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Brizola: “Onde está a CIA? Fechou?”

Anteontem, completaram-se nove anos da morte de Leonel Brizola.

A velocidade dos acontecimentos impediu-me de falar dele, com quem convivi quase diariamente,  desde 1982 até seu último alento, no Hospital Samaritano, em 2004.

Em cada um destes dias, divergimos e concordamos e devo a isto o que sou, hoje.

Nada, na vida, me foi mais emocionante que soltar as lágrimas contidas pelo dever quando encontrei meus filhos, na calçada da Rua Pinheiro Machado, silenciosos, me abraçarem pela perda que eu próprio não admitia tão profunda.

Eu não devo a Brizola o que eu sou, mas  devo, e com sobras, o como sou.

Aprendi com ele que a verdade é a nossa força. Aprendi que as palavras devem ter um ritmo, uma melodia, mas que ela jamais deve ser o veículo da mentira.

"Eu uso as palavras para expressar, não para esconder meus pensamentos", frase dele que me ficou como bússola e ficará sempre.

Perdoem-me o que possa soar piegas, mas devo essa homenagem ao velho. E devo a ele, também, o aprendizado possível a quem, ao contrário dele, tem ojeriza à "realpolitik".

Tenho dúzias de episódios a recordar, mas escolho o que mais tem a ver com o nosso momento.

Todo mundo achava, inclusive eu, que era meio "folclórica" a recorrente insistência de Brizola em achar que o jogo de poder internacional também era jogado aqui:

- Ninguém mais fala na CIA. Parece que até que ela fechou. Se foi isso, eu não entendo porque ela tem  aquele orçamento, enorme, de bilhões de dólares? Será que não sobram uns trocados para ela aplicar no Brasil?

Claro que, no princípio, eu achava que aquilo era uma manifestação do tipo "teoria conspiratória".

Natural, eu era um guri, recém-saído do movimento estudantil e do PCB – favor não confundir com Roberto Freire – e não tinha visto a ação do IBAD e dos dinheiros americanos na deposição de João Goulart.

Devo ter sido um dos milhões de ingênuos que não percebeu o que os documentos históricos desnudaram: a ação direta dos interesses americanos na deposição de um governo democrático e progressista no Brasil e na destruição de tudo o que se opunha ao golpe que nos levou a isso.

Um tolo, portanto, que achava que as ruas e a correlação de forças internas era o que tudo determinava e decidia.

Hoje, sob o peso do tempo que dói no corpo mas não verga a alma, se não nos acomodamos e aburguesamos como tantos fazem, posso compreender melhor.

A importância geopolítica do Brasil só não é enorme porque enorme não é um adjetivo suficiente para descrevê-la,

À parcela dominante do mundo capitalista não interessa que o Brasil tenha um governo forte, capaz de defender, soberanamente, seus interesses e sua visão global .

Deram tapinhas nas costas a Lula por sua originalidade e sucesso mas, no fundo, tal como nossas elites escravocratas, nunca deixaram de querer reduzir "aquele paraíba de m…" ao seu "devido lugar".

E o nosso lugar é o de servos, embora uma casta de dirigentes do entreposto colonial goste e creia que é "cosmopolita"  e que o mundo é, de fato, uma "aldeia global".

Não somos uma aldeia, somoss porque somos uma potência imanente e iminente.

Ninguém se atreveria a dizer que os EUA são parte de uma "aldeia global", não é?

Pois eles são os reis do globo ( sem trocadilho)  e, mesmo fracos, impõem seu poder ideológico – e, na falta dele, o militar – sobre , de novo sem trocadilho, o globo terrestre.

Devolver o Brasil à condição de coelho amedrontado é uma prioridade. Afeganistão, Iraque e as escutas cibernéticas mostraram que, embora presididos por um negro, os EUA não deixaram de ser o que são.

A pergunta, agora, é: deixaremos de ser o que recentemente nos tornamos: um país que mira a justiça social, que é altivo, admirado, respeitado e necessariamente considerado no contexto mundial?

É possível, pela via do golpe midiático complementado pela legitimidade eleitoral, fazer-nos, outra vez, tirarmos os sapatos para prestar nossa vassalagem à corte?

Velho Briza, valeu. Obrigado pelas respostas às dúvidas que hoje são certezas.

Muito mais que a sabedoria, o que nos engrandece é o aprendizado.

Espero que Dilma Rousseff, que encontrou nele as referências de sua ação, malgrado os desencontros de conjuntura, tenha sabido absorver as lições profundas que ele nos deixou.

E que este Tijolaço não trai nem esquece.

Por: Fernando Brito

Dilma desmente portal UOL

A matéria veiculada pelo Portal UOL na manhã deste domingo (23), assinada por Rodrigo Mattos e Vinicius Konchinski, distorce informações, faz relações incorretas e induz o leitor a uma interpretação errada dos fatos. Cabe esclarecer o seguinte:
  • Não há um centavo do Orçamento da União direcionado à construção ou reforma das arenas para a Copa.
  • Há uma linha de empréstimo, via BNDES, com juros e exigência de todas as garantias bancárias, como qualquer outra modalidade de crédito do banco. O teto do valor do empréstimo, para cada arena, é de R$ 400 milhões, estabelecido em 2009, valor que permanece o mesmo até hoje. O BNDES tem taxas de juros específicas para diversas modalidades de obras e projetos. O financiamento das arenas faz parte de uma dessas modalidades.
  • Não houve qualquer aporte de recursos do Orçamento da União nos últimos anos para a Terracap (Companhia Imobiliária de Brasília). Portanto, a matéria do UOL está errada. Não há recurso algum do Orçamento da União para a obra de nenhuma das arena, o que inclui o Estádio Nacional Mané Garrincha.
  • Isenções fiscais não podem ser consideradas gastos, porque alavancam geração de empregos e desenvolvimento econômico e social, e são destinadas a diversos setores e projetos. Só as obras com as seis arenas concluídas até agora geraram 24.500 empregos diretos, além de milhares de outros indiretos, principalmente na área da construção civil.
  • É importante reforçar que todos os investimentos públicos do Governo Federal para a preparação da Copa 2014 são em obras estruturantes que vão melhorar em muito a vida dos moradores das cidades. São obras de mobilidade urbana, portos, aeroportos, segurança pública, energia, telecomunicações e infraestrutura turística.
  • A realização de megaeventos representa para o país uma oportunidade para acelerar investimentos em infraestrutura e serviços, melhorando as cidades e a qualidade de vida da população brasileira. Os investimentos fortalecem a imagem do Brasil, de seus produtos no exterior e incrementa o turismo no país, gerando mais empregos e negócios para o povo brasileiro.

Ministério do Esporte
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

O PT e o governo precisam se livrar da 5ª coluna

Por Breno Altman, especial para o 247
Se a vontade política da presidente Dilma Rousseff e seu partido for realmente enfrentar a onda reacionária que tenta controlar as ruas, há uma lição de casa a ser feita. O PT e o governo precisam se livrar da quinta-coluna, que representa interesses alheios à esquerda e aos setores populares.
O termo nasceu na guerra civil espanhola, nos anos trinta do século passado. Quando Francisco Franco, líder do golpe fascista contra a república, preparava-se para marchar sobre Madri com quatro colunas, o general Quepo de Llano lhe assegurou: “A quinta-coluna está esperando para saudar-nos dentro da cidade.” Referia-se às facções que, formalmente vinculadas ao campo legalista, estavam a serviço do golpismo.
A maior expressão de quinta-colunismo no primeiro escalão atende pelo nome de Paulo Bernardo e ocupa o cargo estratégico de ministro das Comunicações. Não bastasse vocalizar o lobby das grandes empresas de telefonia e a pauta dos principais grupos privados de comunicação, resolveu dar entrevista às páginas amarelas da revista “Veja” desta semana e subscrever causas do principal veículo liberal-fascista do país.
Na mesma edição na qual estão publicadas as palavras marotas do ministro, também foi estampado editorial que celebra a ação de grupos paramilitares, na semana passada, contra o PT e outros partidos de esquerda, além de reportagem mentirosa que vocifera contra as instituições democráticas e os governos de Lula e Dilma.

Cansei, basta! Vou votar no PSDB



Cansei de ir ao supermercado e encontrá-lo cheio.

O salário dos pobres aumentou, e qualquer um agora se mete a comprar, carne, queijo, presunto, hambúrguer e iogurte.

Cansei dos bares e restaurantes lotados nos fins de semana. Se sobra algum, a gentalha toda vai para a noite. Cansei dessa demagogia.

Cansei de ir em Shopping e ver a pobreza comprando e desfilando com seus celulares.

O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega...

Cansei dos estacionamentos sem vaga. Com essa coisa de juro baixo, todo mundo tem carro, até a minha empregada. "É uma vergonha!", como dizia o Boris Casoy. Com o PSDB os congestionamentos vão acabar, porque como em S. Paulo, vai instalar postos de pedágio nas estradas brasileiras a cada 35 km e cobrar caro.

Quero aumento da gasolina na calada da noite.

Cansei da moda banalizada. Agora, qualquer um pode botar uma confecção. Tem até crédito oferecido pelo governo. O que era exclusivo da Oscar Freire, agora, se vende até no camelô da 25 de Março e no Braz. Vergonha, vergonha, vergonha...

Cansei dessa coisa de biodiesel, de agricultura familiar. O caseiro do meu sítio agora virou "empreendedor" no Nordeste. Pode?

Cansei dessa coisa assistencialista de Bolsa Família. Esse dinheiro poderia ser utilizado para abater a dívida dos empresários de comunicação (Globo, SBT, Band, Rede TV, CNT, Folha SP, Estadão etc.). A coitada da "Veja" passando dificuldade e esse governo alimentando gabiru em Pernambuco. É o fim do mundo.

Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Até índio, agora, vira médico e advogado. É um desrespeito... Meus filhos, que foram bem criados, precisam conviver e competir com essa raça.

Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do Brasil? Diga aí, Dona Dilma.

Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles?

Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer umazinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior. É o fim...

Vou votar no PSDB. Cansei, vou votar no PSDB, porque quero de volta as emoções fortes do governo de FHC, quero investir no dólar em disparada e aproveitar a inflação. Investir em ações de Estatais quase de graça e vender com altos lucros.

Chega dessa baboseira politicamente correta, dessa hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco...

Quem pode, pode, quem não pode, se sacode. Tenho culpa eu, se meu pai era mais esperto que os outros para ganhar dinheiro comprando ações de Estatais quase de graça? Eles que vão trabalhar, vagabundos, porque no capitalismo vence quem tem mais competência. É o único jeito de organizar a sociedade, de mostrar quem é superior e quem é inferior.

Eu ia anular, mas cansei. Basta! Vou votar no PSDB. Quero ver essa gentalha no lugar que lhe é devido.

Quero minha felicidade de volta!!!

Basta conseguir identificar quem melhorou a vida de quem na história
do Brasil !!!

Google + ou Facebook: qual a melhor?

do Olhar Digital
Ainda que os números apontem grandes diferenças, a batalha é de gigantes. De um lado, a rede de Mark Zuckerberg, com cerca de 1 bilhão de usuários; do outro, a segunda maior rede social do planeta – o Google+, que vem conquistando e agradando cada vez mais usuários - alguns, inclusive, “roubados” do Facebook.
 

Especialista em redes sociais, a jornalista e blogueira Samantha Samegui tem perfil cadastrado e usa “bastante” as duas redes sociais. No Facebook ela entrou há muito tempo, principalmente para manter contato com amigos que fez no exterior. Já o Google+ ela começou usar mais recentemente; há quase um ano.
 

A jornalista, que escreve sobre comportamento e cultura para famílias, administra algumas “fanpages” no Facebook, ainda que prefira a rede para manter contato com amigos. Já no Google+, o uso é mais profissional – seu perfil já tem quase 400 mil seguidores.
 

Ela explica que no Google+ há facilidade para se seguir assuntos "macro" de interesse, e que agora ocorre um processo de criação de comunidades, que eram bem famosas no Orkut e, no Facebook, são os grupos. "Agora a gente pode importar a comunidade do Orkut e essa é uma ferramenta interessante: você importa tudo o que tinha na sua comunidade (não todos os fóruns) e as pessoas que faziam parte são convidadas a entrar na nova", comenta Samantha.

E por essa atividade intensa nas duas maiores redes sociais do mundo, ela conseguiu avaliar diferentes usuários e aplicações nas duas plataformas.
 

"Nas comunidades é que há um foco e as pessoas conversam mais do que no Facebook. As pessoas querem interagir; quando você posta um conteúdo, elas respondem", diz.
 

Já no Facebook, segundo ela, as pessoas até clicam ou curtem as coisas que você publica, mas a maioria não interage – ou quando responde, acaba usando outro meio para conversar.
 

Claro, assim como a Samantha, já existe muita gente experimentando as duas plataformas, mas ela acredita que a maioria dos usuários de uma ainda não testou a outra.
 

"As pessoas que usam as duas ainda não encontraram esse modelo, elas tentam repetir o de um para o outro e eu não sei como elas vão encaixar. Eu acho que a tendência é que elas acabem preferindo uma", opina a jornalista.

Talvez o grande destaque do Google+ fique por conta de suas ferramentas e toda integração com aplicativos do Google, como Gmail e Hangouts, por exemplo. O Facebook tem chat em vídeo, mas a ferramenta não oferece as mesmas funcionalidades do bate-papo em vídeo do Google+. Na rede do Google, os usuários podem criar um "ponto de encontro" e conversar em grupo ou assistir a um vídeo do YouTube juntos.
 

"O Hangout é uma ferramenta que eu uso para as reuniões com a minha equipe que estão em trabalho remoto, especialmente agora que eu estou em casa porque estou em licença maternidade", comenta Samantha, que faz o alerta: "Quando as pessoas migrarem, se elas migrarem, para o Google+, eu acho que ele tem ferramentas por enquanto melhores."
 

Outra diferença que vale destaque é o feed de notícias. No Google+ é mais fácil receber atualizações sobre os assuntos que mais lhe interessam. É possível, por exemplo, escolher temas como "tecnologia" ou "artes" e saber tudo o que está rolando sobre o assunto sem ser interrompido por uma publicação de um amigo ou uma foto.
 

Outra constatação: o usuário do Facebook, hoje, está principalmente nos dispositivos móveis como tablets e smartphones. Já no Google+, o uso ainda é maior no computador.
 

Agora, se tivesse que escolher...

As manifestações e a eleição de 2014

Em 2014 as urnas darão mais uma bela colaboração para extinção do PSDB/DEM//PPS/PIG e Cia.

Os oráculos que festejaram as manifestações apartidárias - e anti partidos - vão mais uma vez quebrar a cara - nunca vi uma cara tão facetada de porradas nas urnas - e como sempre, sequer os jênios vão corar.

Como desde 2002 o PT crescerá e conquistará mais governos e cadeiras no parlamento.

Provavelmente Marina Blablárina tire mais votos que o Aécio Never, aí como ficarão os órfãos bicudos?

E o Batman Barbosa?

Será desmascarado pela verdade dos autos da AP 470 junto com o ex todo poderoso Gurjô.

Quem viver, verá!

Nossas elites, com exceção de poucas personalidades lúcidas e honradas, valem pouca coisa, se é que valem alguma. O povo carrega o país para a frente

Em um dos seus discursos, na pregação democrática que conduziu à transição, Tancredo Neves disse que a construção da nacionalidade se deve mais ao povo do que às elites. Os ricos têm seus bens, algumas vezes até mesmo fora do país. Os pobres só têm o patrimônio comum da nação, com seus heróis e seus símbolos. É em razão disso que os trabalhadores, de modo geral, quando ascendem ao poder, mediante as poucas oportunidades que surgem, contribuem para o crescimento do país. Nada mais expressivo, nessa constatação, do que o exemplo de Lula. Ele pode encerrar a sua vida política hoje, se quiser: o que fez, no exercício do poder, já o consagra na História.
Mas o Brasil tem seus competidores e inimigos externos – além dos inimigos internos. Não se sabe exatamente quais são os piores. A leitura dos grandes jornais brasileiros e o acompanhamento dos principais programas de televisão levam as pessoas desatentas a imaginar que nos encontramos no pior dos mundos. É certo que não podemos levantar um muro sanitário ao longo de nossas fronteiras, de forma a impedir a repercussão interna das crises econômicas, temos ocupado na economia mundial uma posição sólida, com presença crescente em todas as regiões do planeta.
Uma de nossas grandes vantagens é a amplitude do mercado interno. As políticas compensatórias nos permitiram o aumento do consumo, primeiro, de alimentos e, em seguida, de bens duráveis, o que repercutiu no crescimento do emprego, da massa salarial e da poupança, com o dinamismo geral da economia. Tivemos o cuidado de não expor demasiadamente a economia ao comércio internacional, de forma a manter, no teto confortável de 12% do PIB, o valor de nossas exportações. Não somos, como outras nações, assim tão dependentes do mercado externo.
Os esforços nacionais, na formação de saldos no balanço de pagamentos, nos transformaram no terceiro maior país credor dos Estados Unidos – depois da China e do Japão – e o maior credor no mundo ocidental. Em março deste ano, segundo informações oficiais do Tesouro norte-americano, eles nos deviam US$ 258,6 bilhões, US$ 5 bilhões a mais do que no fim do ano passado.
Nos últimos meses, os Estados Unidos têm empurrado o México a tentar confronto inútil com o Brasil, na disputa de influência na América Latina. Há uma enorme diferença entre o Brasil e o México, na divisão internacional do trabalho. O México é a etapa final de maquiagem de produtos das multinacionais norte-americanas e de terceiros países, destinados aos Estados Unidos e aos outros países do Nafta, o tratado de livre-comércio firmado em 1991 entre as três nações da América do Norte, para onde se dirigem 90% das exportações. O Brasil, é certo, exporta menos que o México, mas exporta para todos os continentes, e bens realmente produzidos em nosso território – e não simplesmente aqui maquiados.
Todos esses êxitos, somados, refletem-se em nossa posição política no mundo, e estimulam o patriotismo, mas é preciso ter cautelas. Não podemos fazer disso instrumento de orgulho, sobretudo em nossas relações com os vizinhos. Se quisermos influir no continente, devemos não apregoar a superioridade territorial nem os resultados econômicos. A América do Sul só será poderosa se for a soma entre iguais, não obstante as suas dimensões geográficas e políticas – e esse, que poderia ser o caminho natural, é trecho difícil de ser percorrido. A diplomacia brasileira, que vem obtendo êxitos, como a eleição do embaixador Roberto Azevêdo para o posto de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, terá de redobrar a sua prudência.

Tia Fifa

por Luis Fernando Veríssimo
Uma visita da tia Fifa causa alvoroço nas famílias. Ela anuncia a visita com antecedência para a família se preparar. Porque a tia Fifa é exigente. Quer que, quando chegar, tudo esteja perfeito. E não aceita explicações.

Quando chega, a tia Fifa passa o dedo nos móveis com luva branca, atrás de poeira. Examina as unhas de todo o mundo. Procura sujeirinha atrás de todas as orelhas e cheira todas as meias. Inspeciona as novas instalações que mandou construir antes de chegar, de acordo com especificações rigorosas. E ai de quem reclamar.
— Tia Fifa, nós somos pobres...
— Não interessa. Pobreza não é desculpa para desleixo. A África do Sul também era pobre e minha visita lá foi um sucesso. As instalações que mandei construir ficaram lindas. Impressionantes, imponentes...
— E imprestáveis. Dizem que eles não sabem o que fazer com as instalações que a senhora deixou lá, depois da sua visita...
— Bobagem. São belíssimas.
É importante saber que a tia Fifa não é como é por insensibilidade ou elitismo desvairado. Suas exigências, que parecem irrealistas, obedecem a um desejo de ordem social e estética. A tia Fifa sonha com um mundo limpo, em que as desigualdades entre ricos e pobres desaparecem desde que todos sigam as mesmas regras e tenham o mesmo gosto, e por isso a convidam.


— Mas tia Fifa, o dinheiro que nós vamos gastar para que a casa fique como a senhora quer não seria mais bem aproveitado na educação das crianças, ou na...
— Isso já não me diz respeito. Me convidaram e eu irei. Acabem as instalações que eu pedi no prazo e ponham a casa em ordem. E mais uma coisa:
— O que, tia Fifa?
— Você está com mau hálito. Providencie.

Nassiff: O Cândido

A chance de se implantar a democracia digital

Autor: 
Esgotada a fase das passeatas e manifestações públicas, com algumas recaídas aqui e ali, o país entrará na fase do pós-manifestações.
Então, haverá desafio para estadista nenhum botar defeito. Quem entender os novos tempos, se consagrará; quem não entender, estará fora do jogo.
***
Qualquer estratégia política não pode ignorar as características dos novos tempos:
  1. O campo político, doravante, é o online, as redes sociais. São as novas ágoras, as praças púbicas das democracias gregas. Não dá para fugir da arena.
  2. As decisões políticas de gabinete estão definitivamente superadas. O país já avançou com a Lei de Transparência, que expõe alguns dados a posteriori. Terá que começar a trabalhar com formas de democracia direta.
  3. O cidadão entrou, finalmente, no centro das políticas públicas. Na segunda-feira, por exemplo, no embalo das manifestações, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) anunciará uma comissão de juristas para trabalhar a Lei de Proteção aos Direitos do Usuário de Serviços Públicos. É típica reação civilizatória contra um dos pontos centrais de abuso, a ausência de Estado na regulação dos serviços públicos.
  4. O atual arcabouço político-partidário envelheceu irreversivelmente. Não haverá como fugir ao tema central da reforma política, definindo formas que eliminem, de vez, os financiamentos privados de campanha.
  5. É hora de se repensar a questão da militarização da Polícia Militar.
***
A presidente da República Dilma Rousseff tem a faca e o queijo na mão. Se tiver discernimento, as manifestações poderão se constituir no empurrão definitivo para lançar o país em uma nova etapa da democracia.
Há um roteiro à vista, a ser protagonizado por Dilma.
O primeiro passo é radicalizar uma iniciativa sua, a Lei da Transparência – que obriga todos os órgãos públicos a disponibilizarem dados na Internet. Já existem experiências no Brasil e no mundo, sobre o uso inteligente das redes sociais para fiscalização de obras e serviços públicos.
***
Tome-se o caso dos transportes urbanos em São Paulo. Embora atropelado pelos fatos, o prefeito Fernando Haddad é um dos políticos com cabeça mais aberta para participação popular.
Ora, aproveite o impulso dado pelo Movimento Passe Livre e exponha todos os dados das empresas de transporte à fiscalização das redes sociais. Coloque os GPs dos ônibus, as rotas seguidas, o número de passageiros de cada trajeto, os dados do trajeto, as planilhas de custos e peça a parceria da rapaziada, ensinando como analisar os dados e como disciplinar as empresas.
***
Já existem ferramentas tecnológicas para monitoramento de obras públicas, para análises de contratos, para montar fóruns de discussão, para captar os sentimentos nas redes sociais. Através de um sistema de redes, o governo não ficará prisioneiro de indicadores que, muitas vezes, servem de biombo para esconder funcionários relapsos.
Sem rompantes, Dilma abriu os dados públicos com a Lei de Transparência. É hora de avançar e expor os sistemas de decisão aos olhos das redes sociais.
A crise, se bem interpretada, poderá permitir ao Brasil montar o primeiro movimento sério de cidadania digital.

Jânio de Freitas: Entre baderna e política

O tipo é bem conhecido. É aquele que anda em bandos para criar brigas ferozes, não raro mortais, a caminho dos estádios e depois nas arquibancadas. E arma brigas, não raro mortais, nas casas noturnas da pesada. E agride gays, e sempre em bando destrói partes de ônibus e de metrô, arrebenta nas ruas o que puder. A indumentária de todos é igual, o aspecto de suor e sujeira é igual em todos, a linguagem comum a todos é um dialeto da pobreza mental. São os exemplares mais completos da falta de civilidade.
Esses são aos autores dos ataques, a prédios oficiais e outros alvos, que se diz decorrerem da “insatisfação generalizada” da população. E exprimirem o repúdio geral aos políticos, aos partidos e aos governos.
Uma semana antes da sociedade aproveitar a rejeição das novas passagens para mostrar sua “insatisfação generalizada”, o Datafolha mostrava Dilma Rousseff capaz de vencer no primeiro turno qualquer combinação de adversários, apesar da perda de oito pontos em sua aprovação. Na véspera daquela manifestação, o Ibope constatava o mesmo, com igual perda, mas com maior aprovação.
Que uma das pesquisas errasse, seria admissível. Não as duas, com indicações tão equivalentes e diferenças cabíveis nas margens de erro. Nelas não aparece a “insatisfação generalizada”, mas cabem ainda os efeitos do Bolsa Família, dos ganhos do salário mínimo, do desemprego em um dos níveis mais baixos do mundo (os Estados Unidos comemoram seus 7,6%, aqui é de 5,8% e estabilizado), ganho real na massa de salários, e outros fatores que fazem uma reviravolta de melhorias em dezenas de milhões de famílias.
A ideia de “insatisfação generalizada” facilitou aos que, perplexos com a grandiosidade das manifestações, ainda assim precisávamos dar pretensas explicações dos fatos. “Análises”, dizem. Mas quais são as indicações convincentes de tamanha e tão disseminada insatisfação, isso não foi sequer sugerido.

O mais urgente:: conversar sobre o Brasil

A democracia deve ser exercida ali onde está o poder. Não há nada mais precioso na vida de uma Nação do que o momento em que o poder se define nas ruas. Assegurar que ele seja um poder democrático é a tarefa mais urgente no Brasil nesse momento.As forças progressistas, preocupadas com os rumos das legítimas manifestações de massa em todo o país, tem uma tarefa simples, prática, urgente e incontornável. Reunir-se em todos os fóruns possíveis para exercer a democracia dando-lhe um conteúdo propositivo. Conversar sobre o Brasil. Entender o momento vivido pelo Brasil. Formular e reforçar  linhas de passagem  entre o país que já temos e aquele que queremos. Como bem disse a Presidenta Dilma em seu discurso, 6ª feira: ‘Precisamos oxigenar o nosso sistema político. É a cidadania , e não o  poder econômico, quem deve ser ouvido em primeiro lugar'. É preciso dar organicidade a esse princípio. Os valores que vão ordenar a travessia para o novo ciclo do desenvolvimento brasileiro estão sendo sedimentados nos dias que correm. As forças progressistas devem participar ativamente da carpintaria que definirá essa moldura histórica. Como? Organizando-se para ir às ruas. Reunindo-se previamente para conversar  sobre o Brasil. Em núcleos de base dos partidos, nos diretórios, sindicatos, nas ONGs,  nos locais de trabalho, nos círculos de vizinhança, nas escolas, nos condomínios, com a  turma do futebol e a do facebook. Na 6ªfeira, por exemplo, cerca de  800 pessoas, representando 80 entidades, reuniram-se no Sindicato dos Químicos, em São Paulo, à convite do MST. Em pauta: mobilizar um milhão de pessoas na capital, em defesa de um Brasil onde a democracia participativa  paute o destino da sociedade e o futuro do  desenvolvimento. Neste sábado, na Casa da Cidade, mais de 200 intelectuais, sindicalistas e integrantes do PSOL, PSTU, PT reuniram-se com igual espírito.  (LEIA MAIS  AQUI)

Carlos Chagas: Chega! Basta!

“De boas intenções o inferno está cheio”, dizia o refrão popular. Está na hora de refluir  o movimento pelo passe livre e demais reivindicações. É imprescindível que os jovens deixem as ruas. Obtiveram sucesso. Em quase todas as cidades do  país os prefeitos revogaram o aumento das passagens dos transportes coletivos. Provavelmente o governo federal tomará a iniciativa de investir mais em educação e saúde.

Então, chega! Basta! Porque as manifestações ditas pacíficas transformaram-se na  guerrilha urbana mais violenta de nossa História. Por certo que sem desejar a imensa baderna que nos assola, os líderes não tiveram força para impedir a ação do que chamam de minorias empenhadas em depredar, invadir, assaltar e destruir. Minorias? Há dúvidas. São esses animais que  hoje chefiam  o movimento de protesto. Filmados e fotografados, mas não presos, eles instituíram a violência como regra, aproveitando-se da ingenuidade da maioria. Ou da complacência, talvez conivência, também.
                                                               
Está demonstrado que as autoridades públicas tornaram-se incapazes de preservar a ordem. Policiais militares fugindo só não é imagem mais deprimente do que policiais militares atirando sobre a multidão, mesmo quando as balas são de borracha. Prédios públicos atingidos, lojas comerciais saqueadas, avenidas sitiadas e gente ferida – é esse o saldo dos protestos urbanos que já duram dez dias.  Até agora, um cadáver, mas quantos outros,  se a baderna continuar?
                                                               
Vem à lembrança o episódio  do aprendiz de feiticeiro. Passou a hora de ficar apenas elogiando as  monumentais  passeatas, a coragem  dos jovens em  reivindicar  melhores condições de vida e mais eficientes estruturas institucionais. Aplausos para eles, mas chega! Basta! Os efeitos da iniciativa tornaram-se incontroláveis. As criaturas ultrapassaram os criadores. Para interromper o vandalismo generalizado que  conquista cada vez mais adeptos,  a solução deixa de passar pelas polícias. Está provada a insuficiência delas. É preciso interromper essa prática antes dita democrática e agora transformada em portal do caos.
                                                               
Se houver patriotismo e bom senso por parte dos líderes e do conjunto de manifestantes, devem ficar em casa. Deixar que  os animais fiquem sozinhos e  isolados,  se decidirem continuar.

O gosto e a língua


 
– Um mestre zen descansava com seu discípulo. A certa altura, tirou um melão do seu alforje, dividiu-o em dois, e ambos começaram a comê-lo.
 
No meio da refeição, o discípulo comentou:
– Meu sábio mestre, sei que tudo que o senhor faz tem um sentido. Dividir este melão comigo talvez seja um sinal de que tem algo a me ensinar.
O mestre continuou a comer em silêncio. 
– Pelo seu silêncio, entendo a pergunta oculta – insistiu o discípulo.
– E deve ser a seguinte: o gosto que estou experimentando ao comer esta deliciosa fruta está em que lugar: no melão ou na minha língua?
O mestre não disse nada. O discípulo, entusiasmado, prosseguiu: 
– E como tudo na vida tem um sentido, eu penso que estou perto da resposta a esta pergunta: o gosto é um ato de amor e interdependência entre os dois, porque sem o melão não haveria um objeto de prazer, e sem a língua...
– Basta! – disse o mestre. – Os mais tolos são aqueles que se julgam os mais inteligentes, e buscam uma interpretação para tudo! O melão é gostoso, isto é suficiente, e deixe-me comê-lo em paz!