*Farsante, Hipócrita, Canalha
Lê:
Não sei se um dia o brasileiro se livrará dessa herança. A mentira entrou em nossas vidas para ficar. Mente-se tanto por dez reis de mel coado quanto por milhões. Tem gente que se especializou em mentir até porque é uma especialização facílima, não requer muito estudo ou muita instrução.
O que requer estratégia, inteligência e muita memória é não tropeçar na mentira, é não se enredar em seus fios. Que são muitos.
Da menos grave, tola, à mais grave e prejudicial à Nação. Da “como seu filho é simpático! Igualzinho a você!” quando o filho é o oposto do pai e de uma antipatia de assustar passarinho, à que protege os malfeitos contra o povo.
Do sujeito que mente por mentir, que se gaba de enrolar os amigos, ao cara que mente em casa, para os filhos e para a mulher em quem fez os filhos.
Isso sempre aconteceu. Mentir faz parte do ser humano, assim como saciar a fome e a sede, pegar o que nos agrada e afastar o que nos desagrada e não ter problema com a nudez ou com as atividades inerentes ao corpo humano.
Mas o homem teve que abandonar o Paraíso e ir viver em grupos cada vez maiores. Era preciso encontrar uma forma do convívio ser possível e para isso fomos sendo educados pelos que vieram antes de nós a controlar nosso corpo, só pegar o que é nosso, não invadir o espaço do outro.
E assim, sempre às voltas com mentirosos e pulhas e lutando contra eles, viemos vindo. Tentando manter a cabeça fora d’ água e só nos curvando aos maus por medo deles e de suas mentiras.
Há sociedades, até hoje, apesar de todos os horrores pelos quais passaram, onde a mentira é o pior dos crimes por ser a Mãe de Todos os Crimes.
Aqui também era assim. Nos tempos de Nabuco, de Pedro II, de Oswaldo Aranha, do fio da barba.
No entanto, parece que a hombridade cansou. Abaixo começa a FHCssice