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Amor entre grades

No ambiente frio e impessoal das prisões, é possível o surgimento de relações afetivas, muitas vezes, por acaso



Um gueto institucionalizado. Assim pode ser definido o ambiente prisional, marcado por um ambiente frio, impessoal, que segrega e mata desde sonhos até relações sociais e afetivas, que ficam limitadas pela quebra do direito de ir e vir desta população. Assim, os muros das instituições prisionais, a exemplo do Instituto Penal Feminino Desembargadora Auri Moura Costa delimita não apenas o espaço geográfico entre dois mundos distintos, mas também sentimentos. Como o que sentem as 22 mulheres daquela unidade que mantém relacionamentos afetivo-sexuais além muro do presídio. O local, no município de Itaitinga, abriga 416 mulheres com capacidade para apenas 374 detentas. Muita gente.



Dentre estas mulheres, nove têm como companheiros detentos do Instituto Professor Paulo Olavo Oliveira (IPPOO-II). Neste caso, apesar da distância física ser apenas de alguns metros, não tornam essas relações mais próximas, uma vez que o contato só acontece de 15 em 15 dias, durante três horas, quando são permitidas as visitas íntimas.



A saudade faz parte da vida dos casais que não dividem o dia a dia. No entanto, só não é maior do que o constrangimento enfrentado pelas companheiras, no momento da revista. Para alguns, esta é a maior declaração de amor, como admite Emanuel Coelho de Amorim Peixoto, 30 anos, para quem a visita com a família e a companheira é o que de melhor acontece na sua vida. Abandonado pela mulher, conseguiu conhecer, por acaso, a atual namorada com quem vai casar, em breve.



"Foi através da mulher de um companheiro. Ela disse que tinha uma amiga, levou minha foto, e trouxe a dela. A gente gostou um do outro". A falta do contato diário, elemento fundamental para a construção de uma relação afetiva, não constitui entrave. "Foi amor à primeira vista". Com a certeza peculiar dos apaixonados diz: "Vamos casar aqui mesmo, no presídio".



Relações construídas entre as brechas deixadas tanto pela legislação quanto pelo desejo de encontrar um novo significado para a vida de pessoas que estão presas, nem por isso deixam de ser intensas. A jovem Bruna Pinheiro Moreira, 21 anos, conheceu o companheiro com quem mantém um relacionamento, há dois anos, na casa de uma amiga.



Mãe de um filho de três anos, reconhece como demonstração de amor o apoio. "Ele me ajuda com o meu filho e não me abandona". Assim, o amor é expresso por diversas formas. O "eu te amo" ganha várias dimensões que passam pelo cuidar, como revela Ana Lorena Barbosa Viana, 34 anos. Ela encontra nas demonstrações de afeto da companheira uma declaração de amor. "Nunca ninguém tinha cuidado assim de mim", confessa, prometendo escrever um livro sobre sua história de amor. Outra maneira de expressar o sentimento é a disposição de passar pelo constrangimento da vistoria, antes da visita íntima.



Diretores dos presídios, sobretudo dos masculinos, reconhecem que o momento da visita requer muito cuidado, podendo ser a porta de entrada para drogas e celulares, explica Elindomar Batista Caminha, chefe de Segurança e Disciplina do IPPOO-II. As visitas, realizadas às quartas e domingos, reúnem 250 pessoas.



A entrada de crianças é vista com cautela, sendo proibida a de adolescentes entre 12 e 17 anos, para evitar situações de exploração como "venda" ou "leilão" de filhas de detentos. O chefe de Segurança do IPPOO-II garante: "Essas histórias fazem parte do passado". Hoje, o controle é maior, no sentido de garantir que as visitas íntimas sejam feitas apenas por companheiras de relações estáveis ou casadas. A burla sempre existe, como por exemplo, homens emprestarem nomes para outros. Continua>>>

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