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Poesia da tarde




O mundo do menino impossível, por Jorge de Lima

Fim da tarde,boquinha da noite com as primeiras estrelas e os derradeiros sinos.
Entre as estrelas e lá detrás da igreja surge a lua cheia para chorar com os poetas.
E vão dormir as duas coisas novas desse mundo: o sol e os meninos.
Mas ainda vela o menino impossível aí do lado enquanto todas as crianças mansas dormem acalentadas por Mãe-negra Noite.
O menino impossível que destruiu os brinquedos perfeitos que os vovós lhe deram: o urso de Nürnberg, o velho barbado jagoeslavo, as poupées de Paris aux cheveux crêpes, o carrinho português feito de folha-de-flandres, a caixa de música checoeslovaca, o polichinelo italiano made in England, o trem de ferro de U. S. A. e o macaco brasileiro de Buenos Aires moviendo la cola y la cabeza.
O menino impossível que destruiu até os soldados de chumbo de Moscou e furou os olhos de um Papai Noel, brinca com sabugos de milho, caixas vazias, tacos de pau, pedrinhas brancas do rio...“Faz de conta que os sabugos são bois...” 
“Faz de conta...”
“Faz de conta...”
E os sabugos de milho mugem como bois de verdade... e os tacos que deveriam ser soldadinhos de chumbo são cangaceiros de chapéus de couro...
E as pedrinhas balem!
Coitadinhas das ovelhas mansas longe das mães presas nos currais de papelão!
É boquinha da noite no mundo que o menino impossível povoou sozinho!
A mamãe cochila.
O papai cabeceia.
O relógio badala.
E vem descendo uma noite encantada da lâmpada que expira lentamente na parede da sala...
O menino pousa a testa e sonha dentro da noite quieta da lâmpada apagada com o mundo maravilhoso que ele tirou do nada...

Chô! Chô! Pavão! 
Sai de cima do telhado
Deixa o menino dormir
Seu soninho sossegado!

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