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Ilusões de Ótica

Raridade nas amizades verdadeiras

Dizem que não faz um amigo quem nunca fez um inimigo. Em uma das suas "Máximas", o Marquês de Maricá, que em nossa geração jamais foi levado a sério, já dizia: "Quando moços, contamos tantos amigos quanto conhecidos; porém, maduros pela experiência, não achamos um homem de cuja probidade fiemos a execução de nosso testamento".

E dizia mais: "Quem não tem amigos, merece encontrá-los; quem não tem nenhum, nunca os desejou". De mim, confesso: sempre fui muito seleto com amigos, e tive-os poucos, desde a juventude distante. Sei daqueles que nos cumprimentam com a ponta dos dedos, quase com nojo, e sei dos que nos procuram por interesse profissional ou pessoal.

Não confundo amigos com meros conhecidos, aproximados sem nenhuma razão especial. Esqueço-os no dobrar da esquina. Outro dia, dei-me ao trabalho de fazer uma lista dos amigos mortos. De amigos que só voltarei a encontrar dentro de mim, trazidos pela memória. Valha-me Deus! São 5, 10, 15... Um cemitério!

Ainda bem que os levo comigo, por onde quer que vá, e os ressuscito na luz de minhas recordações. É isso mesmo a saudade: -- o dom privativo de reviver os amigos mortos. Lembra-me poucos, bem poucos, alguns apenas pelo apelido, mas os vejo todos de olhos fechados, através das luzes de um passado já distante.

Agora, de todo afastado das ruas, preso a trabalhos no computador, numa espécie de exílio voluntário (com os telefones desligados), vivo na paz doméstica, com a família que eu amo, meus livros, minhas músicas, o cachorrinho Yorshire, meus pássaros. Tem coisa melhor? Não digo que me fecho aos colegas que me procuram.

Afinal, não sou homem de caverna. Mas repito: -- o tempo é seletivo, gosta de compor florilégios. Feita a escolha, aviva as imagens, banha-as de uma luz generosa, eliminando os excessos. A infância e a juventude constituem, por isso mesmo, suas inspirações prediletas, nem sempre rigorosamente fieis, já que a distância no tempo por vezes nos engana.

Mesmo assim, conservam para sempre as linhas fundamentais das amizades verdadeiras. Hoje, da minha geração, resta apenas um, com quem almoço a cada 15 dias. Como observa Henry Adams. "Um amigo durante a vida é muito; dois é demais; três, quase impossível. A amizade exige um certo paralelismo de vida, uma comunhão de ideias, uma rivalidade de objetivos". leia http://hapassos.blogspot.com)
Briguilino

A Globo resolveu usar a triste situação da Região Serrana do Rio para fazer politicagem

Para isso recorreu a uma edição absolutamente tendenciosa, o que é comum naquela emissora, mas que não se esperava que chegasse a tanto.

No Jornal Nacional, desta sexta-feira, 14, os editores utiilizaram passagens da reunião ministerial convocada pela Presidente Dilma Rousseff e juntaram as imagens a um texto que tratava enfaticamente da ajuda aos desabrigados e às cidades atingidas.

No texto, a repórter dizia que a tragédia da Região Serrana ocupara boa parte da pauta do encontro interministerial. Mas as imagens mostradas eram de um momento de descontração dos ministros em que mesmo a presidente sorria. A intenção dos editores era mostrar uma cena de descaso com o drama do Estado do Rio.

Essas pegadinhas de edição são muito comuns entre amadores. No youtube, podem ser encontradas centenas delas.

Mas não é hora de profissionais responsáveis pela informação pública brincarem de pegadinha quando o assunto é tão sério.

Ali Kamel é o responsável último por esta falta de respeito ás vítimas da tragédia e por este uso político do drama de milhares de pessoas.

Veja a armação aqui.

por Weden


por Carlos Chagas

A agonia do neo[caduco]-liberalismo...

Vale, por um dia, começar além da  política nacional, arriscando  um mergulho lá fora. O que continua a  acontecer  na França, onde montes de carros, escolas, hospitais e residências comuns estão sendo queimados e saqueados?    Qual a razão de multidões de jovens irem para as ruas, enfrentando a polícia e depredando tudo o que encontram pela frente?  Tornando quase impossível a vida do cidadão comum, não apenas em Paris, mas em muitas cidades francesas,  onde instaurou-se o caos. Por que?

É preciso  notar que o protesto vem das massas, começando pelas  massas excluídas,  de negros, árabes, turcos e demais  minorias que buscaram na Europa  a saída para a fome, a miséria e  a doença onde viviam, mas frustraram-se,  cada vez mais segregados, humilhados e abandonados. Exatamente como em seus países de origem.

Não dá  mais para dizer que essa monumental  revolta é outra solerte manobra do comunismo ateu e malvado. O comunismo acabou. Saiu pelo ralo.  A causa do que vai ocorrendo repousa  precisamente no extremo  oposto: trata-se do resultado do neoliberalismo. Da consequência de um pérfido modelo econômico e político que privilegia as elites e os ricos, países e pessoas, relegando  os demais ao desespero e à barbárie. Porque sempre que se registra uma crise econômica nas nações neoliberais, a receita é a mesma, seja na França ou na Grécia, em Portugal ou na Espanha: medidas de contenção anunciadas para reduzir salários, cortar gastos públicos,  demitir nas repartições e nas fábricas, aumentar impostos e taxas.

Fica evidente não se poder concordar com a violência.  Jamais justificá-la.  Mas explicá-la, é possível.  Povos de nações e até de continentes largados ao embuste da livre concorrência, explorados pelos mais fortes,   tiveram como primeira opção emigrar para os países ricos. Encontrar emprego, trabalho ou  meio de sobrevivência. Invadiram a Europa como  invadem os Estados Unidos, onde o número de latino-americanos cresce a ponto de os candidatos a postos eletivos obrigarem-se a falar espanhol,  sob pena de derrota nas urnas.

Preparem-se os  neoliberais. Os protestos não demoram a atingir outras  nações   ricas.   Depois, atingirão os ricos das nações  pobres. O que fica impossível é empurrar por mais tempo com a barriga a  divisão do planeta entre inferno e paraíso, entre  cidadãos de primeira e de segunda classe. Segunda?  Última classe, diria o bom senso.

Como refrear a  multidão  de jovens sem esperança, também  de homens feitos e até de idosos,  relegados à situação  de  trogloditas em pleno século XXI?  Estabelecendo a ditadura, corolário mais do que certo do neoliberalismo em agonia? Não   vai dar, à   medida em que a miséria se multiplica e a riqueza se acumula.  Explodirá tudo.

Fica difícil não trazer esse raciocínio para o Brasil. Hoje, 40  milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, sobrevivendo com a metade desse  obsceno salário  mínimo que querem elevar para 540 reais.  Os bancos lucram bilhões a cada trimestre, enquanto cai o poder aquisitivo dos salários. Isso para quem consegue mantê-los, porque, apesar da propaganda oficial, o desemprego continua presente.   São 15 milhões de desempregados em todo  o país, ou seja, gente que já  trabalhou com dignidade e hoje vive de biscates, ou, no reverso da medalha,  jovens que todos os anos gostariam de entrar  no mercado sem nunca  ter trabalhado.

Alguns ingênuos imaginam que o bolsa-família e sucedâneos resolveram a questão, mas o assistencialismo só faz aumentar as diferenças de classe. É crueldade afirmar que a livre competição resolverá tudo, que um determinado cidadão era pobre e agora ficou rico. São exemplos da exceção,  jamais justificando a regra de que, para cada um que obtém sucesso, milhões  continuam na miséria.

Seria bom o governo Dilma  olhar para a França. O rastilho pegou e não será a polícia francesa que vai  apagá-lo. Ainda que consiga,  reacenderá   maior   e mais forte pouco depois. Na Europa, nos Estados Unidos e sucedâneos.   Até ou especialmente entre nós. Ainda  agora assistimos a tragédia na serra fluminense,   com   os ricos e os remediados fugindo, mas com a população pobre, majoritária, submetida  à morte e à revolta.

A globalização  tem, pelo  menos, esse mérito: informa em tempo real ao  mundo que a saída deixada às massas encontra-se na rebelião. Os que nada tem a perder já eram maioria, só que agora estão  adquirindo consciência, não só de suas perdas, mas da capacidade de recuperá-las através do grito de "basta", "chega", "não dá mais para continuar".

Não devemos descrer da possibilidade de reconstrução. O passado não está aí para que o  neguemos, senão para que o integremos. O passado é o nosso maior tesouro, na medida em que   não  nos dirá o que fazer, mas precisamente o contrário. O passado  nos dirá sempre o que evitar.

Evitar,   por exemplo, salvadores da pátria que de tempos em tempos aparecem como detentores das verdades absolutas, donos de todas a soluções e proprietários de todas as promessas.

O ritmo acelerado de Dilma trabalhar

Há apenas 15 dias no cargo, a presidente Dilma mostra, com várias mudanças, que não pretende ficar restrita a um governo de continuidade. Arregaçou as mangas e, entre muitas medidas, exigiu dos ministros ajustes em estruturas emperradas há anos, pediu aceleração nas verbas destinadas à versão rural do programa Minha casa, Minha Vida e acionou a Advocacia-Geral da União para tentar acordos com grandes devedores da Previdência. Ela está decidida até a proteger a indústria nacional dos produtos importados da China.



Prioridade da Defesa Civil é prestar socorro a áreas isoladas

4 dias após tragédia, equipes de resgates conseguem chegar a regiões ilhadas

O comandante da Defesa Civil estadual, coronel Flávio Castro, disse ontem que a prioridade é resgatar vítimas das enchentes na Região Serrana que estão em áreas isoladas desde as chuvas de quarta-feira passada.

O prefeito de Teresópolis, Mário Jorge, informou que, enfim, equipes de resgate começaram a chegar a três locais onde havia moradores ilhados, quantro dias depois da tragédia.
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"Os helicópteros do Corpo de Bombeiros estão trabalhando diariamente, levando comida e água para as áreas isoladas e resgatando quem ficou lá", disse ele, acrescentando que o trabalho será feito até que as máquinas consigam desobstruir os acessos àquelas regiões.

O número de mortos na Região Serrana já chega a 555 na tragédia que é considerada uma das maiores do planeta.

A cidade com mais vítimas é Nova Friburgo, com 248. Em seguida, vem Teresópolis, com 238, Petrópolis registra 43 mortes e São José do Vale do Rio Preto tem quatro.

Ontem, o governador Sérgio Cabral decretou luto oficial no estado por sete dias.