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Clube dos solteiros


Estou milionário

Editorial da CartaCapital



O caso do senador Demóstenes Torres é representativo de uma crise moral que, a bem da sacrossanta verdade, transcende a política, envolve tendências, hábitos, tradições até, da sociedade nativa. No quadro, cabe à mídia um papel de extrema relevância. Qual é no momento seu transparente objetivo? Fazer com que o escândalo goiano fique circunscrito à figura do senador, o qual, aliás, prestimoso se imola ao se despedir do DEM. DEM, é de pasmar, de democratas.

Ora, ora. Por que a mídia silencia a respeito de um ponto importante das passagens conhecidas do relatório da Polícia Federal? Aludo ao relacionamento entre o bicheiro Cachoeira e o chefe da sucursal da revista Veja em Brasília, Policarpo Júnior. E por que com tanto atraso se refere ao envolvimento do governador Marconi Perillo? E por que se fecha em copas diante do sequestro sofrido por CartaCapital em Goiânia no dia da chegada às bancas da sua última edição? Lembrei-me dos tempos da ditadura em que a Veja dirigida por mim era apreendida pela PM.
A omissão da mídia nativa é um clássico, precipitado pela peculiar convicção de que fato não noticiado simplesmente não se deu. Não há somente algo de podre nas redações, mas também de tresloucado. Este aspecto patológico da atuação do jornalismo pátrio acentua-se na perspectiva de novas e candentes revelações contidas no relatório da PF. Para nos esclarecer, mais e mais, a respeito da influência de Cachoeira junto ao governo tucano de Goiás e da parceria entre o bicheiro e o jornalista Policarpo. E em geral a dilatar o alcance da investigação policial.
Quanto à jornalística, vale uma súbita, desagradável suspeita. Como se deu que os trechos do documento relativos às conversas entre Cachoeira e Policarpo tenham chegado à redação de Veja? Sim, a revista os publica, quem sabe apenas em parte, para demonstrar que o chefe da sucursal cumpria dignamente sua tarefa profissional. Ou seria missão? No entanto, à luz de um princípio ético elementar, o crédito conferido pelo jornalista às informações do criminoso configura, por si, a traição aos valores da profissão. Quanto à suspeita formulada no início deste parágrafo, ela se justifica plenamente: é simples supor vazamento originado nos próprios gabinetes da PF. E vamos assim de traição em traição.
A receita não a dispensa, a traição, antes a exige nas mais diversas tonalidades e sabores. A ser misturada, para a perfeição do guisado, com hipocrisia, prepotência, desfaçatez, demagogia, arrogância etc. etc. E a contribuição inestimável da mídia, empenhada em liquidar rapidamente o caso Demóstenes, para voltar, de mãos livres, à inesgotável tentativa de criar problemas para o governo. Os resultados são decepcionantes, permito-me observar. A popularidade da presidenta Dilma acaba de crescer de 72% para 77%.
E aqui constato haver quem tenha CartaCapital como praticante de um certo, ou incerto, “jornalismo ideológico”. Confesso, contristado, minha ignorância quanto ao exato significado da expressão. Se ideológico significa fidelidade canina à verdade factual, exercício desabrido do espírito crítico, fiscalização diuturna do poder onde quer que se manifeste, então a definição é correta. E é se significa que, no nosso entendimento, a liberdade é apanágio de poucos, pouquíssimos, se não houver igualdade. A qual, como sabemos, no Brasil por ora não passa de miragem.
E é se a prova for buscada na nossa convicção de que Adam Smith não imaginava, como fim último do capitalismo, fabricantes de dinheiro em lugar de produtores de bens e serviços. Ou buscada em outra convicção, a da irresponsabilidade secular da elite nativa, pródiga no desperdício sistemático do patrimônio Brasil e hoje admiravelmente representada por uma minoria privilegiada exibicionista, pretensiosa, ignorante, instalada no derradeiro degrau do provincianismo. Ou buscada no nosso apreço por toda iniciativa governista propícia à distribuição da renda e à realização de uma política exterior independente.
Sim, enxergamos no tucanato a última flor do udenismo velho de guerra e em Fernando Henrique Cardoso um mestre em hipocrisia. Quid demonstrandum est pela leitura do seu mais recente artigo domingueiro na página 2 do Estadão. O presidente da privataria tucana, comprador dos votos parlamentares para conseguir a reeleição e autor do maior engodo eleitoral da história do Brasil, afirma, com expressão de Catão, o censor, que se não houver reação, a corrupção ainda será “condição de governabilidade”.
Achamos demagógica e apressada a decisão de realizar a Copa no Brasil e tememos o fracasso da organização do evento, com efeitos negativos sobre o prestígio conquistado pelo País mundo afora nos últimos dez anos. Ah, sim, estivéssemos de volta ao passado, a 2002, 2006 e 2010, confirmaríamos nosso apoio às candidaturas de Lula e Dilma Rousseff. Se isso nos torna ideológicos, também o são os jornais que nos Estados Unidos apoiaram e apoiarão Obama, ou que na Itália se colocaram contra Silvio Berlusconi. Ou o Estadão, quando em 2006 deu seu voto a Geraldo Alckmin e em 2010 a José Serra.
Não acreditamos, positivamente, que de 1964 a 1985 o Brasil tenha sido entregue a uma “ditabranda”, muito pelo contrário, embora os ditadores, e seus verdugos e torturadores, tenham se excedido sem necessidade em violência, por terem de enfrentar uma resistência pífia e contarem com o apoio maciço da minoria privilegiada, ou seja, a dos marchadores da família, com Deus e pela liberdade. Hoje estamos impavidamente decepcionados com o comportamento de muitos que se apresentavam como esquerdistas e despencaram do lado oposto, enquanto gostaríamos que a chamada Comissão da Verdade atingisse suas últimas consequências.
Agora me pergunto como haveria de ser definido o jornalismo dos demais órgãos da mídia nativa, patrões, jagunços, sabujos e fâmulos, com algumas exceções, tanto mais notáveis porque raras. Ideologias são construídas pelas ideias. De verdade, alimentamos ideias opostas. Nós acreditamos que algum dia o Brasil será justo e feliz. Eles querem que nada mude, se possível que regrida.

A brava Dilma cresce contra políticos malvados


dilma bipolar A brava Dilma sobe contra políticos malvados


Quanto mais o Congresso Nacional e o Judiciário são desmoralizados por seus próprios membros, mais sobe a estrela da presidente Dilma Rousseff, que registrou esta semana novo recorde de popularidade, ao bater nos 77% de aprovação na pesquisa CNI/Ibope, após 15 meses de governo.
Em meio ao mar de denúncias sobre maracutaias variadas que atingem os três poderes da República, incluindo o seu governo, Dilma navega soberana, encarnando a figura do bem contra o mal que colou na opinião pública _ mesmo, e principalmente, entre aqueles que não votaram nela.
Por mais negativo que seja o noticiário sobre o governo Dilma e seu ministério de alta rotatividade, a presidente mantém intacta a sua imagem de mulher brava e destemida enfrentando os políticos malvados e safados que infestam o país.
Cada vez que estoura um escândalo como o do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), até outro dia o mais feroz crítico da oposição demotucana, a presidente Dilma Rousseff ganha ainda mais força para tourear a sua rebelde base aliada com o apoio da maioria da população.
"Mesmo as notícias potencialmente negativas, como prisões e demissões, são lidas como sinais de limpeza e não de sujeira", constata o analista José Roberto Toledo, em sua coluna desta quinta-feira publicada no Estadão, sob o sugestivo título "Dilma Teflon".
De fato, como já havia acontecido com o ex-presidente Lula, Dilma consegue se descolar dos "malfeitos" denunciados no governo e aparecer como a justiceira que vai "dar um jeito nisso", o porto seguro para as nossas angústias, cada vez que terminamos de ler os jornais ou ver o noticiário da TV.
Mas só o desprestígio dos políticos, na contra-mão do crescimento do seu prestígio pessoal na última pesquisa, não justifica esta aparente contradição entre a figura da presidente e a da paisagem política cada vez mais poluída que a cerca.
Para explicar melhor o que está acontecendo, talvez seja o caso de pegar a manchete aqui do nosso R7, que acabei de ler antes de escrever este texto: "Inflação desacelera e é a menor desde março de 2009". Ou seja, as pessoas estão podendo comprar mais gastando menos, que é o que realmente interessa na vida real dos brasileiros: o bolso e o estômago.
Diante disso, o fato de o Ministério da Pesca ter torrado uma verba milionária para comprar 28 lanches inúteis ( e o PT de Santa Catarina ter recebido da empresa fornecedora uma "doação espontânea" para as suas despesas eleitorais) ou um alto assessor do Ministério da Saúde confessar que embolsou a módica propina de R$ 200 mil para saldar dívidas de campanha, fica parecendo coisa menor. Não deveria.
Dilma poderia aproveitar esta maré favorável para enquadrar a sua volumosa e insaciável base aliada, mas também para mobilizar a sociedade na discussão de reformas que o país reclama, a começar pela reforma política e eleitoral.
No artigo que escrevi com o título "É a política, Dilma!" para a edição de  abril da revista Brasileiros, que vai às bancas na próxima semana, no qual faço um balanço dos primeiros 15 meses de governo, procuro mostrar o esgotamento do chamado presidencialismo de coalizão (ou de colisão), inaugurado no governo de José Sarney, matriz do loteamento de verbas e cargos entre os partidos, e das sucessivas crises políticas.
Com o cacife dos seus 77% de aprovação, a presidente Dilma tem a faca e o queijo na mão para inaugurar um novo ciclo político, acabando com o "é dando que se recebe" para montar um governo verdadeiramente comprometido, não só com a estabilidade econômica e as conquistas sociais, mas também com valores e princípios de nação civilizada. De jeito que está, certamente, nem ela aguenta mais.
Caso contrário, o verdadeiro poder político continuará nas mãos dos Carlinhos Cachoeira da vida e de outros "empresários", que transformam políticos em despachantes dos seus interesses privados, tanto no Legislativo como no Executivo.
A hora é agora, presidente Dilma.
Como está na capa do livro sobre a sua vida escrito pelo nosso amigo Ricardo Amaral, "A vida quer é coragem".
Em tempo:
depois de terminar de escrever o texto acima, aconteceu comigo uma coisa que ilustra bem o que quero dizer ao falar da necessidade de resgatarmos "valores e princípios de nação civilizada".
Sem muitas esperanças, fui à feira aqui perto de casa para tentar recuperar um peixe que comprei duas semanas atrás. Explico: pedi e paguei o peixe, mas uma pessoa veio falar comigo, me distraí, e deixei o embrulho sobre o balcão. Será que o vendedor iria lembrar de mim depois de tanto tempo tempo e tantos fregueses?
Ao me ver, antes que eu falasse qualquer coisa, ele me reconheceu: "Não foi o senhor que esqueceu o peixe aqui em cima do balcão?..." Mais do que depressa, pegou outro linguado do mesmo valor, limpou e me entregou.
Até fui cumprimentar o dono da banca de peixe pela honestidade. Para quem estiver interessado em comprar um peixe honesto de gente honesta (ainda tem muita!), anote aí: Barraca do Aldo, montada às quintas-feiras na rua Barão de Capanema e, aos domingos, na Alameda Lorena, no Jardim Paulista.

O Poderoso Chefão

- Pai, o que é pig, propina, corrupção e fraude?
- Só respondo na presença do meu advogado!

Programas Sociais: Brasil é referência mundial


As políticas sociais desenvolvidas pelo Brasil, em especial as ações focadas na erradicação da extrema pobreza e da fome, têm despertado interesse cada vez maior da comunidade internacional. Esta semana, representantes da área de desenvolvimento social da Palestina, Tunísia, África do Sul, Egito, Quênia e Índia estão no país para conhecer as experiências exitosas de programas como o Brasil sem Miséria.

Com o objetivo de atender de forma conjunta à demanda crescente por informações e trocas de experiências, as delegações foram convidadas a participar esta semana (17 a 20 de janeiro) de um seminário sobre políticas sociais que inclui palestras, debates e visitas a campo. “Foi uma das soluções que encontramos para responder, de forma conjunta, a vários países e potenciais parceiros interessados em conhecer nossas experiências”, explicou o Secretário-Executivo do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Rômulo Paes de Sousa, durante a abertura do evento.

O seminário internacional “Políticas Sociais para o Desenvolvimento” é o primeiro de uma série que o MDS pretende fazer em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e a Agência Brasileira de Cooperação (ABC). No contexto deste encontro, o MDS fez o lançamento da cartilha Plano Brasil sem Miséria traduzida para seis idiomas: inglês, espanhol, francês, russo, árabe e chinês. O material foi elaborado com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

“Os programas sociais desenvolvidos pelo Brasil estão chamando muita atenção internacional. Hoje, podemos influenciar positivamente outros países do Hemisfério Sul com a gestão e modelos inovadores de políticas sociais e seus resultados, e disponibilizar informações em outras línguas é fundamental para que possamos disseminar e compartilhar experiências”, avalia a Oficial de Projetos do PNUD Maria Teresa Fontes. No Brasil, o PNUD trabalha em parceria com o MDS na execução de projetos de cooperação técnica e no apoio direto a ações vinculadas ao Plano Brasil sem Miséria.


José Graziano da Silva assumiu formalmente a direção da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 3 de janeiro. O novo Diretor-Geral pretende dar novo foco à segurança alimentar, fornecendo apoio a países de baixa renda 
e com déficit alimentar, especialmente os que estão em situação de crise prolongada.
Como Diretor-Geral, Graziano da Silva irá priorizar a erradicação da fome, a produção e o consumo sustentável de alimentos, maior equidade na gestão global de alimentos, a conclusão da reforma administrativa da FAO para melhorar sua eficácia e transparência e uma ampliação das parcerias no âmbito da Cooperação Sul-Sul
Fonte: ONU 

Cristo morreu com 42 anos?

É a pergunta que fazemos depois de ler os Os evangelhos oficiais de Marcos, Lucas, Mateus e João, os evangelhos apócrifos, as cartas de São Paulo - cronologicamente, o primeiro documento sobre a vida de Jesus -, o trabalho do historiador coetâneo Flávio Josefo e os papiros do Mar Morto são alguns dos textos que podem ser pesquisados para compor esse quebra-cabeças entre o mito e a história que forma a vida de Cristo.
       
O catedrático de Filologia Grega da UCM, Antonio Piñero, que escreveu o livro "Cidadão Jesus" tenta juntar essas peças e considera o messias do Cristianismo "um homem normal, embora tivesse talha de herói". E, por outro lado, o psiquiatra legista José Cabrera publicou "CSI: Jesus Cristo", no qual analisa com visão científica a morte na cruz.
       
Com qual idade morreu Jesus Cristo?
Apesar de sempre ter se aceitado que Jesus foi crucificado com 33 anos, historicamente se sabe que não é assim. O primeiro paradoxo se estabelece no fato de que Jesus Cristo nasceu, curiosamente, no ano 6 anterior a sua própria era, já que Herodes, o Grande - rei da Judeia durante o nascimento de Cristo - morreu em 4 a.C.

Por outro lado, Pôncio Pilatos, que ordenou sua execução, era governador regional da Judeia entre 29 d.C. e 37 d.C., anos nos quais a única sexta-feira de Páscoa com lua cheia foi a do dia 7 de abril do ano 30 - por isso que ele teria morrido com 36 anos - ou 7 de abril do ano 33 - com 39. “Em qualquer caso, um homem nessa idade era maduro, com 40 anos já era um avô", explica Cabrera, por isso que é preciso desprezar o aspecto juvenil de Jesus que mostra a iconografia cristã.

Jesus morreu numa sexta-feira?
A festividade da morte de Jesus Cristo é desde sempre a Sexta-Feira Santa, mas Piñero discorda. "É mais provável que Jesus tenha sido crucificado na quinta-feira, pela simples razão de que se foi crucificado às 3 da tarde da sexta-feira, teria morrido já no final da tarde. Isso para os judeus é o novo dia, ou seja, sábado (Shabbat), dia de descanso, no qual não se pode realizar uma crucificação", argumenta Piñero.
       
Jesus carregou a cruz até o Gólgota?
"No suplício da cruz, a lei romana obrigava que se carregasse o travessão até o cadafalso. O poste vertical já ficava cravado no local, porque uma cruz inteira podia pesar mais de cem quilos, impossível de se levar por uma só pessoa", explica Cabrera.

Apesar da iconografia tradicional, Cristo não carregou a cruz completa até o monte Gólgota, mas apenas o travessão …

A coroa de espinhos, prossegue o legista, não era como se diz, mas um capacete completo. O que sim é real são as vestimentas. "Como qualquer outro crucificado, Cristo não usava nada de roupa, salvo uma espécie de lenço que cobria seu órgão sexual por pudor. As roupas tornam mais difícil a crucifixão, mas não tem nada a ver com nenhuma tradição"
       
Vala comum ou sepulcro?
Segundo Piñero, "Mateus, Marcos e Lucas dizem que Jesus é descido da cruz por um personagem que aparece nesse momento", José de Arimateia, um dos anciãos do Sinédrio (o conselho que o julgou) discípulo oculto de Jesus, que lhe compra um sepulcro de pedra nos arredores de Jerusalém".

A História, por outro lado, mostra outra versão. "Jesus morreu no dia anterior à celebração da Páscoa, por isso que as autoridades judias não queriam de nenhuma maneira que os cadáveres ficassem ali, e por isso foram eles mesmos que o desceram da cruz e o enterraram em uma vala
comum".
       
Por que mataram Jesus?
"A versão tradicional (a dos Evangelhos) consiste em eliminar de toda culpabilidade Roma por esta morte e tachá-la a problemas internos e religiosos dentro do Judaísmo", assegura Piñero em seu livro. Mas há outra versão que "entende que Jesus foi condenado à morte pelos romanos como pretendente messiânico, como indivíduo politicamente perigoso ao se proclamar messias-rei, pois poderia provocar imediatamente um motim contra as forças de ocupação romanas".

Historiadores não pretendem demonstrar a ressurreição de Jesus Cristo por considerá-la uma questão de fé"Era um homem muito perigoso para muita gente", explica Cabrera. "Tanto o julgamento do Sinédrio como a condenação do próprio Pilatos pularam todas as leis tanto judias quanto romanas", acrescenta Cabrera.

Jesus ressuscitou?
Tanto uns como outros lavam as mãos, como o próprio Pilatos. O médico legista revela na "autópsia" que "a causa última de sua morte foi uma falha cardiorrespiratória por perda de sangue, já que o coração não consegue bater por falta de sangue e se produz asfixia por estar pendurado".

E Piñero, com a História e os fatos na mão reconhece que não se pode "demonstrar se Jesus ressuscitou ou não, é uma questão que obedece à fé". "Nós estudamos cada um dos elementos da morte e da tortura de Jesus, as injustiças e o ambiente que acabou matando-o", esclarece.
por Mateo Sancho Cardiel

Artigo semanal de José Dirceu


A verdade sobre a ditadura militar

Ao contrário da grande imprensa — que se faz de avestruz quando o assunto é o reconhecimento de que a ditadura deixou muitas feridas abertas— a juventude brasileira está viva, felizmente.

Viva e atuante,exercendo o papel que lhe cabe: o de contestar, reagir, refletir e, sobretudo,relembrar tantos outros jovens brasileiros —muitos dos quais deram a própria vida em sua luta pela democracia e pela liberdade.
Isso ficou evidente na semana que passou, quando se completaram 48 anos do Golpe Militar de 1964, que mergulhou nosso país nas sombras, instaurando uma longa ditadura de 21 anos, cujas consequências nefastas para o desenvolvimento do nosso país ainda sentimos.
Se, por um lado, setores saudosistas das Forças Armadas contrariaram a extinção dos atos comemorativos e insistiram em celebrar o que chamam cinicamente de revolução, por outro lado, vários atos de jovens e artistas, com as marcas da irreverência, condenaram os apoiadores da ditadura e denunciaram algumas das sinistras heranças da época, como a violência policial.
No último domingo, 1º de abril, o intitulado Cordão da Mentira reuniu centenas de manifestantes em São Paulo, em marcha que percorreu lugares emblemáticos, como a sede da Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição Família e Propriedade (TFP), o elevado Costa e Silva e a antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), entre outros locais.
Os organizadores deixaram claro que o propósito foi revelar pessoas, entidades e instituições que apoiaram e colaboraram com o golpe, aberta ou veladamente.
O Cordão da Mentira foi apenas um dos manifestos dessa natureza em uma semana marcada pela afirmação da necessidade de resgate da memória de um período triste. No dia 27 de março, jovens ligados ao Levante Popular da Juventude realizaram os chamados “escrachos”, em sete capitais brasileiras.
Inspirados em ações similares ocorridas na Argentina e no Chile, foram às portas de ex-torturadores da ditadura para deixar claro que, embora continuem impunes, a sociedade não os esqueceu e vai cobrar a apuração de seus atos criminosos.
No Rio de Janeiro, na quinta-feira passada (29/3), outras centenas de jovens se reuniram diante do Clube Militar, onde militares aposentados promoviam uma acintosa comemoração ao 31 de março.
Os manifestantes projetaram fotos e vídeos de mortos e desaparecidos e clamaram pela abertura dos arquivos militares, exigindo que o Brasil pague a sua dívida com as famílias dessas vítimas da truculência do regime ditatorial e com sua própria consciência.
Esse ato teve reação violenta por parte da polícia, que tentou impedir a livre circulação dos participantes, usando bombas de gás e cassetetes.
Curioso, e triste, é que muitos dos que apoiaram o Golpe Militar, conspirando contra a Constituição e a democracia, agora, façam-se de desmemoriados. O silêncio de boa parte da imprensa em seus editoriais e de sua tímida cobertura a esses acontecimentos é revelador.
Afinal, como já disse Desmond Tutu, um dos ícones na luta contra o Apartheid na África do Sul, “se você é omisso em situação de opressão, você escolhe o lado do opressor”.
Não é mera coincidência que isso tudo aconteça logo após a criação da Comissão da Verdade, que está para ser instalada e tem a importante missão de investigar as graves violações aos Direitos Humanos, ocorridas durante o regime.
Exacerbar o debate em torno desses movimentos é essencial para que essas questões saiam dos gabinetes e ganhem as ruas, levadas pela mobilização popular e principalmente pelos jovens, a quem quase sempre é delegada a missão de manter viva a memória de um povo e de lutar para que seja conhecida a verdade de sua história.
Memória fundamental para que atrocidades como as cometidas durante a ditadura não se repitam e para que a banalização da impunidade, plantada lá atrás, seja combatida e extirpada.
Nesse sentido, o papel primordial da comissão será o de levar a todo povo a verdade e a memória sobre o Regime Militar. Afinal, a criação da comissão é uma vitória da democracia e da sociedade.

Feliz Páscoa e ótimo feriadão

[...] e que além dos coelhos fofinhos, dos bombons, do vinho e dos chocolates, você lembre do real significado da Páscoa...
A Ressurreição de Cristo
de Eli

Criatividade popular

Coluna semanal de Ciro Gomes

Neste espaço o tentarei desenvolver uma compreensão holista do Brasil, tal qual o vejo. Passo por passo, submeterei meu entendimento político e econômico de nosso Pais à inteligência dos que me derem sua paciente leitura. Por momentos refletirei sobre questões estruturais. Em outros, chamarei a conjuntura a demonstrar o que penso.
No Brasil, todas as melhores energias se dispersam nas conjunturas, diz Ciro Gomes. Foto: Galeria de Patricia Oliveira/Flickr
No Brasil, todas as melhores energias se dispersam nas conjunturas. Ao pensamento estratégico pouco, ou quase nada, se dedica. Entre os tomadores de decisão na vida pública, então, esta constatação beira o trágico! Há explicação compreensível pra isto. O que não há é justificativa para a persistência deste colapso institucional crônico; para este apagão de idéias, ou para a morte da audácia, mínima que seja, que se exige daqueles ou daquelas  de quem a sociedade espera e precisa para crer no futuro da Nação.
Dois momentos explicam modernamente este fenômeno: a geração que está operando o País na política ainda é, em larga escala , aquela dos tempos que se sucederam a 1964. Mais precisamente, de Fernando Henrique para cá, é a geração que se opôs ao regime autoritário. Esta geração de gente respeitabilíssima, e a quem o povo brasileiro deve muito, historicamente, padece de um cacoete, entretanto: foi obrigada a reduzir sua compreensão do Brasil a um conjunto de reivindicações de natureza institucional essenciais mas não o bastante: eleições diretas, anistia, constituinte,democracia política, enfim.
Economia política virou assunto proibido em nossas reuniões. O consenso necessário à reinstitucionalização se dissolveria numa frente em que, na reta final, confraternizavam, por exemplo grato, Teotônio Vilela e João Amazonas, Arraes e Quércia, Tasso Jereissati e José Dirceu. Democracia formal e sua agenda uniam, refletir modelos de economia política desunia.
Tudo certo! Certíssimo! Para a hora…
Depois veio o governo Fernando Henrique. À absoluta falta de projeto e, capitaneando o exitosíssimo plano de estabilização econômica, que encerrou 25 anos de superinflação, FHC aderiu à exuberante ideia neoliberal. O mundo se prostara a ela. O gravíssimo buraco em nossas contas externas nos impunha uma submissão à hegemonia ideológica norte-americana enfeitada pelo charme de Bill Clinton. O apetite particular pela reeleição abatia a tradição progressista de FHC. Esta é a segunda fase.
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De novo, o Brasil não perdeu propriamente, mas a tática das organizações progressistas do País e mais, do melhor de seu pensamento acadêmico, dos intelectuais, dos artistas, das vanguardas sindicais e estudantis, optou por aceitar a sábia inflexão de Lula e aceitar o adiamento, por assim dizer, do debate sobre nossa estratégia de futuro em nome de avanços possíveis que evitassem os riscos reais de enfrentamento do pacto reacionário vigente no seu centro.
Debater modelo de desenvolvimento poderia dissolver, num primeiro momento, a vitória eleitoral; no segundo e terceiro momentos, atrapalhar o avanço de melhorias concretas na vida do povo, agora! E mais uma vez nos vemos como Nação, levados a dar valor definitivo à comparação do que temos hoje em comparação com o passado. Como se essa fosse a tarefa definitiva que nos toca. Não é!
Não há dúvida em defender a tática de Lula, seu legado, os valores que impôs ao Estado Nacional Brasileiro. Foto: Yuri Cor. Foto: Yuri Cortez/AFP
Tudo tem melhorado em nosso País. Concretamente. O desemprego caiu, a participação dos salários na renda nacional aumentou, as políticas sociais compensatórias atingiram níveis inéditos, o poder de compra do salário mínimo é o maior da história, políticas afirmativas acenam concretudes para estudantes pobres, para quilombolas, negros, mulheres, agricultura familiar. Ações tópicas recuperaram de forma expressiva a indústria naval e a nova orientação pública deu-nos protagonismo global em petróleo. Não há dúvida em defender a tática de Lula, seu legado, os valores que impôs ao Estado Nacional Brasileiro.
Nosso País desfruta hoje de uma presença internacional nunca vivida modernamente. Não só porque temos reservas cambiais em nível jamais experimentado, mas porque politicamente jogamos o jogo internacional sem vassalagens e subalternidades que nos encheram de vergonha em vários momentos recentes, inclusive.
Quer dizer então que agora, desta vez por nosso lado, anunciaremos que a história acabou, como dizia o sub intelectual guru modista do neoliberalismo, Fukuyama?
Penso comovidamente que não! Se compararmos o Brasil de hoje com o passado das últimas 3 décadas, tudo está melhorando. Mas e se compararmos o Brasil com os países que dispõem de condições semelhantes? Pior: e se perguntarmos para onde estamos indo em 10, 20, 30 anos, alguém sabe dizer?
Crescer e parar a cada 3 anos é tudo que temos para nossos 60 milhões de pobres? Pior, crescer em taxas menores que a soma dos ganhos de produtividade – que substituem gente por máquinas – e da chegada de cerca de um milhão e meio de jovens por ano ao mercado de trabalho é mesmo o máximo que podemos aspirar coletivamente?
Dá pra crer que, com os atuais e crescentes déficits nas contas externas, não estaremos daqui a pouco revendo o filme inglório de crises externas que nos atolaram por décadas inteiras?
Nada devemos fazer em relação ao fato de que temos déficit de gigantescos 100 bilhões de dólares no comércio externo, se olharmos apenas as trocas de manufaturados?
A conta de nossas aspirações de consumo de massa será sustentável se aceitarmos passivamente o que a divisão internacional do trabalho deixa pra nós: produtores decommodities de baixo ou nenhum valor agregado?
Temos algum futuro com a educação que temos? É minimamente responsável darmos a quem não tem plano de saúde privado a saúde pública indigna que oferecemos a nosso povo?
Apos 32 anos de experiência na vida pública brasileira, aprendi pelo menos que o céu não é perto. Sei que não é fácil nem trivial encaminhar saída factível pra esta encalacrada.
Mas aprendi também que é possível avançarmos muito mais profundamente e muito mais velozmente. Já experimentei algumas vezes o milagre da política feita com largueza, amor verdadeiro ao povo, competência, seriedade e audácia!
E as condições hoje são, em parte, muito melhores que jamais foram em tempos modernos.
É sobre o que escreverei neste espaço.

Dilma derruba juros

Depois do BB - Banco do Brasil - anunciar uma drástica redução dos juros a CEF - Caixa Econômica Federal - surpreende com política ainda mais agressiva.

Na segunda-feira a Caixa reabre com pacotes inéditos para clientes de outras instituições e taxas a partir de 1,35% ao mês para o cheque especial.

 A Caixa distribuirá aos correntistas de outros bancos formulários para "migração" da conta-salário e oferecerá linha de financiamento chamada "Crédito Azul", pela qual o cliente poderá quitar a "dívida cara" na concorrência e se refinanciar com juros menores no banco estatal.

Apesar de o BB ser o maior banco brasileiro, a Caixa tem mais capacidade de abordar clientes de outras instituições. Além de ter 80% do crédito imobiliário no país, ela recebe clientes de outros bancos porque é a gestora do FGTS e implementa serviços sociais do governo, como pagamento de seguro-desemprego, PIS, Bolsa Família e o Fies (crédito estudantil). Juntando todos, o banco tem 56,8 milhões de clientes -- quase 30% da população do país.

Bancada pela presidente Dilma Rousseff, a iniciativa dos bancos públicos visa estimular a economia por meio do consumo e forçar Itaú, Bradesco e Santander a reduzirem suas taxas sob o risco de perderem mercado, como ocorreu na crise de 2009.

Se o BB informou que cobrará 3% ao mês no chamado rotativo do cartão de crédito (quando o cliente não paga a fatura integral) só no caso de clientes de outros bancos que aderirem ao banco, a Caixa atacará com um piso de 3,97% ao mês para todos nessa modalidade.

No caso do crédito com desconto em folha de pagamento (consignado), o piso será de 0,84% ao mês, praticamente a mesma taxa de 0,85% que será cobrada pelo BB para aposentados do INSS, linha conhecida pelo baixo risco de calote.

Para crédito pessoal, em um financiamento de R$ 15 mil em 36 meses, as taxas irão variar entre 2,33% ao mês a 2,53%.

A Caixa também anuncia na segunda uma linha de crédito de R$ 8 bilhões para capital de giro direcionado a micro e pequenas empresas.


Para divulgar a redução nos juros, a Caixa fez um anúncio de 30 segundos na TV, estrelado pela atriz Camila Pitanga, batizado de "Caixa Melhor Crédito".
gerentes treinados.


Em São Paulo, os gerentes da Caixa receberam ontem um folheto com o material de divulgação do corte nos juros, intitulado "Corte Histórico de Juros na Caixa", com a atriz Camila Pitanga como garota-propaganda ""ela já havia sido a estrela do comercial que mostrou os resultados de 2011 do banco.
por TONI SCIARRETTA
FABIO MAZZITELLI 
Editoria de Arte/Folhapress

Páscoa: a Passagem

por Delúbio Soares
Sempre tive o maior respeito pela crença religiosa professada pelas demais pessoas. A religião, como a ideologia, é escolha que obedece ao coração e aos valores de cada um. Porém, não acredito numa existência sem fé. Nem levo fé numa vida sem Deus. Nos piores momentos, há uma força que nos conforta ou nos estimula, que nos apascenta o espírito inconformado ou nos incendeia para a luta conta a injustiça.

Seja Cristo, Jeová ou Buda, responda por uma miríade de denominações e tenha milhões de templos planeta afora levantados em seu louvor, é Nele que crêem os que – como eu – celebram sua imagem refletida nos avanços da ciência, na fraternidade entre os homens, no sorriso de uma criança, na mãe que amamenta, no professor que educa, no médico que cura, no amigo que é solidário, no operário que produz, no lavrador que semeia, nas Nações que celebram a paz.

A Páscoa adquire singular importância por seu simbolismo. Para muito além dos singelos ovos de chocolate e do extenso feriado, ela tem significado histórico comovedor. Para os cristãos, a Páscoa é a ressurreição de Jesus Cristo após sua crucificação e morte. Para os Judeus, é a celebração da fuga do Egito e a conquista da liberdade na terra prometida.

Páscoa é renascimento e recomeço. Existe em seu bojo a mensagem de que é necessário continuar seguindo adiante, sempre em frente, aceitando os desafios da vida não como desgraça ou conspiração, mas como percalços a serem superados com a coragem com que os cristãos se reuniam nas catacumbas, desafiando os romanos e celebrando sua fé.

Páscoa é reencontro e reconstrução. Ela nos estimula a sonhar sonhos ainda mais generosos, de um país ainda melhor, mais desenvolvido, mais solidário, com mais irmãos retirados da pobreza e agregados à classe média, como o foram mais de 40 milhões nos últimos 10 anos. Isso nos lembra, de certa forma, a belíssima história dos judeus, no "Pessach", a "Passagem", ao deixarem a escravidão no Egito e atravessarem o deserto e o Mar Vermelho em busca da terra prometida.

A Páscoa, na região do mediterrâneo, para as sociedades mais antigas, também simbolizava a passagem do rigoroso inverno europeu para a primavera, com a primeira floração das árvores, com os bosques que se coloriam depois de muitos meses alquebrados entre o branco das nevascas e um cinza triste e desesperançoso.

E para um país que se reencontrou consigo mesmo? E para nós que deixamos para trás séculos de pobreza e de dificuldades? O que significa essa data?

O Brasil vive hoje uma Páscoa permanente. Ressuscitamos depois de décadas de descaso social. Lançamos as bases para que a potência econômica que adquiriu a admiração do mundo possa tornar-se, também, uma potência social, com uma fortíssima classe média, como já preconizou a presidenta Dilma Rousseff. Há no governo petista, mercê do sucesso dos dois mandatos do Estadista Lula, um compromisso inarredável com a consolidação de um estado social onde impere uma democracia de oportunidades, baseada no pleno emprego, no acesso ao crédito, em programas sociais efetivos na área da habitação e da educação, dentre outras iniciativas que mudaram a vida de dezenas de milhões de cidadãs e cidadãos brasileiros.

Há uma luta permanente para se libertar nosso povo dos poucos, pouquíssimos, grilhões que ainda o prendem ao passado e ao atraso. É uma luta de vida contra a morte, do amor contra o ódio, da solidariedade contra a mesquinhez, do progresso contra o atraso. É uma luta que se trava a cada dia, com a mesma coragem daqueles cristãos que professavam sua fé inabalável na escuridão das catacumbas. É uma passagem, um "Pessach", tão doloroso e tão belo quanto o dos nossos irmãos judeus deserto afora em busca da liberdade depois de deixarem a escravidão no Egito.

Como eles, que escreveram páginas históricas, os brasileiros vencem a cada dia novos desafios rumo a um futuro grandioso. É a Páscoa de um grande e notável povo.