Poucos países conseguiram firmar indústrias aeronáuticas sólidas e prósperas. Vários foram os experimentos e projetos, dezenas as indústrias de várias nacionalidades que lançaram aeronaves civis e militares de diferentes tipos ao longo das últimas cinco décadas. Hoje, após o desaparecimento de muitas delas, poucas indústrias aeronáuticas sobreviveram, e três se destacam no cenário mundial: a norte-americana Boeing, a franco-germana Airbus e, para nosso orgulho, a brasileiríssima Embraer.
Desde o final dos anos sessenta, quando um grupo de engenheiros e projetistas brasileiros, reunidos em São José dos Campos, iniciaram o projeto do bimotor Bandeirante, a Embraer não tem senão aprimorado tecnologicamente os seus produtos e avançado no mercado internacional da aviação. Hoje são mais de cinco mil aeronaves voando em oitenta e oito países dos cinco continentes, nas cores de empresas aéreas, operadores civis e Forças Aéreas, transportando milhões de passageiros a cada mês, atendendo populações no interior da África ou ligando ilhas na Oceania, operando no London City Airport, no coração da capital dos ingleses, ou transportando os governantes do Brasil, Bélgica, Índia, Angola, Grécia, Panamá, Equador e muitos outros países. Algumas das maiores corporações econômicas dos Estados Unidos voam com os Legacy, que avançam de forma impressionante num mercado altamente competitivo. Algumas das principais empresas aéreas regionais dos Estados Unidos, com frotas formadas por centenas de jatos, preteriram aviões construídos pela Bombardier no Canadá e por outras indústrias aeronáuticas do seu próprio país e se renderam a excelência das aeronaves ‘made in Brazil by Embraer’.
Os aeroportos europeus e norte-americanos são as passarelas por onde desfilam o talento comprovado e a extraordinária competência dos engenheiros, dos projetistas, dos técnicos e dos operários que fazem da Embraer um orgulho do povo brasileiro, uma prova eloqüente de nossa capacidade criativa e de nossa competência técnica.
Não estamos colocando no mercado mundial um avião mais barato, nem estamos oferecendo condições desleais num mercado para lá de competitivo. O que a Embraer apresenta é uma qualidade impressionante nos aviões que produz: seguros, econômicos, confortáveis, modernos e com inovações saídas das pranchetas de seus projetistas e das linhas de produção em São José dos Campos que tem dado imensa dor-de-cabeça aos concorrentes!
Recordo-me do dia em que em 1997, como presidente do Conselho Deliberativo do FAT (Fundo de Assistência ao Trabalhador), liderando uma equipe de técnicos e acompanhados por pessoal do BNDES, fomos até a Embraer participar do processo de capitalização da empresa, dotando-a das condições necessárias para que desse o salto qualitativo necessário e pudesse competir com gigantes dos EUA e Europa no mercado aeronáutico mundial. Foram negociações da maior importância, de profundidade técnica e com a participação dos novos acionistas e dos trabalhadores da empresa. Mas todos, rigorosamente todos nós, tínhamos uma só certeza: aquela Embraer que já nos orgulhava pela qualidade de sua produção, pela competência de seu pessoal, pelo reconhecimento em todo o mercado em que atuava desde 1969, era pequena perto do que seria em poucos anos com os projetos que definíamos e os investimentos que seriam realizados em muito pouco tempo. Estávamos certos e assim foi feito. Valeu todo o esforço do FAT, do BNDES e do pessoal da Embraer!
Desde então, com a produção dos jatos Embraer 170, 175, 190 e 195, a empresa tem conquistado a preferência de empresas aéreas de todo o mundo e, verdadeiramente, assustado os concorrentes tradicionais, que não tem respondido com rapidez ao desafio da nova gigante que se ergue do Brasil para o mundo, coalhando os céus com aviões excepcionalmente superiores aos seus similares. A participação que todos nós tivemos, ao lado da competente equipe administrativa e técnica da Embraer, é motivo de orgulho e imensa alegria ao constatar o sucesso de uma de nossas melhores empresas.
Hoje a Embraer é mais do que um cartão de visitas de nosso país. Ela é uma das faces de um Brasil guerreiro e vencedor. A Embraer é uma amostra do que os brasileiros podem fazer de melhor na mais avançada tecnologia e na conquista dos mercados internacionais, competindo de igual para igual com povos que tiveram mais tempo, mais chances, mais oportunidades e mais recursos que nós para se desenvolverem e avançarem. Considero-a um exemplo a ser seguido como cultura de empresa que conjuga modernidade e brasilidade, tendo a exata noção que seus aviões levam pelos céus do mundo não apenas o nome de uma indústria vitoriosa, mas a marca do que um povo genial como o nosso é capaz de fazer.
Delúbio Soares
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