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A sucessora de Irmã Dulce

Maria Rita Pontes, sobrinha da religiosa prestes a ser beatificada, administra uma entidade que responde por 49% dos atendimentos médicos da capital baiana

Pequena e de aparência frágil, a freira baiana que adotou o nome de Irmã Dulce (1914-1992) sabia impor suas vontades. Foi combinando delicadeza e persistência que ela demoveu os pais da ideia de vê-la casada e ingressou ainda muito jovem na vida religiosa. Foram essas mesmas qualidades empreendedoras que a levaram a criar na Bahia, há pouco mais de 50 anos, um dos maiores e mais respeitados trabalhos filantrópicos do país, as Obras Sociais Irmã Dulce (Osid). Com jeito manso, sem imposições, Irmã Dulce também apontou sua sucessora: a sobrinha Maria Rita Pontes, hoje com 53 anos.

Assim como a tia, que também se chamava Maria Rita, a atual superintendente da Osid havia traçado planos para si diferentes daqueles imaginados pela família. Mas sentiu-se impelida a abandonar a carreira de jornalista quando um problema respiratório crônico de Irmã Dulce se agravou, em 1991. Aí a sobrinha deixou o emprego de jornalista no Rio de Janeiro e passou para a linha de frente da Osid, em Salvador. De lá para cá, ela tem estado ali, e as obras sociais não pararam de crescer. De 180 mil atendimentos em 1992, ano em que Irmã Dulce morreu, a Osid passou para mais de 5 milhões em 2009. 

Os voluntários, que eram apenas 21, hoje são 240, que se somam aos 3.850 funcionários das 17 unidades administradas pela instituição. 
Antes de morrer, Irmã Dulce guardara num cofre uma carta testamento, informal, contendo uma lista tríplice com nomes que poderiam lhe suceder no trabalho. 
A sobrinha encabeçava a lista. 
O segundo nome era de Dulce Lopes Pontes, mãe de Maria Rita, também já morta. 
O terceiro, de uma meia-irmã da freira. A escolhida considerava a missão grande e pesada demais. E não pretendia abrir mão de sua vida pessoal. Preocupada com a sucessão, Irmã Dulce chegou a oferecer a gestão das obras a Madre Tereza de Calcutá, que declinou do pedido, assim como a Igreja Católica. 

“Foi uma decisão difícil, mas não tive escolha”, afirma Maria Rita. “Já estava muita envolvida com a obra e não podia deixar Irmã Dulce.”
Marcio Lima
AMAR E SERVIR
Maria Rita na capela das Obras Sociais criadas pela tia. Sob sua gestão, os atendimentos passaram de 5 milhões por ano.
 
Passados 18 anos de sua decisão, ela diz que não se arrepende. Sente-se realizada, embora quase não tenha vida pessoal. Mantém o celular ligado 24 horas e tem uma agenda repleta, às vezes imprevisível. 

“É uma vida integralmente dedicada a essa missão”, afirma. 

Desde que assumiu a Osid, Maria Rita tem profissionalizado a gestão. 

Há planejamento e metas, além de contratos com o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do qual a Osid administra hospitais e clínicas que respondem por 49% da assistência de saúde da capital baiana. 

A parte do orçamento que não é coberta pelo SUS (cerca de 10%) é obtida por doações de pessoas físicas e jurídicas e da venda de lembrancinhas e produtos de panificação produzidos na unidade de Simões Filho, cidade vizinha a Salvador onde funciona o braço educacional da obra. Ela atende 800 crianças e adolescentes com ensino fundamental e cursos profissionalizantes.

“Irmã Dulce saía tirando pessoas das ruas e abrigando-as por todos os cantos, às vezes até no necrotério”, afirma Maria Rita. 

“Ela dizia que era melhor ficar ali, recebendo ajuda, que morrendo nas ruas.” 

Hoje, mesmo estruturada, a organização continua movida pelo espírito de Irmã Dulce, e não fecha a porta a quem quer que seja.

“Se não tivermos um leito disponível, buscamos outro encaminhamento. Embora o tipo de gestão seja outro, não poderemos perder de vista a filosofia e os valores da obra, cuja missão é amar e servir”, diz Maria Rita.

No Bairro de Roma, na Cidade Baixa, em Salvador, onde fica a sede da Osid com seus 33.000 metros quadrados de área construída, há 15 núcleos de assistência médica e social, entre eles o Hospital Santo Antonio e um hospital infantil. 

A Osid ainda administra dois centros de saúde municipais em Salvador, em parceria com a prefeitura, e três hospitais estaduais, um na capital e outros dois nos municípios de Barreiras e Santa Rita de Cássia.
  Reprodução
“Por falta de recursos, não fazemos um bom investimento desde o ano 2000”, queixa-se Maria Rita, que pretende construir um centro de Hemoterapia e Nefrologia e aumentar a unidade de assistência em oncologia, oferecendo também radioterapia, além da quimioterapia. 

Em outubro de 2009, numa viagem a Salvador que teve o objetivo declarado de agradecer ao Senhor do Bonfim pela ajuda no tratamento de um câncer no sistema linfático, a então pré-candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff, visitou a unidade de oncologia da Osid. Em rápida conversa com Maria Rita, Dilma teria se comprometido a ajudar na ampliação.

“Estamos contando com essa ajuda”, diz a mulher que herdou a terna teimosia da tia.

Maria Rita já planeja os caminhos que a obra deverá seguir no momento em que ela própria tiver de reduzir o ritmo de trabalho. Para ela, a beatificação de Irmã Dulce vai funcionar como garantia de perenidade da obra. 

“A beatificação dará muita serenidade ao Conselho Administrativo em relação ao futuro da Osid.” 

Na visão de Maria Rita, as obras ganharão maior visibilidade no Brasil e no mundo assim que Bento XVI anunciar a santidade de Irmã Dulce. 

O primeiro passo já foi dado pelo Vaticano, que no final de outubro reconheceu um milagre atribuído à freira baiana. Segundo dom Geraldo Majella Agnelo, cardeal arcebispo da Bahia e arcebispo primaz do Brasil, a beatificação deverá acontecer até o Natal.
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Canteiro de arte

Entulhos saídos de canteiros de obras viram quadros e peças de design nas mãos de operários em ateliês da ONG Mestres da Obra, de SãoPaulo. O objetivo é elevar a autoestima dos trabalhadores

Texto Marilena Dêgelo Fotos Carlos Cubi e Lufe Gomes
Fotos Carlos Cubi e Lufe Gomes
Espreguiçadeira com estrutura de ferragens de viga e assento de arames usados na amarração de coluna

Fotos Carlos Cubi e Lufe Gomes
A bandeira tem tira verde de polietileno de embalagem de elevador, retalhos de conduítes de instalações elétricas, pregos e, como estrelas, pedaços de madeira furada por broca

Fotos Carlos Cubi e Lufe Gomes
Da caixa de aço para fundação de prédio surgiu a mesa-luminária com círculos de tubos de PVC

Fotos Carlos Cubi e Lufe Gomes
O arquiteto Arthur Pugliese (esq.) e o administrador Daniel Cywinski,
criadores do Mestres da Obra
Como melhorar a dura realidade de quem trabalha todos os dias carregando sacos de cimento, assentando tijolos e se arriscando em andaimes? Incomodados com o sofrimento dos empregados da construção civil, o arquitetoArthur Pugliese, 35 anos, e o administrador de empresas Daniel Cywinski, também de 35, encontraram uma solução, a princípio utópica, durante viagem a Barcelona, na Espanha, em 1999. “Diante da arte de Gaudí, pensamos em desenvolver trabalho semelhante com operários nos canteiros de obras, aproveitando a grande quantidade de entulho”, diz Pugliese. 

De volta ao Brasil, eles colocaram em prática a idéia que, em 2001, deu origem ao projeto ambiental, cultural e social Mestres da Obra. O principal objetivo da ação, que envolveu até hoje mais de 1.500 trabalhadores em São Paulo, é o resgate da autoestima deles por meio da arte. Com autorização de grandes construtoras, os dois amigos montam ateliês no canteiro de obras, que recebem 20 operários liberados por uma hora do trabalho durante um mês. Para isso, contam com uma equipe de seis pessoas. 

Nas aulas, eles apresentam fotos de peças de artistas famosos para inspirar os trabalhadores na confecção de objetos, muitos feitos coletivamente. “Cada um contribui com o saber que traz de sua origem, a maioria do Nordeste. Eles aprendem a ver aquele material descartado com outro olhar e a valorizar o que fazem como obra de arte”, diz Cywinski, especialista em educação ambiental. 

Reconhecida como organização de interesse público sem fins lucrativos, a Mestres da Obra conseguiu este ano o apoio de empresas como Duratex e Gerdau, com base na Lei de Incentivo Fiscal. Isso possibilitou ampliar o projeto para um circuito cultural com 12 ateliês que incluem a exibição de curtas- -metragens e peça de teatro interativa, com temas relacionados à realidade dos operários. “A experiência abre a cabeça e libera a sensibilidade deles, contribuindo para melhorar suas relações no trabalho e em casa”, afirma Pugliese. 

As obras produzidas nos ateliês já participaram de mostras de arte e design dentro e fora do país. Hoje, 230 trabalhos fazem parte do acervo e ficam expostos na Galeria Mestres da Obra, inaugurada em 2008, no centro de São Paulo.


Fotos Carlos Cubi e Lufe Gomes
Inspirados na obra do pintor Volpi, o quadro é feito de recortes de madeira de andaimes

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As lições de vida que o circo ensina

Casas de cultura e Cidadania que oferecem a mais de cinco mil crianças a oportunidade de escreverem histórias com final feliz.

  Reprodução

Isolado por canaviais, o bairro Campos Salles, em Barra Bonita, no interior de São Paulo, corria o risco de sumir do mapa. Abandonada, a antiga estação de trem fora ocupada por três famílias que a converteram em moradia. O mato cobria suas poucas ruas de terra e já ocupava os quintais das casas. Até a escola municipal, com uma quadra poliesportiva, deixara de funcionar. Mas, antes que definhasse de vez, o povoado ganhou um sopro de vida. Há dois anos, a pedagoga paulistana Heloísa Melillo levou à prefeitura de Barra Bonita o plano de transformar a escola desativada em uma Casa de Cultura e Cidadania. O modelo seria o mesmo implementado por ela pouco antes na Vila Guacuri, uma favela na divisa entre as cidades de São Paulo e Diadema. Com sinal verde da prefeitura, em dois meses, a escola foi recuperada. A quadra, coberta, virou um picadeiro para aulas de circo e de dança. Hoje, 1.026 crianças e adolescentes passam por lá ao menos duas vezes por semana. Elas podem escolher duas atividades, de um cardápio de dez que inclui música, dança, teatro, circo, ginástica e até a arte de contar histórias. Cada aluno ganha dois lanches por dia. “Mais que ensiná-los a fazer piruetas, o projeto busca desenvolver habilidades para os desafios da vida: superar limites, ter equilíbrio, flexibilidade e coragem para se arriscar”, diz Heloísa. Jéssica Celestino da Silva, de 13 anos, concorda: “O trapézio me obriga a ficar concentrada, a prestar mais atenção”. Jéssica faz aulas de circo e dança na Casa, onde vai quatro dias por semana, sempre depois da escola.
Mas não é só de pão e circo que vivem os alunos da Casa. Algumas das salas ganharam computadores equipados com softwares livres, nos quais é possível aprender “artes digitais”, um curso que inclui técnicas de edição de vídeos, animação e tratamento de imagem. “Aprendi a fazer animação com tiras de papel”, diz Lucas Murilo Laviso, de 12 anos. “Isso me ajudou a ver o mundo de um jeito diferente.” A mudança na percepção de Lucas é resultado de um dos dois objetivos do curso. Se, do lado prático, a Casa forma técnicos para trabalhar na área da cultura, que responde por 7% do PIB brasileiro, do ponto de vista humano essa formação ajuda os jovens a se reconhecer no mundo. Eles são incentivados a documentar cenas da família e do cotidiano para montar narrativas pessoais.
Para dar suporte teórico aos programas das Casas de Cultura e Cidadania, que hoje atendem um total de 5.528 alunos, Heloísa Melillo montou um corpo de 13 curadores, que acompanham os educadores de forma contínua. Cada educador passa por 120 horas de capacitação antes de iniciar as atividades.
Quando a reportagem de ÉPOCA visitou a Casa, mais de 400 crianças e jovens assistiam a uma mostra de trabalhos dos próprios alunos e de seus educadores. Uma crença do projeto é que o conhecimento aprendido deva ser compartilhado. “Antes, nós apenas exibíamos filmes. Agora, os alunos se apresentam, são os protagonistas”, diz a educadora social Elisangela Fernandes dos Santos, de 34 anos. “Além das mostras, montamos espetáculos em eventos fora da Casa.” O calendário é intenso. “Já me apresentei 17 vezes”, diz Lucas Bertucci, de 12 anos, que também estuda teatro em Igaraçu do Tietê, cidade vizinha a Barra Bonita. “Eu gostaria de ser ator, trabalhar na televisão.” Numa das apresentações mais difíceis da Casa, os alunos de dança convidaram colegas que frequentam as academias particulares da cidade para um espetáculo coletivo, apropriadamente batizado Entrelace. “O encontro serviu para reafirmar o espírito democrático da Casa”, diz a arte-educadora em dança Viviane Carrasco, de 38.
Uma das características que distinguem esse projeto de outros da mesma natureza é a ênfase na capacitação das famílias. “Nós preparamos o jovem para um trabalho mais qualificado e também estimulamos seus familiares em direção ao empreendedorismo, seja coletivo ou individual”, diz Heloísa. “Envolver a criança, sua família e a comunidade é um dos pontos-chave do projeto, que pressupõe apoderamento e autonomia.” Um grupo formado por pais e cuidadores dos alunos se encarrega de propor formas de geração de renda. Elas vão de hortas comunitárias até cooperativas de artesanatos vendidos em bazares. Ao mesmo tempo, os alunos e suas famílias são orientados a cuidar do ambiente. Reciclar o lixo, economizar água e eletricidade, plantar árvores e manter as ruas limpas são algumas das contrapartidas que o projeto prevê. “Com isso, Campos Salles passou a ser um bairro reconhecido pela cidade”, diz Heloísa. “Era um lugar esquecido e hoje é um polo de atração de investimentos e de políticas públicas.” Hoje, quem diz em Barra Bonita que é de Campos Salles consegue até crediário nas lojas da cidade, algo impensável há dois anos.
O principal apoiador do projeto, com investimento direto de quase R$ 3 milhões por ano, além de verbas de renúncia fiscal, é a companhia AES. Ela contratou uma consultoria para monitorar os resultados e a satisfação foi de 98%. Mais que ampliar a rede de Casas de Cultura e Cidadania, que já chegaram a sete cidades, Heloísa sonha agora com o dia em que as Casas já não precisem existir. “A gente luta diariamente para se tornar desnecessário”, afirma.

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Aposta nos sonhos

Em 2008, as irmãs alagoanas Rosilene e Eliete da Conceição chegaram à pequena Glória do Goitá “com uma mão na frente e outra atrás”, como elas mesmas dizem. A cidade de 28 mil habitantes a 80 quilômetros do Recife foi o destino escolhido para fugir da miséria. Rosilene e Eliete tinham estudado apenas o suficiente para juntar as letras de seus nomes numa assinatura trêmula. Hoje, são empreendedoras.
A virada aconteceu quando as irmãs conseguiram um empréstimo com o Projeto Acreditar, uma organização de microcrédito rural voltada para jovens. Assim como na maioria dos municípios da Zona da Mata pernambucana, ter emprego com carteira assinada é um luxo em Glória do Goitá. Ali, o único trabalho oferecido em abundância é cortar cana-de-açúcar. A remuneração? Três reais por tonelada de cana cortada. Isso mesmo: R$ 3 por tonelada. Em lugares com esse padrão de renda, quantias muito pequenas de dinheiro podem transformar vidas. É isso que o Acreditar tem feito.
Criado em 2001, o programa funciona quase como um banco, mas com algumas diferenças. A iniciativa foi da Serta, uma organização não governamental dedicada a criar condições de trabalho e renda para os jovens da região. Reunindo um grupo de 120 jovens de Glória do Goitá, a ONG montou um programa que os ajudasse a realizar seus sonhos. O capital inicial era de R$ 10 mil, boa parte conseguida por meio da venda de comida e bebida numa festa. O dinheiro deu origem a um fundo rotativo, que empresta recursos a quem quer montar um negócio.

Quando Rosilene e Eliete procuraram o fundo, ele já contava com o apoio do Sebrae, do BNDES, do Itaú e de outras instituições, como a rede Ashoka. A carteira total ultrapassava R$ 200 mil e havia mais de 600 empreendedores se beneficiando do programa. As irmãs precisaram de apenas R$ 1.500 para montar uma fábrica de massa de mandioca caseira. Hoje, toda a família trabalha na fabriqueta, que tem três funcionários contratados e fornece seu produto para um supermercado no Recife. As microempresárias pagaram o empréstimo inicial em apenas seis meses – e já tomaram um novo, de R$ 1.940. “Nós vamos crescer muito ainda”, afirma Rosilene.
Para conseguir empréstimo não é preciso dar nada em garantia. Basta a palavra. Cada novo empreendimento inscrito no programa passa por um processo chamado de crédito assistido, que inclui uma orientação técnica no processo de amadurecimento da ideia, o levantamento socioeconômico dos futuros empreendedores, a avaliação do Comitê de Crédito do Acreditar e, por fim, a liberação do valor e o acompanhamento de como ele será gasto. As linhas de financiamento variam de R$ 200 a R$ 2 mil. A média é R$ 500.
Cobrando juros de apenas 3% ao mês sobre o saldo devedor, o Acreditar apoia cerca de 400 empreendedores e uma carteira de créditos de R$ 250 mil. Já beneficiou mais de 7 mil pessoas. Mesmo cobrando apenas 3% de juros sobre o saldo devedor, o programa dá lucro, revertido em novos empréstimos. Uma das razões para esse sucesso é a baixíssima taxa de inadimplência: apenas 1,6%, ou um quinto da média dos empréstimos a pessoas físicas do sistema bancário convencional.
“A gente não apoia empreendimentos que usem agrotóxicos, trabalho infantil, jogos, bebidas alcoólicas e outros itens degradantes ao ambiente e às pessoas”, diz a coordenadora do projeto, Lilian Prado, de 25 anos, que, antes de se tornar “microbanqueira”, ajudava os pais na roça. Ela ainda tem as mãos calejadas no cabo da enxada. Sua equipe é formada por jovens empreendedores que mantêm seus próprios negócios paralelamente ao trabalho no Acreditar. O projeto acabou se tornando também porta de saída para as aspirações da juventude local. “Aqui na cidade só tem ensino médio e magistério”, diz Lilian. “Os jovens não têm uma formação profissionalizante que estimule o empreendedorismo.” Como as escolas não oferecem essa ferramenta, o Acreditar faz sua parte. Almir Barbosa dos Santos, de 29 anos, cresceu trabalhando na casa de farinha da família. Nas horas vagas, encantava-se com o teatro de mamulengos do mestre José Lopes e apaixonou-se pela arte. Hoje, Almir tem sua própria companhia de entretenimento. “Antes do Acreditar, procurei outro banco para montar uma oficina, mas eles não acreditaram na viabilidade do negócio”, afirma Almir. Há nove anos ele se divide entre as atividades de artesão, educador e apresentador de teatro de mamulengo. Tudo isso com o crédito que recebeu. “O Acreditar fez valer minhas ideias”, diz Almir. Com a agenda de teatro cheia até o Carnaval do ano que vem, atarefado com a venda de bonecos e oficinas de criação, ele sonha em ampliar a empresa. “Penso em abrir meu próprio ateliê depois do Carnaval. É o que está faltando.”
As irmãs Rosilene e Eliete e o artesão Almir são dois exemplos de como o Acreditar transforma sonhos em oportunidades. Eles não pensam mais em ir para a cidade grande. Querem ficar em Glória do Goitá, onde um passeio de poucos minutos parece um catálogo das ações do Acreditar. Há desde quem tenha aberto uma pequena loja de roupas usando o dinheiro do programa até quem tenha pedido empréstimo para comprar milho, assar e vender na feira. 
"O Acreditar nunca foi um simples projeto, e sim um sonho. Meu medo era que ele se tornasse mais um banco. Mas a lógica é diferente. O projeto contempla a história de vida de cada empreendedor. Emprestar dinheiro, no final, é apenas um detalhe", diz Lilian.


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Recanto dos Querubins

Todos os dias chegamos ao CEI, percebemos os rostinhos de cada criança e logo um coro se inicia gritando o nome da professora que chega e mil abraços a cercam, num ato de amor demonstrado com sinceridade e afeto. São essas pequenas atitudes que encorajam a todos os profissionais a persistirem num sonho de vida, num sonho de educação iniciado em 1999 no bairro Jardim Sofia em Joinville – S.C. 

A implantação do Centro de Educação Infantil Recanto dos Querubins ocorreu para suprir a carência de educação infantil neste bairro e assim deu-se início a uma história de lutas, de conquistas, de parcerias, de amor e de muito trabalho em prol das crianças e adolescentes.

Diferente da visão que se tem do Sul do país, em que se pensa que não há dificuldades em relação à educação, sabe-se que atualmente milhares de crianças com idade entre 0 e 6 anos encontram-se fora das instituições de educação infantil por falta de vagas, implicando na não garantia de seus direitos e de suas famílias que precisam desempenhar funções no mercado de trabalho para que possam proporcionar uma vida mais confortável a seus filhos, como é a situação da maioria das famílias brasileiras. Continua>>>

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Doutores palhaço

Duas vezes por semana, Daniela Fontan, 30 anos, põe um nariz vermelho e, acompanhada de mais dez atores, visita hospitais do Rio de Janeiro. Durante quatro horas, a intérprete da doméstica Berenice na novela das 6 da TV Globo,Escrito nas Estrelas, transforma-se na Doutora Azeitona de Oliveira, uma especialista na arte de levar alegria às enfermarias, principalmente aos setores de pediatria. A atriz faz parte do Doutores Palhaços, trabalho desenvolvido pelo grupo teatral Roda Gigante, e percorre os hospitais Salgado Filho, Pedro Ernesto, Hospital dos Servidores do Estado, Hospital Geral de Bonsucesso e o Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira, da UFRJ. “Coloco o jaleco e vou de enfermaria em enfermaria visitar os pacientes. Sou uma ‘médica’ que cuida das partes saudáveis das pessoas que estão ali internadas. O objetivo é produzir saúde”, diz Daniela. 




"Com o palhaço, descobrimos que o personagem somos nós. Tudo que aconteceu na minha vida até hoje começou a fazer sentido, como ter dentes separados e ser gordinha.

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Apesar da pouca idade, o pequeno Fernando Rodrigues da Silva, 9 anos, enfrenta grandes desafios na vida. O jovem Wesley Gama, de 17, também. Os dois travam uma luta diária não só contra o câncer, mas também contra as dificuldades de seguir o tratamento, já que moram longe dos hospitais onde são atendidos.

A boa notícia é que no meio do caminho surgiu a Ahpas - Associação Helena Piccardi de Andrade Silva - entidade sem fins lucrativos, foi criada em 1999 por Luiz Andrade da Silva e Tatiana Piccardi, atual presidente, com o objetivo de oferecer transporte para os pacientes mais necessitados, que estão distantes do centro da cidade de São Paulo. E de graça. Continua>>>

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