Mostrando postagens com marcador Ricardo Melo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Ricardo Melo. Mostrar todas as postagens

Psdb prova do próprio veneno

"Pegaram um criminoso, réu confesso, preso por abuso de menores, para me acusar sem nenhuma prova. Coisa de bandido.

Não, a afirmação não é de nenhum suspeito na operação da moda, a Lava Jato. O desabafo é do governador Beto Richa, tucano de carteirinha, num vídeo publicado no Facebook. Richa, como se sabe, ganhou notoriedade nacional –​ ​ 
e internacional– como o carrasco de professores do Paraná.

Nada como um dia depois do outro. Eis que um auditor da Receita paranaense, Luiz Antônio de Souza, fez o que o doleiro Alberto Youssef pratica período sim, período não. Entrega uma delação premiada em troca de redução de penas. O conteúdo fica ao gosto de um certo público qualificado.

Para quem não sabe, Souza é acusado de participar de um esquema em que empresários pagavam propina em troca da redução ou até da anulação de calotes tributários. Puxando o novelo, surgiu a denúncia de que o grupo de auditores criminosos deveria molhar a mão da campanha de Beto Richa com R$ 2 milhões surrupiados na propinagem.

O conteúdo da delação tem tanto valor quanto as infindáveis “revelações” de Youssef. Ou seja, é tudo verdade? É tudo mentira? Que parte é verdade e que parte é mentira? Silêncio ensurdecedor no PSDB.

Assim como Souza, Youssef é um criminoso contumaz. O primeiro chega a abusar de menores; o segundo prefere negociar com adultos. “Incorrigível”, como declarou o Ministério Público depois que o doleiro voltou a delinquir após atuar como delator no caso Banestado.

Mesmo assim, Youssef recebeu uma nova chance. Virou testemunha-chave na Lava Jato. Mais. Ganhou direito a delações editadas.

Algumas de suas denúncias estampam manchetes; outras, que envolvem gente de fora do governo atual, têm que ser procuradas com lupa nas redes sociais.

​(…) ESQUEÇAM O QUE ESCREVI

Com o vazio de lideranças dignas desse nome, a oposição escalou o veterano Fernando Henrique Cardoso para comandar a tropa de choque contra o governo. Rejuvenescido por amores tardios e celebrado pela banca em Nova York, faz o diabo para mostrar que está em forma.

Subiu no caixote e gostou do ambiente; aguarda-se um dueto com Marta Suplicy em rede nacional. FHC chama Lula para o embate, flerta com o impeachment de Dilma, opina sobre tudo. Menos, por exemplo, sobre o dinheiro torrado para comprar a própria reeleição."

Trechos do artigo de Ricardo Melo - Folha de São Paulo

Ricardo Melo: Fhc, o príncipe que virou sapo

Conforme previsto, boa parte da campanha eleitoral vem sendo dominada por vazamentos seletivos sobre a Petrobras. Neles ressaltam a falta de cuidado quanto às circunstâncias e alcance do que falam os "delatores". Um áudio ali, uma declaração aqui, documentos secretos acolá --vale tudo. O julgamento parece estar feito.

Personagens surgem e desaparecem subitamente. 
Cada um pense o que quiser.
Mas quem tocou no ponto central foi um candidato fora da cédula: Fernando Henrique Cardoso. Num tom quase que acusatório, disse que o voto do PT vem dos pobres. Claro, tentou tucanar o próprio preconceito. "O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres [sic]. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados".
Bem, caro ex-presidente, e antes, como explicar seus votos no Nordeste à custa de alianças com o finado PFL e oligarquias reacionárias? Pelo mesmo raciocínio, pode-se chegar à conclusão de que a derrocada tucana começou depois que os pobres se informaram. E não gostaram do que viram. Ou seja, o contrário do que deduz o ex-presidente. Isso sem falar que os bem ou mal informados, tanto faz, derrotaram o genérico Aécio em plena Minas Gerais. Danem-se as urnas: o outrora festejado "príncipe dos sociólogos" escolheu inverter a fábula e se transformar em sapo dos endinheirados.
Talvez o que mais incomode não seja propriamente a decomposição intelectual. É a soberba quando se trata de dar aulas de ética, moral e bons costumes. FHC protagonizou um dos maiores estelionatos eleitorais: promoveu a desvalorização abrupta do real, negada de pés juntos por ele durante a campanha de 1998. Para aprovar a reeleição, o esquema oficial subornou parlamentares a peso de ouro. Sua obsessão privatizante nem sequer gerou dinheiro em caixa, ao menos para o contribuinte honesto. Pelas contas do jornalista Aloysio Biondi, a liquidação estatal deu um prejuízo de cerca de R$ 2,5 bilhões ao povo. Para quem se interessar, os números estão lá, na página 100 do livro "O Brasil Privatizado".
Aécio parece ir pelo mesmo caminho. Inútil perder tempo com as caudalosas entrevistas do candidato. Bastam alguns exemplos de disparates. Com a modéstia habitual, Aécio compara sua candidatura ao movimento que derrubou a ditadura militar! Diz ainda que fará um governo dos pobres (mal ou bem informados?) e que pretende ser o presidente da educação. Silencia sobre o fato Minas Gerais pagar aos professores, com base na contabilidade criativa tão criticada pelos tucanos, um piso inferior ao nacional. Chega a afirmar que obras como o aeroporto familiar construído com dinheiro público visaram ao interesse coletivo. Parece galhofa.
Quantos ministérios vai cortar? A gasolina custará quanto? Quantos cargos serão eliminados? Respostas: "Não posso antecipar cenários específicos", "no momento em que anunciar o novo desenho da máquina pública", "encontraremos o caminho legal adequado". Para fechar com chave de ouro, diz opor-se "violentamente a qualquer tipo de cerceamento de liberdade [...] em especial a liberdade de imprensa." Os jornalistas de Minas que o digam.
Enfim, declarações que soam tão verdadeiras quanto a marquetagem do choque de gestão aecista. A esse respeito, vale ler a manchete da Folha deste domingo (12). O perigo é se informar e trocar de candidato.