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Carta do senhor Vísceras a Jair Bolsonaro


"Sei que o senhor não me conhece, presidente. Pois permita que me apresente. Moro onde olho nenhum me alcança, no ermo das entranhas. Sou ferida exposta que não se vê. Trago das origens uma certa vocação para a tragédia. Não deve ser por outra razão que venho do grego: 'stómachos'. Se pudesse dar entrevista aos correspondentes estrangeiros, resumiria assim o oco de minha existência: 'É dura a vida de víscera.' Às vezes, presidente, invejo o coração que, quando sofre, é de amor. Eu jamais tive tempo para sentimentos abstratos. Perdoe-me o pragmatismo estomacal. Mas só tenho apreço pelo concreto: o feijão, o arroz, a carne… Meu projeto de vida sempre foi arranjar comida. Meu mundo cabe no intervalo entre uma refeição e outra. Meu relógio, caprichoso, só tem tempo para certas horas: a hora do café, a hora do almoço, a hora do jantar… Sem comida, senhor presidente, meu relógio ficou louco. Passou a anunciar a chegada de cada novo segundo aos gritos. Ardem-me as paredes, bombardeadas por jatos de suco gástrico. Mas já não sofro, presidente. Entrego-me aos delírios. Neles, troco frequentemente o inferno pelo paraíso. Temente a Deus, rogo para que Ele coloque no meu céu uma cozinha como a do Alvorada, tão farta que me propicie uma fome de presidente, dessas que a gente resolve simplesmente abrindo uma geladeira abastecida com todas as guloseimas que o déficit público pode pagar. Dispenso o garçom. Recomende-me à dona Michelle. Cordialmente, Vísceras."

A frase do desgoverno Bolsonaro

"(...) passar fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem, aí eu concordo. Agora, passar fome, não. Você não vê gente, mesmo pobre, pelas ruas, com físico esquelético, como a gente vê em alguns outros países pelo mundo."

Frase de Jair Messias Bolsonaro - presidente do Brazil que representa muito bem a classe merdia e os canalhas, cafajestes, cínicos, imorais e ladrões do país, a começar pelos Moros do judiciário, Dallagnols do ministério público e Helenos das forças armadas. 
Corja!!!
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Para saber como a quadrilha de Curitiba chegou ao trf4


Deixa eu contar uma historinha que talvez vocês não conheçam sobre a Lava a Jato.
Ela começa com uma investigação sobre José Janene, deputado do PP do Paraná em que Moro esconde do Judiciário que o político era o investigado para não entregar o processo ao STF. Ao invés disto, ele diz que estava investigando a “mulher” e “secretária” do Janene.
Antes de ser conhecida a LJ teve um recurso subindo para o TRF-4. Isto é usado porque após o PRIMEIRO, todos os recursos serão encaminhados para o mesmo grupo desembargadores. Assim, antes de ser conhecida a LJ forçou para saber qual Vara ia receber todos os próximos recursos.
Após descobrirem para qual Vara o processo iria (como era criminal, só poderia ir para a 7ª ou 8ª turma do TRF-4), a Vara sorteada teve 2 dos seus 3 desembargadores mudados. Um foi para a presidência do TRF-4 e outro, corregedoria. Coisa muito incomum 2 de 3 serem mudados.
Com duas vagas sobrando foram colocados lá, DEPOIS de saberem que ali seria julgada a LJ toda, o João Gebran Neto e o Leandro Paulsen, sendo que o Victor Laus já estava lá. Gebran já era conhecido amigo de Moro, sendo que o ex-juiz tinha substituída Gebran em diversas varas no Paraná.
Depois de acertada a “turma competente”, houve uma discussão se aquele primeiro recurso realmente tornava ela competente, e uma apelação foi sorteada caindo na 7ª vara. Como era uma apelação, ela definiria a “turma competente” e, por sorteio, tinha caído na vara sem o Gebran.
Com esta novidade fora dos planos, a desembargadora sorteada Claudia Cristofani faz uma manifestação “perguntando” se o Gebran não queria pegar aquele recurso. Ao que o Gebran prontamente responde que sim, que era dele a Lava Jato. Ou seja, o sistema de sorteio poderia ter evitado todo o conluio.
Faltava a presidência do TRF-4, afinal, nas discussões sobre competência das varas, quem dava a decisão era o presidente. Então o TRF-4 muda toda a sua lógica (de colocar o mais antigo como presidente) e elege o mais conservador e fascistoide deles: Thompson Flores.
Durante toda a fase dos recursos sobre Lula SEMPRE os envolvidos no julgamento dos pedidos eram Moro na primeira instância, Gebran, Paulsen e Laus na segunda, e Thompson Flores como presidente. Ninguém mais fora do grupinho.
Quem foi que mandou não cumprir a ordem de soltura do desembargador Rogério Favretto? Thompson Flores. Quem foi que deu entrevista dizendo que a sentença do Moro era “perfeita” embora ele nunca tenha lido? Thompson Flores.
Quem definiu a competência de Moro para julgar tudo sobre Lula? Thompson Flores.
Bom, agora começam a sair os vazamentos sobre o conluio descarado e ainda existem dois ou três processos de Lula nas mãos da 8ª turma do TRF4. O STF ameaça soltar Lula e o que o TRF-4 faz? Elege Laus para a presidência do tribunal, novamente invertendo toda a ordem de antiguidade.
E o Laus saiu da 8ª turma para a presidência, então abriu vaga na oitava turma. Agora adivinhem que pediu para ir para a oitava turma porque estava saindo da presidência do tribunal?
Isto mesmo!!! Thompson Flores! Agora a 8ª vara que vai julgar Lula tem Gebran, Paulsen e Thompson Flores, e na presidência do tribunal, Laus!!! Os mesmos 4 envolvidos o tempo todo no conluio!
Já estão ameaçando abertamente correr com novas condenações caso o STF dê Habeas Corpus para Lula, sempre os mesmos 4, sempre os mesmos julgadores do conluio… Eles trocam posições e continuam DONOS dos processos.
Ou seja, desde o início da LJ foram ARRANJADOS os juízes e desembargadores que iriam julgar Lula. E como não puderam fazer isto no STF, Teori Zavascki foi sorteado, e sabemos o que aconteceu com Teori quando ele resolveu colocar freios nos crimes de Moro, ainda que timidamente.
Fernando Horta
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Não tenho nenhum prazer em saber, dizer e repetir que o judiciário é o mais corrupto dos poderes (o ministério público está alcançando), mas o que fazer? A verdade tem de ser dita e publicada como está fazendo o Intercept Brasil com a reportagem #VazaJato

Abram os olhos antes que seja tarde demais

“Vários amigos, embora tenham horror ao atual governo, não se preocupam muito: pensam que em quatro anos as eleições o substituirão. Alguns acrescentam que o Brasil assim aprenderá melhor o valor
da democracia.

De minha parte, entendo que eles subestimam a destruição do tecido social e político, a liquidação da
vida inteligente e da vida mesma, que está sendo efetuada prioritariamente nas áreas da educação e do meio ambiente.

Debate-se muito o que é fascismo. Porém alguns pontos são fundamentais nesse regime, talvez o mais antidemocrático de todos, que não é apenas um exemplo de autoritarismo.

Primeiro, o fascismo conta com ativo apoio popular. Tivemos uma longa ditadura militar, mas com sustentação popular provavelmente minoritária e seguramente passiva. Mesmo no auge de sua popularidade —o período do “milagre”, somando general Médici, tortura e censura, tricampeonato de futebol e crescimento econômico— não houve movimentos paramilitares ou massas populares saindo às ruas para atacar fisicamente os adversários do regime.

Hoje, há.

Daí, segundo, a banalização da violência. Elas deixam de ser, na frase de Max Weber, monopólio do Estado, por meio da polícia e das Forças Armadas: os próprios cidadãos, desde que favoráveis ao governo, sentem-se autorizados a partir para a porrada.

O ataque à barca em que estava Glenn Greenwald em Paraty é exemplo vivo disso.

O que distingue o fascismo das outras formas de direita é ter uma militância radicalizada, ou seja, massas que banalizam o recurso à violência. O fascismo já estava no ar uns anos atrás quando um pai, andando abraçado com o filho adolescente, foi agredido na rua por canalhas que pensavam tratar-se de um casal homossexual.

Terceiro: essa violência é usada não só contra adversários do regime —a oposição política— mas também contra quem o regime odeia. Não foca apenas quem não gosta do governo. Mira aqueles de quem o governo não gosta. No nazismo, eram judeus, homossexuais, ciganos, eslavos, autistas. No Brasil, hoje, são sobretudo os LGBTs e a esquerda, porém é fácil juntar, a eles, outros grupos que despertem o ódio dos que se gabam de sua ignorância (“fritar hambúrguer” é um bom exemplo, até porque hambúrguer não se frita, se faz na chapa).

Quarto: o ódio a tudo o que seja inteligência, ciência, cultura, arte. Em suma, o ódio à criação. Não é fortuito que Hitler, que quis ser pintor, tivesse um gosto estético tosco, e que o nazismo perseguisse, como “degenerada”, a melhor arte da época. É verdade que os semifascistas Ezra Pound e Céline brilham no firmamento da cultura do século 20 —mas são agulha no palheiro.

Antonio Candido uma vez escreveu um manifesto dos docentes da USP criticando a “mediocridade irrequieta” que comandava a universidade. Um colega discordou: a mediocridade nunca é irrequieta! Mas Candido tinha razão. A mediocridade procede hoje, sem pudor, ao desmonte de nossas conquistas não só políticas e sociais, mas culturais e ambientais.

A irracionalidade vai a ponto de algumas dezenas de paratienses tentarem sabotar a Flip, que dá projeção e dinheiro para a cidade. Essa é uma metáfora de um país que namora o suicídio.

Salvemos a vida, salvemos a vida inteligente! Construamos alternativas e alianças para enfrentar essas ameaças. Não temos tempo de sobra.”

Renato Janine Ribeiro
Na Folha de São Paulo.