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Bebianno prova que mentiroso é Jair e Carlos Bolsonaro


Áudios de Gustavo Bebianno cedidos a revista Veja prova de forma cabal, inconteste que o presidente da República do Brasil, Jair Messias Bolsonaro é um mentiroso, e o seu filhos Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro, também. Confira abaixo a transcrição publicada:
Nos bastidores da crise que acaba de resultar na demissão de Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência da República, houve uma intensa troca de mensagens escritas e de áudio, todas via WhatsApp, entre o presidente Jair Bolsonaro e o agora ex-ministro. Nelas, os dois trocam farpas, acusações e se desentendem sobre quase tudo. Desde o início da conversa, o estado de ânimo de cada um é diferente: Bolsonaro mostra-se irritado e impaciente, enquanto Bebianno tenta pacificar as coisas.
A relação entre eles estava estremecida desde que o jornal Folha de S. Paulorevelou um esquema de candidaturas laranjas do PSL, partido de Bolsonaro que foi presidido por Bebianno no ano passado. Mas o filho do presidente, Carlos, nunca teve simpatias por Bebianno, a quem atribui o fato de não ter conseguido controlar a área de comunicação do governo. Sabe-se que Carlos não fazia nenhuma questão de esconder do pai sua animosidade como ministro.
A crise agravou-se na quarta-feira 13, quando o jornal O Globo trouxe uma declaração de Bebianno negando qualquer crise no governo e dizendo que, no dia anterior, havia falado com o presidente “três vezes”.
Carlos aproveitou a oportunidade para detonar Bebianno. Postou um tuíte dizendo que era “mentira absoluta” que Bebianno tivesse falado com seu pai.
O tuíte de Carlos foi compartilhado pelo presidente. Na noite da mesma quarta-feira, Bolsonaro deu entrevista à TV Record em que afirmou que era mesmo mentira que Bebianno tivesse falado com ele.
Os áudios a que VEJA teve acesso provam que, se alguém mentiu no episódio, foram o presidente e o filho. Bebianno, como se pode constatar nas gravações a seguir, falou com o presidente através de mensagens escritas e pelo menos treze mensagens de áudio.
Confira:
A GLOBO É “INIMIGA”
Na terça-feira, 12, o presidente Bolsonaro encaminhou a Bebianno uma mensagem contendo a agenda do ministro. Nela, constava que Bebianno receberia na terça-feira, às 16h, o vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo, Paulo Tonet Camargo. Ao receber mensagem do presidente, a quem trata apenas por “capitão”, Bebianno respondeu de imediato: “Algo contra, capitão?”. Depois de insistir com algumas mensagens por escrito, Bebianno recebeu o seguinte áudio do presidente em que ele declara que a Globo é uma inimiga do governo e que, ao fazer contatos com a emissora, o colocaria em posição delicada com “as outras emissoras”:
Bolsonaro – “Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras? Que nós estamos se aproximando da Globo. Então não dá para ter esse tipo de relacionamento. Agora… Inimigo passivo, sim. Agora… Trazer o inimigo para dentro de casa é outra história. Pô,  tem que ter essa visão, pelo amor de Deus, cara. Fica complicado a gente ter um relacionamento legal dessa forma porque  tá trazendo o maior cara que me ferrou – antes, durante, agora e após a campanha – para dentro de casa. Me desculpa. Como presidente da República: cancela, não quero esse cara aí dentro, ponto final. Um abraço aí.”
OS MINISTROS ESTÃO CHATEADOS
Em outro momento da troca de mensagens, Bebianno envia ao presidente uma nota publicado pelo site O Antagonista. A nota informa que Bebianno e mais dois ministros – Ricardo Salles, do Meio Ambiente, e Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos – viajariam para o Pará para discutir projetos para a Amazônia com líderes locais. Bolsonaro, ainda convalescendo no hospital, não gosta da ideia e reclama com o ministro:
Bolsonaro – “Gustavo, uma pergunta: “Jair Bolsonaro decidiu enviar para a Amazônia”? Não tô entendendo. Quem tá patrocinando essa ida para a Amazônia? Quem tá sendo o cabeça dessa viagem à Amazônia? Um abraço aí, Gustavo, até mais.”
Depois desse áudio, o presidente, aparentemente, conversa com os outros dois ministros, Salles e Damares, e os dois se mostraram incomodados com a tal viagem. Bolsonaro, por sua vez, mostra seu receio de vir a ser cobrado por obras na região amazônica e decide então cancelar a programação toda:
Bolsonaro – “Ô, Bebianno. Essa missão não vai ser realizada. Conversei com o Ricardo Salles. Ele tava chateado que tinha muita coisa para fazer e está entendendo como missão minha. Conversei com a Damares. A mesma coisa. Agora: eu não quero que vocês viajem porque… Vocês criam a expectativa de uma obra. Daí vai ficar o povo todo me cobrando. Isso pode ser feito quando nós acharmos que vai ter recurso, o orçamento é nosso, vai ser aprovado etc. Então essa viagem não se realizará, tá OK? Um abraço aí, Gustavo!”
Os áudios acima mostram que Bolsonaro, de fato, falou “três vezes” com Bebianno, exatamente como o ministro declarara ao jornal O Globo. Querendo dar ares de normalidade à rotina do governo e assim minimizar o impacto da crise do laranjal do PSL, Bebianno declarara o seguinte ao jornal: “Não existe crise nenhuma. Só hoje (terça-feira) falei três vezes com o presidente”. Era verdade. Mas o filho Carlos postou o tuíte dizendo que ficara “24 horas do dia” ao lado do pai e não registrara qualquer conversa com Bebianno. E ainda postou um áudio em que o presidente garante que não tinha falado com o ministro – aparentemente, pai e filho consideram que troca de áudio não configura uma “conversa”.
Nos áudios seguintes, há trocas de mágoas e uma discussão algo bizarra sobre o que significa “falar” com alguém. Confira:
“VOCÊ NÃO FALOU COMIGO”
Neste áudio, Bolsonaro diz que Carlos não está “incitando a saída” de Bebianno. Antes, Bebianno recebera — e encaminhara cópia a Bolsonaro — uma mensagem de um jornalista (que não é identificado) dizendo que Carlos vinha conversando com deputados para derrubar o ministro.
Bolsonaro – “O caso incitando a saída é mais uma mentira. Você conhece muito bem a imprensa, melhor do que eu. Agora: você não falou comigo nenhuma vez no dia de ontem. Ele esteve comigo 24 horas por dia. Então não está mentindo, nada, nem está perseguindo ninguém.”
“ISSO ESTÁ ERRADO”
Bebianno – “Há várias formas de se falar. Nós trocamos mensagens ontem três vezes ao longo do dia, capitão. Falamos da questão do institucional do Globo. Falamos da questão da viagem. Falamos por escrito, capitão. Qual a relevância disso, capitão? Capitão, as coisas precisam ser analisadas de outra forma. Tira isso do lado pessoal. Ele não pode atacar um ministro dessa forma. Nem a mim nem a ninguém, capitão. Isso está errado. Por que esse ódio? Qual a relevância disso? Vir a público me chamar de mentiroso? Eu só fiz o bem, capitão. Eu só fiz o bem até aqui. Eu só estive do seu lado, você sabe disso. Será que você vai permitir que o senhor seja agredido dessa forma? Isso não está certo, não, capitão. Desculpe.”
“POR QUE ESSE ÓDIO?”
Em outro áudio enviado ao presidente, Bebianno lembra que é um pacificador, em contraste com a personalidade espinhosa de Carlos, e chegou a ser aceito no convívio com os militares que antes lhe rejeitavam – e volta a garantir que não faltou com a verdade. “Ontem eu falei com o senhor três vezes, sim”.
Bebianno – “Eu só prego a paz, o tempo inteiro. O tempo inteiro eu peço para a gente parar de bater nas pessoas. O tempo inteiro eu tento estabelecer uma boa relação com todo mundo. Minha relação é maravilhosa com todos os generais. O senhor se lembra que, no início, eu não poderia participar das reuniões de quarta-feira, porque os generais teriam restrições contra mim? Eu não entendia que restrições eram aquelas, se eles nem me conheciam. O senhor hoje pergunte para eles qual o conceito que eles têm a meu respeito, sabe, capitão? Eu sou uma pessoa limpa, correta. Infelizmente não sou eu que faço esse rebuliço, que crio essa crise. Eu não falo nada em público. Muito menos agrido ninguém em público, sabe, capitão? Então quando eu recebo esse tipo de coisa, depois de um post desse, é realmente muito desagradável. Inverta. Imagine se eu chamasse alguém de mentiroso em público. Eu não sou mentiroso. Ontem eu falei com o senhor três vezes, sim. Falamos pelo WhatsApp. O que é que tem demais? Não falamos nada demais. A relevância disso… Tanto assunto grave para a gente tratar. Tantos problemas. Eu tento proteger o senhor o tempo inteiro. Por esse tipo de ataque? Por que esse ódio? O que é que eu fiz de errado, meu Deus?”
“NÃO VOU MAIS RESPONDER A VOCÊ”
Bolsonaro, aqui, deixa claro que trocar mensagens de áudio não configura “falar” com alguém. E abre uma nova frente de conflito. Acusa seu ministro de ter plantado uma nota em O Antagonista para envolvê-lo com o laranjal do PSL em Pernambuco. Segue-se uma discussão bizantina entre um presidente e um ministro.
Bolsonaro – “Ô, Gustavo, usar da… Que usou do Whatsapp para falar três vezes comigo, aí é demais da tua parte, aí é demais, e eu não vou mais responder a você. Outra coisa, eu sei que você manda lá no Antagonista, a nota (sobre Bolsonaro não atender Bebianno) foi pregada lá. Dias antes, você pregou uma nota que tentou falar comigo e não conseguiu no domingo. Eu sabia qual era a intenção, era exatamente dizer que conversou comigo e que está tudo muito bem, então faz o favor, ou você restabelece a verdade ou não tem conversa a partir daqui pra frente.”
“É DESONESTIDADE E FALTA DE CARÁTER”
Bolsonaro – “Querer empurrar essa batata quente desse dinheiro lá pra candidata em Pernambuco pro meu colo, aí não vai dar certo. Aí é desonestidade e falta de caráter. Agora, todas as notas pregadas nesse sentido foram nesse sentido exatamente, então a Polícia Federal vai entrar no circuito, já entrou no circuito, pra apurar a verdade. Tudo bem, vamos ver daí… Quem deve paga, tá certo? Eu sei que você é dessa linha minha aí. Um abraço.”
“NÃO PLANTEI NADA”
Bebianno – “Capitão, a nota do Antagonista que o senhor tá me acusando de ter plantado… Se o senhor olhar bem, eu localizei aqui e mandei pro senhor. Eu não plantei nada. Ela replica o que a Folha falou. Está escrito aqui: “segundo aFolha, segundo a Folha, o ministro Gustavo Bebianno tentou ligar para Jair Bolsonaro neste domingo para explicar o caso, mas o presidente não atendeu”. Quem mencionou isso não foi o Antagonista, foi a Folha. O Antagonista simplesmente replicou. Então, capitão, eu não plantei nada em lugar nenhum, tá? Abraço.
“QUEM VAZOU FOI VOCÊ”
Bolsonaro – “Bebianno, olha como você entra em contradição. Que seja aFolha. Se foi uma tentativa tua pra mim e eu não atendi… Eu não liguei praFolha, eu não ligo pra imprensa nenhuma. Quem ligou foi você, quem vazou foi você. Dá pra você entender o caminho que você está indo? E você tem que fazer uma reflexão para voltar à normalidade. Deu pra entender? Vou repetir: se você tentou falar comigo, um pra um, se alguém vazou pra Folha, não fui eu, só pode ser você. Tá ok?”
“NÃO VAZEI NADA”
((Audio))
Bebianno – “Não, capitão, não é isso, não. Eu não tentei ligar pro senhor, eu não falei, não vazei nada pra ninguém.
Eu nem tentei ligar pro senhor. O senhor mandou um recado que era pra eu não ir ao hospital. Não fui e não liguei pro senhor nenhuma vez. Deixei o senhor em paz. É… Se eu tentei ligar uma ou duas vezes, também não me lembro pelo motivo que foi, é… Não é isso, não, capitão, tá? Eu não vazei nada pra lugar nenhum, muito menos pra Folha, com quem eu praticamente não falo. Abraço, capitão.”

“O SENHOR ESTÁ ENVENENADO”
Neste áudio, Bebianno explica seu papel nas verbas do PSL remetidas para Pernambuco, reafirma que é inocente no caso das candidaturas-laranja – e diz que o presidente está “bem envenenado”, deixando implícito que o envenenador é seu filho Carlos:
Bebianno – “Em relação a isso, capitão, também acho que a coisa está… Não está clara. A minha tarefa como presidente interino nacional foi cuidar da sua campanha. A prestação de contas que me competia foi aprovada com louvor, é…Agora, cada Estado fez a sua chapa. Em nenhum partido, capitão, a nacional é responsável pelas chapas estaduais. O senhor sabe disso melhor do que eu. E, no nosso caso, quando eu assumi o PSL, houve uma grande dificuldade na escolha dos presidentes de cada Estado, porque nós não sabíamos quem era quem. É… Cada chapa foi montada pela sua estadual. No caso de Pernambuco, pelo Bivar, logicamente. Se o Bivar escolheu candidata laranja, é um problema dele, político. E é um problema legal dela explicar o que ela fez com o dinheiro. Da minha parte, eu só repassei o dinheiro que me foi solicitado por escrito. Eu tenho tudo registrado por escrito. Então é ótimo que a Polícia Federal esteja, é ótimo que investigue, é ótimo que apure, é ótimo que puna os responsáveis. Eu não tenho nada a ver com isso. É… Depois a gente conversa pessoalmente, capitão, tá? Eu tô vendo que o senhor está bem envenenado. Mas tudo bem, a minha consciência está tranquila, o meu papel foi limpo, continua sendo. E tomara que a polícia chegue mesmo à constatação do que foi feito, mas eu não tenho nada a ver com isso. O Luciano Bivar que é responsável lá pela chapa dele. Abraço, capitão.”
Vida que segue...





Famíglia real

O rei mitomaníaco e o princípe de laranja 

Laranja: O Dicionário Eletrônico Houaiss ainda diz que, em sentido figurado e de uso informal, laranja é «indivíduo, nem sempre ingênuo, cujo nome é utilizado por outro na prática de diversas formas de fraudes financeiras e comerciais, com a finalidade de escapar do fisco ou aplicar dinheiro de origem ilícita; testa-de-ferro» ...
Vida que segue...

Depois de ser Carlonizado, Bebianno frita Bolsonaro




O clã Bolsonaro foi bucar lã e saiu tosquiado. Pai e filho (Carlos e Jair) sem ter o que fazer resolveram tostar o ministro Gustavo Bebianno - Secretaria-Geral da Presidência - pelo twitter. 02 chama o ministro de mentiroso, o pai retwitta confirmando, acham que arrebentaram. Mas, eis que o colaborador não aceita a "brincadeira" passivamente e dá o troco:

(...) "não sou homem de postar coisas em redes sociaisnão faz parte da minha rotina"
(...) "Eu posso cair. Caso isso aconteça, Bolsonaro cai junto"

O presidente não se dar por achado e ameaça Bebianno usando o cão de quarda Sérgio Moro.

Bebbiano insinua que a PF deve começar a investigação sobre o laranjal do PSL por Minas Gerais.

Até este momento Gustavo Bebianno continua ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

É Bolsonaro, quem não pode com o pote não pega na rodilha.

Vida que segue...

Eliane Cantanhêde: o problema não foi Carlos, foi Jair

Todos ali sabiam que, num clima como esses, só uma pessoa tem coragem, legitimidade, respeito e jeito para alertar o presidente contra o excesso de poder dos filhos e para o excesso de problemas que eles estão jogando no colo do pai. Esta pessoa é Heleno. Os militares recorrem a ele, a quem cabe dizer verdades difíceis a Bolsonaro.
Na crise de Bebianno, porém, quem matou a charada foi o Estado, ao recompor a cronologia da quarta feira, que deveria ser de comemoração da alta de Bolsonaro e virou uma guerra entre o filho do presidente e um dos únicos civis com algum poder no Planalto.
E qual foi a charada? Os mundos político, militar e econômico passaram o dia crucificando Carlos Bolsonaro por ter tido a audácia e o voluntarismo de atacar um ministro. Mas a história é diferente. Primeiro, o presidente desmentiu Bebianno ao gravar a entrevista para a TV Record ainda no Hospital Albert Einstein. Só depois, enquanto o presidente voava para Brasília, Carlos divulgou o desmentido do pai pelo twitter, inclusive com o áudio em que ele se recusa a falar com Bebianno. Por fim, Bolsonaro retuitou o ataque de Carlos.
Ou seja: todo mundo incomodado, aflito e preocupado com o ato de Carlos, mas o problema era outro: não foi o filho quem gerou o problema, nem foi o pai quem tomou partido dele a posteriori. Foi o presidente quem atacou o ministro, Carlos só amplificou a posição do pai. Logo, Carlos não age da própria cabeça, ele é a voz do presidente.

Conclusões
1) desta vez, o problema não foi Carlos, foi Jair; 
2) Bebianno está frito, mas ele também tem muito óleo na frigideira; 
3) Se é assim com Bebianno, o que será com os demais? 
4) Heleno pode fazer queixa de Carlos para Jair, mas pode dar uma bronca no presidente?

O Exército está irritado com o filho, mas quem gerou a crise foi o pai presidente
Publicado originalmente no jornal Estado de São Paulo - Estadão
Vida que segue
Corrigindo: o problema não é o Carlos, é Jair!

Luis Nassif: xadrez do pai de Carlos Bolsonaro

1ª Peça: o desmanche do governo
O governo Bolsonaro não precisa de inimigos. Ele e a família se bastam. Imaginava-se que o primeiro mês de governo seria das cabeçadas. Depois, haveria uma articulação inicial para começar a implementar seus diversos sacos de maldade.
O episódio Bebianno mostrou que Jair e filhos são incontroláveis.
Como se recorda, a Folha denunciou o desvio de verbas partidárias para laranjas do PSL. Imediatamente, Carlos Bolsonaro – o filho pitbull – apontou o dedo para Gustavo Bebianno, Secretário Geral da Presidência. Para se proteger, Bebianno declarou ter conversado três vezes durante o dia com o pai de Carlos. Carlos desmentiu e o pai de Carlos confirmou o desmentido.
Frágil até a medula, o pai de Carlos anunciou que esperava chegar em Brasília com Bebianno fora do governo. Sabendo no tête-à-tête o pai de Carlos é frágil, Bebianno disse que só sairia depois de conversar pessoalmente com o pai de Carlos.
O pai é emocional e politicamente dependente dos filhos. E os filhos são completos sem-noção. O governo Bolsonaro não sobrevive com os filhos no centro dos acontecimentos. E o pai não sobrevive sem eles. Como é que se resolve esse drama nelsonrodriguiano?
2ª Peça: Bebianno e Sérgio Moro
A encrenca Gustavo Bebianno respingou pesadamente em Sérgio Moro.
Em entrevistas à imprensa, Bebianno sugeriu que se caísse levaria junto o pai de Carlos Bolsonaro. Já o Ministro Sérgio Moro anunciou que investigaria a denúncia contra Bebianno a pedido do pai de Carlos. Ora, se Bebianno diz que haveria respingos no pai de Carlos, e o pai de Carlos pede expressamente para Moro conduzir a investigação, a suspeita que fica é que o pai de Carlos tem esperança de que Moro deixe o laranjal inteiro no quintal de Bebianno.
E se o próprio Ministro Moro avisa que vai investigar o laranjal, a pedido do pai de Flávio, mais eloquente ainda ficou seu silêncio em relação ao envolvimento do motorista Fabrício Queiroz com o irmão de Carlos.
Com imbróglio dessa natureza, não adiantou sequer chamar outra vez a cavalaria – o enésimo vazamento da delação do ex-Ministro Antônio Pallocci. A esta altura do campeonato, nem as milícias virtuais de Bolsonaro acreditam mais em Pallocci.
Aliás, a maior defesa de Carlos foi o elogio que as contas do PSL receberam do ínclito Ministro Luís Roberto Barroso, do Tribunal Superior Eleitoral. Para saber para onde caminham os ventos, sugere-se ficar de olho nas declarações de Barroso. Se ele criticar os Bolsonaros, é porque não há nenhum risco de eles manterem o poder.
3ª Peça: barbárie avança sem comando

Ministro ameaça o presidente

Nenhuma descrição de foto disponível.

Gustavo Bebianno: "Eu posso cair. Caso isso aconteça, Bolsonaro cai junto." 

Um jornalista afirma que o ministro lhe disse exatamente estas palavras acima. Se ele cumprirá a promessa, aí são outros quinhentos.

Vida que segue...

XVII artigo do dia



O que o Edy do Pinochet tem a ver com a calça [cu] de [dos] Bolsonaro?



As pessoas que estão compartilhando fofocas sobre um suposto romance do Carlos Bolsonaro com o primo estão esperando o que para entender que isso é muito estúpido? Querem ofendê-lo? Atingir o pai com o "defeito" do filho? Estão competindo pra ver quem é mais quinta série? Ou resolveram jogar fora a máscara de defensores da diversidade pra mostrar que no fundo vocês também não gostam de viado e se ele for mesmo gay deve ser escrachado publicamente?
Não estou defendendo a privacidade do cara, a quem eu também considero repugnante como pessoa pública. Mas não pode ser mais embaraçoso ver companheiros autoproclamados "de esquerda" nessa fofoca! E não só por não haver coisa mais fascista do que tirar alguém do armário à força (quem quer que seja), mas principalmente pelo que significa toda essa insinuação. Um cara que propaga ideias nazistas virar alvo de investigação online sobre uma possível homossexualidade? Onde querem chegar com isso?
Exemplifico com uma notícia que oportunamente coincide com esse fuxico que está rolando no Brasil: foi anunciada a publicação de um livro que reunirá supostas cartas trocadas entre Augusto Pinochet, o ditador chileno, com o senador e ideólogo de direita Jaime Guzman. O livro "denuncia" que ambos teriam vivido um romance. Os trechos divulgados das cartas são de cair o queixo. "Torturaria comunistas só para ver-te sorrir", "Mi Hitler criollo", "Logo nos veremos e será como um tiro na cabeça" "Com muito afeto, seu Ditador".
Pessoas "de esquerda" aqui no Brasil (muitas públicas, inclusive) se apressaram em compartilhar a notícia com comentários de psicologismo leigo sobre a relação entre a sexualidade reprimida e a violência sanguinária do maior genocida das ditaduras latino americanas do século XX. Sério, gente? Ele derramou rios de sangue só porque não gozou gostoso? Conte-me mais...

Pergunto: a que serve historicamente comprovar-se a homossexualidade em um homem desses, senão eximir de responsabilidade todas as forças políticas e sociais que o sustentaram? Não foi então por pressão das elites econômicas chilenas, dos grandes empresários e da igreja que derrubou-se o governo popular de Salvador Allende? Não foi pela continuidade da Operação Condor sobre as Américas que os EUA enviaram seus aviões para bombardear o Palácio La Moneda com o presidente dentro? Não foi sob a desculpa da "ameaça vermelha" que o Chile impediu o avanço de políticas sociais? Não foi por ódio aos pobres? Pela exploração do cobre e do salitre? Pelo alinhamento ao imperialismo norte americano?
Digam então a uma mulher cujo filho tenha sido estripado e jogado de um avião no meio do oceano que na verdade o problema é que o Pinochet queria dar pro coleguinha e não rolou! Convençam a História de que as mais de 80 mil pessoas presas, torturadas e/ou mortas o foram graças aos problemas sexuais de um único homem. Então as mulheres estupradas, crianças desaparecidas, fome, miséria, a entrega de riquezas naturais e a destruição nacional entram na conta do trauma sexual da maricona? Me poupem!

Pode ser, eventualmente, que Pinochet fosse homossexual. E isto pode, sim, ser relevante para estudos psicossociais que relacionem repressão sexual à violência. Ganha a ciência, é verdade. Mas essa discussão não equaciona os fatos políticos para a solucionar a revolução que urge. Só desvirtua e subverte lógicas.
No campo da oposição política, agora a esquerda também é fiscal de fiofó? Sermos moralistas não é só vergonhoso e contraditório, mas estrategicamente burro. Porque o que sustenta esse projeto insustentável que os Bolsonaro apresentam é o discurso moral. Sem isso eles não tem nenhuma força. Os liberais econômicos, sozinhos, não elegem mais ninguém. Por isso a direita não investiu no Amoedo e o Alckmin, coitado, deu com os burros n'água. O negócio é o moralismo!
Estamos hoje no Brasil, sob a ameaça desse grupo conservador que instalou-se no poder com expressiva votação de parcela do nosso povo graças ao discurso da moral. Ou vocês acham que o currículo do Paulo Guedes teve mais influência junto ao eleitorado do que a mamadeira de piroca do whatsapp? Os eleitores abraçaram sem constrangimentos a causa do ódio aos LGBTI's que a família Bolsonaro vendeu. Enquanto fala-se sobre Damares ser uma "cortina de fumaça" para camuflar os já aparentes indícios de corrupção e autoritarismo, a mim evidencia-se que o Delinquente da República está entregando o que prometeu: aos eleitores, a exclusão dos LGBTIs e o porte de armas, e aos patrocinadores, a flexibilização do Estado para explorações e massacre. Calculem a equação que resultará disso.
Todos sabem, inclusive muitos eleitores do Bolsonaro já suspeitam, que esse governo é uma desgraça para o país e para o povo. Mas ele tende a se manter no poder com tranquilidade enquanto for capaz de manipular o medo irracional, quase supersticioso, da ameaça imoralíssima que vem da esquerda. Damares tem papel fundamental na manutenção de Bolsonaro no Planalto. Parem de ajuda-la! Deixem o rabo do Carlucho dentro das cuecas e cuidemos de descobrir como combater esse governo assumidamente evangélico fundamentalista com inteligência.
Precisamos estar fortes, como diz a canção, mas precisamos também, e muito, estarmos atentos!
Salvador, 17/01/2019 
por Beatrice Papillon
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