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Praça do Ferreira

Velho freguês da Praça

Sou aquele velhote que, todos os dias, de manhã e de tarde, vai à Praça do Ferreira. Fazer o quê, não sei. Apareço, ali, talvez em busca do adolescente que ia, ali, ao fim do expediente noturno na "Gazeta de Notícias", consumir meu bolo Souza Leão com refrigerante, antes de me recolher ao lar. Vou lá em busca dos fantasmas do passado, entre os quais me incluo. Por que nem eu mesmo estou, de fato, na Praça do Ferreira de que todos os outros se encontram ausentes.

Passado

O tempo passou. Passaram muitos presidentes. Até aqueles, mal humorados, de farda e quepe, até que voltasse à democracia. A cidade mudou. Só eu e uns poucos continuamos amando a Praça e buscando, ali, os encantos do passado.

No abrigo

Quando vim morar na Capital, a Praça do Ferreira era, inquestionavelmente, o Centro da cidade. Ali ficava o Abrigo Central, o "point" de conversas da cidade, mais frequentado, por razões óbvias, que os baixos da Coluna da Hora. Em derredor da praça, encontravam-se a residência e o palácio de despachos do governador do Estado, o Palácio da Luz, que hoje abriga a Academia Cearense de Letras. Bem próximo, ficava o prédio histórico da Assembleia Legislativa do Estado, onde comecei a vida de repórter político. Um pouco mais adiante, em frente à Catedral, o edifício do Tribunal de Justiça, sem falar da agência central do Banco do Brasil e dos Correios. Os bancos particulares ainda não se haviam dispersado pelos bairros da Capital. As principais lojas da cidade porque ainda não havia os shopppings.

Destino

Por isso, quando saio de casa, na Rua Silva Jatahy, peço ao motorista de taxi se é maduro ou velho: "Leve-me à Praça".Ele nem hesita. Toma o rumo da Praça do Ferreira. Quando formulo o mesmo pedido a chofer jovem, ele indaga: "Que praça?" Tenho de dizer que se trata da Praça do Ferreira, que era o Centro da Capital, para onde todos convergíamos no passado.

Duas vezes

Todos os dias, vou assim à Praça. Desço do táxi, diante da banca do Paixão, para saber das novidades, vou até ao Livro Técnico, ali no Edifício Sul América, faço minha fezinha na loteria e dou um pulinho até ao Palácio do Comércio. Ali, ao ar livre, defronte ao Sebrae, encontro a turma de meu amigo Júlio Montenegro, da velha guarda do Banco do Brasil. Aos domingos, como não há o que fazer na Praça porque até a última banca de jornais que ainda funcionava, neste dia, a do Bodinho, já não o faz, vou ao Raimundo dos Queijos, vindo com o poeta Juarez Leitão do Mercado S. Sebastião.
Lustosa da Costa