução pacífica dos conflitos; repúdio ao terrorismo e ao racismo; cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; concessão de asilo político”.
Com base nesses parâmetros, o governo Lula fez de sua política externa um instrumento para atingir, entre outros, os seguintes objetivos: a) desenvolvimento nacional, integração regional e redução das vulnerabilidades externas; b) fortalecimento do papel do Estado, inclusive em termos de defesa das fronteiras marítimas e terrestres; c) ampliação do papel internacional do país, consolidando relações com outros grandes Estados periféricos, evitando acordos subalternos e investindo fortemente na integração regional.
O governo Lula enfatiza a integração regional; o diálogo com outros grandes Estados periféricos; a ampliação da presença e das relações do Brasil no mundo; a reforma das instituições multilaterais; a reivindicação de uma cadeira permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU); a proteção dos interesses nacionais, nas instituições e negociações multilaterais.
O Brasil desenvolve intensa política de cooperação entre os grandes Estados periféricos, através de uma diplomacia dita de “geometria variável”, especialmente com China, Rússia, Índia e África do Sul, na busca de criar laços econômicos, sociais, políticos, militares e ideológicos que permitam a convivência, sem subordinação ou dependência, com a (no médio prazo) decadente hegemonia dos Estados Unidos e União Europeia.
O governo Lula vem ampliando os contatos políticos, comerciais e de investimentos, na região latino-americana, mas também na Ásia, no Oriente Médio e na África. Esse esforço multilateral tem colaborado na ampliação e diversificação do comércio internacional do Brasil, sem descuidar das orientações tradicionais da diplomacia brasileira – como o multilateralismo e a paz – cada vez mais temperadas pela explícita disposição de preservar e ampliar a margem de manobra do Brasil.
Destaque-se a oposição do Brasil à guerra dos Estados Unidos contra o Iraque; as posições defendidas pelo Brasil na Comissão e agora Conselho de Direitos Humanos da ONU; a defesa do direito de desenvolvimento de tecnologia para o uso pacífico da energia nucelar; a postura frente aos ataques de Israel contra território palestino; a contribuição para uma solução pacífica das controvérsias envolvendo o Irã e a Coreia do Norte.
É nesses marcos que ocorre o debate sobre a visita do presidente do Irã ao Brasil. Alguns setores defendem que receber Mahmoud Ahmadinejad é endossar sua política interna. Ora, recebemos Bush e Shimon Peres, sem que isso significasse apoio de nenhum tipo para suas políticas internas ou externas, inclusive no terreno do fundamentalismo, do terrorismo e das armas nuclares, nos quais os dois líderes citados não são pombas de paz. Sem falar da fraude eleitoral que deu vitória a Bush.
Alguns críticos defendem também que, em vez de receber, deveríamos rejeitar Ahmadinejad. Ora, isso implicaria considerar verdadeiras todas as críticas que os EUA fazem ao Irã, como se fosse possível esquecer as mentiras sobre as armas de destruição em massa no Iraque. Significaria também radicalizar o confronto. Por fim, implicaria em deixar aos Estados Unidos o papel de interlocutor único.
No fundo, é isso que está em jogo: os que apostam no crescente papel do Brasil como interlocutor internacional versus a cega hipocrisia dos que acreditam que o governo dos EUA defende os interesses da democracia e da paz.
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