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Havaí

[...] desafios para um Green Hawaii
Ilhas são territórios frágeis, onde a manutenção da vida depende do equilíbrio entre o que nelas existe e forças que vêm de fora.

Com o preço da gasolina em Honolulu chegando a U$4,40 dólares o galão, 30% a mais do que há poucas semanas, as pessoas daqui sentem na pele a necessidade de tornar o arquipélago mais sustentável e, assim, depender menos de produtos distantes a mais de 4000 km.
Mas a ideia de um Havaí verde e sustentável passa por grandes e urgentes desafios, alguns internos e outros externos.
Pensando nisso, esta semana o jornal local Honolulu Weekly se dedicou inteiramente a discutir como a população em geral poderia liderar um movimento para uma sociedade mais sustentável.
A maioria das ideias faz parte da conhecida cartilha “todos sabemos, mas poucos fazemos”, como reciclagem, transportes alternativos... e usar camisinha... (opa! essa é de outra cartilha).
Outras ideias são mais simbólicas, como a produção de pranchas de surfe feitas de bambu em vez de fabricá-las com fibras sintéticas ou de carbono.
Há sugestões das quais duvidei, como por exemplo: seria de fato vantajoso optar por carros elétricos se ¾ da energia no Havaí é gerada por petróleo?
O Honolulu Weekly teve o mérito ainda de rediscutir qual a importância que a população local atribui à sustentabilidade, já que isso provoca curiosos conflitos de interesses com os valores tradicionais daqui.
Por exemplo, projetos para a instalação de Veículos Leves sobre Trilhos que diminuiriam os terríveis congestionamentos e a poluição causada por mais de um milhão de automóveis (equivalente a quase 80% da população local!) enfrentam oposição por parte da população que pensa que isso “seria modernizar demais a ilha, e nós não queremos que isso aqui vire uma Califórnia!”.
O problema da sustentabilidade, que preocupa a sociedade havaiana nos dias de hoje, é comum em muitos outros lugares, porém por aqui o impasse está se avolumando mais rápido.
Recentemente, descobriu-se um cinturão de lixo de proporções continentais boiando no meio do Pacífico, que chega com certa regularidade a algumas praias do Havaí, antes paradisíacas...
Sem contar o prognóstico terrível das conseqüências do aquecimento global que serão naturalmente mais dramáticas para ilhas, como o Havaí, do que para áreas continentais.
A sensação que dá é do tipo “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, pois um oceano de fatores negativos vindos de fora pode fazer com que os esforços feitos nas ilhas pequenas e isoladas do arquipélago estejam fadados a morrer na praia.
Como não dá para fugir dos problemas, e nem sequer há soluções imediatas à vista, alguns havaianos encaram tudo com estoicismo: “somos dessas ilhas e nunca iremos deixá-las”, dizem.
Esse é o “Plano-B” deles caso continuemos a tratar ‘sustentabilidade’ como uma série de ações isoladas e uma retórica não mais que bonita, inteligente e lucrativa.
Mas, e você? já sentiu necessidade de pensar num “Plano-B” para nós, brasileiros?
Thiago Chacon é estudante de doutorado em Lingüística pela Universidade do Havaí. Formado em Letras pela Universidade de Brasília, está nos Estados Unidos há 4 anos e trabalha junto aos povos indígenas do Alto Rio Negro, na fronteira entre Brasil e Colômbia.