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Joaquim Levy: o que contam, são as ações

Nossos dois principais parceiros, Estados Unidos e China, estão deixando suas políticas anticíclicas e isso nos impacta. Nos EUA, por um bom tempo, houve muita liquidez. E o ano todo houve a discussão se eles vão aumentar ou não a taxa de juros. Algo que mexe com o mundo inteiro, valoriza o dólar, e temos de nos adaptar. Na China, a política era de investimento, investimento, investimento. Viu que não tinha como continuar, e fez uma profunda mudança. Muito complexa, pois o governo não tem todas as ferramentas necessárias para fazer mudanças que incluem a abertura da conta capital, liberalização dos bancos, tudo para garantir mais espaço para o setor privado. Isso já começou a afetar os mercados há dois anos. Daí caiu o petróleo quando se percebeu que essa mudança estava tendo efeitos muito importantes. Menos investimento, menos matéria-prima, que afeta preço no mundo inteiro...

O Brasil está no meio dessa mudança de preços com o fim do boom das commodities. Em 2007, 2008, 2010 não tivemos esse problema porque a liquidez e o investimento nos ajudaram. E tínhamos mais colchão fiscal, foi mais tranquilo. [O Estado] gastou mas poupou. Hoje nosso colchão fiscal está magrinho. Mas temos um bom colchão nas reservas internacionais. Não nos recuperamos porque temos de fazer uma transição estrutural. Assim como algumas regiões na Espanha, como a Catalunha depois da crise, ou Valência, que teve de se reinventar. Nós também estamos nesse processo. E há uma questão política. O ajuste econômico, do ponto de vista clássico, explica talvez um terço da desaceleração do PIB. PIB é a soma de uma porção de decisões. Quando tem uma turbulência política as pessoas se retraem. E decisões que você precisa tomar são adiadas. A economia se contraiu obviamente.
Estamos fazendo uma travessia. Houve uma combinação de fatores complicados, uma mudança econômica, que é uma grande virada de maré. Junto com uma questão política. Que se ligavam um pouco. A presidenta fez mudanças mesmo arriscando a popularidade dela. Mas ela sabia que tinha que fazer essas mudanças. É um momento em que você está rearranjando paradigmas. Tem a própria investigação que cria incertezas. É um momento em que você tem de responder com serenidade.

Não me importo nem um pouco com essa coisa de isolado ou não isolado. O que importa no final das contas são as ações. Estamos tomando as medidas que vão permitir à gente sair da crise, mantendo a responsabilidade fiscal. Mantendo o que é essencial para os mercados investirem. Todos os dias temos de tomar decisões. No final, o que contam são as ações.

Sergio Saraiva: a operação lava jato e a teatralização do fato consumado

Ainda que possa vir a se apoiar em fatos comprováveis, ainda que venha a punir delitos reais, como retirar da Operação Lava Jato o ar farsesco que acabou por adquirir?

Entendendo-se aqui farsa não como falsidade, mas como uma encenação. Como uma conta de chegar para um resultado já decidido.

Esse questionamento surgiu-me ao ler o artigo "Procuradoria acusa Dirceu de corrupção e lavagem", na Folha de São Paulo de 05set2015. Um texto com qualidade jornalística, curto e esclarecedor. Esclarecedor como só um ato falho pode ser.

Um extrato do texto:

"... o ex-ministro José Dirceu foi denunciado nesta sexta (4) pela força-tarefa da Operação Lava Jato sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Caberá agora à Justiça decidir se há ou não elementos para abrir um processo contra Dirceu e torná-lo réu. Se isso vier a ocorrer, o ex-ministro será submetido a julgamento.

No caso de Dirceu, a expectativa do Ministério Público é que a pena seja de no mínimo 30 anos".

Todo o descrito acima está alinhado ao que se espera que ocorra em um Estado democrático de direito que preserva as garantias individuais.

Ou seja:

Se a Justiça decidir que há elementos para abrir um processo contra Dirceu, o ex-ministro seria submetido a julgamento. Então, se condenado, viria a sentença. Falso!

Dirceu já cumpre pena de acusado em um presídio comum de Curitiba.

 "Consummatun est".

Talvez fosse mais apropriado dizer, já que a Lava Jato também tem lá seus ares de auto de fé. Não deixam de ser encenações.

Vejamos também as declarações do Procurador da República Deltan Dallagnol.

"A Lava Jato revela um governo para fins particulares, com um capitalismo de compadrio, em que o empresário e o agente público buscam benefícios para o próprio bolso."

Trata-se de uma frase sem o seu contexto - uma citação. Uma armadilha jornalística muito comum, hoje em dia, para quem dá a declaração e para o leitor que tenta entendê-la.  

Porém, tomemo-la pelo seu valor de face.

A que governo se refere o Procurador?

Tal conclusão pode ser aplicada, lato senso, a qualquer governo do Brasil, dos municipais ao federal, passando pela governança dos Estados. Pelo menos, desde Tomé de Sousa – o primeiro Governador Geral do Brasil, isso em 1549.

A Lava Jato, portanto, expiaria no couro de seus condenados cinco séculos de corrupção governamental?

"Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis".

E, como em uma novela de sucesso, onde a cena final sempre deixa algo que aguce a curiosidade do público e garanta espectadores para o próximo capítulo, outra citação a Dallagnol - uma frase sibilina:

"É a pessoa número dois do nosso país envolvida num esquema de corrupção".

Dirceu, o "número dois"?

Quem seria a pessoa "número um" – o chefão a ser preso no último capítulo?

Um espaço aberto para especulações.

Seria a "pessoa número 1" FHC, o chefe de governo em 1998, quando Pedro Barusco afirma ter começado a receber propinas na Petrobras? Ou seria o próprio Tomé de Sousa, fonte inicial de todos os nossos males?

Será necessário aguardar os próximos episódios da série.

 PS1: o mesmo convite à teatralização pode ser encontrado na fala com a qual o ministro Gilmar Mendes passa uma reprimenda pública no Procurador Geral da República por este se recusar a abrir investigações que liguem a Lava Jato à campanha de Dilma:

 "O que se espera do PGR... é que proceda as devidas investigações dos possíveis ilícitos penais que saltam aos olhos da Nação"

Ora, se "ilícitos penais saltam aos olhos da Nação", é ocioso proceder-se uma investigação. O que o ministro requer é uma acusação que lhe permita passar para o próximo ato.

PS2.: outras críticas teatrais podem ser encontradas na oficina de concertos gerais e poesia.

Brasil abre as portas para os refugiados

O Brasil vai ter que se abrir para ajudar a receber parte das vítimas de uma das maiores crises do mundo contemporâneo: a fuga de refugiados em direção à Europa.

Essa, sim, é uma crise de verdade.

Que tem origem no rio Eufrates, com a ação humanitária do Presidente Bush no Iraque para reabrir os povos de petróleo.

Na ação humanitária do Obama, com a ajuda da Inglaterra e da França para abrir os poços de petróleo na Líbia.

O que deixaram o lugar esse gloriosos estadistas ocidentais e cristãos?

Nada.

No Iraque, na Líbia.

E na Síria, uma ação desarticulada que entregou parte do Levante ao Estado Islâmico.

É a crise da desigualdade de renda e da cidadania em escala global.

É a crise das instituições europeias, em primeiro lugar.

Onde, na Hungria, imprimem números nas mãos dos refugiados, como faziam em Auschwitz!!!

Viva Merkel, a líder de uma política de hospitalidade!

Mas, a Alemanha não dará conta disso .

Nem os Estados Unidos, onde o candidato mais forte da Oposição, Donald Trump quer construir uma cerca ao longa da maior fronteira seca do mundo, entre os EUA e o México.

A Civilização  Ocidental  está à deriva como aquele pesqueiro líbio com 220 refugiados, no Mediterrâneo, que o bravo comandante Amendoeira salvou com a corveta Barroso e levou a Messina, na Itália.

O Brasil é o comandante Amendoeira!

Paulo Henrique Amorim

Além de puxar o saco de FHC a Folha de São Paulo exige que os outros também puxem

FOLHA DE S.PAULO CONTESTA DADOS E FATOS QUE NÃO SEJAM ELOGIOSOS A FHC

Em uma tentativa de desqualificação de um trabalho sério de resgate histórico das lutas populares no Brasil entre 1964 e 2002, a Folha de S.Paulo procurou com lupa erros que não existem no Memorial da Democracia. Em reportagem publicada na tarde de ontem (3), o jornal força a mão em um título que parece sair em "defesa" dos governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

Confira: para a Folha o memorial "diminuiu" FHC.

Por um lado, vemos como um elogio à seriedade do nosso trabalho que a Folha de S.Paulo tenha encontrado tanta dificuldade para distorcer o conteúdo do Memorial, recorrendo a uma falsa polêmica para cumprir seu objetivo. Por outro, nos preocupa que tentem "culpar" o trabalho da equipe multidisciplinar de especialistas que montou o Memorial da Democracia pelo legado dos governos anteriores aos de Lula –sobre os quais não fazemos juízo de valor, diferentemente da própria Folha de S.Paulo diante dos registros históricos da era FHC.

Por isso, convidamos todos e todas a ler a íntegra das perguntas enviadas pela reportagem da Folha e as respostas do Instituto Lula, bem como a conhecer e fazer sua própria avaliação do Memorial da Democracia .

No texto sobre a primeira eleição de Lula, em 2002, consta que, no dia de sua posse, ele "anunciaria a primeira política pública de seu governo, o Fome Zero, embrião dos programas de transferência de renda que seriam agrupados posteriormente no Bolsa Família". Por que programas do governo anterior —como o Bolsa Escola, o Auxílio Gás e o Cartão Alimentação—, que foram incorporados e ampliados pelo Bolsa Família, não foram citados?

Porque conceitualmente, em objetivo e em escala, não são a mesma coisa. O Programa Fome Zero e depois o Bolsa Família foram programa concebidos, em forma, universalidade e escala para erradicar a fome no Brasil. Os programas do governo anterior tinham alcance e caráter limitado, não atingiam todos os potenciais beneficiados e não tinham o caráter de direito. Inclusive a universalidade desses programas foi vetada em lei pelo governo anterior, fato que tampouco está no Memorial.

No texto sobre a eleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1994, diz-se que o tucano "antes de se tornar ministro da Fazenda [...] era um político com tímido desempenho eleitoral". Por que há juízo de valor ("tímido") sobre o desempenho eleitoral de um adversário, mas não do ex-presidente Lula?

Porque haveria de ter juízo de valor sobre desempenho eleitoral de Lula se antes de 1994, em 1989, Lula quase ganhou as eleições presidenciais? Não faz sentido o pretenso paralelismo proposto pela Folha de S. Paulo. É um fato histórico que antes de ser indicado para o Ministério da Fazenda o nome de Fernando Henrique Cardoso não era cotado para as eleições presidenciais daquele ano enquanto Lula liderava as pesquisas eleitorais de então. O adjetivo encaixa-se nesse contexto.

Por que no texto sobre a eleições presidencial de 1994 não há menção ao fato de que a disputa foi vencida em primeiro turno, como acontece no texto de 1998?

Essa afirmação está na linha fina do card, atenção: http://demo.memorialdademocracia.com.br/card/fhc-e-eleito-presidente-sob-a-bencao-do-real

Quais obras, na bibliografia do site, dão suporte à conclusão de que a vitória de Lula em 2002 "decorreu do amadurecimento do eleitorado brasileiro — que desde a eleição municipal de 2000 vinha externando o desejo de mudança política — e da complexa conjuntura que precedeu o pleito", conforme consta no texto?

São fatos históricos que talvez o reportariado da Folha de S. Paulo seja muito jovem para lembrar, mas o Brasil viveu uma grave crise econômica e social entre 1999 e 2002, com índices sociais e econômicos muito ruins e baixa popularidade do governo federal. Todos esses fatos são verificáveis inclusive nos arquivos da Folha de S. Paulo.

Por que o site inclui fatos posteriores à primeira eleição de Lula, em 2002 —principalmente no texto sob o título "Mais democracia, mais oportunidades", mas não apenas—, porém omite a denúncia e o julgamento da ação penal 470?

Quanto à falta de referências ao governo do PT, lembramos que teve início em 2003, período que ainda está sendo preparado pela equipe do Memorial, bem como os muitos períodos anteriores ao Golpe de 1964.

O referido (e curto) texto de apenas um parágrafo de fatos absolutamente incontestáveis é uma introdução que se refere a ampliação da democracia e das oportunidades durante o governo Lula, período que ainda não foi abordado pelo Memorial, quanto mais o período posterior aos dois mandatos de Lula.

Por que estão incluídos na linha do tempo escândalos ligados a outros partidos e figuras políticas, como o da emenda da reeleição (PSDB) e o de Celso Pitta (Maluf), mas não estão listados escândalos ligados ao PT?

Os módulos do memorial já publicados tratam dos períodos entre 1964 e 2002.

Agradecemos às perguntas. O Instituto considera o Memorial uma importante contribuição para a consolidação da democracia no Brasil e considera normal o debate em torno de diferentes interpretações de fatos históricos. Que cada um faça a sua, que cada cidadã ou cidadão participe desse debate.

Do Instituto Lula

Quem aceita intolerância mata crianças, por Fernando Brito

Não se publicou, neste blog, a foto do menino sírio morto na praia da Turquia por algum purismo, mas por um prurido pessoal.

Pude furtar-me ao dever jornalístico de mostrar a cena chocante não apenas porque a imagem já foi vista por todos – mostrada  por quem sinceramente ajudou a chocar o mundo com aquela barbárie, seja quem o fez  levado por certa morbidez.

Por isso, atendi a uma razão pessoal: já ajudei a vestir para o caixão um menino como aquele.

Aconteceu há  quase vinte anos, e o que matou aquela criança não foram as águas, mas uma meningite que não se diagnosticou, o que pode ocorrer, e que foi tratada – ou não tratada –  por um pseudo-profissional da medicina que, indiferente, não teve, ao menos, a humanidade de reter num hospital, numa noite de carnaval, uma criança doente, filha de mãe pobre e moradora nas lonjuras que, de volta para casa, só horas depois encontrou ajuda para voltar a buscar assistência, quando já era tarde demais.

Não importa muito o caso, do qual talvez apenas eu e seus pais – ele, servente de pedreiro; ela, caixa de uma padaria – nos lembremos.

Importa que uma criança morreu e uma criança morrer ofende a espécie humana.

Seja branquinho, como o menino da praia turca; seja aquele mulatinho, da Várzea das Moças, aqui em Niterói,  sejam os negros do Sudão; sejam os palestinos, os haitianos, sejam os vietnamitas queimados pelo napalm, sejam de onde forem e como forem.

Não é justo que morram pela mão do mar, da doença, da fome, se fomos nós que os colocamos ao alcance destas mãos.

Não é aceitável que se permita à barbárie  – que os interesses da geopolítica estimularam para destruir a Síria, ou para encher de conflitos o Sudão, ou para afundar no atraso o Haiti libertário, ou para cercar como bichos os palestinos –   levar assim crianças à morte e não haja a indignação da comunidade mundial.

E não há, o provam as portas fechadas aos refugiados desta selvageria, como mostra em reportagem a BBC, com honrosas exceções, como a de nosso país..

Mas antes desta crueldade há outra, pior: a de alimentar fanáticos quando fanáticos podem servir aos propósitos de gente muito bem posta e poderosa.

É por isso que os integrantes do Estado Islâmico desfilam com armas poderosas e reluzentes 4 x4, novinhos.

É por isso que nazistas ucranianos desfilam suas suásticas.

É por isso que fascistóides, aqui, pedem golpe, morte, forca.

E é por isso que não pode haver indiferença  diante do que é monstruoso.

Começa-se pregando a intervenção sobre a vida dos povos em nome  da liberdade econômica (a humana vale tão pouco…), da "civilização" , da "guerra ao terror" e, logo,  a pureza amanhece morta nas areias de uma praia.

Não foi o mar que matou aquele menino, como não matou o pobre guri que vesti para o túmulo, nem mata, mata, mata crianças em todo o mundo.

Somos nós, que não proclamamos seu direito de viver, o direito de todos viverem e aceitamos que se façam golpes, guerras, diásporas sob mil pretextos "razoáveis" e nenhum deles digno de valer a vida de um pequeno ser humano.

Mensagem da Madrugada

Esta é a hora de revolucionar tua vida
faz o que tua alma indica.